Embora o 14º Congresso Internacional de Governança Corporativa,
realizado recentemente em São Paulo, tenha apontado que a transparência
é o fator chave para a boa governança dos negócios e do país, o Brasil
está distante dos melhores resultados no ranking e transparência
corporativa elaborado pela organização não governamental Transparência
Internacional.
O Brasil, que teve 13 empresas avaliadas, obteve o segundo pior
desempenho entre os países dos Brics (grupo que ainda reúne Rússia,
Índia, China e África do Sul). A pesquisa Transparência na Relação Corporativa: Avaliando Multinacionais de Mercados Emergentes analisou 100 grandes empresas de 16 países emergentes, sendo que 75% delas estão localizadas nos Brics, informou a BBC Brasil.
A analise foi feita com base nos critérios de adoção de programas
anticorrupção (de combate ao pagamento de propinas até proteção a
delatores), transparência organizacional e informações divulgadas ao
país onde estão baseadas (de lucros a pagamentos de impostos).
O relatório calculou uma média da
pontuação das empresas por país, mas fez esse cálculo apenas para os
países dos Brics. Companhias indianas atingiram a melhor pontuação geral
(5,4) em uma escala de 0 a 10, em que zero indica menos transparência.
Em seguida vêm a África do Sul (5,1), a Rússia (4,3), o Brasil (3,4) e,
por último, a China (2).
Transparência burlada
Quando a ONG avaliou o acesso das informações financeiras das
empresas às autoridades dos países onde estão baseadas, metade das
companhias brasileiras obteve nota zero. No geral, o país atingiu a
marca dos 30% (em que 100% significa transparência organizacional
ideal).
Mas a má pontuação não significa que as empresas avaliadas sejam
corruptas, e sim que não se importam o suficiente com as práticas de
combate à corrupção e deixam brechas abertas para más condutas.
O que fazer para melhorar o quadro?
Melhorar o modelo de governança. Os principais desafios para o
desenvolvimento de uma boa governança são o funcionamento dos conselhos
de administração; instalação de gestão de risco e compliance
(conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e
regulamentares); desafios das políticas e práticas de integridade;
melhores práticas de relato integrado; valores que devem ser garantidos
por uma boa governança.
Para que esses sistemas sejam efetivos e funcionem de acordo com os
objetivos da empresa, existe uma questão central a ser enfrentada: o
correto e adequado tratamento das informações que a empresa vai por à
disposição dos órgãos reguladores e do conjunto dos públicos com os
quais se relaciona.
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