segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Brasil dá início a semanas de eventos climáticos da COP30; veja desafios

 

O Brasil inicia nesta segunda-feira, 03, três semanas de eventos ligados à cúpula climática COP30, na esperança de mostrar um mundo ainda determinado a enfrentar o aquecimento global, mas isso pode ser difícil em um ano marcado por turbulências econômicas e compromissos cancelados dos Estados Unidos.

Os líderes empresariais reunidos em São Paulo estão pressionando por políticas mais fortes para financiar a transição energética, com uma carta aberta nesta segunda-feira pedindo aos governos incentivos “urgentes” para a adoção de energia renovável em vez de combustíveis fósseis.

“É um reconhecimento dos grupos empresariais da importância do multilateralismo e da importância de aumentar a ambição”, disse a presidente-executiva Maria Mendiluce da We Mean Business Coalition, que coordenou a carta de 35 grupos que representam 100.000 empresas.

No Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, prefeitos, governadores e outros líderes subnacionais participarão de uma cúpula de líderes locais, que ameaça ser ofuscada por protestos contra uma megaoperação policial na semana passada que deixou 121 mortos.

Separadamente, o príncipe William, do Reino Unido, presidirá uma cerimônia no Rio para o Prêmio Earthshot, que reconhece as contribuições ao ambientalismo no ano passado.

Entretanto, os países e as empresas podem ter dificuldades para projetar o mesmo otimismo que marcou a diplomacia climática nos últimos anos.

Atualmente, a cooperação global está estagnada em meio a tensões geopolíticas e várias guerras. Uma série errática de tarifas dos EUA abalou a estabilidade econômica em todo o mundo, enquanto as reviravoltas dos Estados Unidos em relação à política de energia limpa e à ciência climática abalaram os investidores. E, embora os custos da energia renovável tenham caído para níveis inferiores aos dos combustíveis fósseis, muitos países estão fazendo malabarismos com metas concorrentes, como a segurança alimentar ou o desenvolvimento de inteligência artificial.

Os líderes empresariais ainda esperam impulsionar as políticas de energia limpa como uma prioridade. “Isso faz muito sentido para os negócios e garante a segurança energética e a competitividade”, disse Gonzalo Sáenz de Miera, presidente do Grupo de Crescimento Verde da Espanha.

Cúpula das florestas tropicais

O fato de o Brasil ser o anfitrião deste ano marca 33 anos desde a Cúpula da Terra no Rio, onde os países assinaram pela primeira vez o tratado das Nações Unidas que se compromete a combater as mudanças climáticas.

Desde então, a cúpula se transformou em um importante fórum multilateral, reunindo países ricos e pobres, cientistas e a sociedade civil para enfrentar a ameaça climática. Mas, até o momento, ela não conseguiu interromper o aumento das emissões de carbono, embora o ritmo tenha diminuído. Cerca de 40% das emissões da era industrial na atmosfera foram liberadas desde que o tratado foi assinado.

Ao participar da cúpula anual, os líderes geralmente têm como objetivo confirmar o compromisso de seus países e responsabilizar uns aos outros. Mas é provável que a COP30 tenha a menor participação de líderes mundiais desde 2019, quando cerca de 50 chefes de Estado foram a Madri para a COP25.

Para a cúpula de líderes de 6 e 7 de novembro na cidade amazônica de Belém, “menos de 60” líderes haviam confirmado com a presidência brasileira até sábado. Mais de 80 participaram da COP29 do ano passado em Baku, depois de mais de 100 nas três cúpulas anteriores em Dubai, Sharm el-Sheikh, Egito, e Glasgow.

A principal cúpula de 10 a 21 de novembro em Belém também teve menos pessoas registradas do que nas COPs do passado recente. Com a capacidade limitada dos hotéis e os altos preços dos quartos em Belém, apenas cerca de 12.200 pessoas haviam se registrado até 8 de outubro, de acordo com dados preliminares da agência climática da ONU.

A COP29 do ano passado em Baku teve mais de 54.000 participantes, enquanto a COP28 de Dubai atraiu quase 84.000. O Brasil havia dito que esperava mais de 45.000.

O planejamento da COP30 causou meses de ansiedade entre os países que tiveram dificuldades para encontrar acomodações a preços acessíveis, e alguns acabaram planejando reduzir suas delegações.

Isso também levou mais pessoas aos eventos com foco em finanças nesta semana em São Paulo ou à cúpula de líderes locais no Rio.

“É ótimo ver tantos líderes empresariais e prefeitos convergirem para o Brasil às vésperas da COP30, apresentando suas ações climáticas e buscando oportunidades de colaborar e ir mais longe mais rapidamente”, disse Dan Ioschpe, presidente do conselho da Ioschpe-Maxion, fabricante de autopeças sediada no Brasil, que está liderando os esforços da COP30 para acelerar a ação de empresas e outros atores não estatais.

O Brasil disse que a localização de Belém tinha o objetivo de agitar as coisas, colocando as comunidades indígenas no centro das negociações.

Uma flotilha com líderes e ativistas indígenas está descendo o rio Amazonas até Belém, onde os grupos planejam entregar uma lista de exigências de conservação aos líderes mundiais no final desta semana. Durante a conferência, muitos grupos indígenas planejam acampar na floresta tropical ao redor da cidade.

Crise dos chips: China concorda em abrir diálogo com indústria brasileira para evitar escassez

 

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, relatou ao governo brasileiro que Pequim vai abrir canais de diálogo com a indústria automotiva do Brasil para evitar o desabastecimento de chips necessários à produção de carros no país, disse o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, neste sábado, 1º de novembro.

“Seguindo as orientações do presidente @LulaOficial, vamos seguir o caminho do diálogo com nossos parceiros, gerando emprego, renda e oportunidades compartilhadas”, disse Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, na rede social X.

O risco para a oferta de chips ocorreu após o governo da Holanda ter tomado, em outubro, o controle da Nexperia, subsidiária da fabricante de semicondutores chinesa Wingtech. Como resposta, a China bloqueou as exportações dos chips vendidos pela empresa, gerando a interrupção do fornecimento de semicondutores da Nexperia às empresas da cadeia de autopeças no Brasil.

A empresa chinesa que opera na Holanda e detém 40% do mercado mundial de chips essenciais para carros flex.

Em nota separada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) comemorou a abertura de diálogo com a China “para liberar as exportações de semicondutores ao Brasil”.

Segundo a Anfavea, o governo chinês concordou em analisar a concessão de autorização especial às empresas brasileiras que estiverem com dificuldades para importar os chips.

A medida abre caminho para o fim do embargo às importações de semicondutores da Nexperia que poderia levar ao desabastecimento dos fornecedores de autopeças no país e à consequente paralisação da indústria automotiva, disse a Anfavea.

As empresas brasileiras poderão solicitar exceção ao embargo por meio da embaixada ou diretamente com o Ministério do Comércio da China. A China concederia a licença para importação a partir da análise de cada caso, segundo a Anfavea.

Trump diz que China e outros países não podem ter melhores chips de IA da Nvidia

 

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que os chips mais avançados da gigante da inteligência artificial Nvidia serão reservados para empresas norte-americanas, sendo mantidos fora da China e de outros países.

Durante uma entrevista gravada que foi ao ar no domingo no programa “60 Minutes”, da CBS, e em comentários a repórteres a bordo do Força Aérea Um, Trump disse que apenas os clientes dos EUA deveriam ter acesso aos chips Blackwell de última geração oferecidos pela Nvidia, a empresa mais valiosa do mundo em valor de mercado.

“Os mais avançados, não permitiremos que ninguém além dos Estados Unidos os tenha”, disse ele à CBS, repetindo declarações feitas anteriormente a repórteres ao retornar a Washington após um fim de semana na Flórida. “Não damos o chip (Blackwell) a outras pessoas”, afirmou durante o voo.

As declarações sugerem que Trump pode impor restrições mais rígidas em torno dos chips de IA norte-americanos de ponta do que as autoridades dos EUA haviam indicado anteriormente. A China e o resto do mundo podem ser proibidos de acessar os semicondutores mais sofisticados.

Em julho, o governo Trump divulgou um novo plano de inteligência artificial buscando flexibilizar as normas ambientais e expandir consideravelmente as exportações de IA para os aliados, numa tentativa de manter a vantagem norte-americana sobre a China nessa tecnologia crucial.

Na última sexta-feira, a Nvidia anunciou que forneceria mais de 260.000 chips de IA Blackwell para a Coreia do Sul e algumas das maiores empresas do país, incluindo a Samsung Electronics.

Trump disse à CBS que não permitirá a venda dos processadores Blackwell mais avançados para empresas chinesas, mas não descartou a possibilidade de elas obterem uma versão menos potente do chip.

“Vamos permitir que negociem com a Nvidia, mas não em termos dos mais avançados”, disse ele durante a entrevista ao programa “60 Minutes”.

A possibilidade de qualquer versão dos chips da Blackwell ser vendida para empresas chinesas gerou contestações de críticos da China em Washington, que temem que a tecnologia fortaleça as capacidades militares da China e acelere seu desenvolvimento em inteligência artificial.

O congressista republicano John Moolenaar, que preside o Comitê Seleto da Câmara sobre a China, disse que tal medida “seria equivalente a fornecer urânio enriquecido para armas ao Irã”.

Trump havia insinuado que poderia discutir os chips com o presidente chinês Xi Jinping antes da cúpula entre os dois países na Coreia do Sul, na semana passada, mas acabou afirmando que o assunto não foi abordado.

A Nvidia não solicitou licenças de exportação dos EUA para o mercado chinês devido à posição de Pequim em relação à empresa, afirmou o presidente-executivo Jensen Huang na semana passada.

“Eles deixaram bem claro que não querem a Nvidia lá agora”, disse ele durante um evento para desenvolvedores, acrescentando que a empresa precisa de acesso à China para financiar pesquisa e desenvolvimento nos EUA.

Mercado reduz projeção para inflação pela 6ª semana e vê IPCA em 4,55% em 2025

 

O mercado financeiro reduziu a expectativa para a inflação neste ano pela sexta semana seguida, passando a ver o IPCA de 2025  próximo do teto da meta, mostra o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 3.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, apontou que a expectativa para a alta do IPCA agora é de 4,55% para este ano e o próximo, ante 4,56% na semana anterior.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para 2026 a expectativa para a inflação permaneceu em 4,20%, mas para os dois anos seguintes as projeções também foram reduzidas — 3,80% em 2027 e 3,50% em 2028, de 3,82% e 3,54% respectivamente antes.

Projeções atualizadas do Focus
Projeções atualizadas do Focus (Crédito:Reprodução/Instagram)

PIB e Selic

Para o Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas consultados seguem vendo crescimento de 2,16% este ano e de 1,78% no próximo.

Também não houve alterações na pesquisa semanal com uma centena de economistas para a política monetária, com a taxa Selic calculada em 15,0% ao final de 2025 e em 12,25% ao fim de 2026.

Dólar

A pesquisa semanal mostrou ainda que a perspectiva para o dólar se manteve em R$ 5,41 ao final de 2025, e em R$ 5,50 para 2026.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.

Com informações da Reuters


Petrobras anuncia novo plano de demissão voluntária com meta de 1,1 mil adesões

 

A Petrobras disse nesta segunda-feira, 03, que seu conselho de administração aprovou um novo Programa de Desligamento Voluntário (PDV), com um público-alvo potencial de aproximadamente 1.100 empregados.

Segundo o comunicado da estatal, serão elegíveis os empregados da Petrobras Controladora que estejam em atividade na companhia e que tenham se aposentado pelo INSS antes da promulgação da Emenda Constitucional nº 103/2019.

Os desligamentos deverão ocorrer ao longo de 2026, acrescentou a companhia.


Omoda & Jaecoo: como se pronuncia o nome da marca chinesa que já soma 50 lojas no Brasil

 

A Omoda & Jaecoo é mais uma marca chinesa que chegou ao Brasil com muitos planos para o mercado nacional. Mas alguns consumidores, antes de decidir se há algum interesse no veículo, primeiro podem ter a dúvida sobre como pronunciar o nome da marca.

Procurada por IstoÉ Dinheiro, a marca explicou que pronúncia é O-mô-da e JEI-ku (soando como “DJÊI-ku”). Segundo a chinesa, Omoda vem da combinação de duas ideias, sendo o “O” para ‘oxygen’ (oxigênio) e “moda”, no sentido de moda e estilo, ou fashion. Já Jaecoo quer dizer algo como alegria e elegância com atitude descolada.

A Omoda & Jaecoo é uma fabricante e distribuidora de veículos sediada em Wuhu, na província de Anhui (China). Os veículos carregam as marcas separadamente, podendo ser Omoda ou Jaecoo.

O planejamento da marca é chegar a 70 concessionárias abertas em todo o Brasil até o fim deste ano. Até 2028, a projeção chega até 150 lojas.

A submarca, que pertence ao grupo Chery, nomeou mais de 30 grupos representantes para uma rede de concessionárias, que atuarão em 17 estados e cerca de 40 cidades. A lista engloba: Amazonas, Andreta, Barigui, Carrera, Euroamericas, Felice, Germanica, Marajó, Primavia, Sinal e Toriba.

A marca anunciou um investimento de R$ 200 milhões no mercado brasileiro para os próximos três anos. O montante permitirá a contratação de pessoas e fornecedores no país, a presença de um escritório central, além de outras atividades essenciais.

O Brasil promete ser um país estratégico para a submarca, como um dos pilares da América do Sul e polo de exportação.

Outro detalhe é que ela ficará posicionada como premium e não vieram atreladas ao grupo Caoa – como ocorreu com a marca Chery.

Fábrica no Brasil

Hu Peng, country manager da marca no país, afirmou que há uma possibilidade de que a fábrica da chinesa esteja funcionando no Brasil em 2026. “O melhor seria no próximo ano”. Sobre a planta desativada da Caoa Chery em Jacareí (SP), o executivo disse que ela é “uma das opções.”

De acordo com a equipe da Omoda & Jaecoo do Brasil, a unidade fabril a ser escolhida ainda está sendo tratada na China pelo Grupo Chery.

Motor Flex

Sobre a motorização flex no mercado brasileiro, a chinesa ainda não tem um conjunto pronto, mas está em conversas avançadas para desenvolver um.

Cada 1% de avanço do mercado ilegal de cigarros gera 5 mil outros crimes no Brasil

 

A cada 1% de crescimento no mercado ilegal de cigarros no Brasil, são cometidos por ano mais 5.008 outros crimes no país: 892 novas ocorrências de tráfico de drogas, 239 homicídios dolosos, 9 roubos a banco, 629 apreensões de armas de fogo, 30 latrocínios, 339 roubos de carga, 2.868 roubos de veículos e duas mortes de agentes do Estado.

A relação direta entre esse mercado ilícito e o aumento da criminalidade foi apontada em uma pesquisa inédita da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada neste domingo, 2.

Para chegar às conclusões, os pesquisadores cruzaram análises de dados da Pesquisa Instituto Ipec – Pack Swap (2024); do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp); com relatórios do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP); da Receita Federal e do Tesouro.

A pesquisa mostrou que o mercado ilegal de cigarros, que responde por 32% do mercado nacional, gera R$ 10,2 bilhões por ano ao crime organizado — cerca de 7% do total de faturamento dessas organizações criminosas.

Cerca de 24% do que é movimentado no mercado ilegal chega ao país por contrabando, principalmente do Paraguai. No ano passado, a evasão fiscal foi estimada em R$ 7,2 bilhões.

De acordo com o estudo, a recuperação de 50% dessa evasão representaria mais R$ 1,3 bilhão à arrecadação federal, o equivalente a 11,8% do déficit primário de 2024. Estados e municípios recuperariam receitas da ordem de R$ 1,4 bilhão e R$ 810 milhões, respectivamente.

“A correlação aponta para um dos maiores desafios econômico e institucional de nosso tempo. Toda essa engrenagem que abastece o crime é resultado da combinação entre demanda constante, fragilidades na fiscalização fronteiriça e urbana e regulação altamente restritiva, pressionando o setor produtivo — fatores que abrem ainda mais caminho ao mercado ilícito”, afirmou Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).

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