BRASÍLIA - A
Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a recriação do grupo de
trabalho que vai recalcular o valor e definir produtos para eventual
retaliação do Brasil aos Estados Unidos, conforme antecipou o Valor.
O motivo da iniciativa foi a suspensão, pelos americanos, do pagamento
da compensação mensal aos produtores brasileiros de algodão. O grupo
deve entregar os resultados até o dia 30 de novembro, conforme o
ministro da Agricultura, Antônio Andrade.
A disputa começou devido à suspensão da compensação mensal que
Washington se comprometeu a pagar aos produtores brasileiros de algodão,
depois de perder disputa com o Brasil na Organização Mundial do
Comércio (OMC) sobre os subsídios concedidos aos cotonicultores
americanos.
A criação do grupo de trabalho é considerada pelo governo como uma
forma de mostrar que o Brasil pode levar adiante a disputa e ganhar
tempo enquanto a "Farm Bill" — uma nova legislação agrícola — é
discutida nos Estados Unidos. O ministro da Agricultura confirmou que o
Brasil vai aguardar um desfecho. “Nem mesmo se eles quisessem pagar
teriam dinheiro para pagar", disse Andrade na saída da reunião da Camex.
Ao mesmo tempo, grandes empresas americanas estão alertando os
membros do Congresso que a decisão do governo de Barack Obama pode levar
à perda de exportações e de empregos pelo risco de retaliação
brasileira.
Uma coalizão de grandes empresas americanas enviou carta a todos os
membros do Congresso dos EUA alertando que uma retaliação por parte do
Brasil no caso do algodão poderá custar mais de US$ 2 bilhões em
exportações e perda de 14 mil empregos americanos.
O "Brazil Trade Action Coalition", conhecido pela sigla Braztac,
inclui empresas que defendem uma solução definitiva para a disputa do
algodão e não querem pagar o custo de retaliação por causa de subsídios
aos cotonicultores. Entre elas, estão Boeing, Alcoa, Bank of America,
Visa, Cargill, Caterpillar, Lilly, FedEx, IBM e Oracle.
Na carta, datada de 23 de setembro, quando os americanos já tinham
reduzido em 60% a compensação acertada com o Brasil, a coalizão insiste
que é hora de o Congresso aprovar uma nova lei agrícola, a "Farm Bill",
que deveria incluir medidas específicas para atender às queixas do
Brasil sobre subsídios.
A Braztac apoiou o acordo entre EUA e Brasil, pelo qual os americanos
pagavam compensação anual de US$ 147 milhões aos cotonicultores
brasileiros. A entidade estima que isso evitou US$ 2,5 bilhões em
retaliações brasileiras contra produtos americanos e direitos de
propriedade intelectual, durante os últimos três anos.
(Lucas Marchesini e Tarso Veloso | Valor)
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