
Ilustração com notas de dólar americano (E) e real no Rio de Janeiro, em 17 de dezembro de 2024 - AFP
Brasil e Estados Unidos iniciaram diálogos sobre as tarifas às importações anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump, a poucos dias de entrarem em vigor, informou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As relações comerciais entre Brasília e Washington ficaram tensas após o anúncio do republicano de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio.
Está previsto que as novas políticas alfandegárias sejam aplicadas a partir de 12 de março.
Os impostos terão grande impacto sobre o Brasil, o segundo maior fornecedor de aço dos Estados Unidos.
Em uma conversa telefônica na sexta-feira (7), o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o novo Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, concordaram em criar um “grupo de trabalho (…) para tratar de temas tarifários”, disse o Ministério das Relações Exteriores brasileiro em sua conta no X.
O grupo técnico prevê uma possível reunião virtual na próxima semana, acrescentou a chancelaria.
Vieira destacou o superávit comercial favorável aos Estados Unidos e o papel estratégico do Brasil como fornecedor de insumos para a indústria americana.
A conversa ocorreu um dia após o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, ter realizado uma videoconferência com Greer e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.
Durante a reunião, Alckmin destacou que a balança comercial bilateral é de cerca de US$ 80 bilhões (R$ 461 bilhões), com um superávit de US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) a favor dos EUA.
Também ressaltou que oito dos 10 principais produtos que o Brasil importa dos Estados Unidos são isentos de tarifas.
Ambos concordaram em realizar novas reuniões bilaterais “nos próximos dias”, de acordo com um comunicado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Após o anúncio de Trump, Lula advertiu que responderá com “reciprocidade” se Washington implementar as medidas.
“Se taxar o aço brasileiro, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC [Organização Mundial do Comércio] ou vamos taxar os produtos que a gente importa dele”, disse o presidente brasileiro em entrevista à Rádio Clube do Pará, em fevereiro.
O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço dos EUA, atrás apenas do Canadá, com 4,08 milhões de toneladas exportadas a este país em 2024.
Durante seu primeiro mandato entre 2017 e 2021, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço, que foram parcialmente eliminadas mais tarde.
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