Para o agricultor Lucivaldo Piedade da Conceição, da comunidade de
Camtauá, a 15 quilômetros de Santo Antônio do Tauá, nordeste do Pará, a
árvore do muru muru era um incômodo: o vegetal disputava a terra com os
açaizeiros, e por isso era cortado para liberar espaço. Tudo mudou há 3
anos, quando ele e outros pequenos produtores firmaram uma cooperativa
com uma indústria de cosméticos, que compra as amêndoas do muru muru
para usar como matéria-prima.
“A renda de cada um melhorou muito. Antes era só mandioca, hoje a
produção tá bem ampliada”, comemora Conceição. Só em 2012, a cooperativa
conseguiu entregar 30 toneladas de amêndoas para o cliente, que
forneceu treinamento para a mão de obra local. “Nós temos programas de
boas práticas de cultivo. Há esta preocupação para termos volume,
qualidade e respeito da biodiversidade e capacidade da floresta”, revela
Mauro Costa, diretor de ecorrelações da multinacional.
Segundo o consultor Ricardo Voltolini, que participa de um evento de
sustentabilidade em Belém nesta sexta-feira (4), o interesse das
empresas brasileiras pela economia verde aumenta desde 1998, quando foi
criado o Instituto Ethos, uma organização social que incentiva as
práticas sustentáveis para a preservação dos seus negócios. “As empresas
compreendem que precisam aprender a lidar com um quadro de escassez e
mudanças climáticas”, disse o consultor.
Além disso, Voltolini ressalta que os consumidores preferem escolher
produtos que não agridam a natureza. “Cada vez mais os consumidores
estão atentos e críticos aos impactos que a empresa produz, seja social
ou ambientalmente. Empresas que geram impacto são questionadas pelos
consumidores”, avalia.
Para Ricardo, o governo deveria viabilizar benefícios para empresas
ambientalmente responsáveis, como uma forma de incentivar a economia
verde. “Deveríamos pensar no conceito de impostos verdes, pensando em
uma tributação diferente para empresas que usem matrizes energéticas,
diminuindo a tributação para aumentar a competitividade”, pondera.
“A sustentabilidade é uma forma de rever os defeitos do capitalismo.
Quando eu vejo o que se faz no Brasil, percebo que estamos muito
atrasados”, conclui Voltolini. (Fonte: G1)
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