quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Cade determina que CSN pague multa R$ 128,7 mi no caso das ações da Usiminas

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O tribunal Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou na sessão desta quarta-feira, 22, a aplicação de multa à CSN, no valor de R$ 128.072.893,45. A determinação atende decisão da Justiça de Minas Gerais, que determinou ao Cade a eliminação das pendências do caso em que a CSN teve de vender ações compradas da Usiminas.

O principal ponto da decisão judicial era justamente que a autarquia deveria apresentar apuração, quantificação e aplicação da multa contratual devida pela CSN. O valor de R$ 128,7 milhões foi atualizado pela Selic desde 1º de agosto de 2024 até a presente data. O montante será restituído aos cofres públicos.

A história teve início em 2014, quando o Cade deu à CSN um prazo de cinco anos para vender as ações compradas da Usiminas que excederem a fatia permitida de 5% do capital da empresa. Em 2019, quando o prazo venceria, a instituição retirou esse limite de tempo para a venda.

Foi nesse momento em que a Usiminas entrou com processo na Justiça mineira, que determinou ainda em 2023 que a CSN vendesse as ações que ultrapassavam a fatia de 5% na concorrente em até um ano, prazo que venceu em 10 de julho de 2024.

Visto que a CSN só anunciou a venda dessas ações em 2025, a desembargadora federal Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região, determinou que na reunião de 22 de outubro, entre outras coisas, o Cade apresenta a aplicação da multa cabível à CSN pelo descumprimento do prazo.

Desde agosto, o Cade encaminhou a apuração da multa à área técnica responsável, que teria 5 dias para fazer os cálculos. No entanto, a área não encaminhou a medida sob o argumento de que as ações haviam sido vendidas em 2025. O entendimento foi de não estava configurada “qualquer hipótese de inadimplemento perante o Cade que ensejasse aplicação de multa ou adoção de medidas coercitivas adicionais”.

A desembargadora intimou pessoalmente o presidente do órgão antitruste, Gustavo Augusto, para que fosse apresentada na sessão desta quarta Nota Técnica Conclusiva, deliberação plenária e organização da documentação comprobatória do caso.

O relator, Victor Fernandes, destacou que a autarquia estava apenas cumprindo a decisão, pois o não cumprimento das determinações poderia ensejar a responsabilização dos conselheiros. “Trata-se aqui de um verdadeiro decreto judicial”, sustentou. Ele ainda disse que a situação é inédita. Ele apresentou voto conjunto com os conselheiros Diogo Thomson, Camila Cabral e José Levi.

O conselheiro-relator também disse que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) são “cortes que poderão se debruçar sobre a matéria e, eu diria, muito provavelmente terão encontro marcado com esse assunto, se assim forem provocados”. Ou seja, ele entendeu que a decisão do TRF-6 poderá ser revista. Ainda assim, Fernandes ressaltou que cabia a ele e aos colegas “simplesmente o cumprimento da decisão”.

O presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, e o conselheiro Carlos Jacques votaram pela não aplicação da multa administrativa, por entenderem que ela não seria cabível. Eles defendiam o cumprimento da decisão, ressalvando seu entendimento divergente em relação ao TRF-6.

O processo estava sob acesso restrito no Cade, que foi retirado pelo presidente ao proclamar o resultado.

O que disseram as empresas

Em nota enviada ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) no dia 10 de outubro, a Usiminas afirmou que o Cade já decidiu que a compra de ações da Usiminas ocorreu de forma ilegal e contrária à legislação brasileira.

“A CSN somente vendeu as ações por causa de ordem judicial após mais de 11 anos. Nesse contexto, a aplicação da multa prevista em lei é consequência lógica após o descumprimento pela CSN do acordo firmado com o CADE. A Usiminas esclarece que os recursos provenientes da referida multa serão destinados aos cofres públicos”, destacou.

Em nota, a CSN disse ter cumprido integralmente a obrigação de desinvestimento de ações de emissão da Usiminas, firmada em 2014 no Termo de Compromisso de Desempenho (TCD). A empresa alega que o cumprimento integral foi reconhecido pelo próprio Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que entendeu, por unanimidade, nesta quarta-feira, 22, que a participação acionária da CSN na Usiminas foi reduzida para 4,99% do capital votante, atendendo ao que foi estabelecido no TCD.

“Mesmo assim, por determinação monocrática da desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), contra a qual ainda pendem recursos, o Tribunal do CADE determinou que seja aplicada uma multa administrativa, em contraposição à conclusão da área técnica da Superintendência-Geral do CADE e aos votos de dois conselheiros da autarquia, incluindo o do seu presidente, de que não havia qualquer hipótese de inadimplemento do TCD por parte da CSN que ensejasse aplicação de penalidade”, diz a nota da CSN.

Por fim, a empresa disse que adotará todas as medidas cabíveis para assegurar seus direitos por entender que a decisão da desembargadora do TRF-6 coagiu os conselheiros do CADE à aplicação de uma multa injusta à companhia, sob pena de desobediência.

Consórcio Infraestrutura PR vence Lote 4 do leilão de rodovias do Paraná

 

O Consórcio Infraestrutura PR venceu nesta quinta-feira, 23, o leilão do Lote 4 de rodovias do Paraná, com oferta de desconto sobre a tarifa máxima de pedágio definida no edital de 21,30%, em um avanço de um programa de concessões elaborado em parceria com o governo estadual.

O lote adquirido pelo consórcio engloba oito rodovias estaduais, três federais que passam por 33 cidades do estado e ficarão sob administração da empresa por 30 anos. O contrato prevê investimento de R$ 18,1 bilhões na duplicação de 231 km, 87 km de faixas adicionais, além de correções de traçado.

Além dos investimentos nas estradas, estão previstas a instalação de 74 passarelas, 174 pontos de ônibus, oito passagens de fauna, 18 barreiras acústicas e obras de modernização e segurança.

As rodovias no Paraná são alvo de uma série de leilões desde 2023, com cinco de seis lotes já leiloados. Segundo o governo federal, é o maior programa de privatização de rodovias do mundo em andamento.

Na Ásia, Lula reedita a política dos ‘campeões nacionais’

 

De um jeito diferente, a política dos campeões nacionais” está de volta, com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pegando pela mão grandes empresas nacionais e ajudando-as a ampliar seus negócios no exterior.

Foi esse, pelo menos, o espírito predominante na cerimônia em que o brasileiro foi recebido no palácio presidencial da Indonésia, em Jacarta, pelo presidente Prabowo Subianto. Como indicou o PlatôBR na véspera, depois de Lula e do anfitrião o protagonismo da solenidade ficou por conta dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da J&F, a holding sob a qual está a JBS, maior produtora de proteína animal do planeta, fundada há pouco mais de sete décadas em Goiás.

Os irmãos estiveram no centro de casos rumorosos na história recente do país, especialmente no governo de Michel Temer, passaram em seguida por um longo período de discrição e há dois anos começaram a retornar à ribalta nas relações com o mundo da política. Nesta quinta-feira, 23, eles foram os únicos empresários brasileiros a ter assento nos encontros solenes oficiais em Jacarta com o presidente indonésio, ao lado de ministros e outras autoridades dos dois governos.

E mais: entre os vários memorandos assinados com a Indonésia e apresentados com pompa na cerimônia de recepção a Lula no palácio do governo, sob as vistas do presidente brasileiro e de Subianto, três foram firmados diretamente pelas empresas da família Batista com o país asiático. A assinatura desses atos ocorreu junto com os demais que foram negociados entre o governo brasileiro e o governo indonésio, em diversas áreas – agricultura, ciência e tecnologia e minas e energia, entre outras.

A JBS irá montar, em parceria com o fundo soberano da Indonésia, uma grande operação no país do sudeste asiático que tende a transformá-la, em pouco tempo, na maior produtora e fornecedora de proteína animal do arquipélago – um passo dado com as bênçãos do governo Lula, de quem os irmãos Batista se reaproximaram desde o início do atual mandato do petista.

O plano é expandir a oferta de carnes pela JBS no país para muito além do que ela já tem atualmente, avançando para uma produção local em larga escala e aproveitando para usar também a planta industrial que a companhia brasileira já possui na Austrália, país próximo do arquipélago indonésio.

“A Austrália exporta 500, 600 mil cabeças por ano de gado vivo para cá. O Brasil, não. A Austrália é mais próxima daqui. E nós temos uma plataforma aqui próximo, uma plataforma importante para nós, que é a plataforma nossa da Austrália. Então, a gente pretende aproveitar a plataforma para fazer uma extensão do que nós temos na Austrália para o sudeste asiático”, disse Wesley Batista ao PlatôBR ainda no palácio presidencial, demonstrando entusiasmo com o novo passo em um dos países mais populosos do planeta. “Quando você olha essa região, tem 700 milhões de habitantes”, emendou, realçando o tamanho do mercado que agora se abre, de forma ainda mais escancarada.

Protagonismo explícito

Coube ao próprio Wesley Batista assinar a parceria com os indonésios durante a cerimônia, assim como fizeram, cada um em sua área, os ministros de Lula e de Subianto. Joesley, igualmente acomodado entre os ministros e quase sempre de sorriso aberto, aplaudiu. Pouco antes, em uma reunião liderada pelos dois presidentes e da qual participaram apenas autoridades de alto escalão dos dois governos, lá estavam eles também, sentados na ponta da mesa em um dos salões do Merdeka, o palácio de Subianto.

Outro acordo firmado pelo grupo dos irmãos Batista nesta quinta em Jacarta prevê uma parceria da Âmbar, empresa de energia da holding J&F, com o governo da Indonésia. Esse, especificamente, foi assinado pelo executivo José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem que chegou a ser preso nos Estados Unidos no curso das investigações sobre a Odebrecht, da qual a empresa era subsidiária. Grubisich foi contratado pelos irmãos Batista e ficará responsável por tocar a operação no sudeste asiático.

Esta nova viagem de Lula à Ásia, a quarta do atual mandato, tem por objetivo justamente ampliar os mercados para as empresas brasileiras em uma região que cresce economicamente a passos largos e é tida como um mercado estratégico pelas potências mundiais.

Não é a primeira vez que a exportação de proteínas ganha destaque especial na agenda do presidente da República. Na viagem que fez ao Japão e ao Vietnã, no primeiro semestre deste ano, Lula priorizou negociações para liberar barreiras sanitárias impostas pelos países para a importação de carne de frigoríficos brasileiros – uma pauta de interesse direto da JBS, que àquela altura também tinha executivos seus entre os integrantes da comitiva.

‘Campeões 3.0’

Em seus dois primeiros mandatos (2003-2006 e 2007-2010), Lula pôs em curso a chamada política dos “campeões nacionais”, que tinha o objetivo expresso de ajudar empresas brasileiras a se tornarem grandes no mercado internacional, em muitos casos com financiamento facilitado pelo governo federal.

A JBS foi uma das beneficiárias e esse empurrão acabou sendo determinante para a expansão do grupo familiar fundado em meados do século passado pelo pai de Joesley e Wesley, José Batista Sobrinho. Nesta quinta, indagado se a companhia estaria de novo ganhando um empurrão de Lula com uma versão revisitada da política dos “campeões”, Wesley Batista negou. “Não necessariamente tem a ver com nada de governo do lado brasileiro”, desconversou o empresário, com o argumento de que os acordos assinados foram negociados diretamente com os indonésios. “O governo local quer desenvolver a indústria local”, disse.

Nas conversas com o governo de Prabowo Subianto, Lula costurou mais negócios que devem beneficiar outras empresas brasileiras, entre elas a Embraer, com o possível fornecimento de aviões civis e militares ao país. A Força Aérea da Indonésia já tem aviões de caça Super-Tucanos fabricados pela empresa brasileira e tem interesse de aumentar a frota. Também há possibilidade de comprar jatos para uso civil. As negociações estão em curso.

Honras de Estado

Lula foi recebido pela manhã no palácio presidencial em Jacarta com pompa e circunstância. Chegou ladeado por uma guarnição da cavalaria das Forças Armadas indonésias especialmente trajada para ocasiões especiais e passou tropas em revista. O governo local levou para a cerimônia representantes de comunidades tradicionais do arquipélago. Mais de uma centena de estudantes de escolas públicas de Jacarta agitavam bandeirinhas do Brasil e da Indonésia. Depois, o presidente teve conversas reservadas com Subianto no interior do palácio, cujos salões suntuosos revestidos em mármore são decorados por lustres de cristal e adornos dourados. O encontro a sós com líder indonésio duraria meia hora e acabou se estendendo para o triplo do tempo previsto.

Quando os dois apareceram para fazer uma declaração conjunta à imprensa, Lula surpreendeu ao improvisar e disse – pela primeira vez sem qualquer ressalva – que será candidato à reeleição no ano que vem. “Vou disputar o quarto mandato no Brasil”, afirmou, arrancando aplausos efusivos de Subianto e dos demais presentes. Até então, Lula tratava da possibilidade de candidatura sempre na condicional, dizendo que tudo irá depender de como estará sua saúde, por exemplo.

Trump e temas sensíveis

Embora esteja buscando superar a crise aberta com o governo de Donald Trump, na mesma declaração à imprensa o presidente brasileiro tocou em temas que costumam desagradar o norte-americano e seu governo. Na presidência temporária do Brics, o grupo de países em desenvolvimento que busca fazer frente à hegemonia dos Estados Unidos na política global, ele enalteceu a importância do alinhamento entre as nações do chamado “Sul Global” para enfrentar desafios comuns do atual cenário geopolítico – ainda que indiretamente, Lula mencionou o aumento de tarifas imposto por Trump a vários países, incluindo o Brasil e a própria Indonésia.

O presidente brasileiro ainda passou por outro assunto que incomoda o governo norte-americano: o plano de países dos Brics de fazer negócios entre si nas próprias moedas, driblando o dólar nas transações. “O que está acontecendo nesse momento na política e na economia demonstra que, cada vez mais, nós precisamos discutir as similaridades que existem entre os nossos dois países para que a gente possa, cada vez mais, fazer crescer a nossa relação comercial, a nossa relação científica e tecnológica, a nossa relação cultural, a nossa relação política, para que, cada vez mais, a gente seja menos dependente”, declarou.

“Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo”, afirmou Lula na sequência. “Indonésia e Brasil não querem uma segunda Guerra Fria. Nós queremos comércio livre. E, mais ainda: tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas. Essa é uma coisa que nós precisamos mudar”, disse.

Encontro na Malásia

As declarações foram feitas num momento em que o Planalto e a Casa Branca trabalham intensamente para que Lula e Trump se encontrem ainda durante esta viagem do presidente brasileiro à Ásia. Os dois são convidados da reunião de cúpula da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, que ocorrerá a partir do fim de semana em Kuala Lumpur, capital da Malásia, para onde Lula seguirá assim que deixar Jacarta nesta sexta-feira, 24.

Tudo está ajustado para que a reunião aconteça no domingo, 27. O governo brasileiro evita confirmar oficialmente porque sempre existe a possibilidade de mudanças nos planos, especialmente em se tratando de Trump. Como o PlatôBR informou, o encontro já tem até horário: 18 horas de sexta, 7 da manha no fuso de Brasília, segundo fontes a par do assunto – essas mesmas fontes, porém, insistem na ressalva de que até lá o combinado pode mudar.

Banquete no palácio

À noite, Lula pôs uma batik, vestimenta estampada típica da Indonésia, para ir o banquete oferecido a ele e à comitiva brasileira por Prabowo Subianto. O banquete era parte da programação da visita de Estado. Os demais integrantes da comitiva também foram vestidos a caráter, com batiks que ganharam de presente dos indonésios. Na festa, como havia anunciado mais cedo, Subianto aproveitou para comemorar o próprio aniversário e o de Lula – o dele foi no último dia 17 e o do presidente brasileiro será na próxima segunda, 27, data que ele realmente considera, embora tenha o dia 6 de outubro registrado na certidão.

Houve parabéns, com direito a bolo. Três bandas se apresentaram, com música brasileira incluída no repertório. Janja dançou. Prabowo também. O presidente Lula foi homenageado pelos indonésios com imagens que repassaram a sua vida em revista, desde a infância no interior de Pernambuco até os tempos de líder metalúrgico no sindicato do ABC Paulista. Empresários que acompanham a comitiva, incluindo os irmãos Batista, também estavam entre os convidados.

Leia mais no PlatôBR.

Plano Brasil Soberano liberou R$ 5,3 bi em socorro a empresas afetadas por tarifaço, diz BNDES

 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou nesta quinta-feira, 23, já ter aprovado R$ 5,3 bilhões em crédito do Plano Brasil Soberano para socorro a empresas afetadas pelo tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump.

O montante se refere a 371 operações, sendo R$ 2,86 bilhões na linha Capital de Giro, que destina recursos a gastos com despesas operacionais, outros R$ 2,39 bilhões na linha Giro Diversificação, que visa a busca de novos mercados para exportações, e R$ 52,46 milhões na linha Bens de Capital.

As aprovações foram destinadas a empresas da indústria de transformação, com R$ 4,38 bilhões; comércio e serviços, com R$ 468 milhões; agropecuária, com R$ 336 milhões; e indústria extrativa, com R$ 127 milhões.

“O BNDES mantém o compromisso de apoiar as empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço. A determinação do presidente Lula é preservar os empregos e fomentar o desenvolvimento de novos mercados para as exportações prejudicadas”, declarou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em nota distribuída à imprensa.

METRO QUADRADO: vacância de escritórios em SP é a menor em 5 anos

 

Depois de sofrer com uma debandada de inquilinos quebrando contratos na pandemia, o mercado de escritórios em São Paulo vive seu melhor momento em anos.

O setor fechou o terceiro trimestre de 2025 com a menor taxa de vacância dos últimos cinco anos, segundo o relatório da CBRE ao qual o Metro Quadrado teve acesso.

A vacância das lajes corporativas na cidade chegou a 17,6%, com um resultado ainda menor entre os edifícios do tipo triple A, de 11,9% – uma queda de 5 pontos percentuais em 12 meses. Até o terceiro trimestre, São Paulo registrou no ano 612 mil m² de absorção bruta, impulsionada pelo flight to quality. Do total, 59% ocorreram em empreendimentos de padrão A e A+.

Segundo o diretor de locação, pesquisa e saúde da CBRE Brasil, Felipe Giuliano, o bom desempenho do trimestre reflete a consolidação do retorno ao trabalho presencial, que começou com pequenas e médias empresas e agora é liderado pelas corporações em busca de espaços mais amplos e modernos.

“Desde o segundo semestre de 2024 vivemos um período muito bom, com as grandes empresas voltando ao escritório. Muito do que aconteceu em 2025 é consequência disso,” disse Felipe.

Leia a reportagem completa no Metro Quadrado.

O que o Porto do Açu está fazendo para se tornar a nova rota do agro

 

A cidade de São João da Barra, na região norte do Rio de Janeiro, abriga um projeto faraônico concebido em meados de 2007 por Eike Batista que figura atualmente como maior complexo portuário industrial da América Latina. Hoje, o ex-integrante da lista da Forbes não possui mais nenhuma relação com a gestão do porto, que quer deixar a competição mais acirrada no setor portuário ao investir mais pesado para transportar produtos de outros setores da economia.

Já sendo o maior exportador de petróleo e gás do Brasil, o Porto do Açu mira aumentar suas conexões com o setor mais representativo da economia brasileira: o agronegócio.

Com acordos costurados com produtores do Centro-Oeste, a gestão quer se colocar como uma ‘nova rota do agronegócio‘ – isso, visando vantagens competitivas próprias.

 


Como exemplo, o porto quer se mostrar mais ágil e menos custoso para as companhias, evitando altos encargos de demurrage – termo para descrever tarifas cobradas pelo atraso na devolução de contêineres após o período de tempo livre estabelecido no contrato de transporte marítimo.

Eugenio Figueiredo, CEO do Porto do Açu, conta ao Dinheiro Entrevista que o complexo portuário tem se posicionado como uma alternativa por conta dos custos menores. Embora a distância possa ser maior no comparativo com outras unidades portuárias, por conta das filas menores e da dinâmica, o Porto do Açu pode baratear algumas operações logísticas.

“Você gera uma penalidade pelos dias que os navios ficam ali boiando, esperando o momento de atracar, que quando ele foge da janela que está definida, você passa a pagar exatamente o que é chamado de demurrage, que são as tarifas de penalidade por dias de espera. Dependendo do momento do ano e dependendo do caso, alguns portos têm filas que chegam a 10, 15, às vezes até 20 ou 30 dias. Você imagina que dependendo do tamanho do navio, essas tarifas diárias podem chegar a US$ 30 mil, US$ 40 mil, até US$ 50 mil de penalidade por dia por estar ali esperando”, explica.

“Então, quando se olha o custo total de todo esse processo logístico de chegar com os volumes, fazer a movimentação para carregar o navio e o navio entrar e sair, em vários dos casos, mesmo até sendo um pouco mais longe longe a distância física para acessar o porto, o custo total fica competitivo por conta dessa ‘perna final’ em que não se tem uma fila no Porto do Açu tão grande quanto tem outros”, completa.

No acumulado do ano de 2024, o Porto do Açu movimentou um volume de de 78 milhões de toneladas. Para efeitos de comparação, o Porto de Santos, em São Paulo, movimentou 179,8 milhões de toneladas no mesmo ano – número que representa um recorde histórico, com incremento de 3,8% ante o volume do ano anterior, segundo o relatório integrado mais recente.

Vale destacar que, tecnicamente, o Porto do Açu é classificado de maneira distinta ao Porto de Santos – enquanto o primeiro é um terminal autorizado, o segundo é, de fato, um porto organizado.

‘O primeiro filhote’

De olho no crescimento com o agronegócio, a unidade realizou a primeira exportação de carga agrícola proveniente de Mato Grosso em setembro deste ano – movimentando 25 mil toneladas de milho não transgênico, do leste de Mato Grosso.

A carga foi embarcada para a Europa, sendo movimentada no Terminal Multicargas (T-Mult) do porto.

“Quando a gente olha para os volumes movimentados em portos do Brasil, são volumes muito grandes. No mundo agro, a gente fala em milhões de toneladas, e a gente está começando a colocar o pezinho ali, fazendo os primeiros movimentos. A gente fechou o ano passado no Porto Açu movimentando em torno de 750 mil toneladas dos mais diferentes produtos relacionados ao agro, mas o potencial de crescimento é muito grande. Estamos começando a fazer a criação desta rota”, diz Eugenio Figueiredo.

O executivo relata que tem viajado a Goiás, Minas Gerais e outros estados para manter diálogo e ‘mostrar a infraestrutura do porto’, oferecendo a unidade como uma potencial rota para escoamento da produção de grãos e outro produtos.

A fatia do agro, desta forma, ainda é pequena, mas a gestão prevê ter um projeto voltado para o agro ainda nos próximos anos.

De 2023 até agora o porto transportou, em toneladas:

  • Soja – 242.939
  • Milho – 134.037
  • Trigo – 32.546
  • Café- 15.549

“Os volumes são relativamente pequenos ainda, ainda não temos um terminal dedicado, mas estamos exatamente agora em um processo de discussão interna para tomar decisão final de investimento para construir, vamos chamar assim, o primeiro ‘filhote’ do nosso terminal multicargas, que vai ser um terminal dedicado para grãos”, comenta o executivo.

A estratégia envolve um acordo de intenções com o governo de Goiás e a inauguração de um terminal exclusivo para grãos até 2028 – projeto que deve custar R$ 500 milhões em investimentos e movimentar 1,8 milhão de toneladas no primeiro ano.

O potencial, todavia, é de chegar a 3 milhões de toneladas usando apenas o modal rodoviário. Contudo, quem está a frente do projeto espera que em breve as estradas não sejam o único caminho para escoar a produção.

Malha ferroviária deve adicionar competitividade

Outro fator que deve aumentar a competitividade do porto é o a malha ferroviária EF-118, que conectará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. O projeto possui prazo de 50 anos, extensão de 575 quilômetros e investimento previsto de R$ 4,6 bilhões.

Figueiredo relata que o projeto passará pelo crivo do Tribunal de Contas da União (TCU) já nos próximos meses. Com isso, os trâmites burocráticos devem acabar já no primeiro trimestre do ano de 2026 e a primeira etapa da ferrovia deve começar a operar entre 2033 e 2035.

“Ele [projeto de malha ferroviária] descortina um leque de potencial de volume e de capacidade bem maior. Essa ferrovia que está sendo discutida, que potencialmente vai passar por um processo de licitação e de concessão, pode trazer volumes em torno de 20 milhões de toneladas.”

Ex-porto de Eike

A unidade, localizada em São João da Barra, no norte do estado do Rio de Janeiro, foi concebida pelo empresário Eike Batista e visava se tornar o maior porto do país e o maior estaleiro das Américas, além de um polo industrial.

O porto abriga um total de 28 empresas e 11 terminais de classe mundial.

Sete anos após o início das obras, em 2014, foram iniciadas as operações portuárias com o primeiro carregamento de minério de ferro.

O custo total da obra até a entrada em operação foi de R$ 9 bilhões – superando com folga o orçamento inicial, que era de R$ 1,4 bilhão.

Atualmente Eike não possui nenhuma relação com a gestão do Porto do Açu. A gestora americana EIG assumiu o controle no fim do ano de 2013 e fez um aporte de R$ 1,1 bilhão, passando a deter a fatia de 53% da então LLX, rebatizada para Prumo Logística. Atualmente, a Prumo Logística Global S.A. é controlada pela EIG Management Company LLC (93,1%) e pelo fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala Development Company (6,9%).

Empresas aeroespaciais europeias se unem para enfrentar Musk

 

Os maiores grupos espaciais da Europa revelaram nesta quinta-feira, 23, um acordo preliminar para unir forças na fabricação e prestação de serviços de satélites, após meses de negociações para combater o crescimento descontrolado de rivais liderados pela Starlink, de Elon Musk.

O acordo entre a Airbus , a Thales e a Leonardo criará um novo empreendimento com sede na França a partir de 2027, na mais ambiciosa união de ativos aeroespaciais europeus desde a fabricante de mísseis MBDA em 2001.

O ministro das Finanças da França, Roland Lescure, disse que o acordo “fortalecerá a soberania europeia em um contexto de intensa concorrência global”.

A nova combinação empregará 25.000 pessoas, com uma receita de 6,5 bilhões de euros, com base nos números de 2024.

Espera-se que ela gere sinergias da ordem de centenas de milhões de euros a partir de cinco anos, disseram as empresas, sem detalhar como isso seria alcançado.

As empresas, que já cortaram um total de 3.000 empregos em seus negócios espaciais, não mencionaram novos cortes, mas os executivos afirmaram que o foco agora se voltaria para o crescimento potencial.

Sob o codinome “Projeto Bromo”, as conversas entre os três grupos aeroespaciais começaram no ano passado em uma tentativa de copiar o modelo de cooperação da fabricante de mísseis europeia MBDA, que é de propriedade da Airbus, Leonardo e BAE Systems .

Os principais fabricantes de satélites da Europa competem há muito tempo para construir espaçonaves complexas em órbita geoestacionária, mas foram impactados pela chegada de satélites menores e mais baratos em órbita terrestre baixa, especialmente pela rede Starlink construída pela SpaceX.