O que está prestes a
acontecer com o nosso Porto do Rio de Janeiro nada mais é do
que consequência da falta de interesse da sociedade com as
questões que envolvem o porto e o comercio exterior. Tivesse
a sociedade um mínimo conhecimento sobre a importância da
atividade portuária para uma cidade, estado e para o país,
jamais, um governante ousaria a prejudicar essa atividade,
porque prejudicaria diretamente suas ambições políticas.
As obras na cidade, sem discutir o mérito da importância, resultarão em milhões de votos e alimentarão planos e mais planos pelo poder. O Prefeito do Rio, super capitalizado por conta das olimpíadas, quer deixar um legado de melhorias na cidade e fazer do cais do porto do Rio um imenso complexo turístico. O prefeito e seus secretários sabem que o povo não conhece sobre o tema e se valem disso para cometer essa verdadeira barbárie contra o nosso porto do Rio de Janeiro e contra a própria sociedade. O entendimento dos nossos governantes é que, para o povo, o porto não importa. O Porto do Rio é economicamente viável, é importante para a cidade do Rio de Janeiro, para o estado do Rio de Janeiro e para outros estados da federação, como é o caso de Minas Gerais, que movimenta parte considerável de suas riquezas através dele. O porto do Rio é importante para o Brasil. Porém, não é politicamente viável. O fim do Porto do Rio, na realidade, não interferirá nas ambições políticas do Prefeito Eduardo Paes e de seus secretários. Sim, vivemos no país do politicamente viável. Qualquer decisão que se tome no Brasil tem como prioridade o impacto nas urnas. As mídias de massa, formadoras de opinião, também não valorizam o porto como deveriam, pois sabem que as questões portuárias não vendem jornais. Ainda que o fim anunciado do Porto do Rio venha prejudicar toda cadeia logística de importação de papel imprensa, ainda que isso venha prejudicá-las diretamente, as grandes mídias não estão interessadas no porto do Rio. Ora, o que não dá voto, não mexe com a sociedade, portanto, não vende, não é de interesse. Os próprios gestores dos terminais não se preocupam em propagar o porto, não se preocupam em popularizar o porto. Em 12/10/2013, por exemplo, foi publicada uma matéria em um jornal de grande circulação sobre o porto do Rio, ou seja, uma oportunidade excelente de levar a sociedade o risco iminente do fim do nosso porto. No entanto, eles preferiram destacar os investimentos, quando deveriam ter falado que o fim do portão 24, seja pelo fechamento propriamente dito, seja pela inviabilidade de acesso, é um fato que acarretará o fim do porto e tornará todos esses investimentos inúteis. Sim, perderam uma grande oportunidade. O porto precisa se aproximar e se comunicar com a sociedade. A sociedade precisa se sentir parte e viver um pouco do porto. A partir do momento em que a sociedade tiver acesso ao porto e conhecer melhor o que acontece ali, teremos plantado uma pequena semente de amor a essa atividade tão importante e tão fascinante. Não existe um homem, ou uma mulher que, ao conhecer o porto pela primeira vez, não se encante com os guindastes, as maquinas e com os navios. O Porto por si só é uma excelente ferramenta de comunicação com a sociedade, porém, muito mal utilizada pelos gestores dos terminais. O porto precisa se tornar politicamente viável também e, para tal, deve chegar até o coração da sociedade. A sociedade precisa entender que a vida dela está diretamente ligada ao porto. A sociedade precisa entender que muito do que ela tem em casa, muito dos produtos que ela consome, passam pelo porto. Vivemos um panorama terrível de total desconhecimento das atividades portuárias. A verdade é que, se a Prefeitura do Rio de Janeiro decidisse terminar com a área de lazer do Aterro do Flamengo, estaríamos diante um enorme escândalo e o Prefeito seria execrado pela sociedade e pela mídia. Se, a prefeitura decidisse terminar com o Centro de Tradições Nordestinas (“Feira dos Paraíbas”), no bairro de São Cristóvão, existiria mais preocupação da sociedade e das mídias de massa do que o fim anunciado do Porto do Rio de Janeiro. Em 15/10/2013 o Secretário de Transportes do Município do Rio de janeiro, Carlos Roberto Osório, realizou a palestra na reunião do Conselho Empresarial de Logística e Transporte da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Ele declarou que entre o Porto e a cidade, que ele preferiria a cidade. Vejam o ponto que chegamos! A prefeitura deixou claro para todos nós qual é a sua tática em relação ao nosso porto. Eles jogarão a sociedade contra o porto. Falarão que o porto é um estorvo, que não deveria estar ali, quando, na verdade, o porto do Rio poderia conviver em perfeita harmonia com a cidade, se fosse politicamente viável. Não basta o porto ser um dos maiores pontos de arrecadação de ICMS. Não basta o porto e seu entorno serem um dos maiores pontos de arrecadação de ISS. Para os que amam e dependem do porto do Rio: Precisamos organizar um imenso plano logístico, de forma que o amor ao porto chegue ao coração da sociedade e em tempo recorde. Por André de Seixas |
Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
domingo, 27 de outubro de 2013
O porto não dá voto
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