sábado, 8 de março de 2025

‘Diversidade não é uma moda, é uma agenda de negócios’, diz CEO da B3

 

Nos últimos meses, foram diversas as notícias sobre empresas norte-americanas que abandonaram políticas de diversidade. Com isso, fica a discussão sobre se as companhias de outros países irão seguir esse movimento.

Para Gilson Finkelsztain, CEO da B3, as práticas para promover a diversidade, equidade e inclusão não devem parar.

“Diversidade não é uma moda, não é uma agenda que ficou para trás, mas uma agenda de negócios, para manter o sucesso de longo prazo. Por isso, a gente não vai retroceder”, afirmou, durante o Toque de Campainha pela Equidade de Gênero, evento que aconteceu na B3 para celebrar o Dia Internacional da Mulher (8/3).

“A gente lidera a agenda ASG há mais de 25 anos, mostrando nosso protagonismo na entrega de produtos e serviços a todo o mercado, seja investidores ou emissores”, disse Gilson.

O executivo lembrou ainda do papel da B3 como indutora de boas práticas do mercado. Entre outras iniciativas com esse objetivo, no ano passado, a B3 lançou o Anexo ASG, um documento que incentiva e padroniza o reporte das boas práticas pelas companhias listadas. “Além disso, temos o Idiversa B3, um dos índices ASG da bolsa, com empresas que se destacam em diversidade de gênero e raça”, afirmou.

Além do trabalho de indução de mercado, Ana Buchaim, vice-presidente da B3, destacou o trabalho dentro da própria B3. No ano passado, das mais de 500 contratações feitas pela companhia, 72% foram de pessoas de grupos sub-representados.

“A B3 está firmemente comprometida com uma agenda de promoção de equidade de todos os grupos sub-representados. É papel de todas as companhias apoiar essas conversas. A B3 induz o mercado mas também pratica aqui dentro”, disse Ana. “Tenho convicção de que o mercado só evolui quando todos evoluímos juntos”.

A empresa ainda tem metas para aumentar a diversidade. “As mulheres já são 30% da liderança da B3 e a gente tem compromisso de atingir 35% de mulheres na liderança até o final de 2026”, destacou Gilson. “Temos a convicção de que um ambiente que tem característica de justiça tem melhores resultados”.

Também presente no evento, Luciana Galan, do IFC, lembrou como a agenda de diversidade e inclusão é importante para o desenvolvimento da economia global. “A inclusão econômica e social é um dos pilares do nosso grupo para erradicar a pobreza e criar um futuro sustentável”, disse. “O amplo acesso a oportunidades e ao mercado de forma equitativa é fundamental para o crescimento econômico, desenvolvimento e inovação”.

Gilson Finkelsztain. CEO da B3. (Crédito:Cauê Diniz)

Diversidade, inclusão e estratégia de negócios

Ao iniciar um debate sobre o tema durante o evento Ana Buchaim lembrou que diversidade e resultado de negócios precisam caminhar lado a lado. “A gente precisa alinhar a agenda de equidade com o resultado. Essa agenda ganha força quando a gente começa a fazer essa conexão direta. E vira o jogo em termos de resultado das companhias”, disse.

Vanessa Reis, da Great People, destacou a importância de alinhar as práticas de diversidade, equidade e inclusão à estratégia de negócios. “Uma empresa que tem isso como propósito claro e integrado consegue que agenda seja propositiva para sua estratégia de negócio. Essas empresas já entenderam que o negócio só vai ser longevo se tiver boas práticas em relação a pessoas. Porque a melhoria desse clima é para todo mundo”, disse.

Os números mostram justamente isso. Luiza Mattos, da Bain & Company, comentou os resultados de um estudo que a consultoria fez recentemente e que contou com mais de mil entrevistas. “As empresas com maior diversidade têm mais inovação, melhor capacidade de trazer o cliente para o centro, e um NPS (ou seja, a chance de ser recomendada pelos colaboradores) 3 vezes maior. Além de ser a coisa certa a se fazer, vale realmente a pena”, disse.

Para Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, as empresas brasileiras, diferente das norte-americanas, têm um incentivo a mais para trazer a diversidade para dentro de casa. “O Brasil tem um mercado formado por mulheres que movimenta mais de R$ 1 trilhão. Um mercado formado pela população negra que também movimenta R$ 1 trilhão. Isso faz com que as empresas brasileiras entendam a diversidade e inclusão, nem que seja pela força de seu mercado consumidor, de uma forma diferente”, disse.

“O grande problema das empresas norte-americanas, e que pode ser um desafio para empresas brasileiras, é que não existem mulheres negras em espaços de poder. Se houvesse mais, o retrocesso lá não aconteceria. Esse é o avanço necessário para ser de fato sustentável a agenda de diversidade e inclusão”, completou Meirelles.

Outro desafio é avançar mais rápido e incentivar mais empresas a se engajarem nesse propósito. “Infelizmente, às vezes o tema de DE&I é visto como agenda assistencialista. Mais de 50% das empresas não têm medições claras. Se você inicia uma estratégia e não cria indicadores, não consegue colocar em prática”, comentou Vanessa, da Great People.

“Por mais que tenha crescimento de representatividade (das mulheres) na base, isso caminha muito mais devagar na alta liderança. No Brasil, aumentou de 3% para 6% o número de empresas com mulheres CEOs, mas ainda significa que um homem tem 15 vezes mais chances de se sentar na cadeira de CEO que uma mulher”, completou Luiza.

Leia a reportagem completa no B3 Bora Investir, parceiro de IstoÉ Dinheiro.

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