quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Chevron nega oficialmente atuar no leilão do pré-sal


Companhia se junta às britânicas BP e BG e à norte-americana Exxon Mobil, que também já descartaram atuar na disputa

Justin Sullivan/Getty Images
Posto da Chevron
Posto da Chevron:  companhia opera o campo de Frade e tem participações em diversos blocos de exploração no país

Rio - A petroleira norte-americana Chevron disse que não vai participar do leilão para o campo de Libra, no pré-sal brasileiro. A companhia se junta às britânicas BP e BG e à norte-americana Exxon Mobil, que também já descartaram atuar na disputa.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou nesta quinta-feira, 19, que 11 companhias pagaram a taxa de R$ 2,076 milhões para poder fazer ofertas no leilão, que está marcado para 21 de outubro.

Em comunicado, a Chevron disse que valoriza sua relação com o Brasil e vai continuar trabalhando para ajudar o País a desenvolver seu potencial petrolífero. A companhia opera o campo de Frade e tem participações em diversos blocos de exploração.

Francesa Total destaca valor alto do bônus para Libra


atribuiu ao novo contrato de partilha e ao elevado valor do bônus o afastamento de possíveis interessados na licitação

Wellington Bahnemann, do
Total E&P UK via Bloomberg
Plataforma de petróleo da Total no Mar do Norte
Plataforma de petróleo da Total no Mar do Norte: companhia é uma das 11 que pagou a taxa para a participação do leilão do campo de Libra

Rio - Uma das 11 empresas que pagou a taxa para a participação do leilão do campo de Libra, a petrolífera francesa Total atribuiu ao novo contrato de partilha e ao elevado valor do bônus o afastamento de possíveis interessados na licitação.

"O valor do bônus é um investimento alto. Os US$ 15 bilhões não são pouca coisa", disse o diretor de Assuntos Corporativo da Total E&P do Brasil, Ulisses Martins, durante evento organizado pela Global Pacific & Partners, nesta quinta-feira, 19.

No fim da tarde, a ANP divulgou a lista das empresas que pagaram a taxa para participar do leilão do campo de Libra, marcado para 21 de outubro.

Além da Total, planejam participar da licitação as chinesas CNOOC e CNPC, a japonesa Mitsui, a indiana ONGC Videsh, a portuguesa Petrogal, a hispano-chinesa Repsol/Sinopec, a malaia Petronas, a anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol e a Petrobras.

O número ficou abaixo do esperado pela diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, que trabalhava com a expectativa de que 40 empresas se habilitassem para a disputa, entre elas todos os operadores classe A e B.

Sobre o interesse da Total no campo de Libra, o executivo disse que o Brasil é visto como um País de "alto interesse" em seu plano estratégico e que uma oportunidade como essa merece ser estudada.

"A intenção da Total é ter uma participação mais ativa e uma presença mais forte no Brasil", justificou. O executivo ponderou que o pagamento da taxa de participação para disputar o leilão não significa que a companhia irá apresentar uma oferta na licitação.

O executivo preferiu não entrar em detalhes sobre a estratégia da companhia para a licitação e nem revelar se existem acordos fechados. "Toda a parte de estratégia e de estudos de viabilidade econômica são desenvolvidos pela matriz", disse.

Martins previu a formação de consórcios para disputa do leilão com vistas a diluir os riscos associados a um projeto tão desafiador como o campo de Libra, do pré-sal. Contudo, o executivo evitou projetar quantos consórcios poderiam ser formados para a disputa.

Companhias asiáticas dominam interesse no leilão do pré-sal


Licitação terá a japonesa Mitsui, a indiana ONGC, a malaia Petronas e as chinesas CNOOC e CNPC, que já pagaram a taxa à ANP

Rodrigo Viga Gaier, da
Rich Press/Bloomberg
Plataforma de petróleo da Petrobras
Plataforma de petróleo: leilão será o primeiro do pré-sal, valendo para a reserva de Libra

Rio de Janeiro - O leilão de Libra, maior reserva de petróleo descoberta no pré-sal brasileiro, deverá ser disputado por no máximo 11 empresas, em sua maioria asiáticas, informou a ANP nesta quinta-feira, frustrando a expectativa de que o leilão pudesse atrair muito mais interessados.

O número de empresas que pagaram a taxa de participação--primeiro passo para a habilitação no leilão -- ficou bem aquém do esperado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que chegou a falar em até 40 interessados. E a ausência de gigantes, como a norte-americana Exxon Mobil, também foi sentida.

A ANP estima que Libra tem reservas recuperáveis de 8 bilhões e 12 bilhões de barris, o que faria da área a maior do país em petróleo.

"O fato de que empresas com produção importante na área nem sequer se inscreverem para o leilão, me diz que nem todo mundo está convencido de que Libra tem todo esse potencial", disse o geólogo Wagner Freire, consultor da indústria do petróleo e ex-chefe de geofísica na Petrobras.

A primeira área do pré-sal que ser licitada, em leilão marcado para o dia 21 de outubro, será disputada pelas empresas asiáticas Mitsui, do Japão, a indiana ONGC, a malaia Petronas e as chinesas CNOOC e CNPC, informou a ANP no início da noite de quinta-feira, confirmando informação antecipada pela Reuters.

A Repsol Sinopec Brasil, companhia que tem 60 por cento de participação espanhola e 40 por cento da chinesa Sinopec, também deverá participar do leilão, conforme antecipou a Reuters na quarta-feira.

Também pagaram a taxa de participação a Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa Total e a Petrogal, a subsidiária brasileira da portuguesa Galp, que conta também com participação da chinesa Sinopec.

"A gente já estava prevendo a forte participação das asiáticas, o interesse deles já existia e foi confirmado agora. Eles têm uma situação de dependência de importação de petróleo muito grande, uma necessidade de acesso a novas áreas e reservas de grande porte", afirmou à Reuters uma fonte que acompanhou o processo de elaboração da licitação, sob condição de anonimato.

A fonte prevê que as empresas habilitadas irão formar três consórcios para disputar Libra. Após o pagamento da taxa, as petroleiras ainda passam por um processo de habilitação na ANP.

"Se as 11 empresas confirmarem participação (no leilão), necessariamente serão três consórcios, já que cada grupo pode ter no máximo cinco sócios", acrescentou uma fonte do governo, que também pediu anonimato.

O governo espera obter recursos bilionários com a reserva de Libra. Além do pagamento de royalties, o governo também conta no longo prazo com a parcela de petróleo destinada à União, o chamado "óleo lucro". No curto prazo, o governo deve arrecadar 15 bilhões de reais com bônus de assinatura do leilão, que deverá ser pago à vista pelo vencedor da licitação.

No início da semana, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, afirmou que Libra renderá ao país cerca de 900 bilhões de reais ao longo de 30 anos, considerando royalties e o "óleo lucro".
Grandes de Fora




Três gigantes do setor de petróleo, a norte-americana Exxon Mobil, a maior companhia listada do mundo, e as britânicas BP e BG estão fora do leilão, afirmou pela manhã a diretora-geral da ANP.

"Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse no Brasil", disse Magda Chambriard, após um evento da ANP no Rio.

Ao explicar a ausência dessas companhias, a fonte próxima da situação afirmou que, no caso de Exxon e BP, elas foram "muito agressivas na 11a rodada de licitação", realizada em maio no Brasil, além de já terem um portfólio grande espalhado pelo mundo.

A BG não entrou, segundo a fonte do governo, porque já estaria muito alavancada no pré-sal, enquanto a BP evitou participar porque ainda aguarda uma definição sobre eventual penalidade nos Estados Unidos, pelo vazamento de 2010 no Golfo do México.

A leitura, segundo essa fonte, é de que uma eventual punição mais pesada possa afetar a capacidade imediata de investimento. "Além disso, a BP investiu pesado na 11ª rodada", disse o interlocutor.

Fora do governo, a percepção é de que a ausência das grandes pode ter sido motivada pelo modelo de exploração do petróleo do pré-sal, que impõe a Petrobras como operadora única e com participação mínima de 30 por cento no consórcio vencedor.

"A ausência de Exxon e de outros também é um comentário sobre a Petrobras", disse Freire. 

"Estrategicamente, eu não acho que eles querem ter o trabalho de lidar com a Petrobras e o governo. Você pode obter bons ativos de petróleo em outro lugar sem isso." O número reduzido de participantes também surpreendeu o consultor e ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, atualmente da Costa Global Consultoria.

"É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não tem oportunidades no mundo em exploração de petróleo como áreas do pré-sal brasileiro", afirmou Costa.

"É uma coisa a ser pensada sobre o motivo de isso ter acontecido", disse ele, referindo-se ao número relativamente limitado de companhias.

A diretora-geral da ANP acredita que a "conjuntura" fez com que o número de participantes fosse menor que o esperado incialmente.

Apesar de uma participação menor que a esperada, a ANP ressaltou em nota que, entre as empresas que se inscreveram para o leilão, "sete estão entre as 11 com maior valor de mercado no mundo: China National Corporation (CNPC) (2a), Shell (3a), Ecopetrol (6a), Petrobras (7a), Total (8a), China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) (10a), Repsol/Sinopec (Sinopec - 11a)".

Brasileiro na Alemanha é alvo de partido xenófobo


Naturalizado alemão, o gaúcho e candidato ao parlamento do país, Fabrício do Canto, recebeu do partido NPD um “convite para deixar" a Alemanha. Razão: a origem estrangeira

Divulgação/Partido Pirata Alemão
O brasileiro Fabrício do Canto, candidato ao Parlamento alemão pelo Partido Pirata
Fabrício do Canto: o brasileiro é candidato a uma vaga no Parlamento alemão. Com ação xenófoba, ele agora teme atentado à sua família

São Paulo – Gaúcho e fã de chimarrão, Fabrício do Canto é candidato a ocupar uma das cadeiras do Parlamento da Alemanha. O brasileiro testará sua chance nas eleições previstas para este domingo com a confiança do seu partido, o Pirata. Mas embora seja naturalizado alemão há quase 10 anos, a origem estrangeira não é algo que passa despercebido para um grupo de adversários: nesta semana, ele recebeu uma carta do ultradireitista Partido Nacional Democrático (NPD) na qual é convidado a deixar o país.

O recado é dado por meio de um bilhete aéreo só de ida. O destino: “para casa”.
Por meio de sua página no Facebook, Fabrício agradeceu o apoio que recebeu nas redes sociais contra o que chamou de “estupidez da direita na Alemanha”. 

Em entrevista à rede alemã Deutsche Welle (DW), o brasileiro afirmou que prestou queixa na polícia por temer um atentado xenófobo.

"Agora, tenho que pensar duas vezes antes de sair para passear de bicicleta ou fazer um passeio com a família”, afirmou Fabrício, que é casado com uma indiana e tem três filhos.

Ação semelhante tem sido feita pelo NPD - sigla acusada de ser neonazista - com outros candidatos de origem estrangeira. 

Essa não é a primeira vez que a sigla causa polêmica na Alemanha por sua posição contra os imigrantes. O partido causou mal-estar no mês passado quando seus membros protestaram de maneira agressiva contra a criação de um abrigo para refugiados em Berlim. 


Quem é o brasileiro candidato


Uma das principais bandeiras de campanha Fabrício do Canto, que obteve a cidadania alemã em 2004, é justamente aumentar o direito de participação política e a liberdade dos imigrantes no país.

O brasileiro resolveu entrar para a política após abandonar o posto de gerente de marketing de uma multinacional e passar mais de dez anos viajando pelo mundo para realizar projetos voluntários. De acordo o site do Partido Pirata de Berlim, ele se filiou à legenda por acreditar na “diversidade” e “liberdade” defendidas pela sigla.

Criado em 2006 como fruto de um movimento que defendia a liberdade na internet, o Partido Pirata surpreendeu nas últimas eleições alemãs de 2011. Agora, tenta alcançar a barreira dos 5% dos votos necessários para conseguir montar uma bancada no Parlamento.

Assista ao vídeo em que Fabrício apresenta sua campanha (em alemão):

 http://www.youtube.com/watch?v=VW09lexk18s


Para Guardian, Dilma é a “dama de ferro” brasileira


Em perfil brincalhão publicado em seção de humor, jornal britânico diz que Dilma “esnobou” Obama e compara a aparência da presidente com a do ator Jack Black

REUTERS/Celso Junior
A presidente Dilma Rousseff
Dilma Rousseff: a presidente brasileira foi alvo de brincadeiras do jornal britânico The Guardian

São Paulo – A presidente Dilma Rousseff foi o mais recente alvo da seção “Passnotes” do jornal britânico The Guardian, que resume os fatos mais importantes do momento de maneira fácil e engraçada para o leitor. Logo de cara no perfil criado para a presidente, o jornal compara sua aparência com a do ator de comédia Jack Black.

O texto afirma que a presidente teve que passar por uma “transformação completa” - que incluiu tratamento dental pesado e cirurgia plástica - para que fosse considerada mais “elegível” quando se candidatou ao cargo.

Para além das brincadeiras, Dilma é apresentada como a segunda mulher mais poderosa do mundo. Segundo o jornal, ela é considerada a “dama de ferro” brasileira, devido a sua “determinação ferrenha”. O título é originalmente atribuído à ex-premiê britânica Margareth Thatcher.

Dilma ganhou a atenção do jornal após adiar a visita que faria a Washington, por causa das denúncias de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) americana a teria espionado diretamente. Segundo o Guardian, a presidente “esnobou” Barack Obama - o homem mais poderoso do mundo - e a atitude pode contribuir para que ela se torne "um pouco mais reelegível".

O Guardian também afirma que a espionagem sobre a Petrobras é um “grande problema” para a presidente, uma vez que ela tem uma atitude “protetora” com a estatal. Para o jornal, a Petrobras é “o gigante bebê multibilionário" de Dilma.

Mercados otimista por decisão do Fed de manter estímulos

Por AFP

NOVA YORK, 19 setembro 2013 (AFP) - Os mercados de ações reagiram, em sua maioria, positivamente, nesta quinta-feira, à decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA) de manter sua política monetária inalterada e o dólar, que caiu com força na quarta-feira, reduzia suas perdas.

Wall Street, que registrou recordes históricos na quarta-feira após a decisão do Fed ser anunciada, fechou de lado, com o Dow Jones em queda de 0,26% e o Nasdaq, com alta de 0,15%, em um dia de realização de lucros após a alta do dia anterior, disseram analistas.

As bolsas fecharam com altas modestas, apesar da euforia causada pela decisão do Fed.

Na bolda de Londres, o FTSE 100 ganhou 1,01%, o DAX de Frankfurt subiu 0,67%, o CAC 40, de Paris, 0,85% a 1,09% e o IBEX 35 da Bolsa de Madri teve alta de 1,01%.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou com alta de 1,8%, a de Hong Kong subiu 1,67% e a de Sidney 1,10%. Jacarta subiu 4,64%, Manila 3,08%, Bombai 2,73% e Bangcoc, 3,25%. Seul, Xangai e Taipei estavam fechadas devido a feriados.

A maior bolsa da América Latina, a de São Paulo, fechou em queda de 1,09%, após registrar forte alta de 2,64% na quarta-feira em reação ao Fed.

O Fed decidiu manter na quarta-feira as compras mensais de 85 bilhões de dólares em títulos do Tesouro e hipotecários, assim como sua taxa básica de juros próxima a zero, o que surpreendeu os investidores que esperavam o começo de uma mudança da política monetária.

"Esta decisão do Fed é uma surpresa para os investidores que se posicionaram e tinham internalizado que o presidente (Ben) Bernanke começaria a reduzir" a injeção de liquidez em 5 a 10 bilhões de dólares, comentou um investidor da Spreadex Alex Conroy.

Emergentes respiram aliviados

Na Ásia, assim como no Brasil, as economias emergentes respiravam aliviadas depois de ter assistido à fuga de capitais nos últimos meses, o que depreciou suas moedas.

"Ben Bernanke ameaçou retirar os estímulos, mas mudou de opinião (...) e nos disse que a festa continua", disse Kit Juckes, estrategista do banco Societe Generale.

"Os mercados emergentes são os que mais sofreram com essas ameaças e são os que mais subiram depois do adiamento da retirada dos estímulos", acrescentou.

"Está claro que 'adiar' não é o mesmo que 'retirar' e isso acontecerá em seu devido tempo, mas, no momento o alívio continua", comentou.

Os maciços estímulos que o Fed iniciou no ano passado têm sustentado o crescimento da economia dos Estados Unidos e as fortes altas das bolsas de todo o mundo.

Bernanke respondeu na quarta-feira às críticas das nações emergentes sobre esta política monetária ultraflexível.

A perspectiva de uma mudança provocou uma alta das taxas de longo prazo nos EUA, o que levou alguns investidores a retirar fundos de países emergentes, o que desvalorizou as moedas locais. Assim o Brasil, Índia ou Turquia viram suas moedas cair com força frente ao dólar.

"É certo que as mudanças nas taxas de juros a longo prazo nos EUA, mas também em outros países desenvolvimento, tem efeitos sobre os países emergentes", admitiu Bernanke.

Contudo, minimizou a responsabilidade do Fed ao afirmar que essas saídas de capitais também podiam estar ligadas as fracas perspectivas de crescimento nas economias emergentes ou a uma mudança de "preferências" dos investidores.

A decisão do Fed "poderia fazer com que a saída de capitais (dos países emergentes) cesse ou se inverta", disse a Barclays Capital em uma nota, citada pela agência Dow Jones.

O retorno dos capitais seria "particularmente bem-vindo nos mercados de divisas e as taxas nos países que tem fortes déficits nas contas correntes", como Índia e Indonésia, resume Barclays Capital.

bur-af/js/mr/mv

Baixos salários, o outro lado do pleno emprego alemão


Por AFP

BERLIM, 19 setembro 2013 (AFP) - "Nós nos transformamos em um país com baixos salários", lamenta Renata Stark, assistente social da associação Caritas, que vê passar por seu pequeno escritório em Berlim inúmeros trabalhadores pobres, excluídos do "milagre" econômico alemão.
 
Esta mulher de 55 anos cita inúmeros exemplos de assalariados que não conseguem viver com o que ganham, como um entregador de pizzas que recebe 6 euros por hora ou um jovem jornalista que ganha 740 euros por mês.
 
"Vejo isso diariamente. Comecei a trabalhar nesta profissão há 21 anos e as coisas não eram assim. A situação ficou muito grave nos últimos cinco ou seis anos. Isso é muito claro", explica.
 
Stark cita um homem que trabalha há quatro anos em uma empresa de Berlim de venda a distância e ganha 3,50 euros por hora, mas que continua trabalhando lá porque não encontra outro emprego melhor, apesar de ter se candidato a inúmeras vagas.
 
Assim como as cerca de mil pessoas por ano que visitam Stark, este homem vive graças à assistência social ou à ajuda alguma organização de caridade "quando chega uma fatura imprevista", por exemplo, explica ela.
 
Um terço das pessoas que procuram essas ajudas têm emprego, às vezes, em tempo integral, e são graduadas, critica Stark.
 
A chefe de governo alemã, Angela Merkel, que está em campanha eleitoral para as eleições de 22 de setembro, destaca que seu país tem um dos índices de desemprego mais baixos da Europa (6,8% da população ativa em outubro), mas há uma situação de precariedade sem precedentes para muitos assalariados.
 
Na primeira economia da União Europeia, mais de um de cada cinco assalariados (20,5%), ou seja, mais de 7 milhões de pessoas, ganhavam menos de 8,50 euros por hora em 2011 em um país onde não há um salário mínimo oficial, segundo o Instituto de Pesquisa sobre o Trabalho (IAQ) da Duisburg Essen.
 
Na França, o salário mínimo é de cerca de 9,50 euros por hora.
 
Junto com os baixos salários, os empregos precários se desenvolveram: contratos de duração determinada, trabalho integral ou em tempo parcial, contratos que não pagam contribuições sociais e que têm como remuneração máxima 450 euros mensais.
 
Cerca de 8 milhões de pessoas tinham empregos desse tipo em 2012, cerca do dobro de 20 anos atrás, segundo o instituto alemão de estatísticas Destatis.
 
"A Alemanha é o país da União Europeia em que a proporção dos salários baixos é maior, depois da Hungria e do Reino Unido", explicou à AFP, Andreas Kappeler, economista especializado na Alemanha para a OCDE, se baseando em um estudo relativo a 2010.
 
"Entre 1985 e 2008, a desigualdade entre as altas e baixas receitas se acentuou na Alemanha com maior rapidez do que na maioria dos países da OCDE", acrescentou.
 
As mulheres e as pessoas que vivem na parte oriental da Alemanha foram as mais afetadas por esta degradação, que se acentuou após as grandes reformas do chefe de governo social-democrata (SPD) Gerhard Schroeder, entre 2003 e 2005.
 
O candidato do SPD para as eleições de 22 de setembro, Peer Steinbruck, reconheceu as consequências desta política que permitiu à Alemanha reduzir o desemprego, que era de mais de cinco milhões de pessoas em 2005.
 
Atualmente, o país tem "o maior setor de baixos salários da Europa", declarou Steinbruck durante um debate. Ele prometeu que uma de suas primeiras medidas, se for eleito chanceler, será estabelecer uma remuneração mínima universal de 8,50 euros.
 
Merkel afirma que estimulará negociações entre empresários e sindicatos para que sejam fixados salários mínimos em determinados setores e denuncia "os salários, em alguns casos, inaceitáveis", mas se nega a fixar um salário mínimo generalizado.