A mineradora Vale já deve retomar a posição de maior mineradora de ferro do mundo
neste ano e segue “muito construtiva” em relação à demanda pela
commodity no longo prazo, disse o presidente-executivo da companhia,
Gustavo Pimenta, durante sua participação no congresso Exposibram nesta
terça-feira, 28.
A
Vale havia perdido o posto de maior produtora global de minério de
ferro para a australiana Rio Tinto, após o rompimento de sua barragem em
Brumadinho (MG), em 2019, o que demandou uma profunda revisão dos
projetos da companhia em busca de maior segurança.
Pimenta
destacou que a companhia produziu 328 milhões de toneladas de minério de
ferro em 2024 e que seu plano de negócios prevê a meta de atingir em
2025 entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas.
“A
gente tem dentro das nossas operações um enorme potencial de trazer
projetos, de desenvolver projetos de intensidade de capital baixa, com
minérios de alto teor. Então é algo que a gente está muito otimista”,
afirmou Pimenta.
A demanda de minério de ferro, segundo ele, virá
de movimentos como crescimento populacional, transição energética,
eletrificação, urbanização, dentre outros.
Questionado
sobre a recente entrada da mega mina de Simandou, na Guiné, em
operação, Pimenta reconheceu que o projeto trará um volume adicional de
minério, mas que grande parte será destinada a repor capacidade que está
saindo do mercado.
“Quando você olha a oferta, mesmo as plantas
de alto teor estão tendo exaustão, estão perdendo capacidade, estão
perdendo qualidade”, disse Pimenta.
Transição energética
Do
lado da demanda advinda da transição energética, Pimenta ressaltou que a
indústria vai “descomoditizar” com o tempo e a Vale terá que ser capaz
de prover soluções de minério de ferro que sejam orientadas às demandas
específicas de cada cliente.
“E aqui a Vale tem uma vantagem
competitiva: eu falo sem medo de errar que nós somos a companhia mais
sofisticada do ponto de vista de minério de ferro do mundo. A gente tem
20 pontos de ‘blendagem’ espalhados pelo mundo, a gente pode ter
produtos de alto teor, de médio teor, de baixo teor”, afirmou.
Também
nessa linha, a companhia tem apostado na criação de projetos de
complexos industriais para a fabricação de aço com menor pegada de
carbono.
Esses empreendimentos têm potencial maior para crescerem
em locais onde há oferta de gás natural “barato”, o que é o caso do
Oriente Médio, acrescentou.
Em seu discurso, Pimenta também falou
sobre uma profunda transformação cultural pela qual a empresa passou,
após o rompimento de barragens no Brasil. Ele destacou a importância de
realizar a mineração com responsabilidade.
Segundo o executivo, a mineração melhora a qualidade de vida das pessoas, quando é feita de forma responsável.