terça-feira, 6 de agosto de 2013

Relatório do Cade descreve acordos para cartel em metrôs de SP e DF

Por Valor
 
 
SÃO PAULO  -  Relatório enviado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ao Ministério Público de São Paulo descreve como eram feitos os acordos para combinar concorrências em obras nos metrôs de São Paulo e Distrito Federal, com o objetivo de formação de cartel para elevar os preços pagos às empresas. O teor do documento, obtido pelo “Jornal Nacional”, da Rede Globo, foi veiculado na noite desta segunda-feira.

O relatório de 74 páginas aponta que a formação de cartel ocorreu nos governos paulistas de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB; e no Distrito Federal, nos governos Joaquim Roriz, então no PMDB, e José Roberto Arruda, então no DEM.

Segundo a reportagem, o documento do Cade foi preparado com base nos depoimentos de seis executivos da empresa alemã Siemens.

A Siemens assinou com o Cade um contrato de leniência, pelo qual ela concorda em delatar o esquema em troca de não ser processada, segundo a reportagem.

À reportagem do “Jornal Nacional”, o superintendente geral do Cade, Carlos Emannuel Ragazzo, afirmou que “o caráter do documento descrito é notadamente anticompetitivo e configura prática de cartel, pois consiste em verdadeira divisão de mercado e combinação de preços entre competidores”.

No documento obtido pela emissora, o Cade descreve como concorrentes teriam combinado para vencer a licitação da linha 5 do metrô de São Paulo. Na fase inicial do processo as empresas apareciam como concorrentes, mas depois fizeram reuniões secretas para dividir o projeto e acertar que não haveria competição. Isso, segundo o Cade, resultou na formação de um único consórcio, o Sistrem, que venceu a concorrência.

A reportagem do “Jornal Nacional” apontou que um dos representantes da Siemens fez uma apresentação para executivos de outras empresas e em determinado momento afirmou: “consórcio combinado, então é muito bom para todos os participantes”.

Em outro trecho da apresentação o representante disse: “O projeto da linha 5 é o último de ganho certo. O fornecimento dos carros é organizado em um ‘político’, então, o preço foi muito alto.”

Segundo o Cade, além da linha 5 do metrô de São Paulo, houve formação de cartel também nas concorrência para manutenção de trens da CPTM, em São Paulo; manutenção completa das linhas do metrô do Distrito Federal; extensão da linha 2 do metrô de São Paulo; reforma de trens da CPTM, entre 2004 e 2005, em São Paulo, no primeiro governo de Geraldo Alckimin, do PSDB.

 O último acordo do cartel teria ocorrido em 2007, durante o governo de José Serra, também do PSDB, quando a CPTM comprou 384 vagões.

“O Estado de São Paulo é o maior interessado em que a investigação seja absoluta. Por isso, inclusive, nós entramos na Justiça para ter acesso às informações do Cade. O Estado já está fazendo a investigação. Se for confirmado o cartel, o Estado é vítima e entrará imediatamente com uma ação de indenização, se ressarcindo de possíveis prejuízos”, disse o governador Geraldo Alckmin.

Porém, nesta segunda-feira, a Justiça Federal negou um pedido do governo de São Paulo de acesso aos documentos da investigação do Cade. O governo informou que vai recorrer.

O Ministério Público de São Paulo informa que já começou a sua própria investigação.
As assessorias de Serra, Roriz e Arruda negaram que eles soubessem de irregularidades.

De acordo com a reportagem, a Siemens declarou que não foi a fonte das informações, que não se manifesta sobre investigações em andamento e que está colaborando com as autoridades.

ANP: 12ª Rodada terá 240 blocos com foco em gás não convencional

Por Rodrigo Polito | Valor
 
 
RIO  -  (Atualizada às 13h43) O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou na segunda-feira as áreas que serão licitadas na 12ª Rodada de licitações de blocos exploratórios de gás convencional e não convencional, marcada para novembro.

Segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, serão ofertados 240 blocos em sete bacias sedimentares. 

A aprovação das áreas deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU), segundo a diretora. Ainda de acordo com ela, as áreas do leilão da 12ª Rodada serão voltadas para potencial de descoberta de gás natural não convencional.

Magda participou nesta terça-feira de cerimônia de assinatura dos contratos da 11ª Rodada de Licitações, no Rio de Janeiro.


Áreas incluídas


As bacias incluídas na 12ª Rodada são Recôncavo, Sergipe-Alagoas, Paraná, Parecis, São Francisco, Acre e Parnaíba. A rodada será realizada em novembro, sob regime de concessão. Uma resolução com o número exato dos blocos que serão leiloados será publicada no Diário Oficial da União (DOU), pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), esta semana. Magda evitou fazer uma estimativa do bônus de assinatura que pode ser arrecadado neste leilão.

Petróleo é um negócio de risco, diz ex-presidente da Petrobras


Por André Borges | Valor
Agência Brasil

BRASÍLIA  -  (Atualizada às 12h08) O ex-presidente da Petrobras e atual secretário de planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli, defendeu hoje a decisão da estatal de adquirir, em 2005, a compra da refinaria americana de Pasadena, no Texas (EUA). 

Durante audiência pública no Senado, Gabrielli disse que “o negócio de petróleo em geral é um negócio de risco” e que a Petrobras buscava, àquela época, a necessária expansão da capacidade de refino de petróleo pesado, demanda que não teria como atender no Brasil.

Gabrielli afirmou que o negócio de refino, além de ter a característica de envolver um grande investimento feito ao longo do tempo, depende da situação do mercado fornecedor de petróleo e do mercado consumidor. “Há uma margem entre essas duas coisas que varia muito”, comentou.

“As grandes empresas de petróleo ganham mais quando atuam de forma integrada, tanto no refino quanto na produção. Essa refinaria passa a fazer parte de um portfólio de 11 refinarias da Petrobras. Estamos falando de 100 mil barris de capacidade de refino em Pasadena. A Petrobras tem hoje capacidade de 2,3 milhões barris”, disse Gabrielli.

O ex-presidente da Petrobras afirmou que a refinaria está produzindo, está gerando lucro. “As refinarias brasileiras estão hoje operando com 96% da capacidade. Pasadena está operando com 70% da capacidade”, disse.

Questionado pelos senadores a respeito dos embates judiciais que envolveram a Astra, ex-sócia no empreendimento, Gabrielli disse que “o motivo de litígio foi uma diferença de percepção do que fazer com a empresa”.

“A comercializadora não queria investir. Nós queríamos dobrar a nossa capacidade de conversão. Não concordo que foi um negócio mal feito, mas feito adequadamente no momento que ocorreu”, comentou. 
A aquisição da refinaria é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostas ações de corrupção e de ter causado um prejuízo bilionário à Petrobras.

Em 2005, Pasadena foi adquirida pela empresa belga Astra, por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, a Petrobras entrou no negócio ao desembolsar US$ 360 milhões por 50% da refinaria. A partir daí, as sócias mergulharam em uma sequência de conflitos judiciais, por conta de compromisso que, segundo a Petrobras, não foram cumpridos pela sócia belga. Em 2009, um tribunal de arbitragem definiu que a Petrobras teria de pagar US$ 466 milhões pelos 50% restantes que pertenciam à Astra. 

A disputa seguiu na Justiça, levando a Petrobras a desembolsar mais US$ 820,5 milhões pelo controle. Em junho, um acordo extrajudicial pôs fim a todas as pendências mútuas entre Petrobras e Astra. A estatal assumiu o controle definitivo de Pasadena e de sua comercializadora, por um custo total de US$ 1,18 bilhão.

Para Gabrielli, as polêmicas em torno da compra da refinaria americana de Pasadena é resultado de “falta de informação”. Ele criticou a imprensa e disse que todas as ações feitas pelo TCU, pelo Ministério Público e pela Justiça do Maranhão se basearam em matérias jornalísticas e não foram “lastreadas em documentos e informações”.

O ex-presidente da Petrobras, que deixou o posto em fevereiro do ano passado, disse que a equipe de auditoria do TCU passou mais de um mês dentro da estatal e que está concluindo seu relatório. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Schin é condenada a pagar R$ 700 mil por assédio moral


O juiz determinou que a empresa divulgue internamente os canais de reclamação existentes

Daniel Mello, da
BETO BARATA
Fábrica da Schincariol em Itu
Segundo o texto, a Kirin deverá deixar claro para seus funcionários, em especial nos cargos de gerência e direção, que vai apurar as reclamações e punir os responsáveis pelas práticas de assédio

São Paulo - A Brasil Kirin, empresa dona da marca de bebidas Schin, foi condenada a pagar indenização de R$ 700 mil por assédio moral.

O valor deverá ser revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O juiz Roberto Benavente Cordeiro, da 4ª Vara do Trabalho de Guarulhos (SP), determinou ainda que a empresa apure as reclamações e tome medidas efetivas para acabar com as práticas abusivas.

Em inquérito civil, conduzido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Guarulhos, constatou-se que os gerentes desrespeitavam os funcionários, com gritos e xingamentos, para cobrar o alcance das metas estipuladas pela empresa. Havia até ameças de que caso o desempenho não fosse satisfatório, os empregados poderiam ser enviados para outra região. “As cobranças envolviam gritos e utilização de palavras como 'safado' ”, informou o MPT na fundamentação da ação contra a Kirin.

O juiz determinou que a empresa divulgue internamente os canais de reclamação existentes. Segundo o texto, a Kirin deverá deixar claro para seus funcionários, em especial nos cargos de gerência e direção, que vai apurar as reclamações e punir os responsáveis pelas práticas de assédio.

Procurada pela Agência Brasil, a Brasil Kirin disse que não se manifesta sobre processos judiciais ou administrativos que estejam em trâmite.

Juiz nega pedido de SP para acessar documentos do Cade


Em nota publicada em seu site, o conselho disse repudiar qualquer acusação de instrumentalização política das investigações para apuração do suposto cartel

Débora Zampier, da
Wikimedia Commons
Linha verde do metrô de São Paulo
O governo paulista alegava ter o direito de acessar o material porque tem o dever de apurar as mesmas denúncias em análise no Cade

Brasília – A Justiça Federal do Distrito Federal negou pedido do governo de São Paulo para ter acesso a documentos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) relativos à suspeita de cartel em licitações de metrô no estado.

Em decisão provisória, assinada no início desta noite, o juiz federal Gabriel Queiroz Neto argumenta não ter se convencido sobre a urgência para liberar os documentos. O governo paulista alegava ter o direito de acessar o material porque tem o dever de apurar as mesmas denúncias em análise no Cade.

Na decisão, o juiz argumenta que o Cade ainda está investigando e depurando informações obtidas por decisão judicial. “O Cade não negou propriamente o acesso do estado aos documentos. Na verdade, o que o Cade está fazendo é analisando a documentação, para aí sim, poder verificar o que deve ser mantido em sigilo, ou não”, destaca.

O magistrado ainda aponta que é possível flexibilizar o conceito de sigilo quando o trânsito de informações se mantém dentro da esfera pública, mas que isso não pode ser decidido de forma provisória e individual por um juiz.

Queiroz Neto entende que a ausência de documentos do Cade não impede que o estado de São Paulo promova suas próprias investigações. “Quando muito, os documentos poderiam apenas facilitar sua atividade. Entretanto, ao menos para esta sede liminar, não vejo a alegada urgência”, conclui.

O processo continuará sob tramitação, com pedido de informações às partes envolvidas e abertura de vista ao Ministério Público Federal.

Na semana passada, o secretário-chefe da Casa Civil do Estado de São Paulo, Edson Aparecido, negou que o governo tenha conhecimento sobre o suposto cartel em licitações em obras do metrô e criticou a atuação do Cade no caso, que "tem se transformado em um instrumento de polícia política". 

Em nota publicada em seu site, o conselho disse repudiar qualquer acusação de instrumentalização política das investigações para apuração do suposto cartel.

Leilão fracassado em SP acende alerta para concessões federais





Por Fábio Pupo | De São Paulo
 
O fracasso de uma licitação de linha de metrô em São Paulo nesta semana acendeu um novo alerta para o programa federal de concessões de infraestrutura. As licitações envolvem R$ 250 bilhões em investimentos e vêm recebendo críticas de grandes grupos, que estão fazendo novas exigências para disputar os leilões.

Segundo fontes do setor, a ausência de interessados na licitação paulistana prova que o setor privado não está disposto a entrar em projetos com rentabilidade apertada e modelagem duvidosa. "O governo acha que é catimba do setor, que é chororô. Mas a realidade está aí", resume um executivo do setor.




Até mesmo o programa visto pelo mercado como mais seguro e com regras mais estáveis, o das rodovias, vem sendo alvo de contestações. Apesar de ser mencionada, a taxa de retorno - de fato, menor do que nos leilões passados de rodovias - não é a reclamação mais frequente. Na verdade, os grupos dizem que os estudos feitos pelo governo para embasar os projetos não correspondem à realidade em parte dos lotes a serem licitados. "O governo interpreta como se estivesse tudo resolvido. Não está", afirma o executivo de outra empresa.

Uma das constatações diz respeito ao tráfego de veículos. Os grupos interessados fizeram a contagem do fluxo em cada rodovia, para embasar estimativas de receita, e chegaram à conclusão que o governo superestimou em até 28% o movimento de automóveis e veículos pesados. O caso mais grave é o da BR-153, rodovias entre Tocantins e Goiás. Também há problemas no lote 6, que reúne as BRs 163, 262 e 267, no Estado de Mato Grosso do Sul.

Além disso, o ritmo de investimentos é considerado exagerado em parte dos casos. O governo Dilma exigirá a duplicação total das rodovias num prazo máximo de cinco anos. Parte dos grupos diz que pode trabalhar com esse tempo, mas que em alguns casos a exigência é desnecessária por não ter tráfego que justifique a celeridade das obras - o que encarece o projeto. Quanto a esse ponto, a reclamação mais forte é sobre as rodovias do Mato Grosso do Sul.

Apesar disso, o governo pode ficar tranquilo em relação à primeira rodada de licitações de rodovias: é quase consenso que as BRs 262 e 050 são os projetos mais atrativos. Não por acaso, serão os primeiros a irem a leilão. Joga a favor do Planalto o fato de hoje haver vários concorrentes - grandes e pequenos - em licitações de rodovias, o que abranda a pressão dos gigantes do setor. As rodovias também têm uma regulação considerada mais segura. O mesmo não se pode dizer das ferrovias, por exemplo (leia ao lado). Ainda assim, "há um limite" nesse interesse por estradas, defendem fontes.

Grande parte dos grupos interessados em rodovias também analisa a disputa por aeroportos. Há reclamações a respeito da taxa de retorno de projeto, que estaria abaixo do divulgado pelo governo devido a erros nos estudos. Mesmo assim, a reclamação que recai sobre o setor aeroportuário não é tão forte e a visão do mercado é que o interesse das empresas continua. As companhias fazem seus estudos sendo atraídas principalmente pelos ganhos comerciais nos empreendimentos - o que inclui receitas com lojas, por exemplo.

O edital para a concessão dos aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG) recebeu cerca de 780 contribuições durante a fase de consulta pública, que se encerrou no dia 30 de junho. É um número ainda mais alto que o do leilão anterior (de Guarulhos, Campinas e Brasília), que recebeu 733. Essas contribuições são feitas por empresas interessadas, escritórios de advocacia e representantes de entidades.

Conforme o Valor apurou, já estiveram em conversas sobre o setor com a diretoria da Anac executivos do Banco Safra, do BTG Pactual e GP Investiments. Anteriormente, já participaram dessas reuniões representantes do Grupo Libra, Queiroz Galvão, EcoRodovias, CCR, Changi e Odebrecht. Também participam da corrida Fidens, ADC&HAS, Ferrovial, Atlantia / Gemina, München, Fraport, Carioca, Schiphol, ADP e Advent. A Triunfo Participações e Investimentos, que já está em Viracopos, vai analisar sua participação na nova rodada.A previsão é realizar o leilão até outubro.

GM dá licença remunerada para 750 em São José dos Campos





Por Eduardo Laguna | Valor
 
SÃO PAULO  -  A General Motors (GM) deu licença remunerada de três semanas para os 750 operários da linha que produz o sedã Classic em São José dos Campos, no interior paulista. Esses funcionários estavam em férias coletivas desde 22 de julho e voltariam ao trabalho hoje.

Contudo, a montadora decidiu manter a linha parada, justificando a decisão à necessidade de realizar um ajuste de produção à demanda do mercado. Os operários ficarão em licença remunerada até o dia 23 de agosto, uma sexta-feira. Só voltarão, portanto, ao trabalho na segunda-feira seguinte, no dia 26 de agosto.
A montadora também prorrogou até o dia 23 deste mês o programa de demissões voluntárias para reduzir o excesso de mão de obra na fábrica de São José.

A linha de produção de automóveis no complexo, que antes fabricava os já aposentados Corsa, Zafira e Meriva, produz hoje apenas o Classic e deverá ser fechada no fim deste ano.

A nova parada na linha acontece no momento em que a indústria dá sinais de altos estoques. No fim de junho, o nível de veículos parados nos pátios de revendas e montadoras era equivalente a 39 dias de venda - um patamar acima do normal, que seria um giro mais próximo a 30 dias. Amanhã, a Anfavea, entidade que abriga as montadoras instaladas no país, anuncia a situação dos estoques em julho.