Por Débora Bergamasco e João Villaverde
Um ano antes das eleições presidenciais, a economia já subiu no
palanque e virou o terreno de disputa entre o governo Dilma Rousseff e a
oposição. Na busca por empresários e por apoio do mercado, cada
pré-candidato vem tentando de todas as formas convencer que os tempos de
crescimento econômico vão voltar em 2015.
No governo, os
sinais são de que a "era Dilma II" começará sem o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, e terá um aprofundamento da estratégia de redução das
taxas de juros e desvalorização cambial. Os tucanos, por outro lado,
defendem uma forte abertura comercial, o fim das desonerações
tributárias a setores específicos, como o atual governo vem fazendo, e o
retorno de uma visão mais liberal na economia.
Já o grupo
em torno de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva busca se chancelar como
alternativa de política econômica. Para isso, aponta para a recuperação
do "tripé macroeconômico clássico" (superávit primário, meta de inflação
e câmbio flutuante) e desenvolvimento sustentável.
Segundo
Campos afirmou ao Estado, as propostas econômicas serão devidamente
explicadas em um documento que será editado pelo PSB e por militantes da
Rede recém-filiados aos socialistas. "Há uma crise de expectativa em
relação ao atual governo", diagnosticou ele.
Além disso, o
grupo de Marina conta com economistas desenvolvimentistas, descontentes
com a gestão Dilma, como Paulo Sandroni, da FGV-SP, e liberais antes
ligados ao PSDB, como André Lara Resende (um dos formuladores do Plano
Real) e Eduardo Giannetti da Fonseca.
Um dos principais
conselheiros de Lula e também da presidente Dilma, o economista Luiz
Gonzaga Belluzzo avisa: "A questão realmente importante agora é saber
como será o cenário para os investimentos a partir de 2015. Os
empresários, que são os que contratam trabalhadores e investem em
tecnologia, produção e serviços, querem saber quem pode assegurar que
haverá terreno para se investir fortemente, e isso fará o crescimento
deslanchar."
Crescimento
Ao Estado, o
presidente nacional do PSDB, senador e virtual candidato Aécio Neves
(MG), afirmou que uma mudança na condução da economia, que faça o ritmo
de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) voltar para um patamar de
4% ou mais, só ocorrerá com a volta dos tucanos ao poder federal.
"Uma
vitória do PSDB sinaliza o encerramento de um ciclo de pouca capacidade
gerencial, de privilégios setoriais e de uma economia extremamente
fechada e ancorada nos bancos públicos; será a mudança para uma coisa
diferente, nova", disse Aécio, que esteve em Nova York para encontro com
investidores estrangeiros, há duas semanas, e voltou animado: "Todos
querem mudança", disse.
O candidato presidencial tucano da
última eleição, José Serra (SP), por sua vez, criticou os últimos
leilões realizados pelo governo Dilma, que fez das concessões de
empreendimentos e obras de infraestrutura ao setor privado sua principal
estratégia para recuperar o crescimento econômico.
"O
governo interfere ao máximo nas licitações que propõe", afirmou Serra,
segundo quem "não dá para interferir na taxa de retorno do empresário; o
que se deve fazer é fixar parâmetros e condições mínimas, e então
leiloar", disse.
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