Por Álvaro Campos
O Brasil avançou nos últimos anos na tarefa de melhorar a
qualidade de vida da população, como deixa claro o grau de satisfação
dos brasileiros, apesar da renda muito baixa. A conclusão é do relatório
"Como está a vida?", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), que analisa 36 países em 11 categorias, como
educação, moradia, emprego e relações sociais.
Na categoria
"satisfação com a vida", o Brasil obteve nota 6,7, ficando em 20º lugar e
acima da média geral, de 6,6. Os homens brasileiros deram uma nota 6,6
para suas vidas, enquanto a avaliação das mulheres ficou em 6,7. Na
divisão por nível educacional, aqueles que concluíram o ensino básico
deram nota 6,3, enquanto as pessoas com formação superior atribuíram
7,1.
No estudo da OCDE, 82% dos brasileiros dizem ter mais
experiências positivas do que negativas no dia a dia. "A luta contra a
extrema pobreza tem sido uma prioridade do governo brasileiro há muito
tempo. O programa de transferência de renda Bolsa Família tem se
mostrado muito bem-sucedido nessa luta, usando o benefício para
encorajar os mais pobres a buscar seus direitos de educação e saúde
gratuitas", diz o relatório da organização. A OCDE afirma que o Bolsa
Família conseguiu aliviar a pobreza com um custo fiscal relativamente
baixo e, por isso, recomenda "a extensão em escala e abrangência" do
programa.
Renda
Mesmo com esse
programa, na categoria renda o Brasil aparece em último lugar entre os
36 países analisados pela OCDE. A renda líquida ajustada disponível por
família é de apenas US$ 10.225,00 por ano (aproximadamente R$ 23.300),
bem abaixo da média de US$ 23.050 da OCDE.
No item
segurança, o Brasil ficou em penúltimo lugar, com nota 2,8. Segundo o
estudo, 7,9% dos brasileiros foram vítimas de violência, inclusive
armada, nos últimos 12 meses, o que faz com que apenas 40% das pessoas
se sintam seguras em andar sozinhas à noite pela rua. A taxa de
homicídios é de 21 para cada 100 mil habitantes, quase dez vezes a média
da OCDE. "A violência é concentrada entre os jovens e nos últimos 15
anos se tornou um problema social no País", diz a OCDE.
A
situação da educação no Brasil também prejudica o bem-estar da
população. Novamente, o País ficou em penúltimo lugar no ranking nesse
critério, com nota 1,5. Apenas 41% dos adultos brasileiros têm o ensino
médio completo, contra uma média de 74% na OCDE. "Entre os jovens, 53%
concluíram o ensino médio, abaixo da média geral, de 82%, mas a situação
mostra progressos." No Programa para Avaliação Internacional dos
Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), usado pela OCDE, a nota dos
alunos brasileiros foi a pior entre os membros da organização.
Saúde
O
mesmo ocorre no critério saúde, no qual novamente o Brasil registrou o
penúltimo lugar, com nota 4,7. A expectativa de vida no País é de 74
anos, seis anos abaixo da média dos países da organização. Os gastos do
governo nessa área ficam em torno de 9% do PIB, quando o padrão nos
outros países é de 9,5%. Um fator positivo é o porcentual de adultos
fumantes, de 15,1%, quando a média fica em 21,1%. A obesidade,
considerando dados sobre altura e peso informados pelo próprio
entrevistado, atinge 15% da população, ante média de 17,8%.
Entre
os pontos em que o Brasil foi bem, além da satisfação com a vida o
destaque foi o "engajamento cívico", no qual o país ficou na 24ª
posição. Segundo o estudo, o comparecimento às urnas no País é de 79%,
acima da média de 72%. Entretanto, apenas 44% dos cidadãos dizem
acreditar nas instituições políticas, contra 56% nos outros países do
grupo.
Em relação ao item moradia o Brasil teve nota 3,9,
ficando na 30ª colocação. Na categoria emprego, a nota foi 4,7 (29ª
posição). A nota no critério comunidade foi 6,2 (27ª posição). Meio
ambiente também foi bem avaliado, com nota 6,5 (25ª posição). Por fim, o
"equilíbrio entre trabalho e lazer" ficou com nota 7,3 (23ª posição).
Ranking
A
OCDE não divulgou um ranking geral sobre o bem-estar avaliado na
pesquisa "Como está a vida?", mas listou os países que estão entre os
20% melhores: Austrália, Canadá, Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça e
Estados Unidos (sem uma ordem definida). Entre os 20% piores aparecem
Chile, Estônia, Grécia, Hungria, México, Portugal e Turquia. O Brasil,
por não ser oficialmente um membro da OCDE, não aparece na lista, mas
suas notas o colocariam entre os últimos do ranking.
Copyright © 2013 Agência Estado. Todos os direitos reservados.