SÃO PAULO - (Atualizada às 13h19)
Em meio a problemas enfrentados pelo governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), na área de transportes, a presidente Dilma Rousseff
anunciou nesta sexta-feira um pacote de R$ 5,4 bilhões para obras do
trem e metrô no Estado. Ao lado do governador tucano, Dilma afirmou que
seu governo está investindo R$ 140 bilhões em obras de mobilidade urbana
em todo o país e disse que o investimento em metrô "é absolutamente
essencial".
Leilão de Libra
O anúncio, feito na sede do governo paulista, deve servir de bandeira
para o PT exibir na campanha eleitoral de 2014, quando o partido irá
explorar o desgaste enfrentado por Alckmin com de denúncias de cartel em
licitações da CPTM e do metrô e entraves em linhas do sistema
metroferroviário.
"Investir em metrô é absolutamente essencial", disse Dilma. "Esses
investimentos fazem parte do processo de amadurecimento do país, de
abandonar o complexo de vira-lata. Esse complexo tem que ser superado no
caso dos transportes. É estratégico para o país, não só para São Paulo,
mas para todas regiões. É estratégico o investimento em mobilidade
urbana", afirmou a presidente.
Segundo Dilma e o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que também
participou da cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na capital
paulista, antes das manifestações populares que começaram em junho o
governo federal já havia definido o investimento de cerca de R$ 90
bilhões em mobilidade urbana, que depois foram acrescidos de mais R$ 50
bilhões.
Do pacote de R$ 5,4 bilhões para obras de mobilidade urbana em São
Paulo, R$ 4,06 bilhões são de financiamentos (R$ 1,5 bilhão via BNDES e
R$ 2,56 bilhões de fonte a ser definida) e R$ 1,34 bilhão de recursos do
Orçamento Geral da União (OGU), a título de fundo perdido.
Ao discursar ao lado do governador tucano, a presidente destacou que o
governo federal tirou recursos de seu próprio Orçamento para destinar a
investimentos em São Paulo e defendeu a manutenção dos financiamentos
para grandes obras de infraestrutura, apesar de críticas de governantes
que dizem que a medida aumenta gastos dos Estados e municípios. "Vamos
continuar financiando obras de mobilidade urbana", disse. "Sem esse tipo
de financiamento, que pode ser criticado, não sai obra de longo prazo,
nem obra que exige esses recursos".
Dilma afirmou que no passado o país tinha dificuldade para investir
na área de mobilidade e disse que havia controle do Fundo Monetário
Internacional sobre os gastos do governo. "Foi tão bom ter pagado a
dívida do FMI, que não supervisiona mais nossas contas...".
Os recursos anunciados pela presidente irão para investimentos para a
expansão da Linha 2 do metrô (Vila Prudente -Vila Formosa), expansão da
Linha 9 do trem urbano para a zona Sul e a implantação de trem urbano
Linha Zona Leste-Aeroporto de Guarulhos, além da modernização de 20
estações do trem metropolitano.
A presidente defendeu o consórcio que venceu o primeiro leilão do
pré-sal, realizado na segunda-feira, e disse que "toda xenofobia é
burra". O grupo, formado pela Petrobras, pela anglo-holandesa Shell, a
francesa Total e as chinesas CNPC e CNOOC, ganhou os direitos para
explorar a bacia de Libra, maior reserva petrolífera brasileira.
Dilma atacou as críticas feitas à participação dos chineses na maior
licitação do Brasil. "Empresa internacional de petróleo, qualquer uma,
sabe o que significa empresa chinesa. Significa o seguinte: são os
maiores importadore s de petróleo. Portanto, os maiores controladores do
ponto de vista comercial. É extrema tolice considerar ter prejuízo com
empresa chinesa de petróleo", disse a presidente, ao participar de
evento em São Paulo. "Pensar diferente disso é de uma ingenuidade
absurda. Eu prefiro a ingenuidade à xenofobia. A ingenuidade tem cura, a
xenofobia não. Podemos transformar essa riqueza dada pela partilha em
passaporte para o futuro do Brasil".
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