sábado, 8 de março de 2025

Brasil e EUA iniciam diálogo sobre tarifas a importações

 

Brasil e Estados Unidos iniciaram diálogos sobre as tarifas às importações anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump, a poucos dias de entrarem em vigor, informou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As relações comerciais entre Brasília e Washington ficaram tensas após o anúncio do republicano de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio.

Está previsto que as novas políticas alfandegárias sejam aplicadas a partir de 12 de março.

Os impostos terão grande impacto sobre o Brasil, o segundo maior fornecedor de aço dos Estados Unidos.

Em uma conversa telefônica na sexta-feira (7), o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o novo Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, concordaram em criar um “grupo de trabalho (…) para tratar de temas tarifários”, disse o Ministério das Relações Exteriores brasileiro em sua conta no X.

O grupo técnico prevê uma possível reunião virtual na próxima semana, acrescentou a chancelaria.

Vieira destacou o superávit comercial favorável aos Estados Unidos e o papel estratégico do Brasil como fornecedor de insumos para a indústria americana.

A conversa ocorreu um dia após o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, ter realizado uma videoconferência com Greer e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

Durante a reunião, Alckmin destacou que a balança comercial bilateral é de cerca de US$ 80 bilhões (R$ 461 bilhões), com um superávit de US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) a favor dos EUA.

Também ressaltou que oito dos 10 principais produtos que o Brasil importa dos Estados Unidos são isentos de tarifas.

Ambos concordaram em realizar novas reuniões bilaterais “nos próximos dias”, de acordo com um comunicado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Após o anúncio de Trump, Lula advertiu que responderá com “reciprocidade” se Washington implementar as medidas.

“Se taxar o aço brasileiro, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC [Organização Mundial do Comércio] ou vamos taxar os produtos que a gente importa dele”, disse o presidente brasileiro em entrevista à Rádio Clube do Pará, em fevereiro.

O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço dos EUA, atrás apenas do Canadá, com 4,08 milhões de toneladas exportadas a este país em 2024.

Durante seu primeiro mandato entre 2017 e 2021, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço, que foram parcialmente eliminadas mais tarde.

Demanda da China por agro do Brasil deve crescer em meio à guerra comercial e impactar preços

 

A China deverá demandar mais mercadorias do agronegócio brasileiro, como soja, milho, algodão e carnes, já que aplicou tarifas retaliatórias aos Estados Unidos sobre esses produtos, o que também pode impactar preços das matérias-primas e custos para as indústrias frigoríficas e compradoras de grãos.

O gigante asiático irá impor uma tarifa adicional de 15% sobre carne de frango, trigo, milho e algodão dos Estados Unidos, e uma taxa extra de 10% sobre soja, sorgo, carne suína e carne bovina, entre outros produtos agropecuários norte-americanos, a partir de 10 de março.

O Brasil é o maior exportador global de soja, algodão e carnes bovina e de frango, com a China respondendo por grande parte das exportações brasileiras.

“As crescentes tensões entre os EUA e a China provavelmente levarão a China a obter mais grãos e proteínas do Brasil, potencialmente reduzindo a demanda por commodities (dos EUA) e os preços nos EUA, ao mesmo tempo em que aumentam a demanda e os preços no Brasil”, afirmou o banco Santander em relatório.

Preços no Brasil devem subir

Se preços em mercados de referência para grãos, como a bolsa de Chicago, podem ser pressionados para baixo, os prêmios sobre essas cotações desses produtos no Brasil podem fortalecer os valores.

“No primeiro momento, é possível achar que as medidas terão um ótimo impacto… já que a China vai se fixar ainda mais como um parceiro comercial estratégico da América do Sul. Mas só teremos certeza da situação com o passar do tempo”, afirmou Sergio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Produtores brasileiros como a SLC Agrícola e a BrasilAgro provavelmente serão os mais beneficiados, na avaliação do Itaú BBA.

“Semelhante à guerra comercial entre a China e os EUA em 2018, acreditamos que os efeitos positivos para os agentes brasileiros listados podem se concentrar na SLC e na BrasilAgro. Qualquer demanda adicional da China pode resultar em exportações mais fortes do Brasil a preços mais altos”, afirmaram Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto em relatório.

‘Efeito Trump’ menor do que no primeiro mandato

Apesar desse potencial, eles ressaltaram que é improvável que os impactos da guerra comercial sino-americana para o Brasil sejam da mesma dimensão daqueles vistos durante a primeira administração Donald Trump, já que atualmente as exportações brasileiras de soja para a China representam cerca de 70% do total, em comparação com 53% em 2017.

Desde a guerra comercial anterior, em 2018, produtos brasileiros como algodão e carne bovina também avançaram nas exportações para a China, respondendo no ano passado por aproximadamente 35% e 50% do total que o Brasil exportou, respectivamente.

Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) afirmou que as mudanças têm sido “relevantes”. Mas a entidade que representa tradings e processadores de soja acrescentou que “ainda é prematuro qualquer avaliação sobre os possíveis impactos das novas medidas tarifárias anunciadas”.

Custos para indústria de carnes

Os analistas do Santander Guilherme Palhares e Ulises Argote citaram que companhias brasileiras com operações nos EUA, como a JBS, poderão ver redução de custos com a ração uma vez que a China importe menos grãos norte-americanos.

De outro lado, as unidades brasileiras poderiam ter que pagar mais pelos insumos, já que a China poderia vir com mais força em busca da soja e do milho brasileiro.

“Vemos a JBS como uma vencedora líquida no cenário de guerra comercial EUA-China. Uma mudança na demanda de importação chinesa de soja e milho pode deprimir os preços das commodities dos EUA, ao mesmo tempo em que eleva os preços brasileiros. Esse cenário deve reduzir os custos das operações de frango e carne suína da JBS nos EUA, que representam 40% do seu Ebitda”, afirmaram.

No entanto, a Seara, unidade de processados e carne de frango e suína da JBS no Brasil, que representa 20% do Ebitda da JBS, pode enfrentar desafios semelhantes aos de sua concorrente, a BRF, com a maior parte de suas operações no Brasil, segundo o Santander.

“Ambas as empresas são compradoras de ração brasileira, que pode ter os preços subindo”. Vendas maiores de carnes para o país asiático poderiam, assim, compensar apenas parcialmente o impacto de uma eventual inflação de custos para a BRF e a Seara, segundo analistas.

Para o Bradesco BBI, os EUA também desempenham um “papel um tanto limitado nas importações totais de proteína da China”, equivalente a 5% para carne bovina, 10% para carne suína e 11% para aves. “Se outros países, particularmente o Brasil, intervirem para compensar qualquer redução nas exportações dos EUA para a China, acreditamos que os benefícios provavelmente também seriam marginais”, completou.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, demonstrou mais otimismo. “O Brasil vai acabar se beneficiando, especialmente no efeito preço (da carne) e rentabilidade das empresas”, disse ele à Reuters.

“Pode ter uma mudança de mercado, mas nesta troca vejo o Brasil ganhando”, acrescentou, referindo-se a embarques dos EUA que deverão ir para outros países, em vez da China.

Santin disse acreditar ainda que, em um primeiro momento, os ganhos de exportações adicionais para a China seriam maiores do que qualquer possível custo adicional com a ração. Ele citou as perspectivas de uma “boa de safra” no Brasil.

Oferta brasileira

Carlos Cogo, sócio-diretor da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, destacou que a guerra comercial entre EUA e China reduzirá a competitividade dos produtos norte-americanos em relação aos do Brasil, e acrescentou que maiores prêmios sobre os preços dos grãos brasileiros, que poderiam encarecer os custos de ração, dependeriam da dinâmica entre oferta e demanda.

O Brasil está colhendo uma safra recorde de soja próxima de 170 milhões de toneladas, enquanto a Argentina vem com uma boa produção e pode concorrer com os brasileiros, lembrou Cogo.

No setor de carne bovina, embora os impactos iniciais provavelmente indiquem maior espaço para exportações de unidades brasileiras para a China, analistas do Itaú BBA avaliam que uma maior oferta nos EUA poderia resultar em preços mais fracos lá.

A JBS e Marfrig têm grande parte de suas operações de bovinos nos EUA, que também importam produtos brasileiros.

“Nesse cenário, as recentes mudanças nas exportações brasileiras de carne bovina favorecendo os EUA em detrimento da China devem ser reavaliadas no curto prazo”, afirmou o Itaú BBA.

Depois da China, os EUA são os maiores importadores de carne bovina brasileira.

Em ano de COP 30, crédito de descarbonização deve atrair novos investidores

 Descarbonização na indústria: o que é baixo carbono? | Replace

Os créditos de descarbonização (CBIOs) estão com a rota traçada para ingressar nas carteiras de investidores de todos os bolsos. A popularização desses ativos, já bastante conhecidos no agronegócio e no setor de combustíveis, depende de alguns fatores que têm perspectivas positivas para 2025. Um deles é a projeção sobre preços. Outro é o interesse de assessorias de investimento.

Neste ano, há uma expectativa de valorização devido ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda dos créditos. Quando vier, a alta tende a chamar a atenção mesmo dos investidores menos atentos a esse mercado.

Embora não sejam maioria, já há escritórios de investimentos colocando o pé no setor. Tudo isso em um ano no qual as conversas sobre sustentabilidade e ativos “verdes” ficarão ainda mais frequentes por conta da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que ocorrerá em Belém (Pará) em novembro.

Histórico

Idealizado a partir da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), instituída pela Lei 13.576/2017, cada CBIO representa uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) evitado. A emissão do crédito é feita por produtores de combustíveis renováveis – como etanol, biodiesel e biometano – e o comprador obrigatório desses títulos são empresas distribuidoras de combustíveis fósseis poluentes, para compensar suas emissões.

Para 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definiu que as distribuidoras terão de comprar 40,39 milhões de CBIO. A meta é desdobrada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que considera a participação de cada distribuidora no mercado. No ano passado, das 163 distribuidoras com metas, 97 cumpriram integralmente seus compromissos, cinco atingiram pelo menos 85% – e poderão compensar o restante em 2025 – e 61 não cumpriram e serão autuadas.

Oferta x Demanda

Na avaliação de Antonio Pontes, responsável de Produtos/Corporate & Investment Banking e sócio da The Hill Capital, não haverá oferta de créditos suficiente este ano para suprir a demanda. “A meta do CNPE é de 40,39 milhões de CBIO, enquanto a projeção de emissões está estimada em 40 milhões”, diz o executivo. Segundo relatório do Itaú BBA de dezembro de 2024, a oferta deve ficar em 40,2 milhões neste ano. “Além disso, as distribuidoras carregam metas atrasadas, através de liminares para prorrogá-las. Considerando tudo, a conta não fecha e deve levar a uma alta do preço do CBIO”, acrescenta Pontes.

Na The Hill Capital, escritório ligado ao BTG Pactual, a atuação é tanto pela parte emissora e vendedora de CBIO quanto pela parte obrigada a comprar os créditos. Trata-se de uma vertical recente, segundo Pontes, mas que já representa um volume de negócios relevante. Isso porque para uma empresa com faturamento anual na casa de R$ 1 bilhão – e as empresas que precisam descarbonizar são as de grande porte -, a meta fica em torno de 150 mil unidades de CBIO, algo como R$ 12 milhões. Ele conta que ainda é comum a compra ser pontual, mas a casa incentiva aquisições recorrentes, na busca por um preço médio – assim como nos investimentos tradicionais.

A B3 é a responsável por disponibilizar o ambiente para registro da emissão, negociação e solicitação de aposentadoria do CBIO, e hoje isso é acessado por instituições financeiras ou representantes dos compradores. Leonardo Betanho, superintendente de Produtos de Balcão na B3, destaca que há integração com o sistema proprietário da ANP, um dos avanços mais recentes que deixou o “fluxo do produto mais aprimorado”. Para este ano, o foco – do ponto de vista de infraestrutura – está na eletronificação do produto, dado que há negociações bilaterais que só depois chegam ao ambiente de registro.

Os dados da B3 mostram que houve 42,5 milhões de emissões de CBIO em 2024, alta de 18% ante 2023. Em termos de volume, os negócios com CBIO movimentaram R$ 7,8 bilhões no ano passado, com queda de 13% em relação ao ano anterior.

CBIO pode alcançar investidor pessoa física

A B3 informa que o CBIO é liberado para os investidores pessoa física, mas não apresentou dados se há alguma parcela desses clientes, de fato, investida. Mas há medidas que visam apoiar o avanço do produto. Uma delas foi o lançamento, em setembro de 2022, do ICBIO B3, índice que consolida dados de desempenho do crédito de descarbonização, considerando os preços médios de negociação.

Segundo Betanho, nenhum derivativo ou fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) foi criado a partir do ICBIO até agora, mas diz que a B3 segue fomentando ideias e vê avanço nessas possibilidades a partir da regra 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – que permite que fundos invistam até 10% do patrimônio líquido em ativos como o CBIO. “Abre um ‘corredor’ para esses investimentos e temos a infraestrutura preparada para isso.”

Trump pede que Apple acabe com políticas de diversidade após acionistas votarem a favor

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quarta-feira que a Apple elimine suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), um dia depois que os acionistas da fabricante do iPhone votaram de forma esmagadora para mantê-las diante da crescente resistência de grupos conservadores.

Grandes empresas dos EUA, incluindo a Meta e a Alphabet, abandonaram as iniciativas de DEI quando Trump voltou à presidência.

Trump chamou as medidas de discriminatórias e sugeriu que o Departamento de Justiça pode investigar se tais iniciativas violam a lei.

“A Apple deveria se livrar das regras do DEI, não apenas fazer ajustes nelas. O DEI foi uma farsa que foi muito ruim para o nosso país. O DEI acabou!!!” Trump escreveu em uma publicação no Truth Social que estava em letras maiúsculas.

A Apple não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A votação de terça-feira na reunião anual da fabricante do iPhone foi vista como um teste das opiniões dos acionistas sobre os programas DEI, que muitas empresas adicionaram ou reforçaram a partir de 2020 em meio ao movimento Black Lives Matter.

Os defensores dessas políticas dizem que elas tratam de preconceitos, desigualdade e discriminação de longa data. Mas os proponentes da proposta contra o DEI da Apple argumentaram que mudanças legais recentes poderiam resultar em um aumento nos casos de discriminação se a Apple mantivesse tais políticas.

Trump emitiu um decreto em janeiro para acabar com as iniciativas de DEI no governo federal e no setor privado, afirmando que tais esforços discriminam outros norte-americanos, inclusive homens e pessoas brancas, e enfraquecem a importância do mérito na contratação ou promoção de empregos.

A Apple disse que tinha um esforço ativo de supervisão para evitar riscos legais e que a proposta restringia inadequadamente a administração.

A empresa divulga dados sobre a diversidade da força de trabalho, mas não estabelece metas ou cotas, concentrando seus esforços de DEI em programas como uma iniciativa de justiça racial que apoia faculdades e universidades historicamente negras nos EUA.

A “força da Apple sempre veio da contratação das melhores pessoas e da criação de uma cultura de colaboração, na qual pessoas com diversas origens e perspectivas se reúnem para inovar”, disse o presidente-executivo da empresa, Tim Cook, na reunião de terça-feira.

Mas ele também sinalizou que a empresa pode fazer alguns ajustes em resposta a novos desdobramentos.

“À medida que o cenário jurídico em torno dessas questões evolui, talvez precisemos fazer algumas mudanças para cumpri-las, mas nosso lema de dignidade e respeito por todos e nosso trabalho para esse fim nunca vacilarão”, disse Cook.

‘Diversidade não é uma moda, é uma agenda de negócios’, diz CEO da B3

 

Nos últimos meses, foram diversas as notícias sobre empresas norte-americanas que abandonaram políticas de diversidade. Com isso, fica a discussão sobre se as companhias de outros países irão seguir esse movimento.

Para Gilson Finkelsztain, CEO da B3, as práticas para promover a diversidade, equidade e inclusão não devem parar.

“Diversidade não é uma moda, não é uma agenda que ficou para trás, mas uma agenda de negócios, para manter o sucesso de longo prazo. Por isso, a gente não vai retroceder”, afirmou, durante o Toque de Campainha pela Equidade de Gênero, evento que aconteceu na B3 para celebrar o Dia Internacional da Mulher (8/3).

“A gente lidera a agenda ASG há mais de 25 anos, mostrando nosso protagonismo na entrega de produtos e serviços a todo o mercado, seja investidores ou emissores”, disse Gilson.

O executivo lembrou ainda do papel da B3 como indutora de boas práticas do mercado. Entre outras iniciativas com esse objetivo, no ano passado, a B3 lançou o Anexo ASG, um documento que incentiva e padroniza o reporte das boas práticas pelas companhias listadas. “Além disso, temos o Idiversa B3, um dos índices ASG da bolsa, com empresas que se destacam em diversidade de gênero e raça”, afirmou.

Além do trabalho de indução de mercado, Ana Buchaim, vice-presidente da B3, destacou o trabalho dentro da própria B3. No ano passado, das mais de 500 contratações feitas pela companhia, 72% foram de pessoas de grupos sub-representados.

“A B3 está firmemente comprometida com uma agenda de promoção de equidade de todos os grupos sub-representados. É papel de todas as companhias apoiar essas conversas. A B3 induz o mercado mas também pratica aqui dentro”, disse Ana. “Tenho convicção de que o mercado só evolui quando todos evoluímos juntos”.

A empresa ainda tem metas para aumentar a diversidade. “As mulheres já são 30% da liderança da B3 e a gente tem compromisso de atingir 35% de mulheres na liderança até o final de 2026”, destacou Gilson. “Temos a convicção de que um ambiente que tem característica de justiça tem melhores resultados”.

Também presente no evento, Luciana Galan, do IFC, lembrou como a agenda de diversidade e inclusão é importante para o desenvolvimento da economia global. “A inclusão econômica e social é um dos pilares do nosso grupo para erradicar a pobreza e criar um futuro sustentável”, disse. “O amplo acesso a oportunidades e ao mercado de forma equitativa é fundamental para o crescimento econômico, desenvolvimento e inovação”.

Gilson Finkelsztain. CEO da B3. (Crédito:Cauê Diniz)

Diversidade, inclusão e estratégia de negócios

Ao iniciar um debate sobre o tema durante o evento Ana Buchaim lembrou que diversidade e resultado de negócios precisam caminhar lado a lado. “A gente precisa alinhar a agenda de equidade com o resultado. Essa agenda ganha força quando a gente começa a fazer essa conexão direta. E vira o jogo em termos de resultado das companhias”, disse.

Vanessa Reis, da Great People, destacou a importância de alinhar as práticas de diversidade, equidade e inclusão à estratégia de negócios. “Uma empresa que tem isso como propósito claro e integrado consegue que agenda seja propositiva para sua estratégia de negócio. Essas empresas já entenderam que o negócio só vai ser longevo se tiver boas práticas em relação a pessoas. Porque a melhoria desse clima é para todo mundo”, disse.

Os números mostram justamente isso. Luiza Mattos, da Bain & Company, comentou os resultados de um estudo que a consultoria fez recentemente e que contou com mais de mil entrevistas. “As empresas com maior diversidade têm mais inovação, melhor capacidade de trazer o cliente para o centro, e um NPS (ou seja, a chance de ser recomendada pelos colaboradores) 3 vezes maior. Além de ser a coisa certa a se fazer, vale realmente a pena”, disse.

Para Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, as empresas brasileiras, diferente das norte-americanas, têm um incentivo a mais para trazer a diversidade para dentro de casa. “O Brasil tem um mercado formado por mulheres que movimenta mais de R$ 1 trilhão. Um mercado formado pela população negra que também movimenta R$ 1 trilhão. Isso faz com que as empresas brasileiras entendam a diversidade e inclusão, nem que seja pela força de seu mercado consumidor, de uma forma diferente”, disse.

“O grande problema das empresas norte-americanas, e que pode ser um desafio para empresas brasileiras, é que não existem mulheres negras em espaços de poder. Se houvesse mais, o retrocesso lá não aconteceria. Esse é o avanço necessário para ser de fato sustentável a agenda de diversidade e inclusão”, completou Meirelles.

Outro desafio é avançar mais rápido e incentivar mais empresas a se engajarem nesse propósito. “Infelizmente, às vezes o tema de DE&I é visto como agenda assistencialista. Mais de 50% das empresas não têm medições claras. Se você inicia uma estratégia e não cria indicadores, não consegue colocar em prática”, comentou Vanessa, da Great People.

“Por mais que tenha crescimento de representatividade (das mulheres) na base, isso caminha muito mais devagar na alta liderança. No Brasil, aumentou de 3% para 6% o número de empresas com mulheres CEOs, mas ainda significa que um homem tem 15 vezes mais chances de se sentar na cadeira de CEO que uma mulher”, completou Luiza.

Leia a reportagem completa no B3 Bora Investir, parceiro de IstoÉ Dinheiro.

quarta-feira, 5 de março de 2025

China suspende importação de soja de 3 empresas dos EUA

 

São Paulo, 5 – A Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) suspendeu, na terça-feira, 4, a importação de soja de três empresas dos Estados Unidos, conforme nota do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A suspensão ocorreu em virtude de detecções recentes de esporão-do-centeio (ergot) e agentes de revestimento de sementes nas remessas de oleaginosa norte-americanas.

As empresas afetadas foram CHS Inc., Louis Dreyfus Grains Merchandising e EGT LLC.

Segundo nota do GACC, a medida pretende”proteger a saúde dos consumidores chineses e garantir a segurança dos alimentos importados”.

Ainda na terça, a China introduziu novas tarifas retaliatórias sobre certos produtos agrícolas dos EUA.

De acordo com o USDA, essas tarifas se aplicarão a 740 itens, com taxas adicionais de 10% e 15%.

A soja está sujeita à tarifa de 10%. A medida ocorre em resposta à decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 10% sobre todas as exportações chinesas, com efeito a partir de 4 de março.

Trump está inclinado a excluir o mercado do USMCA das tarifas, diz secretário dos EUA

 

 

 

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reiterou em entrevista para a Fox News nesta quarta-feira, 5, que o presidente dos EUA, Donald Trump, está inclinado a excluir o mercado do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês) das tarifas impostas na terça-feira, 4.

Lutnick ainda disse que Trump está propenso a adiar tarifas sobre os fabricantes de automóveis de seus países vizinhos por até um mês.