Quase
2 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza em 2024. A síntese
de indicadores sociais divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostra que houve uma
redução de 20,7% no número de pessoas vivendo com até US$ 2,15 por dia
no Brasil, em 2024.
No ano passado, 7,35 milhões ainda viviam na
extrema pobreza no país, valor que representou 3,5% da população
nacional, conforme o IBGE. O número atual é inferior aos 9,28 milhões
registrados em 2023 – 4,4% da população daquele ano – e o mais baixo
registrado na série histórica do IBGE, iniciada em 2012.
A região
Nordeste é a que apresenta o maior número de pessoas na extrema pobreza,
proporcionalmente ao tamanho da sua população. Cerca de 6,5% dos
brasileiros que vivem na região tiveram um poder de compra diário de até
US$ 2,15 no ano passado. De qualquer forma, a região foi a que mais
evoluiu. Em 2023, 9,1% das pessoas da região Nordeste se encontravam na
faixa da extrema pobreza.
Na
faixa da pobreza – pessoas que vivem com US$ 6,85 por dia – o Brasil
também evoluiu. No ano passado, 8,62 milhões de brasileiros conseguiram
superar a barreira da pobreza. Ainda assim, o IBGE registrou 48,9
milhões de pessoas vivendo na pobreza no Brasil, em 2024. O número
representa uma queda de 15% na pobreza do país em comparação ao ano
anterior.
O Nordeste também é a região com maior número de pessoas
na pobreza (até US$ 6,15 por dia), com 39,4% de sua população. Mas
também foi a região que mais evoluiu em relação a 2023, quando 47,2% das
pessoas estavam na faixa da pobreza.
Peso do Bolsa Família
Segundo
o IBGE, o principal responsável pela melhora nas condições de vida dos
brasileiros foram os programas sociais. Além disso, o maior dinamismo do
mercado de trabalho também contribuiu para essa tendência,especialmente
na redução da pobreza.
“A manutenção dos valores médios dos
benefícios concedidos pelo Programa Bolsa Família, em 2024, acima
daqueles verificados no período anterior à pandemia de COVID-19,
certamente teve impactos sobre a manutenção da trajetória de redução da
pobreza e da extrema pobreza nesse ano”, diz o documento do IBGE.
Para
comprovar sua tese, o IBGE fez um cálculo hipotético do tamanho da
parcela da população que estaria na extrema pobreza e na pobreza se não
existissem os benefícios dos programas sociais no Brasil.
Os
cálculos mostram que a extrema pobreza teria sido 6,6 pontos percentuais
maior do que com a existência desses programas, levando o percentual de
3,5% para 10,0%. Com relação à pobreza, os impactos da ausência dos
benefícios de programas sociais teriam sido 5,5 pontos percentuais maior
do que o efetivamente registrado, passando de 23,1% para 28,7%, em
2024.

Mais gente recebendo benefícios
Se
os programas sociais vigentes no Brasil tiveram uma contribuição
importante para a melhoria nas condições de vida das pessoas mais
pobres, os dados do IBGE também mostram que uma proporção maior de
pessoas passou a depender desses programas.
Se entre 2012 e 2019
houve tendência de redução na proporção de pessoas que vivem em
domicílios com recebimento desses benefícios, passando de 25,6%, em
2012, para 22,8%, em 2019, a partir de 2020 o quadro mudou.
Naquele
ano, o primeiro da Covid, 36,8% das pessoas viviam em domicílios
atendidos pelos programas sociais. Houve queda nos dois anos seguintes.
Contudo, a partir de 2023 o quadro voltou a evoluir, chegando a 28,4% ao
final de 2024.
Segundo o IBGE, embora os benefícios de programas
sociais tenham adquirido maior relevância na composição do rendimento
das famílias mais vulneráveis no período pós-pandemia, o rendimento
domiciliar total continua sendo fortemente influenciado pela dinâmica do
mercado de trabalho.
“A renda do trabalho foi responsável por
mais de 70% do rendimento domiciliar total dos domicílios de 2012 a
2024, seja em períodos de maior ou menor dinamismo econômico. O
resultado da conjunção entre os programas de transferência de renda com o
maior dinamismo do mercado de trabalho produziu efeitos sobre os
indicadores de desigualdade de renda e pobreza monetária em 2024”, diz o
estudo.