segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Brasil prefere taxação de super-ricos a ‘CPMF global’ para chegar em meta climática, diz Haddad

 

O ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou nesta segunda-feira, 10, que o Brasil prefere a taxação do super-ricos do que a criação de um Imposto Global sobre Transações Financeiras, que está sendo chamado de CPMF global, para atingir a meta de US$ 1 trilhão por ano para a transição climática. 

A declaração foi dada durante entrevista a CNN Brasil, em que Haddad lembrou da ideia da taxação dos super ricos que o Brasil sugeriu no G20. 

“Vamos analisar todas as ideias na COP, não podemos recusar debater o que é trazido pelos demais países. Nós no G20 sugerimos a taxação dos super-ricos. Estamos tentando alcançar uma meta de US$ 1 trilhão e somente as 3 mil famílias mais ricas do mundo detém US$ 15 trilhões de riqueza, podendo gerar um fluxo de riqueza de US$ 300 bilhões por ano”, afirmou. 

A proposta brasileira partiu de um estudo do economista francês Gabriel Zucman e propõe um imposto mínimo de 2% da riqueza dos bilionários do mundo. 

Fundo de Florestas e Mercado de internacional são outras ideias brasileiras

 Ainda sobre a conferência, o ministro afirmou que essa está sendo a COP “mais pragmática da história” e que o debate sobre quem vai pagar a conta para a transição climática será longa e que é preciso “não vender ilusões”. Porém, ele acredita que os debates sobre o Fundo Tropical das Florestas (TFFF) e a criação de regras para um mercado internacional de carbono podem andar mais rápido. 

“Tivemos uma meta de US$ 10 bilhões sobre o Fundo Tropical de Florestas e já temos US$ 5,5 bi anunciados. China, Emirados Árabes e Países Baixos já se mostraram interessados em participar e acreditamos que depois do anúncio da Alemanha, vamos superar esse valor. A criação do mercado internacional de carbono também é uma ideia que pode crescer rápido”, acredita. 

Justiça decreta falência da Oi: ‘Impossibilidade de pagamento de dívidas’

O drama da Oi chegou ao seu último capítulo após quase uma década em recuperação judicial. Nesta segunda-feira, 10, foi decretada a falência da companhia, encerrando de vez o projeto da outrora super tele nacional.

A ordem foi expedida pela juíza Simone Gastesi Chevrand, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, decretando a convolação do processo de recuperação em falência.

“Não há mais surpresas quanto ao estado do Grupo em recuperação judicial. A Oi é tecnicamente falida”, descreveu.

No despacho, a magistrada apontou ainda para a liquidação ordenada dos ativos da Oi, visando maximizar o valor para pagamento do saldo remanescente junto aos credores. “Cessada a sanha de liquidação desenfreada, além da garantia da ininterrupção dos serviços de conectividade, é possível se proceder à sua liquidação ordenada, na busca da maximização de ativos em prol de todos aqueles atingidos pelo resultado deste processo”.

A juíza determinou a continuação provisória das atividades da Oi até que os serviços sejam assumidos por outras empresas.

Por enquanto, a operação da Oi ficará com um dos administradores judiciais do processo, o escritório Preserva-Ação, que já havia sido nomeado interventor após o afastamento da diretoria e do conselho da empresa. A Justiça também dispensou a continuidade dos serviços prestados pelos outros dois administradores (escritórios Wald e K2).

A decisão pela falência da Oi foi tomada após a empresa e o seu interventor apontarem uma situação de insolvência dos negócios, na sexta-feira, 7. As partes citaram a impossibilidade de a companhia arcar com o pagamento das dívidas, nem adotar medidas para dar um ânimo ao caixa.

Além disso, a Oi já havia descumprido partes do seu plano de recuperação em andamento. “A despeito de todas as tentativas e esforços, não há mínima possibilidade de equacionamento entre o ativo e o passivo da empresa. Não há mínima viabilidade financeira no cumprimento das obrigações devidas pela Oi”, afirmou Chevrand.

A juíza deu sinal verde para os credores convocarem uma assembleia na qual vão eleger um comitê para tratar da liquidação da empresa. Neste momento, ficam suspensas todas as ações e execuções contra a falida, segundo ordem judicial.

Antes de ir de vez à lona, a Oi chegou a pedir para flexibilizar as condições atuais de pagamento aos credores, mas isso não chegou a ser apreciado, dados os problemas observados.

“O que se verificou pelas contas apresentadas pela Administração Judicial é que a proposta de aditamento, ainda que viesse a ser aprovada pelos credores, não possuiria o condão de elidir a situação de insolvência vivenciada pelo grupo”, citou a juíza.

A Oi entrou em recuperação pela primeira vez em 2016, com R$ 65 bilhões de dívidas. Hoje, está na segunda recuperação, com mais de R$ 15 bilhões ainda a pagar em dívidas dentro e fora do processo de recuperação.

Há poucas semanas, a empresa fez o pedido de mudanças no plano de recuperação com vistas a flexibilizar os acordos com credores, o que não chegou a ser apreciado.

Além disso, a Oi se articulou para abrir um novo processo de recuperação nos Estados Unidos, também sem sucesso.

 

Assaí anuncia redução de investimentos para 2026

 


 Imagem destaque: Assaí anuncia redução de investimentos para 2026

 


 O Assaí Atacadista pretende investir cerca de R$ 700 milhões em 2026. Este valor é inferior ao estimado para este ano, que varia entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão. "A nova projeção considera o cenário macroeconômico atual e as expectativas de mercado para o próximo ano", afirma a rede. Além disso, segundo a companhia, a decisão faz parte da estratégia de continuidade de disciplina financeira e foco na redução da alavancagem. Mesmo com o corte no volume de investimentos, o Assaí manteve o plano de abrir 10 unidades em 2026 - mesmo número de inaugurações previsto para este ano.

 Entre julho e setembro, a rede abriu duas lojas no estado de São Paulo, localizadas em São José do Rio Preto e Osasco. Nos últimos 12 meses, foram inauguradas oito unidades. Além disso, na última semana, foram iniciadas as atividades de uma filial em Jacarepaguá (RJ), totalizando 305 lojas em operação.

 

 https://gironews.com/atacado-cash-carry/assai-anuncia-reducao-de-investimentos-para-2026/

Roberto Campos Neto vê risco de ‘desintermediação bancária’ com avanço dos tokens e da digitalização

 


O ex-presidente do Banco Central (BC) e atual Vice-Chairman e Chefe Global de Políticas Públicas do Nubank, Roberto Campos Neto, considera positivo o avanço a passos largos da tokenização dos ativos e da digitalização dos bancos – tema o qual o BC está na vanguarda com o Agenda BC#. Entretanto, não descarta riscos atrelados ao sistema bancário em si por conta desse panorama.

“Agora, o próximo passo é estimular os bancos a tokenizar seus ativos, transformando-os em representações digitais (tokens), para integrar o sistema tradicional ao digital. Esse movimento será decisivo: quem conseguir unir os dois mundos primeiro, o bancário e o cripto, vai sair na frente”, disse Campos Neto em evento do Milken Institute que ocorre nesta segunda-feira, 10, em São Paulo.

“Um desafio, porém, é o risco de desintermediação bancária. Com o avanço das carteiras digitais e stablecoins, parte dos depósitos está migrando dos bancos para esses novos sistemas. Isso reduz a base de captação e pode afetar a oferta de crédito e a política monetária no futuro”, completou o ex-presidente do BC.

Campos Neto considera que o Brasil está relativamente ‘bem posicionado’ para liderar o processo de tokenização, classificando a regulação atual como ‘avançada’.

A sua visão é de que o sistema financeiro deve adotar uma solução que é proposta desde meados de 2018, o conhecido “token de depósito” – um mecanismo que manteria os ativos digitais dentro do balanço das instituições financeiras, permitindo a integração com o sistema bancário tradicional.

Esse token funciona dentro de uma infraestrutura blockchain ou rede distribuída, mas ainda assim é um ativo lastreado em depósitos reais mantidos pelo banco – ou seja, para cada token emitido existe o mesmo valor guardado em reais (ou outra moeda) dentro do banco.

Com essa modernização, transações transfronteiriças devem ser mais simples, abrindo portas para envio e recebimento de remessas de dinheiro de um país para outro com custos reduzidos e uma agilidade substancialmente maior.

Tripé do futuro é IA, organização de dados e Open Finance

Campos Neto ainda categorizou que o futuro será moldado pela interação de três pilares: Open Finance, organização dos dados e inteligência artificial.

“Essa combinação permitirá automatizar pagamentos, segregar garantias, personalizar crédito com base em perfis de risco e reduzir assimetrias de informação. Quanto mais dados disponíveis, mais eficiente será o crédito – e por ventura menor o spread bancário.”

O Vice-Chairman do Nubank frisou que as fintechs têm reduzido spreads de crédito no Brasil e isso deve se intensificar ainda mais.

“Em breve, o cliente terá um marketplace financeiro integrado, com dados de todos os seus bancos, podendo escolher e migrar produtos com poucos cliques”, disse Campos Neto.


André Esteves: resolver o fiscal é ‘óbvio e fácil’ e reajuste real do salário mínimo é ‘algo questionável’

 

O Chairman e Senior Partner do BTG Pactual, André Esteves, avalia que resolver parte dos problemas fiscais do Brasil, na verdade, é uma tarefa relativamente ‘óbvia’. Esteves esteve presente no Global Investors’ Symposium São Paulo 2025, evento do Milken Institute que ocorre em São Paulo nesta segunda-feira, 10.

O banqueiro, após questionado, também considerou que o patamar atual de juros ‘está alto demais’ e que o Brasil ‘não merece’ uma Selic a 15%.

“Nós vivemos uma coisa um pouco idiossincrática. Não existe uma perfeita e otimizada coordenação entre a política fiscal e política monetária. No fundo, eu queria ver a fiscal mais apertada e a monetária mais frouxa”, disse.

Segundo Esteves, está praticamente certo que os juros comecem a cair no início de 2026, e então a discussão do mercado é centrada em até onde irá o ciclo de flexibilização.

Nesse sentido, avalia que um ajuste fiscal na casa de 2% do PIB seria necessário, uma medida na qual ‘não vê nenhuma dificuldade’.

“Estamos com desemprego zero, o que é uma benesse, e ainda assim temos uma política de salário mínimo com reajuste real, que é algo questionável. Tem coisas óbvias que precisam ser feitas”, defende.

O banqueiro ainda tocou em outros pontos relativos à proteção social. Apesar de se considerar um defensor do Bolsa Família desde a sua concepção, Esteves acena para cortes no programa, ressaltando que a ‘rede de proteção social do Brasil ficou maior do que a da França e da Noruega’.

“Precisamos empurrar essa turma para o mercado de trabalho. É isso que vai definir se os juros vão ser de 6% ou 7% ou se vão ser de 10% [no fim do ciclo de cortes].”

Menos capital dos EUA

Sobre o cenário global, Esteves pontua que a situação nos EUA tem ditado o comportamento do capital globalmente, dado que ao fim de 2024 se viu um excepcionalismo americano, mas o cenário geopolítico – com forte influência do tarifaço de Trump – derrubou o panorama de multilateralismo diplomático e comercial.

Assim, investidores institucionais e grandes players passaram a alocar em outras geografias.

“Desde o liberation day tivemos uma diversificação de portfólios a nível global. Aquela hiperconcentração nos EUA e no dólar foi algo que caiu ao longo deste ano.”

‘IA está gastando quase uma Covid por ano’

Sobre os investimentos massivos em Inteligência Artificial (IA), o banqueiro se mostrou relativamente cético, criticando o volume exagerado de aportes no segmento.

Na sua avaliação, os US$ 350 bilhões de Capex em IA no acumulado de 2025 se aproximam dos US$ 400 bilhões que o governo americano gastou para conter a crise do Covid-19 – incluindo auxílios e estímulos.

“Por uma lado é algo promissor, mas ainda não temos certeza do business model“, conclui André Esteves.

Acordo UE-Mercosul não pode condenar agricultores franceses, diz ministra

 

A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, afirmou neste domingo (09/11) que seu país não assinará um acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul que, em “última análise, condene” os agricultores franceses.

A declaração foi dada em entrevista ao Journal du Dimanche e publicada três dias após o presidente Emmanuel Macron expressar impressões “positivas” sobre uma aprovação do acordo comercial entre a UE e o Mercosul.

“Queremos apoiar os nossos agricultores, e é por isso que a França não assinará um acordo que, em última análise, os condene”, disse a ministra.

Na entrevista, ela reafirmou as “linhas vermelhas” da França: “uma cláusula de salvaguarda agrícola específica”, medidas que impeçam a importação para a Europa de produtos agrícolas que não cumpram as normas sanitárias e ambientais europeias e um reforço dos controles sanitários.

Quanto à cláusula de salvaguarda, Genevard insistiu na ideia de “poder acionar um freio de emergência se, por exemplo, o setor [agrícola] for ameaçado por uma queda maciça dos preços relacionada a um afluxo de produtos importados”.

Em suas dúvidas, a França não se sente sozinha, acrescentou a ministra da Agricultura, mencionando Polônia, Áustria, Holanda, Irlanda e Hungria.

Genevard ressaltou que, enquanto todas as garantias exigidas pelo governo francês não estiverem por escrito, validadas e aceitas pelos nossos parceiros do Mercosul, a França manterá sua posição contrária ao acordo.

Macron se mostra otimista

Na quinta-feira passada, em visita ao Brasil para a COP30, Macron se mostrou “bastante positivo” sobre a possibilidade de aprovar o acordo, embora tenha ressalvado que a França se manterá “vigilante”, o que gerou fortes críticas por parte dos partidos políticos e do setor agrícola francês.

Nesse mesmo dia, já no México, o chefe de Estado francês tentou acalmar os ânimos e assinalou que a França “continua esperando respostas claras” antes de dar seu aval ao acordo.

O acordo comercial com o Mercosul, cujo projeto foi validado pela Comissão Europeia em 3 de setembro e deve agora ser aprovado pelos 27 países-membros após uma negociação de décadas, facilitaria a exportação de mercadorias produzidas na UE para os países integrantes do Mercosul, em troca de facilitar a importação no bloco comunitário de produtos sul-americanos.

as (Efe, AFP)

China suspende veto de exportação para EUA de três metais raros

 

A China anunciou neste domingo (9) que suspendeu a proibição de exportações para os Estados Unidos de três metais raros (gálio, antimônio e germânio), em mais um sinal de distensão entre os dois países.

As restrições, adotadas em dezembro de 2024, eram direcionadas aos produtos denominados “de uso duplo”, que podem ser utilizados para fins civis e militares.

A proibição está suspensa “até 27 de novembro de 2026”, indicou o Ministério do Comércio chinês em comunicado, confirmando um anúncio da Casa Branca feito há alguns dias.

A medida é um novo sinal de boa vontade por parte de Pequim após o encontro entre os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Donald Trump, em 30 de outubro na Coreia do Sul.

O encontro permitiu dissipar meses de tensões que afetaram a economia mundial.

A proibição de dezembro de 2024 estipulava que “a princípio, a exportação para os Estados Unidos de produtos de uso duplo relacionados ao gálio, germânio, antimônio e materiais superduros não estava autorizada”.

O Ministério do Comércio chinês não indicou explicitamente, no entanto, se a partir de agora seriam concedidas autorizações, nem quando, nem em que volume.

As restrições à exportação dos metais raros, essenciais para a indústria moderna, viraram um ponto de disputa entre Pequim e Washington, que competem pela hegemonia tecnológica mundial.

– Infravermelho e munições –

A China é um importante produtor mundial dos três metais, que não integram o grupo das chamadas “terras raras”, outro grupo de metais cruciais para muitos setores da economia.

O gálio, utilizado principalmente em circuitos integrados, LEDs e painéis fotovoltaicos, é considerado pela União Europeia como uma matéria-prima crítica.

O germânio é essencial para fibras ópticas e infravermelho, enquanto o antimônio é utilizado em semicondutores, baterias e retardantes de chamas.

O Ministério do Comércio também anunciou a flexibilização das restrições sobre a exportação de produtos de uso duplo relacionados ao grafite.

As medidas adotadas pela China representam um novo passo na distensão das relações com os Estados Unidos após o encontro Xi-Trump.

A China anunciou na quarta-feira a prorrogação por um ano da suspensão de parte das tarifas impostas aos produtos americanos em plena guerra comercial, com as taxas mantidas, no momento, em 10%.

O país asiático também informou que deixará de aplicar as “tarifas adicionais” impostas desde março ao óleo de soja e outros produtos agrícolas americanos, medidas que afetavam diretamente a base eleitoral de Donald Trump.

O presidente americano anunciou no final de outubro que a China havia aceitado suspender por um ano as restrições impostas em 9 de outubro à exportação de tecnologias relacionadas às terras raras, essenciais para a defesa, a indústria automobilística e o setor eletrônico.