
Roberto Jatahy (à esq.), CEO do grupo que controla a Hering, e Alexandre Birman (dir.), que ficou no comando da nova empresa (Crédito: éssica Nicole Oliveira/Divulgação)
Em um dia que varejistas sobem no Ibovespa, as ações da Azzas 2154 despencam 9,4% por volta das 15h. O motivo está atrelado a rumores de ‘divórcio’ entre os sócios da empresa, resultado da fusão entre a Arezzo&Co e o Grupo Soma.
A fusão foi consolidada há cerca de oito meses atrás e, agora, circulam notícias de que os sócios Alexandre Birman e Roberto Jatahy estão negociando uma separação, uma divisão do negócio. Segundo informações do site Pipeline, ambos os sócios da Azzas já contrataram assessoria legal e financeira para tentar realizar essa divisão.
Birman, que é CEO da Azzas, tem sido assessorado pelo Morgan Stanley e pelo escritório Spinelli Advogados, ao passo que Jatahy tem G5 e Barbosa Mussnich lhe assessorando.
Na rotina da empresa, Jatahy – que chefia a operação de moda feminina da Azzas – deixou de reportar ao CEO, Birman, e passou a responder diretamente ao Conselho de Administração – atitude que teria desagradado o chefe da empresa. Nesse contexto, a proposta de Birman é para comprar a fatia societária de Jatahy na Azzas, fazendo com que o fundador do Grupo Soma deixe por completo a operação da empresa, segundo a reportagem do Pipeline.
Procurada pela IstoÉ Dinheiro, a Azzas não retornou o contato até a publicação da última atualização desta reportagem.
Quanto os sócios da Azzas tem da empresa?
Atualmente, juntos, Jatahy e Birman são donos de cerca de 33,7% do capital social total da gigante do varejo de vestuário. A informação, aliás, deixou de ser pública há pouco.
No site de Relação com Investidores (RI) da Azzas não é exibido mais o percentual de quanto cada sócio possui. A página contém somente a mensagem “O conteúdo será disponibilizado em breve”. A Instrução CVM 480/2009 (atualmente incorporada na Resolução CVM 80/2022) prevê obrigatoriedade na transparência desses dados, levando em consideração as normas que tratam da transparência e governança corporativa de empresas públicas, de capital aberto.
Figurinha de WhatsApp
Dado o contexto de dificuldades de integração entre Arezzo e Soma, começaram a circular nas redes sociais e grupos de WhatsApp do mercado financeiro memes do possível divórcio e uma figurinha do empresário Alexandre Birman com o texto ‘Azzas R$ 21,54’ – em referência ao nome da empresa, citando que as quedas provocadas pelos problemas internos poderiam fazer os papéis chegarem a R$ 21,54.
Nesta sexta-feira, as ações da Azzas são negociadas perto de R$ 21,60.
Mudanças na casa
Ainda antes dos rumores do ‘divórcio‘ virem à tona, a companhia ocupou o noticiário com fatos que mostravam dificuldades na integração e poucas sinergias após a fusão.
Há poucos dias a empresa mostrou um balanço referente ao quarto trimestre de 2024 que desagradou o mercado. O lucro líquido recorrente do período foi de R$ 168,9 milhões, registrando uma redução de 35,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A receita líquida saltou 13% – para R$ 3,4 bilhões – mas a rentabilidade mostrou impactos, com influência de fatores como ajustes de estoque e maiores descontos em marcas descontinuadas.
O mercado reagiu negativamente aos números, com retração de 13% nas ações da empresa no pregão que sucedeu o resultado.
Nesse contexto a Azzas anunciou uma reestruturação do portfólio de marcas, decidindo descontinuar algumas marcas e linhas de produtos, como Alme, Dzarm, Simples e a linha feminina da Reserva.
Em 2024 a empresa também contou com a saída de executivos-chave. Em meados de agosto, Rony Meisler, fundador da marca Reserva e acionista relevante da Azzas, anunciou sua saída da empresa. Além dele, outros três fundadores da Reserva, que ocupavam posições executivas importantes na AR&Co (unidade de vestuário masculino da companhia), também deixaram seus cargos.
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