Rogério Calderón, RI do Itaú, acredita que instituições privadas vão voltar a conceder crédito
Por Natália FLACH
Os
bancos públicos que, nos últimos meses, foram líderes nos
financiamentos à infraestrutura e consumo das famílias devem voltar a
enfrentar concorrência dos bancos privados. É o que acredita Rogério
Calderón, diretor corporativo de controladoria e de relações com
investidores do Itaú Unibanco. “Aos poucos, vemos crescimento da oferta
de crédito. É possível reduzir a diferença com o tempo”, disse durante
teleconferência na manhã desta terça-feira 29. Enquanto isso não
acontece, o banco está contente com os resultados da estratégia de
trocar riscos maiores por garantias maiores na carteira de crédito. Essa
mudança permitiu que houvesse melhora no índice de inadimplência do
banco, levando o indicador que mede os atrasos acima de 90 dias atingir o
menor patamar dos últimos cinco anos.
“Os
números que apresentamos hoje confirmam que acertamos em trocar riscos
maiores por riscos menores, mesmo que isso implique em menores spreads”,
afirmou. “Isso porque elevamos a receita com prestação de serviços e
mantivemos controle dos custos.”
Na
ponta do lápis, isso significa que a queda de 7,6% na margem financeira
gerencial foi compensada pela alta de 28,9% nas receitas de prestação de
serviços e de tarifas bancárias, além da redução de 25,9% das despesas
de provisão para crédito de liquidação duvidosa. O resultado dessa conta
é o lucro de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre, o que representa uma
alta de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro
acumulado de janeiro a setembro atingiu R$ 11,2 bilhões.
“A
nossa carteira de crédito continua menor, mas está adequada à nova
estratégia.” Está menor, mas voltou a crescer. No terceiro trimestre,
houve avanço de 2,9%, enquanto no ano aumentou 9,9%, atingindo R$ 481
bilhões. “Devemos retomar os empréstimos para micro, pequenas e médias
empresas antes do segmento de veículos, que deve acontecer no segundo
semestre do ano que vem”, comenta. “Mesmo assim, a melhoria das
provisões deve continuar durante muito tempo porque vamos continuar
crescendo em segmentos que tem riscos menores.” O executivo se refere a
crédito consignado, cujo aumento foi de 64,0%, e a crédito imobiliário a
pessoas físicas, que alcançou aumento de 34,9% no mesmo período. Já o
segmento de grandes empresas teve avanço de 16,9%.
Sobre
inadimplência, Calderón afirma que há chances de atingir patamares ainda
mais baixos. “Ainda vemos condições de melhoria de inadimplência, e
isso pode se estender até o ano que vem.”
Despesas
Apenas a
linha das despesas não decorrentes de juros não deve cumprir as metas
estabelecidas para 2013. O guidance era de algo entre 4% e 6% e, no
acumulado do ano, já passou do teto ao atingir 6,4%. A explicação é a
Rede, empresa de adquirência que foi integralmente incorporada em
setembro de 2012. “Talvez fique em torno de 6% e pouco”, afirma
Calderón.
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