sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Camex recria grupo que definirá retaliação aos EUA em caso de algodão


Por Lucas Marchesini e Tarso Veloso | Valor
 

BRASÍLIA  -  A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a recriação do grupo de trabalho que vai recalcular o valor e definir produtos para eventual retaliação do Brasil aos Estados Unidos, conforme antecipou o Valor. O motivo da iniciativa foi a suspensão, pelos americanos, do pagamento da compensação mensal aos produtores brasileiros de algodão. O grupo deve entregar os resultados até o dia 30 de novembro, conforme o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

A disputa começou devido à suspensão da compensação mensal que Washington se comprometeu a pagar aos produtores brasileiros de algodão, depois de perder disputa com o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os subsídios concedidos aos cotonicultores americanos.

A criação do grupo de trabalho é considerada pelo governo como uma forma de mostrar que o Brasil pode levar adiante a disputa e ganhar tempo enquanto a "Farm Bill" — uma nova legislação agrícola — é discutida nos Estados Unidos. O ministro da Agricultura confirmou que o Brasil vai aguardar um desfecho. “Nem mesmo se eles quisessem pagar teriam dinheiro para pagar", disse Andrade na saída da reunião da Camex.

Ao mesmo tempo, grandes empresas americanas estão alertando os membros do Congresso que a decisão do governo de Barack Obama pode levar à perda de exportações e de empregos pelo risco de retaliação brasileira.

Uma coalizão de grandes empresas americanas enviou carta a todos os membros do Congresso dos EUA alertando que uma retaliação por parte do Brasil no caso do algodão poderá custar mais de US$ 2 bilhões em exportações e perda de 14 mil empregos americanos.

O "Brazil Trade Action Coalition", conhecido pela sigla Braztac, inclui empresas que defendem uma solução definitiva para a disputa do algodão e não querem pagar o custo de retaliação por causa de subsídios aos cotonicultores. Entre elas, estão Boeing, Alcoa, Bank of America, Visa, Cargill, Caterpillar, Lilly, FedEx, IBM e Oracle.

Na carta, datada de 23 de setembro, quando os americanos já tinham reduzido em 60% a compensação acertada com o Brasil, a coalizão insiste que é hora de o Congresso aprovar uma nova lei agrícola, a "Farm Bill", que deveria incluir medidas específicas para atender às queixas do Brasil sobre subsídios.

A Braztac apoiou o acordo entre EUA e Brasil, pelo qual os americanos pagavam compensação anual de US$ 147 milhões aos cotonicultores brasileiros. A entidade estima que isso evitou US$ 2,5 bilhões em retaliações brasileiras contra produtos americanos e direitos de propriedade intelectual, durante os últimos três anos.

(Lucas Marchesini e Tarso Veloso | Valor)

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