Claudio Galeazzi admite falha estratégica ocorrida no mercado do Oriente Médio
Por Luiz Gustavo PACETE
Com crescimento de 216% no lucro
do terceiro trimestre, para R$ 287 milhões, a BRF só teria motivos para
comemorar. Porém, apesar de positivo, o resultado não agradou executivos
da companhia e foi considerado decepcionante. Se internamente não há
espaço para comemoração, no mercado, a reação não poderia ser diferente.
O recado foi dado com a queda de 3,79% das ações da empresa na
segunda-feira 28. Em conversa com investidores, na manhã desta
terça-feira 29, Claudio Galeazzi, CEO da BRF, explicou alguns dos
motivos que não permitiram que a empresa atingisse lucros maiores no
período.
Claudio Galeazzi admite falha estratégica ocorrida no mercado do Oriente Médio
Entre as principais causas da
"frustração", palavra usada várias vezes na conferência, está a queda
dos preços no mercado do Oriente Médio, afetados por maiores estoques da
própria BRF e da concorrência. Segundo Galeazzi, ter permitido que os
preços baixassem fez com que a empresa não aproveitasse o câmbio
favorável. “Mesmo sendo líderes naquele mercado, ao invés de puxarmos
para cima, fizemos com que os valores cobrados caíssem, isso nos
prejudicou. Já é hora de exercer nosso papel de liderança e equalizar
isso.”
A atenção para aquele mercado faz
sentido, na medida em que a empresa vem apostando suas fichas na região.
Em outubro de 2012, a BRF pagou
US$ 36 milhões pela distribuidora Federal Foods, de Abu Dhabi, e no
primeiro trimestre de 2014, pretende finalizar sua fábrica nos Emirados
Árabes, com capacidade para 60 mil toneladas de produtos processados.
Segundo Galeazzi, a companhia não estava totalmente focada na região
cometendo alguns deslizes. “Estamos construindo essa fábrica de
processados há cinco anos e ninguém do RH nem das operações esteve lá,
era uma área isolada e isso não pode acontecer. Nossa grande meta é que
os profissionais da BRF estejam próximos daquela operação.”
Ações para 2014
Outro motivo que impediu melhores
resultados, de acordo com Galeazzi, foi o processo de reestruturação que
vive a empresa, mudando o foco de industrial para comercial. Em entrevista exclusiva
à DINHEIRO, logo após assumir a presidência da companhia, em agosto, o
executivo já sinalizava a mudança de perfil, tema em que ele voltou
várias vezes durante a conferência desta terça. "A produção que
empurrava as vendas antes, agora, nosso foco é inverter essa lógica,
fazendo com que a empresa seja puxada pela área comercial."
Empresa ainda não conseguiu consolidar uma estratégia de preços para as marcas Sadia e Perdigão
Para fortaleçar a área de marcas,
Galeazzi explicou que estão sendo tomadas algumas ações. A primeira diz
respeito à precificação, setor em que estão sendo reajustados canais e
categorias, sobretudo, para fortalecer a estratégia de trabalhar melhor
as marcas que chegam ao ponto de venda. A área comercial também passa
por consolidação. Se antes, vendedores da Sadia, Perdigão e Batavo
visitavam os mesmo clientes, agora, apenas um profissional fará esse
contato.
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