quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Ibovespa supera 164 mil pontos pela 1ª vez; dólar volta a cair abaixo de R$ 5,30

 

O Ibovespa avançava nos primeiros negócios desta quinta-feira, 4, ultrapassando pela primeira vez a marca dos 163 mil pontos e chegando a ser negociado acima dos 164 mil na máxima do dia. Já o dólar recua.

Às 11h29, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, avançava 1,28%, a 163.829,92 pontos, porém chegou a bater o recorde intradia às 11h18, negociado a 164.054,11. O dólar recuava 0,37%, negociado a R$ 5,290. Veja as cotações.

Agentes financeiros repercutem dados mais fracos do que o previsto sobre o PIB brasileiro no terceiro trimestre e especulam sobre os próximos passos do Banco Central.

Expectativa sobre juros impulsiona Ibovespa

O Produto Interno Bruto (PIB) Brasil cresceu 0,1% no terceiro trimestre na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O resultado ficou aquém da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,2% no período de julho a setembro. Na comparação com o terceiro trimestre de 2024, o indicador apresentou crescimento de 1,8%, contra expectativa de alta de 1,7% nessa base de comparação.

Os números publicados nesta quinta-feira comprovam a percepção de esfriamento da economia ao longo do ano e aumentam as expectativas por um corte de juros. No primeiro trimestre, o PIB expandiu 1,5% e, no segundo, 0,3%, em dados revisados pelo IBGE, de 1,3% e 0,4% respectivamente.

Dólar tem desempenho fraco globalmente

No exterior, a moeda norte-americana segue com desempenho fraco, em meio aos dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que reforçaram as perspectivas de corte nos juros pelo Federal Reserve.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,04%, a 98,861 às 9h59.

PIB do Brasil cresce só 0,1% no 3º trimestre e confirma perda de força da economia

 

PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil desacelerou ainda mais no 3º trimestre e registrou um crescimento de apenas 0,1%, na comparação com o 2º trimestre, confirmando a tendência de enfraquecimento da economia brasileira, mostrou nesta quinta-feira, 4, o IBGE. Em, valores correntes, o PIB totalizou R$ 3,2 trilhões de julho a setembro.

O resultado ficou abaixo do esperado. Expectativa em pesquisa da Reuters era avanço de 0,2% no período de julho a setembro.

O IBGE também revisou para baixo o crescimento do 2º trimestre para 0,3%, ante leitura anterior de 0,4%.

Trata-se do trimestre mais fraco desde o 4º trimestre de 2024, quando a economia teve retração de 0,1%. Veja gráfico abaixo:

Evolução do PIB do Brasil (Crédito:Divulgação/IBGE)

Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, o PIB brasileiro cresceu 1,8% no terceiro trimestre de 2025. No acumulado em 12 meses, o avanço é de 2,7% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Consumo das famílias fica praticamente estagnado

Embora a Agropecuária (0,4%) e a Indústria (0,8%) tenham registrado crescimento, o setor de Serviços, que tem maior peso na economia, ficou praticamente estável (0,1%). Veja aqui o resultado do PIB na íntegra.

Pelo lado da demanda, o Consumo das Famílias (0,1%) ficou praticamente estagnado, contra crescimento de 0,6% no 1º e 2º trimestre. Já o Consumo do Governo cresceu 1,3%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo subiu 0,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

A taxa de investimento no terceiro trimestre ficou em 17,3%, o que representa uma ligeira redução em relação ao mesmo período de 2024 (17,4%). Já a taxa de poupança foi de 14,5%, igualando a taxa (14,5%) do mesmo período de 2024.

Veja o desempenho dos principais setores

Confira abaixo o desempenho detalhado de cada componente na comparação com o segundo trimestre de 2025:

  • Serviços: +0,1%
  • Indústria: +0,8%
  • Agropecuária: 0,4%
  • Exportações: +3,3%
  • Importações: +0,3%
  • Consumo das famílias: +0,1%
  • Consumo do governo: +1,3%
  • Investimentos: +0,9%

Entre os subsetores, na indústria, houve desempenho positivo nas Indústrias de Extrativas (1,7%), na Construção (1,3%) e nas Indústrias de Transformação (0,3%). Já a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,0%) caiu.

Nos serviços, cresceram: Transporte, armazenagem e correio (2,7%), Informação e comunicação (1,5%), Atividades imobiliárias (0,8%), Comércio (0,4%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%) e Outras atividades de serviços (0,2%). Por outro lado, caíram as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,0%).

Perspectivas

Apesar do mercado de trabalho aquecido, a economia brasileira vem enfrentando este ano a pressão de uma política monetária restritiva, com uma taxa básica de juros que segue mantida no patamar de 15%, que encarece o crédito e afeta as decisões de investimentos.

O BC volta a se reunir nas próximas terça e quarta-feiras e deve optar pela manutenção da Selic após ter sinalizado convicção de que isso vai assegurar a volta da inflação à meta de 3%.

A expectativa atual do mercado para o PIB, segundo o último boletim Focus do BC, é de um crescimento de 2,16% em 2025 e de 1,78% para 2026, após uma expansão de 3,4% registrada em 2024. Já o governo projeto um avanço de 2,3% do PIB neste ano.

“Os dados mostram que os juros altos já estão colocando algum freio na economia, mas não esperamos uma desaceleração forte. Na nossa visão, o mercado de trabalho aquecido e os estímulos promovidos pelo governo, como o aumento da isenção do Imposto de Renda, que passará a valer em 2026, devem manter a economia brasileira em expansão, ainda que em ritmo mais moderado”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

O Itaú afirmou que sua estimativa preliminar para o 4º trimestre indica um ritmo de crescimento semelhante ao observado no 3º trimestre. “Assim, devemos manter nossa projeção de 2,2% para o crescimento do PIB nesse ano”, disse.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Recuperação judicial afeta concessão de crédito ao agronegócio, diz secretário

 

Brasília, 3 – O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos, reconheceu que a escalada das recuperações judiciais no agronegócio afeta a concessão de crédito ao setor. “É o tema que mais afeta hoje a concessão do crédito agrícola e que ganhou muita relevância do ano passado para este”, disse Campos a jornalistas nos bastidores do 5º Brasília Summit, evento realizado pelo Lide e pelo Correio Braziliense nesta quarta-feira, 3, em Brasília.

Na análise do secretário, o crescimento dos pedidos de recuperações judiciais “compromete” todo o sistema de crédito. “Os bancos e o sistema financeiro se protegem na concessão dos novos créditos, com, cada vez mais, critérios mais rigorosos na concessão do crédito, com exigência de mais garantias e mais rigor nessa concessão. E os produtores vão ficando cada vez mais emparedados”, observou Campos, que mencionou ainda os juros elevados com Selic a 15%.

O secretário atribui parte do movimento a dois fatores. Um deles é o fato de novos investidores terem entrado no setor agropecuário no momento de ciclo positivo. “Muita gente veio para o agronegócio no momento que só tinha notícia boa. Na hora que dá a primeira engasgadinha, quem não é do ramo parte para soluções pouco ortodoxas”, apontou. Além disso, afirmou que vê com preocupação o protagonismo de parte do Judiciário em novas interpretações das legislações relacionadas à recuperação judicial.

Campos pontuou que há concentração das RJs sobretudo no Centro-Oeste. “Há uma facilidade muito grande de as RJs serem aprovadas em 1ª instância. Existem diversos escritórios de advocacia que vendem a RJ com uma solução que vai garantir um desconto substancial do valor dessa dívida e um alongamento desse valor. A realidade não comprova isso”, comentou o secretário. “Quando você sai da primeira instância, vai para a segunda instância e vai discutir até as últimas instâncias, é um longo período e sobre o qual o resultado final pode ser muito diferente do que foi vendido no momento da recuperação judicial”, apontou.

Para o secretário, a solução para evitar o uso indiscriminado da recuperação judicial passa mais pelo Poder Judiciário do que pelo Executivo ou Legislativo. “É uma legislação que dá conta do recado e o judiciário teria que dar uma olhada mais a fundo, através dos seus órgãos de autorregulamentação, no que está acontecendo”, defendeu Campos.

TikTok confirma data center no Ceará e R$ 200 bi em investimentos

 

Uma central de processamento de dados a ser construída no Ceará pelo aplicativo de vídeos curtos TikTok vai gerar investimento de R$ 200 bilhões nos próximos anos, anunciaram a empresa e autoridades do governo federal nesta quarta-feira, 3.

“Esse projeto é um investimento histórico para a empresa no Brasil, é um investimento de mais de R$ 200 bilhões e é um passo fundamental que reflete o compromisso da empresa com o Brasil, que é um dos mercados digitais mais dinâmicos do mundo”, disse a diretora de Políticas Públicas do TikTok no Brasil, Mônica Guise.

A fala foi feita durante evento no Ceará, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até esta quarta-feira, o TikTok não havia se manifestado sobre o projeto, que vem sendo desenvolvido no local desde o ano passado.

O data center do TikTok ficará no complexo portuário de Pecém e será o primeiro da empresa na América Latina.

Em uma primeira fase, o projeto tem como parceiras confirmadas as empresas Omnia, da gestora Patria Investimentos, e a geradora de energia renovável Casa dos Ventos.

A Reuters reportou com exclusividade em abril as negociações da chinesa ByteDance, dona do TikTok, para a instalação do data center no local.

“Junto com nossos parceiros locais, a Omnia e a Casa dos Ventos, o nosso data center vai usar energia 100% limpa, energia eólica de parques que estão sendo construídos agora especialmente para este projeto”, acrescentou Guise.

A primeira fase do empreendimento terá um consumo energético de 300 megawatts (MW) e 200 MW de capacidade de TI, demandando investimentos de R$ 50 bilhões, conforme já anunciado anteriormente. As obras estão previstas para iniciar ainda este ano, com entrada em operação programada para 2027.

A cifra total de R$ 200 bilhões anunciada nesta quarta-feira inclui ainda investimentos previstos em futuras expansões, para uma capacidade que pode chegar a quase 1 gigawatt (GW), segundo informações do projeto obtidas pela Reuters. O TikTok não anunciou a capacidade do empreendimento.

Em comunicado, o TikTok afirmou que os aportes envolvem R$ 108 bilhões para equipamentos de alta tecnologia até 2035 e investimentos adicionais em aprimoramentos tecnológicos ao longo da década seguinte.

O projeto no Pecém já conta com importantes autorizações, como a que permite a prestação de serviços de exportação de dados.

O empreendimento, que será o maior data center individual do país quando entrar em operação, consumirá energia renovável de novos parques eólicos dedicados que serão construídos pela Casa dos Ventos.

Já o resfriamento da instalação será feito com circuito fechado de reuso de água, o que, segundo o TikTok, minimiza o uso desse recurso nos processos de gerenciamento térmico.

“A instalação utilizará sistemas baseados em recirculação de água, refrigerada por ar, e equipamentos de alta eficiência energética, reduzindo significativamente o impacto ambiental”, diz o comunicado.

Bilionária selfmade mais jovem do mundo: quem é Luana Lopes Lara, brasileira que foi de SC ao MIT

 

Aos 29 anos, a brasileira Luana Lopes Lara se tornou a bilionária mais jovem do mundo a ter construído sua própria fortuna, segundo a Forbes.

A catarinense natural de Joinville desbancou Lucy Guo, americana cofundadora da Scale AI, que se tornou bilionária aos 31 anos. Antes das duas, o posto era ocupada por ninguém menos que Taylor Swift.

Luana estudou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das universidades de maior prestígio no mundo, onde obteve título de bacharel em matemática e ciência da computação.

Na sua carreira, passou pela Bridgewater Associates, gestora do megainvestidor Ray Dalio, na Citadel, de Ken Griffin, e na Anheuser-Busch InBev, dona da Ambev.

Em janeiro de 2019, Luana Lopes Lara fundou a sua própria startup, a Kalshi, uma plataforma de mercado de previsões regulamentada. Diferente de casas de apostas tradicionais, ela opera como uma bolsa de valores (supervisionada pela CFTC nos EUA), onde os usuários negociam contratos de eventos sobre o desfecho de situações reais, como resultados eleitorais, indicadores econômicos, clima ou cultura pop.

O funcionamento é baseada na compra de ações de “Sim” ou “Não” para perguntas específicas; o preço flutua entre 1 centavo e 1 dólar conforme a probabilidade do evento ocorrer.

Se a previsão do usuário estiver correta, cada ação paga US$ 1; caso contrário, vale zero, permitindo que as pessoas usem a plataforma tanto para especulação financeira quanto para proteção (hedge) contra riscos do mundo real.

A empresária fundou a startup juntamente com Tarek Mansour e, na última semana, ambos levantaram US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, elevando o valuation da companhia para US$ 11 bilhões (cerca de R$ 58,6 bilhões no câmbio atual).

A rodada de investimentos foi liderada pela Paradigm, uma empresa de capital de risco focada em criptomoedas, e teve participação de gigantes como a Sequoia Capital, Andreessen Horowitz e Y Combinator, entre outros.

Antes disso, a empresa tinha valor de mercado de US$ 5 bilhões em outubro, após uma rodada de US$ 300 milhões, e antes disso US$ 2 bilhões em junho, após rodada de US$ 185 milhões.

Com isso, o valuation saltou mais de cinco vezes em seis meses.

Tanto Lara quanto Mansour possuem 12% da companhia cada, o que faz com que ambos tenham uma participação acionária de US$ 1,3 bilhão. Os dois se conheceram no MIT, onde fizeram especialização em ciência da computação.

A jovem bilionária atua como Chief Operating Officer (COO) da companhia.

Do ballet aos bilhões

Além de ter passado pela universidade de ponta, Luana Lopes Lara teve longos anos no ballet na sua mais alta performance, integrando a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.

Ela chegou a se tornar dançarina profissional do Salzburger Landestheater, na Áustria, e se apresentou n’O Lago dos Cisnes em meados de 2014.

Quando jovem, a bilionária também conquistou medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e outros méritos em competições acadêmicas. Luana Lopes Lara é filha de uma professora de matemática e de um engenheiro elétrico.

SmartFit adquire rede de academias no Centro-Oeste por R$ 100 milhões

 

A SmartFit informou nesta terça-feira, 2, que fechou a compra do controle da Evolve (60% do capital) por R$ 100 milhões. A rede de academias atua na região Centro-Oeste do Brasil, principalmente no Distrito Federal.

“A aquisição da Evolve está em linha com a estratégia de expansão da SmartFit e fortalece sua presença na região Centro-Oeste, adicionando academias localizadas em pontos comerciais estratégicos”, destaca a empresa em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Evolve opera 28 academias próprias, das quais quatro foram inauguradas em 2025, e conta ainda com sete unidades em construção.

Segundo a SmartFit, R$ 40 milhões serão aportados na data de fechamento da transação, e o saldo remanescente será pago mediante o cumprimento de condições previstas no contrato, em até dois anos, corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde a data do fechamento até a efetiva data do aporte.

O enterprise value da transação é de R$ 199,7 milhões, e a participação final da SmartFit está sujeita à apuração da dívida líquida final na data do fechamento da transação.

Conforme a empresa, na data do fechamento será celebrado o acordo de acionistas da Evolve, que regulará, entre outras questões, a governança da companhia e a outorga de opções de compra e de venda que permitirão à SmartFit adquirir a totalidade das ações da Evolve detidas pelos acionistas minoritários.

A companhia lembra que o fechamento da transação estará sujeito ao cumprimento de condições precedentes usuais para esse tipo de operação no mercado, incluindo a aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Quase 2 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza no Brasil em 2024

 

 
 

Quase 2 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza em 2024. A síntese de indicadores sociais divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostra que houve uma redução de 20,7% no número de pessoas vivendo com até US$ 2,15 por dia no Brasil, em 2024.

No ano passado, 7,35 milhões ainda viviam na extrema pobreza no país, valor que representou 3,5% da população nacional, conforme o IBGE. O número atual é inferior aos 9,28 milhões registrados em 2023 – 4,4% da população daquele ano – e o mais baixo registrado na série histórica do IBGE, iniciada em 2012.

A região Nordeste é a que apresenta o maior número de pessoas na extrema pobreza, proporcionalmente ao tamanho da sua população. Cerca de 6,5% dos brasileiros que vivem na região tiveram um poder de compra diário de até US$ 2,15 no ano passado. De qualquer forma, a região foi a que mais evoluiu. Em 2023, 9,1% das pessoas da região Nordeste se encontravam na faixa da extrema pobreza.

Na faixa da pobreza – pessoas que vivem com US$ 6,85 por dia – o Brasil também evoluiu. No ano passado, 8,62 milhões de brasileiros conseguiram superar a barreira da pobreza. Ainda assim, o IBGE registrou 48,9 milhões de pessoas vivendo na pobreza no Brasil, em 2024. O número representa uma queda de 15% na pobreza do país em comparação ao ano anterior.

O Nordeste também é a região com maior número de pessoas na pobreza (até US$ 6,15 por dia), com 39,4% de sua população. Mas também foi a região que mais evoluiu em relação a 2023, quando 47,2% das pessoas estavam na faixa da pobreza.

Peso do Bolsa Família

Segundo o IBGE, o principal responsável pela melhora nas condições de vida dos brasileiros foram os programas sociais. Além disso, o maior dinamismo do mercado de trabalho também contribuiu para essa tendência,especialmente na redução da pobreza.

“A manutenção dos valores médios dos benefícios concedidos pelo Programa Bolsa Família, em 2024, acima daqueles verificados no período anterior à pandemia de COVID-19, certamente teve impactos sobre a manutenção da trajetória de redução da pobreza e da extrema pobreza nesse ano”, diz o documento do IBGE.

Para comprovar sua tese, o IBGE fez um cálculo hipotético do tamanho da parcela da população que estaria na extrema pobreza e na pobreza se não existissem os benefícios dos programas sociais no Brasil.

Os cálculos mostram que a extrema pobreza teria sido 6,6 pontos percentuais maior do que com a existência desses programas, levando o percentual de 3,5% para 10,0%. Com relação à pobreza, os impactos da ausência dos benefícios de programas sociais teriam sido 5,5 pontos percentuais maior do que o efetivamente registrado, passando de 23,1% para 28,7%, em 2024.

Pobreza IBGE

Mais gente recebendo benefícios

Se os programas sociais vigentes no Brasil tiveram uma contribuição importante para a melhoria nas condições de vida das pessoas mais pobres, os dados do IBGE também mostram que uma proporção maior de pessoas passou a depender desses programas.

Se entre 2012 e 2019 houve tendência de redução na proporção de pessoas que vivem em domicílios com recebimento desses benefícios, passando de 25,6%, em 2012, para 22,8%, em 2019, a partir de 2020 o quadro mudou.

Naquele ano, o primeiro da Covid, 36,8% das pessoas viviam em domicílios atendidos pelos programas sociais. Houve queda nos dois anos seguintes. Contudo, a partir de 2023 o quadro voltou a evoluir, chegando a 28,4% ao final de 2024.

Segundo o IBGE, embora os benefícios de programas sociais tenham adquirido maior relevância na composição do rendimento das famílias mais vulneráveis no período pós-pandemia, o rendimento domiciliar total continua sendo fortemente influenciado pela dinâmica do mercado de trabalho.

“A renda do trabalho foi responsável por mais de 70% do rendimento domiciliar total dos domicílios de 2012 a 2024, seja em períodos de maior ou menor dinamismo econômico. O resultado da conjunção entre os programas de transferência de renda com o maior dinamismo do mercado de trabalho produziu efeitos sobre os indicadores de desigualdade de renda e pobreza monetária em 2024”, diz o estudo.