segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Impacto do dólar nas compras de brasileiros no exterior preocupa



 






A alta do dólar pode estar beneficiando os exportadores, mas, de outro lado, a forte dependência do país de insumos e bens intermediários importados preocupa a área econômica. Há produtos que não são fabricados no Brasil e precisam ser trazidos de fora. Mesmo com a queda das tarifas de importação de alguns produtos, a variação cambial tem sido pesada. Assim, será inevitável o impacto da nova realidade cambial nos preços ao consumidor no fim deste ano e a partir de 2014.

A indústria de veículos sente o impacto dos dois lados da balança. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku, diz que o setor “festeja e chora” ao mesmo tempo o valor do dólar. 
 
No curto prazo, de acordo com ele, há impactos para a indústria automotiva porque grande parte dos insumos é importada. “Mesmo assim, o governo reduziu os impostos para parte desses insumos, diminuindo um pouco esse impacto.” Como ponto positivo do preço da moeda norte-americana, aponta o estímulo à retomada das exportações.
 
A exportação de veículos apresentou, em julho, o melhor desempenho para o mês de toda a série histórica. O volume de carros embarcados cresceu 2,4% ao chegar a 52.456 unidades, contra 51.233 em junho, segundo dados da Anfavea.
 
Na comparação do montante exportado em julho com o do mesmo mês do ano passado, o crescimento alcançou 75,9%. No acumulado do ano, o aumento foi 24,9%, com 318.610 veículos vendidos no mercado exterior, ante 255.194 registrados no mesmo período de 2012. De acordo com o presidente da entidade, este também foi o acumulado dos sete meses. A Anfavea revisou as projeções para as exportações, de 4,6% para mais de 20%.
 
Apesar do câmbio, compras no exterior seguem atrativas. Mesmo com o avanço do dólar este ano, o brasileiro tem motivos de sobra para fazer compras nos Estados Unidos. Em Miami, um dos destinos favoritos, uma cesta de 18 produtos - como tablet, perfume, tênis e produtos infantis - somava R$ 6.884,00 em janeiro, quando a cotação era de R$ 1,99. Quando a cotação chegou a R$ 2,37, o total subiu para R$ 8.199,00 - alta de 9%. Ainda assim, revela o levantamento, os mesmos produtos, se comprados no Brasil, custariam 59,8% a mais: R$ 13.105,00.
 
A diferença seria ainda maior se considerado o dólar do fim de janeiro de 2012 (a R$ 1,74), quando a mesma seleção sairia a R$ 6.019,00. Nesse caso, o valor no Brasil seria 117% mais caro.Um mesmo produto, se adquirido aqui, pode ser até três vezes (200%) mais caro do que nos EUA.
 
É o caso de um tapete de atividades para bebê (Gymini Amiguinhos da Natureza Tiny Love). No site do Walmart para entrega em Miami, o item sai a R$ 120,72; e em Nova Iorque, a R$ 123,66. Na versão brasileira do mesmo site, custa R$ 368,00. Segundo especialistas, além da alta do dólar, o varejo brasileiro sofre, sobretudo, com a carga tributária elevada. Para os brinquedos, diz o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), os impostos representam 39,7% do preço.
 
Os fabricantes brasileiros, sejam de brinquedos ou de  outro produto que sofre a concorrência dos importados, dizem que a tributação é positiva porque evita enxurrada de mercadorias de fora no mercado interno, fazendo concorrência predatória.Segundo Alípio Camanzano, presidente do site Decolar.com, o brasileiro consegue comprar com vantagem até a cotação do dólar chegar a R$ 3,00. Para ele, o pior é a volatilidade da moeda. 
 
“O dólar tem que parar de pular. Mesmo com o avanço atual da moeda, o poder de compra do brasileiro nos EUA ainda é um diferencial”, destaca Camanzano, lembrando que as vendas de passagens em agosto subiram 45% ante igual mês de 2012.A percepção de Camanzano está em linha com os dados divulgados pelo Banco Central (BC). 
 
Em julho, os brasileiros gastaram US$ 2,21 bilhões no exterior, alta de 10,1% em relação ao mesmo mês de 2012. Esse foi um dos motivos que ajudaram o País a registrar déficit em transações correntes de US$ 77,7 bilhões nos 12 meses encerrados em julho, correspondendo a 3,39% do Produto Interno Bruto (PIB). 
 
O número é maior que os 2,21% de julho de 2012.O fato é que os brasileiros vão cada vez mais para Miami e Nova Iorque. Segundo a Greater Miami Convention, entre 2002 e 2012 houve alta de 70,11% no número de turistas, para 689,9 mil. No ano passado, gastaram US$ 1,49 bilhão na cidade. Em Nova Iorque, diz a NYC & Company, houve avanço de 838,63% no fluxo em 10 anos, para 826 mil. Em 2011, os brasileiros gastaram US$ 1,62 bilhão na Big Apple. 
 
Mesmo com a cotação da moeda americana em alta, a empresária de moda Andréa Galvão é categórica ao afirmar que vai continuar viajando. Ela esteve em Nova Iorque em maio e vai a Miami em novembro. Com procura em alta, as agências criam pacotes. A CVC lançou uma viagem para Black Friday, queima de estoque do varejo norte-americano em 29 de novembro. “O brasileiro gosta de comprar nos Estados Unidos. Sempre foi mais barato.
 
Em média, as pessoas que vão para comprar ficam entre três e cinco dias. Mas é preciso contabilizar, por exemplo, gastos com passagem aérea, hotel e alimentação”, diz Maria Dolores, gerente de uma agência de turismo.Segundo agências de viagem, uma passagem de ida e volta para Nova Iorque custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil se comprada com um mês de antecedência. Três noites em um hotel três estrelas sai por R$ 1,5 mil. Para Miami, a passagem custa cerca de R$ 2 mil, e a estadia por R$ 1 mil. Segundo pesquisa da Decolar.com, passagem e hotel somam até 40% dos gastos de um viajante.    Fonte: redação com agências 

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