terça-feira, 28 de outubro de 2025

Novos players voltam a acirrar mercado de delivery com iFood

 

 

 Imagem destaque: Novos players voltam a acirrar mercado de delivery com iFood

 

   O setor de delivery no Brasil vive um momento de intensa disputa e transformação, marcado pela entrada de novos players, estratégias de expansão regional e, ainda, brigas judiciais. Com faturamento anual superior a R$ 100 bilhões, segundo o Statista, o mercado - antes dominado quase exclusivamente pelo iFood - agora se vê desafiado por concorrentes que chegam com planos agressivos. A Keeta, controlada pelo grupo Meituan, promete investir cerca de R$ 5,6 bilhões nos próximos cinco anos. A empresa iniciou operações em Santos e São Vicente, com planos de expansão para São Paulo ainda em 2025. A estratégia da Keeta inclui suporte tecnológico para PMEs, treinamento de entregadores e uma abordagem de ecossistema colaborativo, inspirada em seu modelo na China.

  Enquanto isso, a 99Food, pertencente à chinesa DiDi Chuxing, retomou suas atividades no Brasil após ter encerrado operações em 2023. Com presença em São Paulo, Goiânia e, mais recentemente, no Rio de Janeiro, a empresa aposta em taxas reduzidas, incentivos para entregadores e eliminação de comissões para restaurantes como forma de atrair parceiros. Com todos esses movimentos, o iFood e o Rappi começam a reagir. O gigante do mercado de delivery tem investido em delivery turbo, interação com o WhatsApp, refeições frequentes com preços mais baixos, além de crédito para restaurantes. Já o Rappi, que detém cerca de 9% do setor no Brasil, aposta na multiverticalidade e em ações promocionais. 

Disputas Judiciais e Práticas Anticompetitivas

  A competição acirrada entre os aplicativos de entrega extrapolou o campo comercial e chegou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Keeta e o Rappi acusam a 99Food de impor cláusulas de exclusividade — chamadas de “cláusulas de banimento” — que impediriam restaurantes de se associarem a concorrentes. Diante dos desdobramentos, na última semana, a Keeta obteve vitória na Justiça de São Paulo contra a 99Food. O iFood já havia sido alvo de investigações semelhantes - em 2023, um acordo com o Cade limitou seus contratos de exclusividade, proibindo que ultrapassassem 25% do faturamento bruto nacional e restringindo parcerias com redes de mais de 30 unidades. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) também se posicionou contra práticas que dificultam a concorrência.

Tentativas Frustradas no Passado

  Convém ressaltar que não é a primeira vez que o iFood vê o mercado de delivery ganhar novos players com planos ousados de expansão. Há poucos anos, empresas como Uber Eats e Glovo chegaram e deixaram o Brasil. A Uber Eats encerrou suas operações em 2022, alegando dificuldades de rentabilidade e competição desleal. Já a Glovo, startup espanhola - com apenas um ano de atuação - também abandonou o país após não conseguir se consolidar frente ao domínio do iFood e à complexidade logística brasileira, optando por concentrar seus esforços em outros países da América Latina, Europa e África.

Foco no Crescimento Regional

 Enquanto gigantes disputam grandes centros urbanos, empresas como o aiqfome, adquirido pelo Magalu, apostam em cidades do interior para desenvolver. Com atuação em mais de 700 cidades brasileiras, o aiqfome foca em mercados menos saturados, oferecendo soluções personalizadas para restaurantes locais e entregadores. Essa estratégia tem se mostrado eficaz para ampliar a base de usuários e fidelizar parceiros fora do eixo Rio-São Paulo. Atualmente, a empresa está presente em 22 estados e tem forte presença em regiões como: Paraná (Maringá, Londrina, Cascavel); São Paulo (Barretos, São Carlos, Franca); Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, por exemplo.

Perspectivas

  Com investimentos que somam R$ 14 bilhões até 2030, o mercado de delivery no Brasil caminha para uma nova configuração. A concorrência tende a beneficiar consumidores com preços mais baixos e serviços mais eficientes, enquanto restaurantes e entregadores ganham alternativas de parceria. Nesse novo ambiente, empresas que conseguirem equilibrar inovação, eficiência logística e relacionamento com parceiros terão vantagem competitiva. O futuro do delivery no Brasil será moldado não apenas pela disputa entre gigantes, mas pela capacidade de adaptação às realidades regionais e às demandas de um consumidor cada vez mais exigente e conectado.

 

 https://gironews.com/food-service/novos-players-voltam-a-acirrar-mercado-de-delivery-com-ifood/


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