quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Varejista online Dafiti recebe US$70 mi de fundo canadense

Transação mostra a resiliência do apetite do investidor para o comércio eletrônico no Brasil

Esteban Israel, da
Dafiti
Dafiti: investimento ocorre no momento em que o crescimento lento e inflação obrigam alguns investidores a dar uma pausa na maior economia da América Latina

São Paulo - A varejista online de moda Dafiti receberá investimento de 70 milhões de dólares do fundo canadense Ontario Teachers Pension Plan, em uma transação que mostra a resiliência do apetite do investidor para o comércio eletrônico no Brasil.

O investimento ocorre no momento em que o crescimento lento e inflação obrigam alguns investidores a dar uma pausa na maior economia da América Latina, e ocorre na sequência de pesado interesse de investidores estrangeiros nos últimos anos no mercado de comércio eletrônico brasileiro avaliado em 10 bilhões de dólares.

Apesar da desaceleração, muitas companhias de Internet, grupos de investimento de risco e outros investidores dizem que acreditam que o mercado continuará a crescer em um país que ainda possui relativa baixa penetração de Internet.

Em comunicado, Wayne Kozun, um vice-presidente sênior do Teachers', como o fundo de pensão é conhecido, citou "a crescente classe média, alto potencial de consumo e significativo crescimento em acesso móvel e online" como razões para o investimento na Dafiti.

A Dafiti, resposta do Brasil à Zappos, popular varejista de moda e sapatos da Amazon, não se abala com alta a inflação, o aumento do endividamento das famílias e outros problemas econômicos que poderiam reduzir o apetite para o consumo.

A economia brasileira, alimentada em parte pelo aumento da demanda do consumidor durante um boom que durou uma década, deve crescer pouco mais de 2 por cento este ano, em comparação com elevado crescimento de 7,5 por cento registrado em 2010.

"Quando olhamos para o Brasil nós não pensamos apenas do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)", disse Philipp Povel, um dos fundadores da Dafiti, em entrevista, "mas também na classe média e na renda disponível que continuarão a crescer".

Mais encorajador, disse ele, é o potencial do mercado online.

O comércio eletrônico representa apenas cerca de 1 por cento de todo o comércio no Brasil, em comparação com um nível de mais de 10 por cento nos Estados Unidos, Reino Unido e no restante da Europa. A penetração geral da Internet, por sua vez, também é relativamente baixa, de cerca de 50 por cento da população.

Ambos os fatores representam um grande mercado inexplorado. Nos últimos anos, pesos pesados da Internet como Facebook, Amazon, Netflix, Twitter e Linkedin iniciaram suas operações no Brasil.

A Dafiti, uma startup lançada em 2011 com a ajuda da incubadora alemã Rocket Internet, já arrecadou 255 milhões de dólares, com o investimento do Teachers'. A empresa já recebeu 65 milhões de dólares em financiamento de Nova York Quadrant Capital Advisors e 45 milhões da JP Morgan Asset Management.

Os investimentos permitiram à varejista com sede em São Paulo consolidar a sua posição como principal plataforma online de moda do Brasil, com uma fatia de mercado de 30 por cento. A Dafiti também se aventurou em outros grandes mercados da América Latina, incluindo Argentina, Chile, Colômbia e México.

O tamanho total do mercado latino-americano para comércio eletrônico é de mais de 100 bilhões de dólares, disse Povel. "Nós só precisamos captar um pouco disso e então seremos uma empresa de bilhões de dólares", afirmou.

A Dafiti disse que o investimento do fundo canadense ajudará a expandir seu catálogo nesses mercados, bem como aumentar a capacidade de armazenamento e automatizar operações.

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Petrobras investiu R$ 3,9 bi em segurança, diz Graça


A presidente da petrolífera disse também que esses investimentos chegarão a R$ 21,2 bilhões até 2017

Eduardo Rodrigues, do
Nacho Doce/Reuters
Graça Foster, presidente da Petrobras
Graça Foster: ela reforçou que os dados da empresa não circulam pela internet e relatou que as informações críticas estão armazenadas com criptografia e têm barreiras físicas

Brasília - A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse, nesta quarta-feira, 18, que os investimentos da companhia em segurança da informação somam R$ 3,9 bilhões em 2013 e chegarão a R$ 21,2 bilhões até 2017.

Em audiência pública da CPI da Espionagem no Senado, Graça afirmou que a Petrobras tem uma política de segurança empresarial que faz parte da rotina da companhia. "É uma política tão importante que passa pelo Conselho de Administração da empresa. A gestão dos bens, das pessoas, das informações e da riqueza que geramos é muito importante", afirmou.

Segundo ela, a Petrobras atua preventivamente na segurança empresarial e tem de estar pronta a responder de forma imediata a incidentes e emergências. 

"A primeira diretriz de segurança é minimizar ameaças de pessoas e organizações externas à Petrobras. Na grande maioria das vezes objetivos de ataques cibernéticos são irresponsáveis, por diversão, mas também existem motivações financeiras, ideológicas, políticas e concorrenciais ou comerciais", relatou.

Graça Foster informou que o acesso à rede interna de computadores da companhia é restrito a uma quantidade pequena de especialistas. Ela reforçou que os dados da empresa não circulam pela internet e relatou que as informações críticas estão armazenadas com criptografia e têm barreiras físicas. "O acesso se dá por biometria e pesagem, além da existência de câmeras de monitoramento", afirmou.

Várias das 36 empresas que trabalham na segurança de informação da companhia são estrangeiras, sendo 14 delas americanas, além de fornecedores de Israel, da Alemanha, do Japão, entre outros. Além disso, 10 empresas de telecomunicações nacionais e internacionais trabalham com transporte de dados criptografados da estatal entre suas subsidiárias no exterior. As três empresas que fazem a criptografia da Petrobras também são americanas.

A presidente da Petrobras reconheceu que a companhia é alvo de ataques cibernéticos, mas ressaltou que a empresa trabalha 24 horas com tecnologia para impor barreiras a invasões. Ela disse que dados isolados armazenados no centro de processamento da empresa não possuem significado claro, mas ganham importância dentro de um contexto de avaliação dos especialistas da companhia.

"Os dados da Petrobras estão em constante atualização. Se houvesse acesso a grupo de dados imediatos da empresa, logo os mesmos seriam atualizados com informações", completou, dando a entender que esses dados desviados logo estariam defasados.

Sueca Ikea pode abrir loja no Brasil


Maior empresa de móveis do mundo estuda entrar no varejo brasileiro


Johannes Cleris/AFP
Cartaz anuncia as almôndegas da Ikea em Malma, 25 de fevereiro, 2013
Ikea: varejista estuda o mercado brasileiro e pode abrir lojas por aqui

São Paulo - Mais uma varejista estrangeira faz planos para o Brasil. Dessa vez a sueca Ikea, maior empresa de móveis do mundo, estuda abrir lojas no mercado brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, desta quarta-feira. 

De acordo com a reportagem, ainda não existe prazo definido para a abertura da primeira unidade, mas um escritório com cerca de 20 funcionários já está funcionando em Curitiba, no Paraná, há mais de um ano.

"O grupo Ikea considera o Brasil um potencial mercado futuro e executará estudos preliminares sobre a possibilidade de entrada neste mercado, que não será imediata", disse a companhia ao Estadão.

Presente em 40 países, a companhia tem focado seus esforços no mercados emergentes. Recentemente, anunciou seu plano de abrir 25 lojas na Índia e investir 2 bilhões de dólares no país.

Vale vende fatia na VLI por R$2,7 bi; negocia participação

Mitsui pagará R$1,509 bilhão por 20 por cento da VLI, enquanto o fundo do FGTS desembolsará R$1,2 bilhão por 15,9% da companhia de logística

Denis Balibouse/Reuters
Logo da Vale do lado de fora do escritório comercial central em Sain-Prex, perto de Genebra
Logo da Vale: mineradora informou que está em negociações exclusivas com um consórcio liderado pela canadense Brookfield para venda de cerca de 26 por cento da VLI

Brasília - A mineradora Vale anunciou nesta quarta-feira a venda de 35,9 por cento de sua empresa de logística VLI para a japonesa Mitsui e o fundo de investimentos do FGTS, administrado pela Caixa Econômica Federal, por 2,7 bilhões de reais, e está em negociações para se desfazer de uma fatia adicional.

Segundo fato relevante, a Mitsui pagará 1,509 bilhão de reais por 20 por cento da VLI, enquanto o fundo do FGTS desembolsará 1,2 bilhão de reais por 15,9 por cento da companhia de logística.

A mineradora também informou que está em negociações exclusivas com um consórcio liderado pela canadense Brookfield para venda de cerca de 26 por cento da VLI, com termos e condições ainda em discussão.

Na eventualidade de a transação com a Brookfield ser concluída, a participação da Vale na VLI poderá ser reduzida para menos de 40 por cento, acrescentou a mineradora em nota.

"A Vale vai ter uma participação minoritária quando os três acionistas tiverem todo o conteúdo. No futuro nós até enxergamos um processo de IPO, de oferta pública, para que o público brasileiro e internacional também possa ser acionista", afirmou o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.

Ao comentar sobre o aguardado acordo, o executivo projetou que a empresa de cargas gerais da Vale --que não inclui o principal produto da companhia, o minério de ferro-- trará muito valor para "esses acionistas que ingressam nesse estágio da empresa".

"A alienação de participação no capital da VLI é consistente com a estratégia da Vale de reduzir sua exposição a ativos considerados non-core...", disse a Vale.

Do valor total envolvido na negociação, uma parcela de 2 bilhões de reais será destinada ao aporte de capital na VLI, que emitirá novas ações que serão subscritas e integralizadas pela Mitsui e pelo FI-FGTS.

Os valores aportados na VLI serão utilizados para o financiamento de parte do seu plano de investimentos.

O restante dos recursos envolvidos nas operações, no valor de 709 milhões de reais, será pago pela Mitsui para a Vale em troca de ações da VLI detidas pela Vale, segundo fato relevante.

A mineradora ressaltou que, tendo em vista as oportunidades oferecidas pelo mercado de logística no Brasil, a VLI possui plano de investimentos de 9 bilhões de reais ao longo do período 2013-2017, a ser financiado pelo aporte de capital de 2 bilhões de reais, geração de caixa operacional e endividamento.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O direito à Justiça e o combate à corrupção


O julgamento do mensalão por Joaquim Barbosa (esq.) e Ricardo Lewandowski já representou um avanço no cerco a empresas e a seus dirigentes que praticam atos ilícitos (Por Denize Bacoccina)

por Denize Bacoccina

O placar de cinco votos a cinco, na sessão da quinta-feira 12, deixou nas mãos do ministro Celso de Mello, o decano do Supremo Tribunal Federal, a decisão sobre a aceitação ou não dos embargos infringentes no julgamento da Ação Penal 470, mais conhecida como o caso do mensalão. Se Mello acatar os embargos na sessão desta quarta-feira 18, fica aberto o caminho para a revisão das penas de vários réus, entre eles o mais famoso, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que se tornou símbolo do caso. 
 
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E, embora boa parte da opinião pública considere que a possibilidade de reforma da pena de Dirceu e de outros petistas condenados por desvio de recursos públicos seja o equivalente ao que os pizzaiolos fazem em seu trabalho, é importante preservar o amplo direito de defesa como parte essencial do Estado de Direito pelo qual devemos sempre lutar – seja ele favorável ou não aos nossos desejos no momento. Homens públicos eleitos devem sempre agir de acordo com o desejo das ruas. Afinal, eles estão lá apenas para representar a vontade do eleitor e deveriam sempre agir em seu nome. Mas o que se espera de juízes é que ajam em conformidade com as leis. No caso do STF, como instância última da Justiça, a responsabilidade é ainda maior. 
 
Ministros da Suprema Corte do País não devem, portanto, tentar atender ao desejo circunstancial da sociedade, nem usar determinados réus como exemplos de severidade na aplicação das leis. Elas devem ser sempre severas, mas, se todos são iguais perante a lei, réus específicos não podem ser usados como exemplo. Em entrevista após o término da sessão, na quinta-feira, o ministro Celso de Mello deu a entender que vai aceitar os embargos e, com isso, ampliar a possibilidade de defesa de alguns condenados. Se isso acontecer, não haverá um novo julgamento. Mas pontos específicos podem ser revistos, como formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. 
 
Se inocentados desses crimes, além de Dirceu, podem ter a pena reduzida o deputado federal (PT-SP) José Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, os empresários Marcos Valério e Cristiano Paz e a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello. Com ou sem o acolhimento dos embargos infringentes e a possível redução da pena de alguns réus, o julgamento do mensalão já representou um avanço no cerco a empresas e a seus dirigentes que praticam atos ilícitos. Uma das teses aceitas pelos ministros do STF é a teoria do domínio do fato. O instrumento foi utilizado para mostrar que Dirceu sabia – ou deveria saber – que membros do governo estavam comprando votos de parlamentares no Congresso. 
 
Da mesma maneira, Kátia Rabello foi condenada porque “deveria saber” que seu banco estava sendo usado para lavagem de dinheiro. A teoria do domínio do fato ainda não começou a ser utilizada em outros julgamentos. Mas especialistas acreditam que, junto com a nova lei anticorrupção, que entra em vigor em janeiro e penaliza empresas que pagam propina, e com a nova lei contra lavagem de dinheiro, já em vigor, a teoria do domínio do fato deve levar a um movimento de maior seriedade no trato dos recursos públicos. Afinal, não existe corrupto sem corruptor. E em vez de discutir se a empresa oferece dinheiro a integrantes do governo para ter vantagem ou é extorquida para não ficar fora do jogo, a melhor alternativa é punir os dois lados. E buscar um jogo mais limpo.