A
alta do dólar pode estar beneficiando os exportadores, mas, de outro
lado, a forte dependência do país de insumos e bens intermediários
importados preocupa a área econômica. Há produtos que não são fabricados
no Brasil e precisam ser trazidos de fora. Mesmo com a queda das
tarifas de importação de alguns produtos, a variação cambial tem sido
pesada. Assim, será inevitável o impacto da nova realidade cambial nos
preços ao consumidor no fim deste ano e a partir de 2014.
A indústria de veículos sente o impacto
dos dois lados da balança. O presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku, diz que
o setor “festeja e chora” ao mesmo tempo o valor do dólar.
No curto
prazo, de acordo com ele, há impactos para a indústria automotiva porque
grande parte dos insumos é importada. “Mesmo assim, o governo reduziu
os impostos para parte desses insumos, diminuindo um pouco esse
impacto.” Como ponto positivo do preço da moeda norte-americana, aponta o
estímulo à retomada das exportações.
A exportação de veículos apresentou,
em julho, o melhor desempenho para o mês de toda a série histórica. O
volume de carros embarcados cresceu 2,4% ao chegar a 52.456 unidades,
contra 51.233 em junho, segundo dados da Anfavea.
Na comparação do
montante exportado em julho com o do mesmo mês do ano passado, o crescimento alcançou 75,9%. No acumulado do ano, o aumento foi
24,9%, com 318.610 veículos vendidos no mercado exterior, ante 255.194
registrados no mesmo período de 2012. De acordo com o presidente da
entidade, este também foi o acumulado dos sete meses. A Anfavea revisou
as projeções para as exportações, de 4,6% para mais de 20%.
Apesar do câmbio, compras no exterior
seguem atrativas. Mesmo com o avanço do dólar este ano, o brasileiro tem
motivos de sobra para fazer compras nos Estados Unidos. Em Miami, um
dos destinos favoritos, uma cesta de 18 produtos - como tablet, perfume,
tênis e produtos infantis - somava R$ 6.884,00 em janeiro, quando a
cotação era de R$ 1,99. Quando a cotação chegou a R$ 2,37, o total subiu
para R$ 8.199,00 - alta de 9%. Ainda assim, revela o levantamento, os
mesmos produtos, se comprados no Brasil, custariam 59,8% a mais: R$
13.105,00.
A diferença seria ainda maior se considerado o dólar do fim
de janeiro de 2012 (a R$ 1,74), quando a mesma seleção sairia a R$
6.019,00. Nesse caso, o valor no Brasil seria 117% mais caro.Um mesmo produto, se adquirido aqui,
pode ser até três vezes (200%) mais caro do que nos EUA.
É o caso de um
tapete de atividades para bebê (Gymini Amiguinhos da Natureza Tiny
Love). No site do Walmart para entrega em Miami, o item sai a R$ 120,72;
e em Nova Iorque, a R$ 123,66. Na versão brasileira do mesmo site,
custa R$ 368,00. Segundo especialistas, além da alta do
dólar, o varejo brasileiro sofre, sobretudo, com a carga tributária
elevada. Para os brinquedos, diz o Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT), os impostos representam 39,7% do preço.
Os
fabricantes brasileiros, sejam de brinquedos ou de outro produto que
sofre a concorrência dos importados, dizem que a tributação é positiva
porque evita enxurrada de mercadorias de fora no mercado interno,
fazendo concorrência predatória.Segundo Alípio Camanzano, presidente do
site Decolar.com, o brasileiro consegue comprar com vantagem até a
cotação do dólar chegar a R$ 3,00. Para ele, o pior é a volatilidade da
moeda.
“O dólar tem que parar de pular. Mesmo com o avanço atual da
moeda, o poder de compra do brasileiro nos EUA ainda é um diferencial”,
destaca Camanzano, lembrando que as vendas de passagens em agosto
subiram 45% ante igual mês de 2012.A percepção de Camanzano está em linha
com os dados divulgados pelo Banco Central (BC).
Em julho, os
brasileiros gastaram US$ 2,21 bilhões no exterior, alta de 10,1% em
relação ao mesmo mês de 2012. Esse foi um dos motivos que ajudaram o
País a registrar déficit em transações correntes de US$ 77,7 bilhões nos
12 meses encerrados em julho, correspondendo a 3,39% do Produto Interno
Bruto (PIB).
O número é maior que os 2,21% de julho de 2012.O fato é que os brasileiros vão cada
vez mais para Miami e Nova Iorque. Segundo a Greater Miami Convention,
entre 2002 e 2012 houve alta de 70,11% no número de turistas, para 689,9
mil. No ano passado, gastaram US$ 1,49 bilhão na cidade. Em Nova
Iorque, diz a NYC & Company, houve avanço de 838,63% no fluxo em 10
anos, para 826 mil. Em 2011, os brasileiros gastaram US$ 1,62 bilhão na
Big Apple.
Mesmo com a cotação da moeda americana
em alta, a empresária de moda Andréa Galvão é categórica ao afirmar que
vai continuar viajando. Ela esteve em Nova Iorque em maio e vai a Miami
em novembro. Com procura em alta, as agências criam pacotes. A CVC
lançou uma viagem para Black Friday, queima de estoque do varejo
norte-americano em 29 de novembro. “O brasileiro gosta de comprar nos
Estados Unidos. Sempre foi mais barato.
Em média, as pessoas que vão
para comprar ficam entre três e cinco dias. Mas é preciso contabilizar,
por exemplo, gastos com passagem aérea, hotel e alimentação”, diz Maria
Dolores, gerente de uma agência de turismo.Segundo agências de viagem, uma
passagem de ida e volta para Nova Iorque custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3
mil se comprada com um mês de antecedência. Três noites em um hotel três
estrelas sai por R$ 1,5 mil. Para Miami, a passagem custa cerca de R$ 2
mil, e a estadia por R$ 1 mil. Segundo pesquisa da Decolar.com,
passagem e hotel somam até 40% dos gastos de um viajante.
Fonte: redação com agências
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