terça-feira, 29 de outubro de 2013

Distância entre bancos privados e públicos deve diminuir

Rogério Calderón, RI do Itaú, acredita que instituições privadas vão voltar a conceder crédito

Por Natália FLACH

Os bancos públicos que, nos últimos meses, foram líderes nos financiamentos à infraestrutura e consumo das famílias devem voltar a enfrentar concorrência dos bancos privados. É o que acredita Rogério Calderón, diretor corporativo de controladoria e de relações com investidores do Itaú Unibanco. “Aos poucos, vemos crescimento da oferta de crédito. É possível reduzir a diferença com o tempo”, disse durante teleconferência na manhã desta terça-feira 29. Enquanto isso não acontece, o banco está contente com os resultados da estratégia de trocar riscos maiores por garantias maiores na carteira de crédito. Essa mudança permitiu que houvesse melhora no índice de inadimplência do banco, levando o indicador que mede os atrasos acima de 90 dias atingir o menor patamar dos últimos cinco anos.

“Os números que apresentamos hoje confirmam que acertamos em trocar riscos maiores por riscos menores, mesmo que isso implique em menores spreads”, afirmou. “Isso porque elevamos a receita com prestação de serviços e mantivemos controle dos custos.”

Na ponta do lápis, isso significa que a queda de 7,6% na margem financeira gerencial foi compensada pela alta de 28,9% nas receitas de prestação de serviços e de tarifas bancárias, além da redução de 25,9% das despesas de provisão para crédito de liquidação duvidosa. O resultado dessa conta é o lucro de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre, o que representa uma alta de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro acumulado de janeiro a setembro atingiu R$ 11,2 bilhões.

“A nossa carteira de crédito continua menor, mas está adequada à nova estratégia.” Está menor, mas voltou a crescer. No terceiro trimestre, houve avanço de 2,9%, enquanto no ano aumentou 9,9%, atingindo R$ 481 bilhões. “Devemos retomar os empréstimos para micro, pequenas e médias empresas antes do segmento de veículos, que deve acontecer no segundo semestre do ano que vem”, comenta. “Mesmo assim, a melhoria das provisões deve continuar durante muito tempo porque vamos continuar crescendo em segmentos que tem riscos menores.” O executivo se refere a crédito consignado, cujo aumento foi de 64,0%, e a crédito imobiliário a pessoas físicas, que alcançou aumento de 34,9% no mesmo período. Já o segmento de grandes empresas teve avanço de 16,9%.

Sobre inadimplência, Calderón afirma que há chances de atingir patamares ainda mais baixos. “Ainda vemos condições de melhoria de inadimplência, e isso pode se estender até o ano que vem.”


Despesas


Apenas a linha das despesas não decorrentes de juros não deve cumprir as metas estabelecidas para 2013. O guidance era de algo entre 4% e 6% e, no acumulado do ano, já passou do teto ao atingir 6,4%. A explicação é a Rede, empresa de adquirência que foi integralmente incorporada em setembro de 2012. “Talvez fique em torno de 6% e pouco”, afirma Calderón.

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