quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Linkedin quer 50% de seu tráfego no celular


Empresa lançou novidades para mobile e atingiu 15 milhões de usuários no Brasil

Por Diego Marcel

O Linkedin espera que metade do uso de sua plataforma venha de seus aplicativos celular até o próximo ano. A meta global já foi atingida em três países: Emirados Árabes, Singapura e Turquia. Para acelerar o processo, a empresa lançou, nesta quarta-feira 23, um novo aplicativo de smartphone para leitura de e-mail. O Linkedin Intro foi desenvolvido pelos profissionais da empresa Rapportive, que foi adquirida pelo Linkedin em 2012, por US$ 15 milhões.

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Intro puxa informações do Linkedin em contatos de e-mail

A plataforma de e-mail do Linkedin vai unir as informações dos contatos com as presentes no Linkedin. "Queremos que os usuários passem 28% do dia dentro de nossa plataforma", afirmou o vice-presidente de produtos da companhia, Deep Nishar. O Intro é o quinto aplicativo da rede social, que adotou a postura de lançar uma série de aplicativos com usos diferentes.

No Brasil, a empresa anunciou que atingiu a marca de 15 milhões de usuários. A maioria deles usam a versão gratuita da rede social, mas, segundo o diretor-geral no Brasil, Osvaldo Barbosa, este não é o atual foco da empresa. "Em números de usuários pagos, estamos em um patamar parecido com o resto do mundo", disse o executivo. "Mas nosso foco é crescer em volume geral, independentemente se em usuários pagos, ou não".

Se o número de usuários que se aceitam pagar para usar o Linkedin é baixo, o total de empresa é mais significativo. A rede social salientou o avanço de serviços como o Recruter, onde as companhias compram uma licença para poderem procurar profissionais para cargos com responsabilidade de decisão. "Uma contratação já faz compensar o valor pago pelo Recruter, em comparação com o que seria gasto com um head hunter", disse sobre a licença que pode custar até R$ 16 mil Barbosa.

O crescimento do número de empresas que estão usando o canal de propaganda do Linkedin, com postagens que são inseridas na linha do tempo dos usuários, também está avançando. Segundo Barbosa, chegou a dois mil o número de companhias que são assinantes da plataforma "self service", na qual podem promover ações sem passar pelo canal de vendas do Linkedin.

Universitário se recusa a fazer trabalho sobre Marx e escreve carta


Jovem diz que foi uma forma de protesto por universidade sem doutrinação.
Universidade na qual ele estuda não vai ser pronunciar sobre o caso.

Géssica Valentini Do G1 SC

Aluno estuda Relações Internacionais (Foto: Paula Meira/Divulgação)Aluno estuda Relações Internacionais
(Foto: Paula Meira/Arquivo Pessoal)


Um estudante universitário de Santa Catarina se recusou a fazer um trabalho sobre cientista político e economista alemão Karl Marx e resolveu escrever uma carta ao professor do curso de Relações Internacionais e divulgar o conteúdo na internet.

A carta, segundo João Victor Gasparino da Silva, de 22 anos, foi uma forma de protestar. "Queria uma universidade com o mesmo espaço para todas as ideias e ideologias, sem proselitismo, sem doutrinação", explicou. A Universidade do Vale do Itajaí (Univali), na qual o jovem estuda, disse que não vai se pronunciar sobre o assunto.

Segundo João Victor, que estuda Relações Internacionais, o pedido do professor foi para que os estudantes respondessem três questões sobre a teoria de Marx. Ele contou que chegou a pensar em responder de forma neutra, mas mudou de ideia. "Algo me segurava, nem cheguei a considerar dar a minha opinião no trabalho. Até que veio a ideia da carta", disse.

Conforme o estudante, o protesto não foi contra o professor, mas foi uma forma de demonstrar descontentamento em relação à academia. "Faz tempo que estou indignado com o que vem acontecendo em nosso país. Os meios acadêmicos e culturais cada vez mais fechados, os intelectuais de direita cada vez mais lançados ao ostracismo. Resolvi ser a voz de brasileiros que não encontravam espaço para se manifestar, seja por falta de meios, seja pelo próprio medo", disse.

Ao escrever a carta, o estudante disse que já sabia que iria divulgar na internet, não seria apenas destinada ao professor da disciplina. "Uma amiga blogueira do Maranhão sugeriu divulgar na internet, ela se encarregou disso. Se nosso país realmente tivesse um meio acadêmico e cultural ideologicamente equilibrado, não seria tão necessária esta carta", argumentou.


Confira abaixo a íntegra da carta

Caro professor,

Como o senhor deve saber, eu repudio o filósofo Karl Marx e tudo o que ele representa e representou na história da humanidade, sendo um profundo exercício de resistência estomacal falar ou ouvir sobre ele por mais de meia hora. Aproveito através deste trabalho, não para seguir as questões que o senhor estipulou para a turma, mas para expor de forma livre minha crítica ao marxismo, e suas ramificações e influências mundo afora. Quero começar falando sobre a pressão psicológica que é, para uma pessoa defensora dos ideais liberais e democráticos, ter que falar sobre o teórico em questão de uma forma imparcial, sem fazer justiça com as próprias palavras.

Me é uma pressão terrível, escrever sobre Marx e sua ideologia nefasta, enquanto em nosso país o marxismo cultural, de Antonio Gramsci, encontra seu estágio mais avançado no mundo ocidental, vendo a cada dia, um governo comunista e autoritário rasgar a Constituição e destruir a democracia, sendo que foram estes os meios que chegaram ao poder, e até hoje se declararem como defensores supremos dos mesmos ideais, no Brasil. 

Outros reflexos disso, a criminalidade descontrolada, a epidemia das drogas cujo consumo só cresce (São aliados das FARCs), a crise de valores morais, destruição do belo como alicerce da arte (funk e outras coisas), desrespeito aos mais velhos, etc. Tudo isso sintomas da revolução gramscista em curso no Brasil.

 A revolução leninista está para o estupro, assim como a gramscista está para a sedução, ou seja, se no passado o comunismo chegou ao poder através de uma revolução armada, hoje ele buscar chegar por dentro da sociedade, moldando os cidadãos para pensarem como socialistas, e assim tomar o poder. Fazem isso através da educação, o velho e ‘’bom’’ Paulo Freire, que chamam de ‘’educação libertadora’’ ou ‘’pedagogia do oprimido’’, aplicando ao ensino, desde o infantil, a questão da luta de classes, sendo assim os brasileiros sofrem lavagem cerebral marxista desde os primeiros anos de vida. Em nosso país, os meios culturais, acadêmicos, midiáticos e artísticos são monopolizados pela esquerda a meio século, na universidade é quase uma luta pela sobrevivência ser de direita.

Agora gostaria de falar sobre as consequências físicas da ideologia marxista no mundo, as nações que sofreram sob regimes comunistas, todos eles genocidas, que apenas trouxeram miséria e morte para os seus povos. O professor já sabe do ocorrido em países como URSS, China, Coréia do Norte, Romênia e Cuba, dentre outros, mas gostaria de falar sobre um caso específico, o Camboja, que tive o prazer de visitar em 2010.

Esta pequena nação do Sudeste Asiático talvez tenha testemunhado o maior terror que os psicopatas comunistas já foram capazes de infligir sobre a humanidade, primeiro esvaziaram os centros urbanos e transferiram toda a população para as zonas rurais. As estatísticas apontam para uma porcentagem de entre 21% a 25% da população morta por fome, doenças, cansaço, maus-tratos, desidratação e assassinadas compulsoriamente em campos de concentração no interior. Crianças também não escaparam, separadas dos pais, foram treinadas para serem ‘’vigias da Revolução’’, denunciando os próprios familiares, quando estes cometiam ‘’crimes contra a Revolução’’. 

Quais eram os crimes? Desde roubar uma saca de arroz para não morrer de fome, ou um pouco de água potável, até o fato de ser alfabetizado, ou usar óculos, suposto sinal de uma instrução elevada. Os castigos e formas de extermínio, mais uma vez preciso de uma resistência estomacal, incluíam lançar bebês recém-nascidos para o alto, e apanhá-los no ar, utilizando a baioneta do rifle, sim, isso mesmo, a baioneta contra um recém-nascido indefeso.

Bem, com isto, acho que meu manifesto é suficiente, para expor meu repúdio ao simples citar de Marx e tudo o que ele representa. Diante de um mundo, e particularmente o Brasil, em que comunistas são ovacionados como os verdadeiros defensores dos pobres e da liberdade, me sinto obrigado a me manifestar dessa maneira, pois ele está aí ainda, assombrando este mundo sofrido.

Para concluir gostaria de citar o decálogo de Lenin:

1. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;
2. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação em massa;
3. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;
4. Destrua a confiança do povo em seus líderes;
5. Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo
6. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no Exterior e provoque o pânico e o desassossego na população;
7. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;
8. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;
9. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes, nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa;
10. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa.
 
Obrigado, caro professor, pela compreensão.


Ass.: João Victor Gasparino da Silva

Mães empreendedoras buscam cursos para se profissionalizar

 

 

Maes empreendedoras (Crédito: divulgação/Mamusca)
 
Ter o próprio negócio é alternativa para mães conciliarem melhor a carreira e os filhos
 
O enredo muda, mas a história se repete entre muitas mulheres que estão saindo da licença-maternidade e percebem que será difícil conciliar a carreira e a criação dos filhos.
 
 
Uma é demitida e acaba ficando feliz por não ter de deixar o filho o dia inteiro no berçário. Outra decide transformar um dom em negócio. Algumas optam ainda por mudar totalmente de carreira para se adaptarem melhor aos horários e às necessidades das crianças.
 
Assim, acompanhando a tendência de crescimento do número de mulheres empreendedoras no país, também vêm aumentando no Brasil a quantidade de mulheres que decidem apostar em uma mudança e se transformam em mães empreendedoras.
 
De acordo com dados do Sebrae, hoje há cerca de 7 milhões de mulheres com seu próprio negócio no país, um número 21,4% maior do que há dez anos. Desse total, 70% têm filhos (ver box abaixo).
 
Em outros países porém, como nos Estados Unidos, as mães empreendedoras se tornaram uma realidade há mais tempo, e o fenômeno está mais sedimentado.
 
Tanto que lá foi criado o termo mompreneurs, um neologismo com as palavras mom (mãe) e entrepreneurs (empreendedor). Esse tipo de negócio foi apontado há alguns anos como a grande tendência dentro do empreendedorismo, sendo alavancado pela popularização da internet.
 
Ao perceberam que empreender pode ser uma alternativa para a nova vida, muitas mães buscam, como segundo passo na empreitada, cursos para tentar transformar a paixão por alguma área em um negócio profissional.
 

Só amor basta?

 

Michelle Prazeres (crédito: arquivo pessoal)
A consultora Michelle Prazeres mudou de área de atuação depois do nascimento do filho
 
 
"No começo, muitas mães empreendedoras são movidas por sentimentos bem irracionais, como intuição e um envolvimento muito visceral", diz Michelle Prazeres, que dá consultoria e oficinas sobre o tema e comanda o blog Empreendedorismo Materno.
 
"Não que isso deva ser deixado de lado, mas também é preciso buscar orientação. Só de amor o negócio não vai se sustentar."
 
Michelle é, ela própria, uma mãe empreendedora. Consultora de comunicação para empresas, ela decidiu mudar seu foco de atuação depois que seu filho nasceu, há dois anos e meio, quando percebeu que o ritmo de trabalho que tinha não seria compatível com um bebê.
 
Como não sabia exatamente que caminho seguir, ela então montou o blog para se inspirar - e acabou achando um filão. Além de agregar contatos de mães que têm seu próprio negócio, ela oferece consultoria sob demanda e cursos para mães empreendedoras, como o que acontece em novembro no espaço Mamusca, em São Paulo.
 
"Dependendo das necessidades do cliente, também indico outras mães que cuidam de áreas mais específicas, como uma que é webdesigner e outra que tem um escritório de contabilidade", diz Michelle, que analisa setores como finanças, marketing e comunicação.
 

Aulas com o filho a tiracolo

 

Uma rede de mães colaboradoras também é um dos segredos do Maternarum, um projeto de Curitiba que busca fortalecer o empreendedorismo materno.
 
Patricia Travassos e Ana Claudia Konichi (crédito: Bruno Poletti)
 
Patrícia e Ana lançaram livro com histórias reais de mães empreendedoras
 
 
 
O projeto, lançado há 14 meses, oferece cursos a mães que têm o próprio negócio, com temas como microcrédito (com um especialista da Caixa Econômica Federal), marketing e elaboração de planos de negócios, mídias sociais e fotografia de produtos.
 
 
"Qualquer um pode participar, mas aqui a gente entende as necessidades das mães", explica Isabella Isolani, uma das integrantes do Maternarum. "Elas podem trazer os filhos, por exemplo. Às vezes um bebê chora e ninguém estranha."
 
 
A consultora Michelle Prazeres aponta esse justamente como um dos empecilhos aos cursos de empreendedorismo tradicionais. "Percebo um crescimento no número de mães que querem empreender, mas ao mesmo tempo muitas não têm verba para se especializar. E o dilema às vezes nem é só financeiro, muitas também não têm com quem deixar o filho."
 
 
"Fora que cursos tradicionais para empreendedores por vezes assustam essas mães, já que elas estão entrando agora nessa área. E elas querem algo mais pé no chão, com um conteúdo mais prático."
 

O sucesso sob a ótica materna

 

Esses cursos específicos para mães também revelam que seus perfis e seus objetivos muitas vezes diferem de uma empreendedora sem filhos.
 
 
"Uma das principais diferenças diz respeito à ideia de realização e sucesso, que se traduz muitas vezes em qualidade de vida e não apenas em lucro", diz Patricia Travassos, coautora do livro Minha Mãe é um Negócio, que traz histórias reais de mulheres que abriram a própria empresa para ficar mais perto dos filhos.
 

Empreendedorismo feminino e materno

 

  • Há mais de 7 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil
  • Dentre elas, cerca 70% têm ao menos um filho
  • O número de empreendedoras cresceu 21,4% no período de dez anos
  • Participação dos homens nesse setor, por sua vez, subiu 9,8% no mesmo período*

Fonte: Sebrae
 
 
A maioria delas trabalha mais do que quando era empregada, mas apontam que faz toda a diferença poder ter flexibilidade, poder levar e buscar o filho na escola, poder ficar com ele em casa quando estiver doente, acompalhar a lição de casa, almoçar junto, entre outros exemplos.
 
 
Para americana Jennie Wong, autora do livro Ask the Mompreneur: Small Business Advice on Starting and Growing Your Own Company (“Pergunte à Mãe Empreendedora: Conselhos de Pequena Empresa para Iniciar e Ampliar sua Própria Companhia”, em tradução livre), o que mais caracteriza uma mãe empreendedora é que elas podem "determinar o tamanho de seu sonho".
 
 
"Para algumas, filhos significam trabalhar menos horas, mas para outras é hora de colocar o pé no acelerador, para deixar uma boa situação financeira para eles e para mostrar como é se dedicar 100% a um projeto", diz Jennie.
 

Principais erros das mães empreendedoras

 

Patricia Travassos, coautora do livro Minha mãe é um negócio Não fazer um planejamento. Muitas não fazem plano de negócios, que é como um pré-natal. 
Ana Claudia Konichi, coautora do livro Minha mãe é um negócio Segurar o negócio como um bebê, às vezes não querer que ele cresça, por medo de perder qualidade de vida. Mas se ela não inovar, pode sair perdendo. É preciso querer crescer.
Michelle Prazeres, consultora e autora do blog Empreendedorismo Materno No começo, muitas são movidas por sentimentos bem irracionais, como intuição e um envolvimento visceral. Não é preciso deixar isso de lado, mas é preciso buscar orientação. Outro problema é que muitas não se formalizam, não têm CNPJ e isso depois acaba gerando mais custos.
Tales Andreassi, coordenador do projeto 10.000 Mulheres, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Não planejar e não se preparar. Falta conhecimento de gestão. Marketing pode ser algo intuitivo, mas finanças não. Você tem que estudar, tem que aprender contabilidade.
Jennie Wong, americana, autora do livro Ask the Mompreneur e editora do site de compras online CartCentric O principal talvez seja começar um negócio sem entender seu cliente. Saber quem ele é e qual problema você vai resolver para ele é vital. Convencer alguém de que ele precisa do seu serviço é bastante difícil. É muito mais fácil descobrir antes o que essa pessoa precisa e só então direcionar seu negócio para essa demanda.

Leilão de Libra foi um sucesso?



Leilão do pré-sal. Reuters

Apenas um consórcio apresentou oferta e o governo vai receber o mínimo estipulado nas regras

"Sucesso" para o governo, "aquém" nas palavras do mercado. As opiniões divergentes sobre o leilão da maior bacia petrolífera do Brasil, o campo de Libra, ilustram um caso típico de resultado que pode ser visto sob uma ótica positiva ou negativa, dependendo de onde se enxergue.

Ótica negativa: sob o novo marco para a exploração do petróleo, aprovado em 2010, não se viu a participação maciça de empresas estrangeiras, como era a aposta de apenas alguns meses atrás.
Apenas um consórcio apresentou oferta e o governo vai receber o mínimo estipulado nas regras – um bônus de assinatura de R$ 15 bilhões mais 41,65% do petróleo produzido após descontados os custos de produção (o chamado lucro-óleo).

Ótica positiva: o resultado não foi simplesmente um "acordo de estatais" entre a Petrobras e suas equivalentes chinesas, como temiam alguns críticos, mas atraiu duas gigantes privadas do setor, a francesa Total e anglo-holandesa Shell, que juntas detêm 40% da empreitada.

Se o governo receberá pagamento mínimo pelo acordo, isso também quer dizer que o negócio é mais lucrativo para a Petrobras, um alívio para uma empresa com problemas de caixa e cuja capacidade de operar todas as bacias, como requer o modelo, sempre foi questionada pelos críticos.

Referindo-se ao resultado, a diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, disse que "sucesso maior que este é difícil de imaginar".

"A qualidade técnica que conseguimos reunir, com empresas como a Petrobras, que explora e produz 25% do petróleo em águas profundas do mundo e alterna recordes com a Shell, que também está no consórcio, vai entrar para a história do país", disse a presidente da ANP.

Descontando o entusiasmo

 

Mas analistas ouvidos pela BBC Brasil preferiram descontar o entusiasmo, acreditando que as razões para questionar o modelo até agora continuam válidas.

"Apesar de haver um consórcio vencedor com duas empresas privadas internacionais, a participação ficou aquém do que era esperado", disse Marcelo Torto, da corretora Ativa, no Rio de Janeiro. "Houve interesse, mas algumas questões continuam pesando muito e afastando os investidores estrangeiros do pré-sal."

Torto sintetizou os questionamentos do mercado em três linhas principais. Primeiro, há as dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de arcar com os pesados investimentos inerentes ao seu protagonismo no modelo.
Segundo, ele disse, ainda não está claro o poder de interferência que terá a estatal recém-criada para gerir os contratos do pré-sal, a PPSA, nas decisões estratégicas do consórcio. Entoando o coro do mercado, Torto avaliou que a falta de "regras mais claras" sobre os poderes de veto da PPSA traz insegurança para investidores.

Por fim, o especialista explicou que as exigências das regras de conteúdo local implicam temores de atrasos e possíveis aumentos de custo "que poderiam ser reduzidos se navios e plataformas pudessem ser encomendados de outros fornecedores internacionais".

Na disputa pelo modelo mais adequado, o governo até agora ganhou as quedas de braço com os críticos. Mas há quem acredite que as mudanças na dinâmica da economia global e brasileira, assim como da geopolítica das fontes de energia globais, podem obrigar o Brasil a relaxar as regras para os futuros leilões do pré-sal.

"Se o governo quiser acelerar os investimentos e o crescimento, vai olhar para o setor do petróleo como uma fonte para isso", disse à BBC Brasil o especialista em América Latina da consultoria Eurasia Group, em Washington, Luiz Augusto de Castro Neves.

"Para tanto, precisa propiciar mais abertura para o investimento estrangeiro, e isso demanda uma flexibilização maior das regras."

'Bilhete de loteria'

 

Seis anos atrás, quando foi descoberto o petróleo na camada pré-sal da costa brasileira, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou o potencial energético como "um bilhete de loteria" que o Brasil tinha ganhado.

Isso foi, entretanto, antes do advento de novas fronteiras no campo da energia, como a exploração de gás de xisto nos EUA, uma alternativa que os analistas acreditam capazes de transformar o panorama energético mundial.

Um dos efeitos até 2035 pode ser que os Estados Unidos deixem de ser importadores e se convertam em exportadores de energia, com os correspondentes efeitos sobre o preço do petróleo no mercado internacional.

Castro Neves diz que as recentes descobertas de petróleo e gás em outros países do mundo colocam o Brasil na posição de competir pela atenção dos investidores com economias que oferecem outras vantagens para as empresas que pretendem atrair.

É um ambiente global muito diferente daquele em que o governo brasileiro delineou as regras que esperava impor às companhias interessadas em participar do pré-sal, afirma o analista.

"Houve um excesso de confiança que gerou o modelo do pré-sal. Nos últimos três ou quatro anos, o mundo mudou", ele disse.

"O Brasil ainda é um ator promissor no campo energético mundial, mas está tendo de adaptar um pouco as suas políticas a esse cenário menos favorável."

Para Castro Neves, "cada vez fica mais claro que o pré-sal é um bilhete de loteria, mas com um prazo de validade", compara. "Se você não tirar (o petróleo) do chão a tempo, pode ficar tarde demais."

Incertezas políticas

 

Analistas acreditam que o governo já venha sinalizando com boa vontade para rever algumas das regras do pré-sal, a fim de atrair mais investidores estrangeiros no futuro.

A dúvida é como isso poderia ser feito em ano de eleições presidenciais (em 2014) sem dar panos para mangas aos críticas, diz o analista da consultoria Eurasia.

Apesar das dificuldades, Castro Neves acredita que "seria um erro" não reavaliar o modelo do pré-sal diante do pouco interesse que gerou entre os investidores internacionais.

Outro desafio para o Planalto será equilibrar o desejo do mercado por menos controle sobre os contratos petroleiros com as reivindicações dos protestos de rua que se opõem ao que chamam de "privatização" do setor e pedem, na via oposta, maior destinação de recursos do governo para a educação e a saúde.

Mesmo que consiga encontrar formas de caminhar sobre a corda bamba, avalia Torto, da corretora Ativa, as mudanças podem não conquistar a confiança dos investidores na intensidade desejada.

"Por um lado, podem vir melhorias (nas regras do pré-sal, na visão dos investidores)", ele diz. "Por outro lado, podem surgir incertezas porque você não tem a estabilidade do marco regulatório", completa o analista.

"Qualquer revisão do modelo pode ser positiva, mas também pode deixar os investidores com o pé atrás."

Os empregos que as mulheres não podem ter na China



Estudante na China (BBC)

Mulheres, muitas vezes, tiram notas melhores do que os colegas homens na universidade

Na China, como em muitos países, mais mulheres do que homens estão entrando nas universidades. Mas a realidade no país impede que elas possam aprender o que quiserem no ensino superior e seguir carreiras que, hoje, são território exclusivo dos homens.

Os estereótipos que marcam a vida das chinesas começam logo na infância, como fica claro em uma visita ao parque temático Eu Tenho Um Sonho, em Pequim.
Lá, as crianças podem "testar" dezenas de carreiras, vestindo os uniformes de cada uma delas. Juíz? Decorador de bolos? Apresentador de rádio? Basta para os pequenos pegar seu ingresso e assumir um papel.

Mas, mesmo neste mundo imaginário, as crianças, e seus pais, assumem papéis rígidos em relação ao gênero.

A atração mais popular entre as meninas, por exemplo, é a oportunidade de se vestir como aeromoça.
Depois de arrastar pequenas malas pela cabine de um avião falso, elas aprendem a servir refeições a partir de um carro em miniatura.

"Ajeitem os uniformes!" é uma das ordens dadas às meninas enquanto ficam paradas em linha reta.
Os meninos, entretanto, optam por se vestir como agentes alfandegários e guardas de segurança, com uniformes tão completos que incluem armas de brinquedo e pequenos coletes à prova de balas.

Só para homens

 

Mas essa noção presente na infância dos chineses de que as mulheres não podem ou não devem fazer o mesmo trabalho que os meninos se estende até a universidade e para além dela.

Ao sul de Pequim, na Universidade de Minas e Tecnologia da Província de Jiangsu, um grupo de estudantes de engenharia de mineração são a inveja da instituição.

Meninas chinesas (BBC)
Chineses ainda seguem estereótipos rígidos em relação ao gênero

Eles fazem um dos cursos considerados uma garantia de emprego após a formatura.
Mas este programa tem um requisito de entrada claro: é só para homens.

"A lei trabalhista da China sugere que o trabalho de mineração não é adequado para as mulheres, por isso pedimos que as mulheres que se abstenham de se registrar nesse curso", explica Shu Jisen, um dos professores do departamento.

Esta universidade não é a única. Segundo o Ministério da Educação, as mulheres da China são proibidas de estudar uma variedade de cursos, como engenharia civil e naval, sob a justificativa de "respeito à sua segurança".

Em uma universidade em Dalian, no norte da China, as mulheres são impedidas de estudar engenharia naval porque "elas não conseguiriam suportar meses a bordo de um navio", disse um funcionário de admissão à BBC.

Razões ligeiramente diferentes são dadas para restringir bastante o número de mulheres que podem estudar na Universidade Popular de Pequim, que tem uma quota rígida e permite que apenas 10% a 15% do corpo discente seja formado por mulheres.

Um funcionário do departamento de admissão da universidade se recusou a ser entrevistado pessoalmente, mas disse por telefone à BBC que as mulheres não tinham permissão para entrar na universidade em grandes números, por não haver oportunidades de trabalho suficientes para elas após a formatura - já que as chinesas são proibidas de ter empregos "masculinos".

O departamento de engenharia de minas da universidade de Jiangsu cita argumentos semelhantes. As mulheres não seriam capazes de transportar o equipamento para mineração por ser muito pesado, e não conseguiriam escapar de uma mina rápido o suficiente em caso de emergência, explicam.

Número de mulheres em universidades é restrito apesar de demonstrarem melhor desempenho

"Alguns trabalhos são realmente inadequados para as mulheres", Shu Jisen argumenta.
"Se elas insistirem em trabalhar nessas áreas, será um desperdício de energia que poderia ser melhor utilizado em outro lugar."

Fim das limitações

 

Alguns se recusam a aceitar essas razões. Uma pequena, mas corajosa, rede de estudantes e advogados está lutando contra as restrições às mulheres no mundo profissional.

Usando barbeadores elétricos, elas rasparam suas cabeças em uma série de protestos, bem divulgados, que aconteceram em todo o país no ano passado.

"É uma explícita discriminação de gênero", afirma uma das estudantes ativistas, Meili Xiao.
"Ninguém desafiou essas universidades antes e disse que essas regras estavam erradas. Por que ninguém quer mudar nada? Isso me deixa muito zangada."

Na cantina da universidade em Jiangsu, jovens dizem que não conseguem aceitar as restrições.
"Se alguém pode suportar condições de trabalho difíceis, essa pessoa deve ter permissão de fazê-lo", explica uma estudante.

"As universidades devem acabar com as limitações e permitir que as pessoas façam escolhas por conta própria, e não apenas impedi-las."

Cotas de gênero

 

A rede de ativistas também está lutando contra cotas de gênero em muitas universidades chinesas que favorecem os homens simplesmente porque eles têm pior desempenho nos estudos.

Nos últimos anos, mulheres de todo o país tiraram as notas mais altas nas provas para entrar nas melhores faculdades da China. Mas as escolas querem que seus cursos tenham um equilíbrio entre os sexos, e por isso reduzem os padrões de admissão para os meninos, deixando as jovens com notas mais altas de fora.

O Ministério da Educação da China insiste que não permite definir cotas de gênero na admissão de alunos, "exceto em academias militares e escolas de defesa e segurança pública", segundo a agência estatal de notícias, Xinhua.

Estudantes chineses (BBC)

Os homens têm empregos garantidos após se formarem em alguns cursos superiores

No entanto, não oficialmente, em muitas escolas há cotas fixas, de acordo com ativistas.
Eles esperam erradicar todas as políticas escritas que proíbem as estudantes de se registrarem em qualquer curso. Essa é uma meta que, de acordo com a ativista Xiao Meili, pode ser alcançada em um ano.
E os preconceitos ocultos contra as mulheres na educação? Este é um desafio ainda maior.

"O sexismo está presente em todas as esferas da sociedade chinesa, e as pessoas estão tão acostumadas que é fácil ignorá-lo", diz Xiao.

"As pessoas se acostumaram com a ideia de que os homens podem fazer as coisas melhor do que as mulheres. Mas quando as mulheres começaram a se sobressair, surgiu um medo e isso se tornou algo problemático", acrescenta.

'Criativo e empreendedor', Brasil peca em inovação, diz artigo no 'FT'

BBC


funcionário de uma fábrica da Ford em São Paulo | Reuters


Indústria exportou menos do que agricultura em 2012

Um artigo de opinião publicado nesta quarta-feira no diário britânico Financial Times diz que o Brasil mostra "abundância em criatividade e empreendedorismo", mas, ao mesmo tempo, tem tido um desempenho "constrangedor" na área de inovação tecnológica. 

"Os brasileiros têm orgulho do que sua criatividade conquistou nas artes, arquitetura e futebol — pense na Bossa Nova, Oscar Niemeyer e Neymar", escreve Marcos Troyjo, diretor do BRICLab, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Ele diz que essa mesma criatividade teria sido aplicada com sucesso em produtos de empresas como Embraer, Osklen, Natura e Alpargatas (sandálias Havaianas), e lembra que o país foi saudado como o mais empreendedor de todos os países do G20 pelo relatório Global Entrepreneurship de 2010.

"Mas por que nós não vemos (no Brasil) mais start-ups buscando se tornar Googles, Teslas ou Twitters?", pergunta ele. "Por que o país vai tão mal quando se trata de abrir empresas inovadoras com foco em tecnologia?"

O autor diz que é "constrangedor" quando se considera o número de pedidos de patentes feitos por empresas brasileiras na Organização Mundial de Propriedade Intelectual.

"Em 2012, os Estados Unidos entraram com 50 mil pedidos; a China, com 17 mil; e o Brasil só com 600".

O artigo está em um caderno especial do Financial Times dedicado ao Brasil e focado nos desafios que o país enfrenta no setor de inovação e pesquisa. "O país precisa mudar para desabrochar", diz o texto que abre o caderno e que alerta para a necessidade de o país encorajar avanços no setor, dizendo que, no mundo de hoje, "não é suficiente ser apenas um exportador de commodities". 

Ciência voltada para Negócios 

 

No seu artigo, Troyjo reconhece que o país tem publicado pesquisas em publicações científicas, mas nota que não são trabalhos "com foco em produtos inovadores".

Ele diz que iniciativas do governo como o Ciência sem Fronteiras são "bem-vindas", mas que o programa mal chega perto de uma Pesquisa e Desenvolvimento voltada para o mercado, que "requer uma abordagem mais simpática a negócios".

O texto avalia que o setor privado deve ter um papel mais atuante para mudar este cenário e que sem reformas econômicas vai ser difícil para o país gerar produtividade e prosperidade para seu setor de pesquisa e desenvolvimento de inovações.

"Inovação geralmente brota de uma interação entre capital, conhecimento, espírito empreendedor e um ambiente apropriado", escreve Troyjo.

"(Mas) É possível se criar um ambiente desses quando o Brasil investe apenas 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, contra uma média de 2,3% (dos países) da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)?", pergunta ele.

Troyjo aponta para essa situação (falta de foco e investimento em inovação tecnológica) como causa da "desindustrialização da pauta de exportações do Brasil", ao lado do apetite da China por commodities da agricultura e da mineração.

"As exportações dos setores de agricultura e mineração do Brasil ultrapassaram as de bens manufaturados no ano passado. Isto não acontecia desde 1978", diz o Troyjo.

O fim do direito absoluto à propriedade





Publicado por André Carpe Neves -



Outrora considerado um direito absoluto, oponível contra qualquer perturbação, frente a quem quer que fosse, observa-se que atualmente o direito de propriedade vem sofrendo alterações significativas quanto às formas de seu exercício. Estas alterações se deram num passado relativamente recente, aproximadamente nos últimos 30 anos, e vem sendo solidificadas. Isto se afirma com base nas novas ideias disseminadas com maior rigor após o advento da Constituição de 1988, com a valorização dos direitos sociais e do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Por exemplo, na área do Direito Imobiliário o uso responsável da propriedade com o cumprimento, por parte do proprietário, da função social atribuída à terra. Este conceito de função social da propriedade partiu da observação dos movimentos sociais rurais, cujas entidades organizadas passaram a bradar e exigir um melhor aproveitamento da terra disponível para agricultura e/ou pecuária, atacando os denominados “latifúndios improdutivos”.

Já não se admite mais o comportamento comum àqueles proprietários que deixavam extensas áreas de terra ociosas, apenas como fim de acúmulo patrimonial. Estes passaram a ser acusados de não cumprir com a função social de seu patrimônio, ou  seja, de mal aproveitá-lo enquanto bem de natureza produtiva e geradora de renda.

A partir daí, o direito de propriedade podia sofrer ataques judiciais com a consequente perda da propriedade de grandes áreas de terra, com indenizações que muitas vezes não atendiam aos interesses dos proprietários latifundiários. O Direito como ciência, portanto, passou a absorver estes conceitos e a traduzi-los como alterações e certa relativização do direito de propriedade.

O uso consciente dos recursos naturais e o respeito à manutenção de um meio ambiente equilibrado também foram fatores que, nas últimas décadas, passaram a representar uma exigência aos proprietários de terras, em especial, também, nas áreas rurais. Já não bastava mais ser dono para poder usar e abusar dos recursos da terra tais como os recursos hídricos e vegetais.

O exercício da propriedade sob o ponto de vista ambiental passou a ter barreiras, tais como a reserva de áreas de preservação permanente, de modo que representou, da mesma forma que a exigência do cumprimento da função social da terra, limites legais que foram edificados dentro do Direito a partir de estudos de movimentos sociais e científicos e de novos anseios de nossa moderna sociedade.

Este breve ensaio tem por objetivo lançar o pensamento: até onde poderá avançar a relativização do direito à propriedade individual em favor da coletividade?