O
volume do setor de serviços do Brasil cresceu mais que o esperado por
economistas em setembro, marcando o oitavo mês consecutivo de alta e
renovando o ápice da série histórica, mostraram dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 12.
O
setor, que tem sido importante pilar de sustentação da atividade no
país em meio ao aperto monetário, cresceu 0,6% sobre agosto, na série
com ajuste sazonal, e avançou 4,1% na comparação com o mesmo mês do ano
anterior.
Em pesquisa da Reuters, economistas previam alta de 0,4% frente a setembro e de 3,6% no ano.
Três
das cinco atividades pesquisadas cresceram em setembro frente a agosto,
com destaque para a alta de 1,2% de transportes, impulsionado
principalmente pelo transporte rodoviário de carga.
“A recuperação
do transporte rodoviário de cargas tem sido determinante para essa
sustentação do setor de serviços em patamares elevados”, disse o gerente
da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo, em nota. “Há uma correlação direta
do aumento da receita das empresas do transporte de cargas,
especialmente o rodoviário, com o aumento do escoamento da safra
agrícola.”
Os
serviços de informação e comunicação e o grupo “outros serviços”, que
inclui seguros, planos de saúde e previdência, entre outros, cresceram
respectivamente 1,2% e 0,6%.
Já os serviços profissionais e
administrativos encolheram 0,6% no mês, enquanto os serviços prestados
às famílias sofreram queda de 0,5%, sob o impacto de uma menor receita
do setor de restaurantes.
“A difusão dos ganhos, com três dos
cinco grupos em alta, sugere continuidade do crescimento em ritmo
gradual, com informação, comunicação e logística como principais vetores
positivos”, disse o economista do ASA Leonardo Costa, em nota.
Em
entrevista à imprensa, Lobo disse não ver efeitos do tarifaço dos
Estados Unidos — que elevou a 50% o imposto de importação sobre boa
parte dos produtos exportados pelo Brasil — sobre o setor de serviços.
“O
tarifaço dos Estados Unidos afetou segmentos da indústria, mas isso não
se refletiu no setor de serviços em perda dos fretes”, disse.
O
setor de serviços, que acumulou alta de 3,3% nos oito meses até
setembro, tem sido foco de preocupação do Banco Central no que diz
respeito à inflação, ainda que na ata de reunião de política monetária
da semana passada, divulgada na terça-feira, os diretores da autarquia
tenham destacado “algum arrefecimento” na alta de preços do setor, a
despeito da resiliência.
O BC voltou a sinalizar a intenção de
manter a taxa básica de juros em 15% por tempo prolongado para esfriar a
atividade e trazer a inflação de volta à meta de 3%.