Naturalizado alemão, o gaúcho e candidato ao parlamento do país, Fabrício do Canto, recebeu do partido NPD um “convite para deixar" a Alemanha. Razão: a origem estrangeira
São Paulo – Gaúcho e fã de chimarrão, Fabrício do Canto é candidato a ocupar uma das cadeiras do Parlamento da Alemanha. O brasileiro testará sua chance nas eleições previstas
para este domingo com a confiança do seu partido, o Pirata. Mas embora
seja naturalizado alemão há quase 10 anos, a origem estrangeira não é
algo que passa despercebido para um grupo de adversários: nesta semana,
ele recebeu uma carta do ultradireitista Partido Nacional Democrático
(NPD) na qual é convidado a deixar o país.
O recado é dado por meio de um bilhete aéreo só de ida. O destino: “para casa”.
Por meio de sua página no Facebook, Fabrício agradeceu o apoio que recebeu nas redes sociais contra o que chamou de “estupidez da direita na Alemanha”.
Em entrevista à rede alemã Deutsche Welle (DW), o brasileiro afirmou que prestou queixa na polícia por temer um atentado xenófobo.
"Agora, tenho que pensar duas vezes antes de sair para passear de
bicicleta ou fazer um passeio com a família”, afirmou Fabrício, que é
casado com uma indiana e tem três filhos.
Ação semelhante tem sido feita pelo NPD - sigla acusada de ser neonazista - com outros candidatos de origem estrangeira.
Essa não é a primeira vez que a sigla causa polêmica na Alemanha por
sua posição contra os imigrantes. O partido causou mal-estar no mês
passado quando seus membros protestaram de maneira agressiva contra a
criação de um abrigo para refugiados em Berlim.
Quem é o brasileiro candidato
Uma das principais bandeiras de campanha Fabrício do Canto, que obteve a
cidadania alemã em 2004, é justamente aumentar o direito de
participação política e a liberdade dos imigrantes no país.
O brasileiro resolveu entrar para a política após abandonar o posto de
gerente de marketing de uma multinacional e passar mais de dez anos
viajando pelo mundo para realizar projetos voluntários. De acordo o site do Partido Pirata de Berlim, ele se filiou à legenda por acreditar na “diversidade” e “liberdade” defendidas pela sigla.
Criado em 2006 como fruto de um movimento que defendia a liberdade na
internet, o Partido Pirata surpreendeu nas últimas eleições alemãs de
2011. Agora, tenta alcançar a barreira dos 5% dos votos necessários para
conseguir montar uma bancada no Parlamento.
Assista ao vídeo em que Fabrício apresenta sua campanha (em alemão):
http://www.youtube.com/watch?v=VW09lexk18s
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