Por Mariana Durão
A Infraero terá de explicar em audiência pública na Câmara dos
Deputados os cortes nos contratos de manutenção preventiva dos
aeroportos sob sua gestão. As medidas foram aprovadas pela diretoria
executiva para reduzir gastos de custeio frente à piora da situação
financeira da estatal, como revelou reportagem publicada pelo Estado na
semana passada (14).
A empresa projeta um prejuízo operacional
de R$ 391,1 milhões em 2013, ante lucro operacional de R$ 594,2 milhões
no ano passado. A audiência pública foi aprovada na terça-feira pela
Comissão de Turismo e Desporto, a pedido do líder do PPS na Câmara,
deputado Rubens Bueno. O objetivo será detalhar as medidas e debater
suas consequências para a operação.
"É inaceitável que,
para compensar os prejuízos causados por incompetência na gestão
financeira da empresa, sua direção tome medidas de contenção de despesas
nas áreas que afetam a segurança das pessoas e das operações
aeroportuárias, principalmente com a proximidade da realização da Copa
do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016", afirma o parlamentar na
justificativa do requerimento.
Aprovadas em agosto, as
medidas de contenção foram contestadas internamente por superintendentes
da área operacional da Infraero. Em memorando interno, eles criticaram a
eficácia das propostas e alertaram para riscos à segurança. "Sobretudo,
(as medidas) criam situação de alto risco para os gestores dos
processos operacionais que envolvem vidas humanas", diz o memorando.
Serão
convocados, entre outros, o presidente da Infraero, Gustavo Vale, o
diretor-financeiro da estatal, José Irenaldo de Ataíde, e o diretor de
operações, João Márcio Jordão. Também serão ouvidos os quatro
superintendentes que enviaram à diretoria operacional uma carta pedindo a
reconsideração das medidas: Álvaro Luiz Miranda Costa, superintendente
de Segurança Aeroportuária; Marçal Goulart, de Gestão Operacional; Will
Furtado, de Navegação Aérea; e Anderson Goddard, de Manutenção.
"Estamos
convocando a diretoria e aqueles que fizeram os alertas. São denúncias
graves que precisam ser esclarecidas", disse Bueno. A data da audiência
será definida na próxima semana. O presidente da Infraero propôs uma
discussão fechada, mas a Comissão optou por realizar o debate em
plenário.
De acordo com a Infraero, o desequilíbrio em
suas contas é reflexo da concessão dos aeroportos de Brasília (DF),
Viracopos (SP) e Guarulhos (SP) à iniciativa privada, em 2012. Os três
aeroportos respondiam por 38% da receita da estatal. Agora, a empresa
recebe apenas o proporcional à sua participação de 49% e deve arcar
proporcionalmente com os altos investimentos nas unidades concedidas.
Em
resposta ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a
Infraero havia informado que as medidas são definitivas. Segundo a
estatal, os dados financeiros indicam que enfrenta um crescimento
desproporcional de despesas versus receitas. De dezembro de 2012 a
agosto deste ano, o custo por unidade operada (Unidade Carga Trabalho,
medida por passageiro ou 100 quilos de carga) saltou 24%. Já a receita
por UCT cresceu apenas 0,5% no período, para R$ 22,30.
As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
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