sábado, 5 de outubro de 2013

Equador autoriza exploração de petróleo em reserva natural da Amazônia

O Congresso do Equador autorizou na quinta-feira perfurações para explorar petróleo no parque nacional de Yasuní, na Amazônia. A reserva natural possui uma das maiores biodiversidades do planeta e abriga a maior reserva de petróleo do país.

A decisão não surpreende – em agosto passado, o presidente Rafael Correa havia dado como fracassada uma iniciativa lançada em 2007 e que buscava o aporte financeiro de nações ricas para evitar a exploração. Em troca o Equador receberia 3,6 bilhões de dólares, o equivalente à metade dos lucros calculados com a venda do petróleo. O país, que queria financiar projetos sociais e de infraestrutura com o dinheiro, conseguiu apenas uma pequena parte do montante.

Desde o fracasso da iniciativa, o presidente equatoriano vem minimizando o impacto ambiental das perfurações, declarando que elas afetarão apenas um centésimo do total da bacia de Yasuní. O parque tem uma superfície de 10 mil quilômetros quadrados. Correa também disse ter condicionado a exploração ao cumprimento de padrões que minimizem o impacto ambiental e aos povos ancestrais que vivem na região. (Fonte: Terra)

Especialista aponta sustentabilidade como solução para capitalismo

Para o agricultor Lucivaldo Piedade da Conceição, da comunidade de Camtauá, a 15 quilômetros de Santo Antônio do Tauá, nordeste do Pará, a árvore do muru muru era um incômodo: o vegetal disputava a terra com os açaizeiros, e por isso era cortado para liberar espaço. Tudo mudou há 3 anos, quando ele e outros pequenos produtores firmaram uma cooperativa com uma indústria de cosméticos, que compra as amêndoas do muru muru para usar como matéria-prima.

“A renda de cada um melhorou muito. Antes era só mandioca, hoje a produção tá bem ampliada”, comemora Conceição. Só em 2012, a cooperativa conseguiu entregar 30 toneladas de amêndoas para o cliente, que forneceu treinamento para a mão de obra local. “Nós temos programas de boas práticas de cultivo. Há esta preocupação para termos volume, qualidade e respeito da biodiversidade e capacidade da floresta”, revela Mauro Costa, diretor de ecorrelações da multinacional.

Segundo o consultor Ricardo Voltolini, que participa de um evento de sustentabilidade em Belém nesta sexta-feira (4), o interesse das empresas brasileiras pela economia verde aumenta desde 1998, quando foi criado o Instituto Ethos, uma organização social que incentiva as práticas sustentáveis para a preservação dos seus negócios. “As empresas compreendem que precisam aprender a lidar com um quadro de escassez e mudanças climáticas”, disse o consultor.

Além disso, Voltolini ressalta que os consumidores preferem escolher produtos que não agridam a natureza. “Cada vez mais os consumidores estão atentos e críticos aos impactos que a empresa produz, seja social ou ambientalmente. Empresas que geram impacto são questionadas pelos consumidores”, avalia.

Para Ricardo, o governo deveria viabilizar benefícios para empresas ambientalmente responsáveis, como uma forma de incentivar a economia verde. “Deveríamos pensar no conceito de impostos verdes, pensando em uma tributação diferente para empresas que usem matrizes energéticas, diminuindo a tributação para aumentar a competitividade”, pondera.

“A sustentabilidade é uma forma de rever os defeitos do capitalismo. Quando eu vejo o que se faz no Brasil, percebo que estamos muito atrasados”, conclui Voltolini. (Fonte: G1)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CVM investiga BNDES e fundos por interferência na Petrobras


Órgãos estatais teriam privilegiados interesses do governo em escolha de administradores da companhia

Divulgação/BNDES
Sede do BNDES em Brasília

BNDES: banco estatal tem até o próximo dia 28 para se defender de acusações

São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seu braço de participações BNDESPar e os fundos de pensão estatais Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa) e Petros (Petrobras) estão sendo processados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Eles são acusados de irregularidades na escolha de administradores e conselheiros da Petrobras em 2011 e 2012. Os acusados têm até o próximo dia 28 para se defenderem.

Segundo o Estadão, a reclamação que motivou o processo vem dos sócios minoritários da empresa. De acordo com os acionistas, os fundos e o banco estatal votavam de acordo com os interesses do governo e não segundo o que seria melhor para a companhia.

Entre as ocasiões em que isso teria acontecido, estaria a assembleia de 19 de março de 2012, na qual os empresários José Silva (filho do ex-vice-presidente José Alencar) e Jorge Gerdau (dono do grupo Gerdau) foram eleitos para o conselho da companhia contra a vontade dos acionistas minoritários.

Caso a interferência seja confirmada, estaria configurado abuso de poder por parte dos órgãos do governo. Entrevistada pelo Estadão, a presidente da Petrobrás Graça Foster negou a ocorrência do delito.

Brasil leva surra dos EUA em produtividade: como melhorar?


O trabalhador brasileiro em média gera um quinto da riqueza gerada pelo americano. Para se tornar uma nação rica, o Brasil precisa aprender a produzir com mais eficiência

A disputa já começou


O embate entre empresas rivais nunca foi tão grande quanto nesta edição da Copa do Mundo — e a experiência mostra que nem sempre é óbvio definir de largada quem serão as vencedoras

Michael Regan/Getty Images
Jogo da Copa em julho
Jogo da Copa em julho: quatro empresas fecharam contrato com a seleção neste ano

São Paulo - Nove meses antes que as 32 seleções cheguem ao Brasil para a Copa do Mundo de 2014, a disputa já começou no campo dos patrocínios ligados ao evento. O número de concorrentes diretos entre patrocinadores da Fifa e da seleção local será recorde em comparação com outras edições recentes da competição.

Num universo de 20 patrocinadores da Fifa e 13 da Confederação Brasileira de Futebol, até agora há nove embates nos mesmos setores. Na Alemanha, em 2006, foram cinco. Na África do Sul, onde o futebol não está entre os esportes mais populares, foram apenas dois. Quatro desses duelos começaram neste ano. Um dos casos é o da Sadia, da fabricante de alimentos BRF, que fechou um contrato com a seleção em junho.

A marca entrou no lugar da concorrente Seara, que manteve o acordo com a Fifa. O acerto foi tão rápido que nos treinos para a Copa das Confederações, em julho, o time foi a campo com uma tarja branca na camisa para cobrir a marca Seara. “A corrida se justifica: nenhum evento esportivo reúne tanta atenção no Brasil”, diz Fernando Trevisan, diretor da consultoria Trevisan Gestão do Esporte.

Os patrocinadores da Fifa pagam cerca de sete vezes mais do que os da seleção. As edições anteriores mostram, porém, que nem sempre há uma relação automática entre o valor investido e o reconhecimento do público. Um exemplo clássico disso aconteceu na Copa do Mundo de 2010, em Johannesburgo.

Na ocasião, uma tática da fabricante de artigos esportivos Nike, patrocinadora das seleções do Brasil, da Holanda e de Portugal, fez com que a marca superasse a visibilidade da concorrente Adidas, patrocinadora da Fifa.

Sem direito a estampar a marca dentro das arenas, a companhia instalou um painel de 44 metros no quarto prédio mais alto da capital da África do Sul com imagens de jogadores como Cristiano Ronaldo e Neymar — que podia ser visto de boa parte do centro da cidade. De acordo com a empresa de pesquisa Nielsen, a Nike foi mencionada em 30% dos comentários nas redes sociais. A Adidas, em apenas 14%. 

Fazer valer cada centavo investido exige uma dose de engenhosidade para fugir do óbvio. A seguradora Liberty, patrocinadora da Fifa desde 2011, tentou encontrar novos caminhos para chamar a atenção neste ano. Em três jogos da Copa das Confederações, em julho, colocou 12 carros elétricos com seu logotipo estampado para levar 7 000 espectadores das redondezas até a entrada do estádio.

No ano que vem, pretende multiplicar a experiência em todas as cidades-sede da Copa. “Desde que fechamos o contrato, em 2011, triplicamos nosso reconhecimento da marca no país”, afirma Adriana Gomes, diretora de marketing da Liberty. O contra-ataque da concorrência veio em junho deste ano, quando a Unimed Seguros comprou a cota de patrocínio da seleção.

Camex recria grupo que definirá retaliação aos EUA em caso de algodão


Por Lucas Marchesini e Tarso Veloso | Valor
 

BRASÍLIA  -  A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a recriação do grupo de trabalho que vai recalcular o valor e definir produtos para eventual retaliação do Brasil aos Estados Unidos, conforme antecipou o Valor. O motivo da iniciativa foi a suspensão, pelos americanos, do pagamento da compensação mensal aos produtores brasileiros de algodão. O grupo deve entregar os resultados até o dia 30 de novembro, conforme o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

A disputa começou devido à suspensão da compensação mensal que Washington se comprometeu a pagar aos produtores brasileiros de algodão, depois de perder disputa com o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os subsídios concedidos aos cotonicultores americanos.

A criação do grupo de trabalho é considerada pelo governo como uma forma de mostrar que o Brasil pode levar adiante a disputa e ganhar tempo enquanto a "Farm Bill" — uma nova legislação agrícola — é discutida nos Estados Unidos. O ministro da Agricultura confirmou que o Brasil vai aguardar um desfecho. “Nem mesmo se eles quisessem pagar teriam dinheiro para pagar", disse Andrade na saída da reunião da Camex.

Ao mesmo tempo, grandes empresas americanas estão alertando os membros do Congresso que a decisão do governo de Barack Obama pode levar à perda de exportações e de empregos pelo risco de retaliação brasileira.

Uma coalizão de grandes empresas americanas enviou carta a todos os membros do Congresso dos EUA alertando que uma retaliação por parte do Brasil no caso do algodão poderá custar mais de US$ 2 bilhões em exportações e perda de 14 mil empregos americanos.

O "Brazil Trade Action Coalition", conhecido pela sigla Braztac, inclui empresas que defendem uma solução definitiva para a disputa do algodão e não querem pagar o custo de retaliação por causa de subsídios aos cotonicultores. Entre elas, estão Boeing, Alcoa, Bank of America, Visa, Cargill, Caterpillar, Lilly, FedEx, IBM e Oracle.

Na carta, datada de 23 de setembro, quando os americanos já tinham reduzido em 60% a compensação acertada com o Brasil, a coalizão insiste que é hora de o Congresso aprovar uma nova lei agrícola, a "Farm Bill", que deveria incluir medidas específicas para atender às queixas do Brasil sobre subsídios.

A Braztac apoiou o acordo entre EUA e Brasil, pelo qual os americanos pagavam compensação anual de US$ 147 milhões aos cotonicultores brasileiros. A entidade estima que isso evitou US$ 2,5 bilhões em retaliações brasileiras contra produtos americanos e direitos de propriedade intelectual, durante os últimos três anos.

(Lucas Marchesini e Tarso Veloso | Valor)

FMI e Tesouro dos EUA alertam contra calote "catastrófico"


Por Sergio Lamucci | De Washington
 
Andrew Harrer/Bloomberg / Andrew Harrer/BloombergChristine Lagarde, diretora-gerente do FMI: a economia global está passando por uma transição "em escala épica"
 
 
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Tesouro americano alertaram ontem para os graves riscos que os EUA e o mundo terão de encarar se o Congresso não aumentar o teto da dívida americana. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que a interrupção parcial das atividades do governo "já é ruim o suficiente", mas que um fracasso em elevar o nível do endividamento "seria muito pior", podendo afetar seriamente não apenas a economia dos EUA, mas toda a economia global. Evitar esse desfecho, segundo ela, é uma missão urgente. Em estudo divulgado ontem, o Tesouro diz que um eventual calote dos EUA pode provocar uma crise financeira que "ecoaria" os eventos de 2008, quando o Lehman Brothers quebrou, ou até algo pior.

Num tom dramático, o documento do governo dos EUA lembra que o país nunca deu um calote em suas obrigações, e que o dólar e os títulos do Tesouro estão no centro do sistema financeiro internacional. "Um calote seria inédito e tem o potencial para ser catastrófico: os mercados de crédito poderiam ficar congelados, o valor do dólar poderia mergulhar, os juros poderiam disparar e impactos negativos poderiam reverberar pelo mundo", afirma o relatório, que coloca mais pressão sobre a oposição republicana na Câmara dos Deputados, cuja intransigência levou à suspensão parcial de alguns serviços públicos a partir da terça-feira, o chamado "shutdown".

O Tesouro americano diz que a mera discussão política que crie a perspectiva de um calote pode ser perturbadora para os mercados financeiros e as famílias e empresas americanas. Como exemplo, cita o impasse em torno da dívida ocorrido em 2011, "quando a confiança de consumidores e empresários caiu com força, os mercados financeiros tiveram momentos de estresse e o crescimento do emprego se desacelerou". Naquele momento, a dívida americana foi rebaixada pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), o mercado de ações despencou, medidas de volatilidade deram um salto e spreads de risco de crédito tiveram grande aumento. "Esses efeitos nos mercados financeiros continuaram por meses", afirma o Tesouro, destacando que as dúvidas sobre se os EUA pagariam ou não as suas obrigações afetaram o crescimento da economia.

Uma questão adicional a ser considerada no atual cenário, segundo o Tesouro, é que algumas atividades do governo estão paradas. Se o "shutdown" se prolongar, a economia pode se enfraquecer, tornando a situação ainda mais adversa aos efeitos do impasse sobre o teto da dívida do que antes da suspensão de alguns serviços públicos, diz o relatório.

Em discurso na Universidade George Washington, Lagarde disse que os EUA são a economia avançada em que há sinais mais claros de recuperação. "Famílias estão em melhor forma, o setor imobiliário parece melhor e o motor do setor privado está ganhando força outra vez", afirmou Lagarde, notando, contudo, que o crescimento neste ano ainda vai ser "muito baixo", inferior a 2%, justamente devido ao ajuste fiscal exagerado. Para ela, "isso deve ser aliviado em 2014, quando o crescimento deve ser 1 ponto percentual maior." Na semana que vem, o FMI atualizará as suas estimativas para a economia global. Em julho, o FMI projetava expansão para os EUA de 1,7% neste ano e de 2,7% no ano que vem.

Lagarde disse que, na questão fiscal, os Estados Unidos precisam ao mesmo tempo "desacelerar e se apressar", o que significa menos ajuste fiscal hoje, para não afetar a recuperação, e mais amanhã, para enfrentar aumentos de despesas que ocorrerão no longo prazo. "No meio desse desafio fiscal, a atual incerteza política sobre o Orçamento e o teto da dívida não ajuda", afirmou Lagarde. Ela disse ver sinais de esperança nas economias avançadas, embora o panorama global continue contido. Além dos sinais de retomada nos EUA, a zona do euro deixou para trás seis trimestres seguidos de recessão e as políticas de estímulo à economia no Japão parecem estar funcionando, ressaltou. Segundo Lagarde, porém, a zona do euro e o Japão precisam persistir em reformas estruturais, para melhorar as perspectivas de crescimento.