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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Alta do dólar ajuda exportador a fisgar bons negócios e recuperar mercados
Impacto do dólar nas compras de brasileiros no exterior preocupa
A
alta do dólar pode estar beneficiando os exportadores, mas, de outro
lado, a forte dependência do país de insumos e bens intermediários
importados preocupa a área econômica. Há produtos que não são fabricados
no Brasil e precisam ser trazidos de fora. Mesmo com a queda das
tarifas de importação de alguns produtos, a variação cambial tem sido
pesada. Assim, será inevitável o impacto da nova realidade cambial nos
preços ao consumidor no fim deste ano e a partir de 2014.
A indústria de veículos sente o impacto
dos dois lados da balança. O presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku, diz que
o setor “festeja e chora” ao mesmo tempo o valor do dólar.
No curto
prazo, de acordo com ele, há impactos para a indústria automotiva porque
grande parte dos insumos é importada. “Mesmo assim, o governo reduziu
os impostos para parte desses insumos, diminuindo um pouco esse
impacto.” Como ponto positivo do preço da moeda norte-americana, aponta o
estímulo à retomada das exportações.
A exportação de veículos apresentou,
em julho, o melhor desempenho para o mês de toda a série histórica. O
volume de carros embarcados cresceu 2,4% ao chegar a 52.456 unidades,
contra 51.233 em junho, segundo dados da Anfavea.
Na comparação do
montante exportado em julho com o do mesmo mês do ano passado, o crescimento alcançou 75,9%. No acumulado do ano, o aumento foi
24,9%, com 318.610 veículos vendidos no mercado exterior, ante 255.194
registrados no mesmo período de 2012. De acordo com o presidente da
entidade, este também foi o acumulado dos sete meses. A Anfavea revisou
as projeções para as exportações, de 4,6% para mais de 20%.
Apesar do câmbio, compras no exterior
seguem atrativas. Mesmo com o avanço do dólar este ano, o brasileiro tem
motivos de sobra para fazer compras nos Estados Unidos. Em Miami, um
dos destinos favoritos, uma cesta de 18 produtos - como tablet, perfume,
tênis e produtos infantis - somava R$ 6.884,00 em janeiro, quando a
cotação era de R$ 1,99. Quando a cotação chegou a R$ 2,37, o total subiu
para R$ 8.199,00 - alta de 9%. Ainda assim, revela o levantamento, os
mesmos produtos, se comprados no Brasil, custariam 59,8% a mais: R$
13.105,00.
A diferença seria ainda maior se considerado o dólar do fim
de janeiro de 2012 (a R$ 1,74), quando a mesma seleção sairia a R$
6.019,00. Nesse caso, o valor no Brasil seria 117% mais caro.Um mesmo produto, se adquirido aqui,
pode ser até três vezes (200%) mais caro do que nos EUA.
É o caso de um
tapete de atividades para bebê (Gymini Amiguinhos da Natureza Tiny
Love). No site do Walmart para entrega em Miami, o item sai a R$ 120,72;
e em Nova Iorque, a R$ 123,66. Na versão brasileira do mesmo site,
custa R$ 368,00. Segundo especialistas, além da alta do
dólar, o varejo brasileiro sofre, sobretudo, com a carga tributária
elevada. Para os brinquedos, diz o Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT), os impostos representam 39,7% do preço.
Os
fabricantes brasileiros, sejam de brinquedos ou de outro produto que
sofre a concorrência dos importados, dizem que a tributação é positiva
porque evita enxurrada de mercadorias de fora no mercado interno,
fazendo concorrência predatória.Segundo Alípio Camanzano, presidente do
site Decolar.com, o brasileiro consegue comprar com vantagem até a
cotação do dólar chegar a R$ 3,00. Para ele, o pior é a volatilidade da
moeda.
“O dólar tem que parar de pular. Mesmo com o avanço atual da
moeda, o poder de compra do brasileiro nos EUA ainda é um diferencial”,
destaca Camanzano, lembrando que as vendas de passagens em agosto
subiram 45% ante igual mês de 2012.A percepção de Camanzano está em linha
com os dados divulgados pelo Banco Central (BC).
Em julho, os
brasileiros gastaram US$ 2,21 bilhões no exterior, alta de 10,1% em
relação ao mesmo mês de 2012. Esse foi um dos motivos que ajudaram o
País a registrar déficit em transações correntes de US$ 77,7 bilhões nos
12 meses encerrados em julho, correspondendo a 3,39% do Produto Interno
Bruto (PIB).
O número é maior que os 2,21% de julho de 2012.O fato é que os brasileiros vão cada
vez mais para Miami e Nova Iorque. Segundo a Greater Miami Convention,
entre 2002 e 2012 houve alta de 70,11% no número de turistas, para 689,9
mil. No ano passado, gastaram US$ 1,49 bilhão na cidade. Em Nova
Iorque, diz a NYC & Company, houve avanço de 838,63% no fluxo em 10
anos, para 826 mil. Em 2011, os brasileiros gastaram US$ 1,62 bilhão na
Big Apple.
Mesmo com a cotação da moeda americana
em alta, a empresária de moda Andréa Galvão é categórica ao afirmar que
vai continuar viajando. Ela esteve em Nova Iorque em maio e vai a Miami
em novembro. Com procura em alta, as agências criam pacotes. A CVC
lançou uma viagem para Black Friday, queima de estoque do varejo
norte-americano em 29 de novembro. “O brasileiro gosta de comprar nos
Estados Unidos. Sempre foi mais barato.
Em média, as pessoas que vão
para comprar ficam entre três e cinco dias. Mas é preciso contabilizar,
por exemplo, gastos com passagem aérea, hotel e alimentação”, diz Maria
Dolores, gerente de uma agência de turismo.Segundo agências de viagem, uma
passagem de ida e volta para Nova Iorque custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3
mil se comprada com um mês de antecedência. Três noites em um hotel três
estrelas sai por R$ 1,5 mil. Para Miami, a passagem custa cerca de R$ 2
mil, e a estadia por R$ 1 mil. Segundo pesquisa da Decolar.com,
passagem e hotel somam até 40% dos gastos de um viajante.
Fonte: redação com agências
OMC revisa para baixo crescimento do comércio internacional em 2013 e 2014
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Delfim defende regulação em commodities
Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
O processo de globalização da economia resultou em uma estrutura
perversa no mercado de commodities, em que pouco mais de uma dezena de
tradings agrícolas controlam bilhões de produtores rurais. Em escala
global, as tradings atuam como um oligopsônio na aquisição de produtos
agrícolas, limitando o poder de negociação dos agricultores, e como um
oligopólio na venda desses produtos.
Para equilibrar esse processo, o Estado, que de algum modo aceitou e
até promoveu a consolidação dessa estrutura, terá de agir e lançar mão
de instrumentos de regulação, tais como agências específicas para isso.
Essa é a avaliação do economista Antônio Delfim Netto, professor emérito
da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Fazenda, do
Planejamento e da Agricultura.
Em entrevista ao Valor, Delfim, aos 85 anos, diz que
a política de concentração dos frigoríficos brasileiros, capitaneada
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi
um "grave erro", e é parte desse processo global da oligopolização da
produção global de alimentos. "Mesmo quando há grandes economias de
escala, estruturas oligopsônicas e oligopolísticas são contra o aumento
da produtividade", afirma.
Na entrevista, Delfim tratou de algumas das principais discussões da
economia agrícola. Em meio ao debate sobre a desaceleração da China, ele
não crê que haverá uma "debacle" nos preços agrícolas. O período de
forte alta nas cotações, porém, já passou e o Brasil, segundo Delfim,
não soube aproveitar o boom para investir em infraestrutura.
Sobre a política agrícola nacional, o ex-ministro elogia o último
Plano Safra, válido para o ciclo 2013/14. De acordo com ele, o plano
ataca aquele que talvez seja o principal gargalo da agricultura
atualmente: a política de seguro rural. Para Delfim, a ausência de uma
política de seguro agrícola consistente foi responsável pela pecha de
caloteiros - externada até mesmo pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) - que os agricultores ganharam.
O ex-ministro ressalta, ainda, o papel que a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem no desenvolvimento da agricultura
nacional. Segundo ele, a estatal continua a ser um elemento "distintivo"
do país. Na opinião de Delfim, a perda de participação da Embrapa em
mercados cobiçados como os de sementes de soja e milho não é um
problema. "A Embrapa não foi feita para substituir o setor privado",
diz.
Na seara política, Delfim diz que a bancada ruralista no Congresso
Nacional também cumpre sua função de maneira adequada. Em questões
polêmicas, como a indígena e a ambiental, o papel de árbitro cabe ao
Estado, afirma. Nos casos de exploração de trabalho análogo à escravidão
no campo, não há como tergiversar, diz Delfim. "Só pondo na cadeia",
afirma. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Valor: O Brasil foi beneficiado na última década pelo explosão da demanda chinesa. Esse ciclo acabou?
Antônio Delfim Netto : A demanda por produtos
agrícolas depende, no fundo, do crescimento da população e da
urbanização. Mas eu não vejo que você vai ter uma redução muito
importante da taxa de crescimento da demanda de produtos agrícolas nos
próximos anos. O que vai mudar, seguramente, é a estrutura da demanda.
Você vai caminhar mais para produtos proteicos, porque o mundo está
melhorando seu nível de renda. Mas não vejo nenhuma razão para imaginar
uma debacle nos preços agrícolas. Teremos, no fundo, uma relativa
estabilização. Os preços, provavelmente, vão voltar a declinar
lentamente como sempre acontece, o que não significa que a demanda
global vai diminuir.
Valor: Mas o maior salto já foi?
Delfim : O principal salto foi o avanço espetacular
da China, que não vai se repetir. Mas imaginar que a China vai reduzir a
sua demanda dramaticamente é um erro. Ela vai continuar crescendo 4,5%,
5% ao ano. E mais importante: vai aumentar muito a urbanização, o que
reduz a oferta de produtos agrícolas de um lado e aumenta a demanda de
outro, porque aumenta a renda.
Valor: O sr. acha que o Brasil aproveitou bem o boom da China?
Delfim : O Brasil não aproveitou bem o boom das
commodities. Durante dez anos, tivemos um crescimento das relações de
trocas importante, o que significa que a renda crescia mais do que o
PIB. Teria sido o momento para fazer as mudanças estruturais que nós
precisamos. Mas optamos por um caminho um pouco diferente. Usamos muito
mais desses recursos na redistribuição de renda do que no aumento da
eficiência produtiva, o que é compensado por um aumento do bem-estar
visível. Mas um dos aspectos mais difíceis de entender é que você
sacrificou uma parte das vantagens da melhoria das relações de troca
para valorizar o câmbio e para combater inflação - ou seja, você jogou
fora uma parte desses recursos.
Valor: De algum modo, o Brasil é refém da "maldição" dos recursos naturais, se é que ela existe?
Delfim : Não tem maldição nenhuma. O Brasil
aproveitou esses recursos e desenvolveu um setor agrícola extremamente
eficiente. A agroindústria, que talvez seja um quarto do PIB, é um setor
altamente eficiente. É um setor sofisticadíssimo, mas muito prejudicado
por falta de estrutura, de transportes, de portos, por falta de
armazenagem e por falta de uma política importante, que é a política de
seguro de safra.
Valor: O último Plano de Safra avançou na questão do seguro?
Delfim : Evoluiu muito. Esse último plano de safra é
dos melhores que já foram produzidos no Brasil. Ele atentou para
algumas coisas críticas. Está começando a haver uma consciência de que o
país não tem conseguido fazer chegar a essa gente o progresso da
tecnologia na pequena propriedade. No fundo, se abandonou um sistema de
assistência técnica que já foi muito eficiente no Brasil e esse plano
começou a reconstruí-lo. Se você conseguir mobilizar a pequena
agricultura com os avanços da tecnologia que estão na gaveta, vai
produzir uma revolução.
Se conseguirmos mobilizar a pequena agricultura com os avanços da tecnologia, haverá uma revolução
Valor: Num artigo de 2004, o sr. dizia que,
depois do completo desastre que foi a política agrícola do governo
Collor e da pecha de caloteiros no governo FHC, o relação do governo com
o setor começava a melhorar. Isso se comprovou?
Delfim : Melhorou. O problema da agricultura é que
ela é uma atividade de altíssimo risco. A agricultura depende da vontade
de São Pedro. Como a agricultura precisa de crédito, o fato de a
receita ser altamente influenciada pelas variações climáticas coloca uma
dificuldade gigantesca. Por quê? Quando, por efeito do clima, há uma
queda da oferta de produtos, os preços não sobem para suprir a renda. O
agricultor vê seu patrimônio desaparecer. Como não há seguro de safra,
ele fica devendo. Na próxima vez, você tem um acordo com o governo. Mas o
governo é pior do que o pior dos banqueiros. Cada negociação de dívida é
uma tragédia, ou foi uma tragédia no passado. Você embutia custos
espantosos, taxas de juros gigantescas. Desse ponto de vista, houve uma
avanço muito grande. Já começou no Fernando Henrique e veio avançando.
Para a agricultura funcionar tranquilamente, ela tem que ter seguro de
safra. Ou seja, se houver um acidente, a tua renda é complementada e
você pode honrar os seus compromissos.
Valor: Nesse sentido, qual é o papel do Estado na política agrícola?
Delfim : Provavelmente, a pesquisa não se sustenta
simplesmente com financiamento privado. O Estado produziu, ou pelo menos
divulgou, todas a grandes invenções, da internet até a semente do milho
transgênico.
Valor: Como o senhor vê a atuação da Embrapa. É natural que ela perca participação nos mercados mais cobiçados como soja e milho?
Delfim : A Embrapa não foi feita para substituir o
setor privado. Ela é um instrumento de pesquisa. O mundo se aproveita
das pesquisas da Embrapa. Quando você diz que a Embrapa reduziu
participação, ela não reduziu o seu papel. Ela está se sofisticando e é
claro que os ganhos são menores, na margem. A base é muito mais alta.
Mas a Embrapa foi e é um instrumento distintivo, que distingue a
economia brasileira do resto do mundo. O que você não pode é pensar que
essas coisas acontecem por acaso. E não é só no Brasil, não. A soja nos
EUA também dependeu do departamento de agricultura [USDA]. O Estado é um
fator importante no processo de desenvolvimento.
Valor: O sr. acha que o Estado deve intervir nos preços agrícolas?
Delfim : O Estado precisa de um estoque regulador
por causa da flutuação da agricultura, da oferta. A política de estoques
é fundamental. Não para perturbar, mas para regular o mercado quando há
um acidente climático.
Valor: O Estado brasileiro incentivou uma concentração entre frigoríficos? O sr. concorda com isso?
Delfim : Isso é um grave erro, porque cria
organismos que são um oligopsônio na hora de comprar e oligopólios na
hora de vender. Você não pode ter milhões de produtores e dois sujeitos
comprando tudo o que eles produzem. Aliás, essa é uma tragédia que está
acontecendo no mundo. O número de empresas que transacionam commodities
se reduziu dramaticamente. O monopólio é muito ruim. Estruturas
oligopsônicas e oligopolíticas são contra o aumento da produtividade,
mesmo quando se diz que há grandes economias de escala. A estrutura em
que você reduz a quantidade de oferta ou reduz a quantidade de
compradores é uma estrutura perversa.
Valor: Mas uma das alegações, no caso dos frigoríficos, é que a concentração ajudaria a melhorar a sanidade da cadeia produtiva.
Delfim : A política sanitária é coisa do governo.
Você não precisa de gente grande para comprar gado bom. Você pode ter
gente pequena comprando gado da melhor qualidade do ponto de vista da
sanidade.
Valor: E o que fazer para combater esse processo de concentração?
Delfim : O Estado não pode deixar que se formem
monopólios. Quando existir um monopólio, ele tem que ter uma agência
reguladora independente e que ele não possa se apropriar dela.
Valor: No caso do Brasil, o Estado escolheu os vencedores?
Delfim : Isso não importa. A política em si é que
está equivocada. Não é que se escolheu A ou B. Pode até ter escolhido
pessoas ou empresas que vão progredir. Mas o que está errado é a
política.
Valor: Na área política, como o sr. vê o papel da bancada ruralista? Existem polêmicas na questão ambiental, na questão indígena...
Delfim : A bancada ruralista faz o seu papel. A
questão indígena está definida na Constituição. Sempre há dois lados. Se
você entrega tudo para antropólogos, vai para um lado. Se você entrega
para empresários agrícolas, vai para o outro. É por isso que tem que ter
o Estado para arbitrar.
Valor: E como conciliar produção agrícola e preservação ambiental?
Delfim : Não há contradição entre a preservação do
meio ambiente a agricultura. Só um agricultor muito burro não preserva o
meio ambiente. O que há é uma certa contradição entre algumas pessoas
que gostariam muito de voltar para a Idade da Pedra e aqueles que acham
que não têm que tomar conhecimento de nada, e querem colocar um trator
onde puder. De novo: por isso é que existe o Estado, Deus meu!
Valor: E o que fazer com os frequentes casos de exploração de trabalho análogo à escravidão?
Delfim : Pondo na cadeia.
Valor: O que o senhor acha da proposta de expropriar a terra de quem fizer esse tipo de exploração?
Delfim : Não é uma solução, mas seguramente é uma forma de impedir que isso aconteça. Tem que ser uma punição draconiana.
O psicólogo que pode ser o “novo Abilio” do Pão de Açúcar
Ronaldo Iabrudi é o representante do Grupo Casino no Brasil; ex-presidente da Telemar, o mineiro é um dos cotados para comandar o conselho do Pão de Açúcar
CAROL CARQUEJEIRO/Valor Econômico
Ronaldo Iabrudi: cotado para substituir Abilio, executivo teve passagem conturbada pela Telemar
São Paulo – A saída de Abilio Diniz do Pão de Açúcar colocou
fogo no mercado de apostas sobre quem vai substituí-lo na presidência
do conselho do grupo fundado por seu pai, há 65 anos. Por ora, um dos
mais cotados é Ronaldo Iabrudi, representante do Grupo Casino no Brasil.
Caso Iabrudi seja confirmado no posto, terá protagonizado uma ascensão
meteórica ao comando da maior rede de varejo do país. Isto porque o
executivo foi contratado no início de junho como representante dos
interesses do Casino no Brasil. Um mês depois, ele já era indicado para
assumir um assento no conselho de administração do Pão de Açúcar.
No comunicado em que apresentou Iabrudi como seu homem forte no Brasil,
há três meses, o Casino o qualificou como “um executivo altamente
experiente”, e sua contratação reafirmava “o compromisso [do Casino] com
o Brasil.”
O cortador de custos
Iabrudi pode não ser uma celebridade do mundo dos negócios, como Abilio
Diniz, mas sua atuação à frente de grandes empresas mostra como seu
estilo foi forjado – e um pouco do que estaria esperando o Pão de
Açúcar.
Seu maior cartão de visitas foi a presidência da Telemar (atual Oi),
entre o final de 2002 e meados de 2006. Foi ali que Iabrudi viveu seus
melhores dias, com resultados elogiados por analistas, e também a sua
maior guerra corporativa. E, nesses episódios, apurou seu estilo de
atuação.
Iabrudi foi contratado pela Telemar em 2000, para dirigir as operações
do Nordeste. Seus resultados na região o levaram para o topo da
hierarquia. Em julho de 2001, ele assumiu a presidência da empresa, com a
missão de torná-la mais enxuta, racional e lucrativa.
Poderia se esperar um estilo mais brando de gestão de um psicólogo formado pela PUC de Minas Gerais, com mestrado em Formação de Adultos, mas o foco em resultados deu o tom de sua gestão. Conta-se que, em uma das rodadas de cortes, Iabrudi demitiu 30 diretores na véspera de Natal.
Mas a gestão de Iabrudi na Telemar não escapou a críticas e a uma
guerra interna por poder. Do lado de fora da empresa, consumidores
seguiam se queixando do atendimento da operadora, que figurava entre as
mais reclamadas pelos consumidores.
Do lado de dentro, Iabrudi disputou espaço com uma estrela então em ascensão: Luiz Eduardo Falco. Ex-diretor de marketing da TAM, Falco entrou para a Telemar em 2001 e transformou uma minúscula operação de telefonia celular na hoje conhecida Oi.
Pelo caminho, como era de se esperar, trombou com o presidente da
Telemar, Iabrudi, a quem se reportava no papel, mas não na prática.
Esta foi uma das maiores guerras por poder a que o mundo dos negócios
brasileiro assistiu, no final da década passada. Em um determinado
momento, Iabrudi submeteu a área de telefonia móvel ao seu controle. O
contra-ataque foi a demissão de uma série de executivos ligados à
telefonia fixa, o bastião de Iabrudi.
O expurgo foi apresentado como um civilizado corte de custos e de
sobreposição de funções, mas o mercado o interpretou como o avanço de
Falco na estrutura da Telemar. O motivo foi simples: na maior parte dos
cargos, quem foi eliminado era da telefonia fixa. Eram os aliados de
Falco galgando poder. Iabrudi deixou a presidência da Telemar em 2006
com seus resultados questionados pelo mercado e por parte dos donos da
operadora.
Nova chance
O executivo teve outra passagem por uma grande empresa entre o final de 2007 e o início de 2012, quando foi levado pela GP Investimentos à presidência da mineradora Magnesita, conhecida por seus produtos refratários.
Lá, o executivo atacou em duas frentes. Primeiro, cortou custos.
Somente nos primeiros meses de sua gestão, 25% dos funcionários saíram,
sejam pelo plano de demissão voluntária, seja por cortes mesmo. Iabrudi
vendeu ativos não diretamente relacionados ao foco do negócio e
terceirizou funções.
Mas sua maior tacada foi a compra da alemã LWB por 657 milhões de
euros. O negócio catapultou a Magnesita, na época, da décima para a
terceira posição no ranking dos produtores de refratários.
Balanço
O ponto é que nem todos os números da gestão de Iabrudi à frente da
Magnesita foram positivos. É verdade que a receita líquida da empresa
saltou de 861,709 milhões de reais, em 2007, para 2,319 bilhões em 2001 –
o último ano cheio de Iabrudi na empresa.
O outro lado, porém, é que o lucro líquido caiu de 108,794 milhões de
reais para 98,550 milhões no mesmo período – com direito a um prejuízo
de 32,541 milhões em 2009, e a um lucro de 92,344 milhões em 2010.
Até aqui, a trajetória de Iabrudi equilibra-se entre conquistas e
alguns resultados que não impressionaram os analistas. Os cortes de
custos que promoveu nas empresas pelas quais passou surtiram efeitos, é
claro – mas não a ponto de colocá-lo no hall das celebridades. Se for
mesmo confirmado como novo líder do Pão de Açúcar, terá a chance de
passar pela prova dos nove.
Gabrielli quer resposta dura para espionagem à Petrobras
O ex-presidente da estatal considerou "abominável" a tentativa da NSA de espionar a companhia
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Rio - O ex-presidente da Petrobras
José Sergio Gabrielli considerou "abominável" a tentativa da Agência de
Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) de espionar a companhia.
Gabrielli defendeu uma resposta contundente pela via diplomática do
Brasil, comentando o assunto na manhã desta segunda-feira, 9.
"A simples tentativa de 'hackear' informações da Petrobras é
abominável. Merece uma resposta enérgica por parte da diplomacia
brasileira", disse ele, hoje secretário de Planejamento da Bahia.
Gabrielli ressalva que o sistema de tecnologia da Petrobras "é
muitíssimo bem protegido" e que a tentativa de invasão não significa que
de fato tenha havido roubo de informações.
Segundo ele, a empresa sofre milhares de tentativas de ataque
cibernético. "As tentativas de ataque são frequentes, corriqueiras, são
milhares. Mas o fato de tentarem invadir não significa que houve
sucesso", disse.
Gabrielli diz que informações econômicas e estratégicas da companhia
podem ser motivo de espionagem, mas que tentar acertar o alvo de
interesse não passa de especulação neste momento, sendo necessário
apurar.
O executivo lembra que, durante sua gestão, houve tentativa, por exemplo, de roubo de imagens submarinas, em área de produção offshore.
Enquanto presidente da Petrobras, Gabrielli disse que a companhia dialogava com a embaixada americana. Acrescenta, inclusive, que esteve pessoalmente com o presidente Barack Obama durante sua gestão.
Considerou normal a troca de informações da companhia com o governo americano - reforçando que julga "abominável" hackear informações sigilosas para espionagem. Gabrielli lembra que comenta o caso como ex-presidente e cidadão, já que deixou a companhia há 1,5 ano.
Silêncio mantido
A Petrobras manteve a posição de ontem e informou, na manhã de hoje, via assessoria de imprensa, que não vai comentar a denúncia de que a NSA teria usado seu aparato de espionagem para obter informações estratégicas da companhia.
A Petrobras manteve a posição de ontem e informou, na manhã de hoje, via assessoria de imprensa, que não vai comentar a denúncia de que a NSA teria usado seu aparato de espionagem para obter informações estratégicas da companhia.
Negociações da Rodada Doha devem ser intensificadas
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, é o primeiro latino-americano na direção-geral da OMC
Antonio Cruz/ABr
Brasília - O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio
(OMC), o brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, disse hoje (9) que os
prejuízos gerados pelo fracasso das negociações na Rodada Doha serão
ainda maiores do que os benefícios de um possível sucesso. Azevêdo
discursou no início a manhã, em Genebra, na Suíça, na cerimônia que
marcou o início de sua gestão na OMC.
"O mundo não vai esperar a OMC por tempo indeterminado. E as soluções
não serão tão eficientes e inclusivas quanto as que encontrarmos aqui",
destacou o diretor-geral, sobre as alternativas que têm sido buscadas
por diversos países devido à paralisia de Doha, cujos temas voltarão a
ser discutidos na 9ª Conferência Ministerial da OMC, em Bali, na
Indonésia, no início de dezembro.
Azevêdo já havia dito, em outros discursos, que a necessidade de
intensificação das negociações de Doha seria o principal desafio de sua
gestão. "O que as pessoas veem é [a Rodada] Doha e a percepção que têm é
de falta de efetividade, paralisia. O nosso fracasso irá lançar uma
sombra sobre o sistema e é essencial dar novo fôlego às negociações",
disse.
O diretor-geral acredita que o multilateralismo é a melhor solução
contra o protecionismo e explicou que irá privilegiar os países em
desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo nas negociações para
garantir que "suas vozes sejam ouvidas" no âmbito do sistema
multilateral.
O discurso de Azevêdo foi o primeiro como diretor-geral da organização.
Sua posse ocorreu na manhã de hoje, embora ele tenha assumido o cargo
há uma semana, em substituição ao francês Pascal Lamy. O chanceler
brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo Machado, está em Genebra para
acompanhar a posse do colega.
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, é o
primeiro latino-americano na direção-geral da OMC. Disputada até o
último minuto, a eleição envolveu uma longa negociação que vem desde o
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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