Licitação terá a japonesa Mitsui, a indiana ONGC, a malaia Petronas e as chinesas CNOOC e CNPC, que já pagaram a taxa à ANP
Rio de Janeiro - O leilão de Libra, maior reserva de petróleo descoberta
no pré-sal brasileiro, deverá ser disputado por no máximo 11 empresas,
em sua maioria asiáticas, informou a ANP nesta quinta-feira, frustrando a
expectativa de que o leilão pudesse atrair muito mais interessados.
O número de empresas que pagaram a taxa de participação--primeiro passo
para a habilitação no leilão -- ficou bem aquém do esperado pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que
chegou a falar em até 40 interessados. E a ausência de gigantes, como a
norte-americana Exxon Mobil, também foi sentida.
A ANP estima que Libra tem reservas recuperáveis de 8 bilhões e 12
bilhões de barris, o que faria da área a maior do país em petróleo.
"O fato de que empresas com produção importante na área nem sequer se
inscreverem para o leilão, me diz que nem todo mundo está convencido de
que Libra tem todo esse potencial", disse o geólogo Wagner Freire,
consultor da indústria do petróleo e ex-chefe de geofísica na Petrobras.
A primeira área do pré-sal que ser licitada, em leilão marcado para o
dia 21 de outubro, será disputada pelas empresas asiáticas Mitsui, do
Japão, a indiana ONGC, a malaia Petronas e as chinesas CNOOC e CNPC,
informou a ANP no início da noite de quinta-feira, confirmando
informação antecipada pela Reuters.
A Repsol Sinopec Brasil, companhia que tem 60 por cento de participação
espanhola e 40 por cento da chinesa Sinopec, também deverá participar
do leilão, conforme antecipou a Reuters na quarta-feira.
Também pagaram a taxa de participação a Petrobras, a anglo-holandesa
Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa Total e a Petrogal, a
subsidiária brasileira da portuguesa Galp, que conta também com
participação da chinesa Sinopec.
A fonte prevê que as empresas habilitadas irão formar três consórcios para disputar Libra. Após o pagamento da taxa, as petroleiras ainda passam por um processo de habilitação na ANP.
"Se as 11 empresas confirmarem participação (no leilão), necessariamente serão três consórcios, já que cada grupo pode ter no máximo cinco sócios", acrescentou uma fonte do governo, que também pediu anonimato.
O governo espera obter recursos bilionários com a reserva de Libra. Além do pagamento de royalties, o governo também conta no longo prazo com a parcela de petróleo destinada à União, o chamado "óleo lucro". No curto prazo, o governo deve arrecadar 15 bilhões de reais com bônus de assinatura do leilão, que deverá ser pago à vista pelo vencedor da licitação.
No início da semana, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, afirmou que Libra renderá ao país cerca de 900 bilhões de reais ao longo de 30 anos, considerando royalties e o "óleo lucro".
Grandes de Fora
"Estrategicamente, eu não acho que eles querem
ter o trabalho de lidar com a Petrobras e o governo. Você pode obter
bons ativos de petróleo em outro lugar sem isso." O número reduzido de
participantes também surpreendeu o consultor e ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa, atualmente da Costa Global Consultoria.
"É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não tem oportunidades no mundo em exploração de petróleo como áreas do pré-sal brasileiro", afirmou Costa.
"É uma coisa a ser pensada sobre o motivo de isso ter acontecido", disse ele, referindo-se ao número relativamente limitado de companhias.
A diretora-geral da ANP acredita que a "conjuntura" fez com que o número de participantes fosse menor que o esperado incialmente.
Três gigantes do setor de petróleo, a norte-americana Exxon Mobil, a
maior companhia listada do mundo, e as britânicas BP e BG estão fora do
leilão, afirmou pela manhã a diretora-geral da ANP.
"Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que
não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas
de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse no Brasil", disse
Magda Chambriard, após um evento da ANP no Rio.
Ao explicar a ausência dessas companhias, a fonte próxima da situação
afirmou que, no caso de Exxon e BP, elas foram "muito agressivas na 11a
rodada de licitação", realizada em maio no Brasil, além de já terem um
portfólio grande espalhado pelo mundo.
A BG não entrou, segundo a fonte do governo, porque já estaria muito
alavancada no pré-sal, enquanto a BP evitou participar porque ainda
aguarda uma definição sobre eventual penalidade nos Estados Unidos, pelo
vazamento de 2010 no Golfo do México.
A leitura, segundo essa fonte, é de que uma eventual punição mais
pesada possa afetar a capacidade imediata de investimento. "Além disso, a
BP investiu pesado na 11ª rodada", disse o interlocutor.
Fora do governo, a percepção é de que a ausência das grandes pode ter
sido motivada pelo modelo de exploração do petróleo do pré-sal, que
impõe a Petrobras como operadora única e com participação mínima de 30
por cento no consórcio vencedor.
"A ausência de Exxon e de outros também é um comentário sobre a
Petrobras", disse Freire.
"É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não tem oportunidades no mundo em exploração de petróleo como áreas do pré-sal brasileiro", afirmou Costa.
"É uma coisa a ser pensada sobre o motivo de isso ter acontecido", disse ele, referindo-se ao número relativamente limitado de companhias.
A diretora-geral da ANP acredita que a "conjuntura" fez com que o número de participantes fosse menor que o esperado incialmente.
Apesar de uma participação menor que a esperada, a ANP ressaltou em
nota que, entre as empresas que se inscreveram para o leilão, "sete
estão entre as 11 com maior valor de mercado no mundo: China National
Corporation (CNPC) (2a), Shell (3a), Ecopetrol (6a), Petrobras (7a),
Total (8a), China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) (10a),
Repsol/Sinopec (Sinopec - 11a)".
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