segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

5 estratégias de negócios da CVC após o IPO


Companhia estreou nesta segunda-feira na bolsa de valores e deve captar mais de R$ 600 milhões. Veja o que ela pretende fazer a partir de agora


Divulgação
Navio cruzeiro Imperatriz dos Mares, da CVC

CVC: companhia tem planos após o IPO

São Paulo - Depois de adiar, em 2012, os planos de abrir capital. Nesta segunda-feira, oficialmente, a CVC começou a negociar suas ações na bolsa de valores de São Paulo e deve captar mais de 600 milhões de reais com a operação.

Na semana passada, a companhia do setor de pacotes de viagens publicou o prospecto definitivo da oferta pública de ações, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre os temas apresentados no documento, a CVC destacou sua estratégia de crescimento após o IPO, baseada em cinco pilares. Veja, a seguir, quais são eles: 


Novos produtos e, consequentemente,  mais clientes


Segundo o documento, a CVC quer oferecer cada vez mais produtos que atendam às necessidades das famílias brasileiras, especialmente as da classe média. "Pretendemos fortalecer nossa liderança de mercado através das seguintes iniciativas: novos destinos e parcerias, preços competitivos e programas de fidelidade para clientes".


Expansão por meio de franquias


Expandir a plataforma de vendas por diferentes canais é outra estratégia apresentada pela CVC em seu prospecto. De acordo com a companhia, a ideia é se destacar entre os concorrentes e assim conseguir manter seus clientes e conquistar novos. 


Para isso, a empresa espera expandir sua presença geográfica por meio de franquias e abrir pelo menos 255 lojas até 2015. A CVC vai também investir na rede de distribuição on-line e não descarta criar uma segunda marca de viagens para vendas pela internet.


Novas fontes de receita


Outra meta da CVC é a criação de novas fontes de receita. A companhia já está trabalhando com o Bradesco para lançar um cartão de crédito da marca, que vai permitir que os clientes acumulem pontos. Além disso, a CVC já está trabalhando em parceria com uma corretora de câmbio no Brasil, para facilitar os serviços de câmbio de moedas de seus clientes.


Valorização do franqueado


Segundo o prospecto, a CVC quer continuar a proporcionar aos franqueados uma proposta de valor cada vez mais atrativa. "Temos o compromisso de investir na nossa marca e aumentar nosso portfólio a fim de dar suporte aos nossos franqueados", disse a companhia.


Foco no desempenho


Desde 2009, quando o Carlyle se tornou acionista da CVC, a companhia adotou uma cultura baseada na otimização financeira e operacional. De acordo com o documento, a companhia pretende continuar a conduzir suas atividades com base em tais pilares, aplicando indicadores claros relacionados à geração de valor do  negócio.

Brasil vai fechar 2013 com 495 shopping centers


Total de shopping centers no país deve chegar a 495 até o final do ano e mais 41 estão previstos para 2014

Getty Images
Shopping center
Shopping center: setor vive boom no Brasil

São Paulo - Apesar da economia hesitante, o setor de shopping centers continua a todo vapor no Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), 32 novos empreendimentos do tipo abriram as portas só em 2013, e mais 5 devem ser inaugurados até o fim do ano.

Isso levará o total de shoppings centers no país para 495, um aumento de 8,3% em relação aos 458 em operação no final de 2012.


Histórico


No final de 2007, o Brasil contava com apenas 363 shoppings centers em todo seu território. Com a inauguração de 127 novos empreendimentos, este número cresceu 36,3% no espaço de seis anos, .

No mesmo período, explodiu também o número total de lojas (de 62 mil para 87 mil) e de empregos gerados (de 629 mil para 971 mil).

O faturamento do setor, que foi de 50 bilhões de reais por ano em 2006, acompanhou a alta do consumo no país atingiu R$ 119,5 bilhões em 2012, um crescimento de 139%.

A previsão para 2014 é de mais 41 empreendimentos inaugurados - o que elevaria o total de shopping centers brasileiros para 536.

Governo autoriza concessão de cinco portos privados no país


Os terminais são os primeiros concedidos após a entrada em vigor do novo marco regulatório do setor portuário, de junho de 2013

Manu Dias/AGECOM
Porto de Salvador
Porto de Salvador: estimativa do governo federal é que exista um potencial de investimento do setor privado da ordem de R$ 11,4 bilhões

Brasília - A Secretaria de Portos (SEP) do governo federal anunciou hoje (9) a autorização da concessão de cinco novos terminais de Uso Privado (TUPs), localizados em Niterói (RJ), Porto Belo (SC), Guarujá (SP), São João da Barra (RJ) e Santos (SP).

Os terminais são os primeiros concedidos após a entrada em vigor do novo marco regulatório do setor portuário, de junho de 2013, e vão movimentar carga geral, passageiros e granéis sólidos.

A SEP informou que também estão em análise final, na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), autorizações para terminais privados no Espírito Santo (Aracruz), Pará (Barbacena, Itaituba e Juriti), Amazonas (três terminais em Manaus), Bahia (dois em Ilhéus) e Rondônia (Porto Velho). 

A estimativa é que os 15 empreendimentos gerem investimentos aproximados de R$ 6,4 bilhões.
Segundo a SEP, de agora em diante, o fluxo de concessão de terminais será contínuo, a partir da manifestação do interesse privado e da disponibilidade de área. 

A nova legislação estabeleceu que os interessados em obter a autorização para instalação portuária fora da área do porto organizado podem apresentar requerimento à Antaq a qualquer momento.

A estimativa do governo federal, considerando os atuais 59 empreendimentos em processo de autorização, é que exista um potencial de investimento do setor privado da ordem de R$ 11,4 bilhões.

IMIGRANTES INTEGRARÃO OS CONSELHOS PARTICIPATIVOS DE SP

 

 

Prefeitura faz eleição paralela para driblar regras do TSE que impedia a participação de estrangeiros.

Foi publicado no dia 30 de novembro, no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, decreto do prefeito Fernando Haddad (PT) que possibilita que imigrantes residentes na capital paulista possam integrar os Conselhos Participativos Municipais das subprefeituras. Os representantes estrangeiros poderão votar e ser votados para cadeiras de conselheiros extraordinários das administrações regionais em que mais de 0,5% da população tenha outra nacionalidade. Vinte das 32 regiões administrativas da cidade devem eleger representantes.

A medida dribla as exigência do Tribunal Regional Eleitoral – que irá ceder 10 mil urnas eletrônicas para a realização da eleição do domingo –, de que todos os participantes do pleito estivessem inscritos como eleitores. Como o Brasil é o único país da América do Sul que não dá direitos políticos aos imigrantes, eles não podem ser inscritos em zonas e ter título de eleitor, o que impedia que os cerca de 400 mil estrangeiros residentes na capital cumprissem a regra.

O processo eleitoral que escolherá os imigrantes, no entanto, será realizado pela secretaria Municipal de Relações Governamentais. Vinte e dois conselheiros devem ser eleitos. As regiões com população entre 0,5% e 1% de estrangeiros poderão eleger um representante; as que tiverem mais do que isso, dois. Segundo o secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili, apenas a Subprefeitura da Sé se enquadra nisso e deve eleger um par de conselheiros extraordinários.

A participação no Conselho era uma reivindicação dos imigrantes da cidade, que lutam por políticas públicas específicas e conquista de direitos políticos, dois dos principais temas que estão sendo discutidos na 1ª Conferência Municipal de Migrantes, que ocorre neste fim de semana, onde foi divulgado em primeira mão que o decreto havia sido assinado pelo prefeito no final da tarde de ontem.

Cada conselho participativo terá entre 19 e 53 pessoas, incluindo os representantes dos imigrantes. Todos os conselheiros terão mandatos de dois anos, não serão remunerados e terão a prerrogativa de fiscalizar a execução orçamentária e o cumprimento das metas para cada subprefeitura.

Desde o início de sua gestão, Haddad tem demonstrado interesse pela questão, ao criar uma coordenadoria específica para o assunto e incluir, em seu plano de metas, a elaboração de uma política municipal para imigrantes. Além disso, São Paulo deve engrossar uma campanha de mudanças na lei eleitoral para que os estrangeiros residentes no país possam participar de eleições.

Para a boliviana Mônica Rodriguez, uma provável candidata, a medida representa um grande avanço. “É só o primeiro passo para que o imigrante deixe de ser invisível”, acredita.

Para participar das eleições, os candidatos a conselheiros extraordinários terão que cumprir as mesmas regras que os brasileiros: ter mais de 18 anos, apresentar um comprovante de residência que ateste que reside na região da sub que quer representar, apresentar 100 assinaturas endossando a candidatura e um documento de identidade, que pode ser emitido no Brasil ou em seu país de origem. Para votar, os estrangeiros também têm de apresentar documento de identidade, comprovante de residência e assinar um documento garantindo que só irão votar em uma subprefeitura.

Gisele Brito
(Rede Brasil Atual – 30/11/2013)

Autometal busca fusão enquanto BMW e Audi aumentam produção

A fornecedora de autopeças está estudando aquisições de concorrentes de médio porte que sofrem com a falta de expertise para trabalhar com marcas de alto padrão

Christiana Sciaudone, da

Akos Stiller/Bloomberg
Trabalhadores na produção de um Audi A3 na fábrica da montadora em Gyor, na Hungria

Trabalhadores na produção de um Audi: a produção doméstica de carros sobe para um patamar recorde neste ano, aumentando a demanda por autopeças de produção nacional

São Paulo - Os planos de fabricantes globais de automóveis como a BMW e a Audi AG para a produção brasileira estão levando a empresa fornecedora de peças com maior venda no país, a Autometal SA, a buscar aquisições em um mercado pronto para a consolidação.

A Autometal está estudando aquisições entre oito a 10 concorrentes de médio porte que sofrem com a falta de expertise para trabalhar com marcas de alto padrão e não têm sido capazes de atingir a demanda de forma lucrativa, enquanto a produção doméstica de carros sobe para um patamar recorde neste ano, disse o diretor financeiro Fernando Mearim.

“Nem todas as empresas continuarão a operar nesse mercado”, disse Mearim, em um seminário com executivos de fabricantes de carros e peças, em São Paulo, em 5 de dezembro. “A torta está ficando do mesmo tamanho e apenas será dividida em pedaços menores”.

Os fornecedores brasileiros estão sendo pressionados enquanto empresas como a Daimler AG, fabricante dos modelos de luxo Mercedes-Benz, e a produtora chinesa de carros compactos Chery Automobile Co. correm para a sétima maior economia do mundo.

Embora as vendas domésticas tenham desacelerado em 2013, o mercado cresceu a um ritmo médio anual de cerca de 10 por cento entre 2002 e 2012, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Fabricantes menores de peças com pouco poder financeiro estão tendo dificuldades para se manterem com as demandas técnicas cada vez maiores dos fabricantes e estão se tornando alvo de aquisições à medida que seus preços de venda caem, disse Mearim.

  
Movimento de consolidação
Existem quase 700 empresas de autopeças no Brasil. Mearim não identificou nenhum alvo potencial para a Autometal, que tem sede em Diadema. Ele disse apenas que não está interessado em “nada menor que R$ 20 milhões” (US$ 9 milhões).

“Muitas delas não são eficientes em termos de controle e gerenciamento de custo”, disse Gustavo Pérez, analista em São Paulo da Fator Corretora SA, em entrevista por telefone. “Existe um movimento em direção à consolidação”.

Alguns fornecedores menores não sobreviverão à desaceleração do setor neste ano, disse Pérez. As vendas de veículos no Brasil caíram 2,8 por cento em novembro em relação ao ano anterior e foram 0,8 por cento mais baixas nos 11 primeiros meses de 2013, segundo a Anfavea, a associação das montadoras.

Ao mesmo tempo, os potenciais compradores de carros estão sendo eliminados por exigências mais restritas de crédito bancário após enfrentarem uma série de não pagamentos e as famílias estão carregando cargas mais pesadas de dívida.

As empresas se deparam com custos trabalhistas que aumentam acima do nível de inflação e com o desemprego a 5,2 por cento em outubro, a maior baixa em 10 meses. No terceiro trimestre, a economia do Brasil encolheu 0,5 por cento.


Encolhimento das ações


Embora a queda de 17 por cento da Autometal nesse ano, até 6 de dezembro, possa ser comparada com o declínio de 16 por cento do Ibovespa, o índice de referência do Brasil, as vendas cresceram a uma taxa de 36 por cento, em torno de três vezes a média do setor, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Autometal é uma unidade da Cie Automotive SA, da Espanha.

“Os estoques do setor automotivo estão em alta, as fabricantes interromperam a produção e deram férias aos trabalhadores a partir de meados de dezembro, então não é um cenário otimista de médio prazo”, disse Mearim.

As novas medidas de nacionalização, que incluem um imposto de 30 por cento sobre carros importados, entram em vigor em janeiro, e as vendas de empresas locais de autopeças tendem a subir, disse Paulo Butori, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças, no evento da semana passada.

O grupo prevê um aumento da produção de carros para 4,8 milhões de veículos em 2018. O total do ano passado foi de 3,36 milhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Até 2016, o número de fábricas crescerá de 29 para 42, incluindo plantas construídas pela Bayerische Motoren Werke AG (BMW) e pela Jaguar Land Rover Automotive Plc, disse Butori. A Audi disse em setembro que retomaria a fabricação de carros no Brasil no ano que vem.

Essas fábricas produzirão alguns modelos que poderão ser exportados, disse Mearim, da Autometal, e exigirão um nível mais alto de capacidade tecnológica, que muitas empresas de autopeças não terão.

“Eu vejo um futuro interessante para aqueles que investem, que têm capacidade técnica”, disse ele.

FMI avalia hoje se inflação continua manipulada na Argentina


Órgão se reúne para avaliar se Argentina conseguiu melhorar credibilidade dos seus dados depois de receber uma moção de censura em fevereiro

Pablo Porciúncula/AFP/Chip Somodevilla/Getty Images
Cristina Kirchner e Christine Lagarde

Cristina Kirchner, presidente da Argentina, e Christine Lagarde, presidente do FMI

São Paulo - O dia de hoje será decisivo para a relação entre Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que está estremecida há meses por causa da suspeita de manipulação dos números de altas de preços.

Em fevereiro, o FMI emitiu uma moção de censura contra o governo argentino criticando o cálculo da inflação e recomendando que uma reforma fosse feita na metodologia. Hoje é o dia do veredicto.

Os dados estatísticos da Argentina têm sido questionado por economistas há anos, mais exatamente desde que o ex-presidente Kirchner retirou algumas pessoas de cargos chave do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do governo em 2007. 

Em 2008, o INDEC parou de publicar o índice nacional para focar apenas no Índice de Preços da Grande Buenos Aires.

As estatísticas oficiais registraram uma inflação de 10,8% na Argentina em 2012, menos da metade dos 25,6% estimados por consultorias privadas.

Em uma reunião hoje, o órgão vai avaliar a validade do novo Índice de Preços Nacional, que abarcaria as 23 províncias e já foi apresentado pelo governo argentino.

Há cerca de um mês, Christine Lagarde, diretora do FMI, disse que a Argentina estava fazendo progresso mas se recusou a antecipar qual seria a avaliação final.

A Argentina saldou em 2005 sua dívida com o FMI por 9,5 bilhões de dólares e, desde então, não aceita a supervisão de suas contas por parte do organismo.

O BNDES prejudica o país: uma analogia familiar


Rodrigo Constantino







Está em foco o debate sobre o papel do BNDES na economia brasileira. Seu presidente, Luciano Coutinho, disse que fará um “esforço” para moderar o volume de empréstimos ano que vem:

Coutinho evitou dar detalhes sobre as novas diretrizes para concessão de financiamentos, mas afirmou que, em linhas gerais, elas combinarão uma “proporção menor em TJLP e mercado”. Disse ainda que a carteira na área de infraestrutura, apesar das restrições previstas para o próximo ano, deve crescer em 2014, já que a demanda nessa área segue “muito firme em função do sucesso que vem ocorrendo nas concessões”. Coutinho confirmou ainda que o aporte de R$ 24 bilhões que será feito pelo Tesouro ao banco público será usado para fechar as contas de 2013 e honrar os contratos firmados no segundo semestre. “Temos uma carteira bastante grande neste ano, por conta do primeiro semestre muito forte”. 

Outra reportagem do jornal Valor mostra que especialistas, escutados pelo jornal, concordam que o BNDES deve reduzir seus desembolsos:

Para os especialistas, a redução do tamanho do BNDES, que este ano deve liberar volume recorde de R$ 190 bilhões, é necessária, e deve ajudar o governo a reduzir sua dívida pública, avaliada em 60% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, enquanto a média observada nos países emergentes é de 35% do PIB. Outro benefício será dar espaço à iniciativa privada e ao mercado de capitais, para que assumam parte da demanda por crédito que hoje é atendida pelo banco de fomento. 

Os especialistas, porém, acreditam que é necessário um processo de redução do papel do banco, que não pode sofrer um corte abrupto para não afetar os investimentos:

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, disse, recentemente, que dois anos é o período que os bancos privados e o BNDES devem levar para se ajustar ao atendimento da demanda por financiamento. O ex-secretário de política econômica do ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida, concorda com o prazo, e afirma que o BNDES deve levar de dois a três anos para ajustar seus recursos e fazer frente aos desembolsos sem necessidade de novos aportes do Tesouro. Segundo ele, esse deve ser também o intervalo necessário para que o banco de fomento eleve a taxa de juros de algumas linhas a um percentual mais adequado, sem que haja perda da capacidade de investimento das empresas.

Qualquer tentativa do governo de acelerar esse processo, segundo Almeida, pode impactar a modernização industrial. “Os recursos do BNDES têm sido fundamentais para o investimento industrial. A indústria precisa disso para aumentar sua produtividade e ter maior capacidade de concorrer com o produto importado. Senão, ela vai depender mais do câmbio do que seria razoável”, disse. 

Já Mansueto Almeida, do Ipea, acredita que não traz crescimento sustentável um banco que insiste em financiamentos tão subsidiados, e pensa que o BNDES deveria aumentar sua taxa de juros. Mansueto não parece muito preocupado com a eventual queda dos investimentos no curto prazo:

“Mesmo que ocorra queda na taxa de investimento em um período de adaptação, eu não vejo problema. Porque se um país não tem como cobrar taxa de juros positiva para emprestar, então tem alguma coisa muito errada”, observou Mansueto. 

Outros especialistas escutados pelo jornal, em outra matéria, atestam que o BNDES poderia reduzir seu papel em maior velocidade. É o caso de Sérgio Lazzarini, do Insper, e autor do excelente livro “Capitalismo de Laços”: 

Professor do Instituto de Pesquisa e Ensino (Insper) e especialista na relação entre empresas privadas e setor público, Sergio Lazzarini diz que o BNDES está sendo conservador em suas mudanças, e que há espaço, inclusive, para alterações mais fortes no papel do banco. “Tenho dito que o BNDES distribui recursos para corporações que têm caixa e poderiam buscar recursos no mercado. Ano que vem será difícil, e o governo tem que demonstrar segurança fiscal. Reduzir ainda mais [os desembolsos] seria ótimo e deixaria mais recursos à infraestrutura”, defendeu.

O vice-presidente do BNDES, Wagner Bittencourt, disse, recentemente, que 80% das grandes empresas têm recursos do banco de fomento. Para Lazzarini, essas empresas têm um bom balanço, conseguem oferecer garantias suficientes e, portanto, não precisam do banco de fomento para se financiar. Se a mudança no BNDES atingir essas empresas que têm facilidade de crédito, a restrição de recursos não deve afetar a formação bruta de capital fixo (FBCF), diz Lazzarini. “Se a mudança atingir projetos mais difíceis, no entanto, afetará a FBCF, sem dúvida”. 

Eu poderia entrar no jargão do economês, explicar porque o BNDES acaba distorcendo o mercado de capitais, tentar quantificar isso e tudo mais. Não farei nada disso. Os argumentos acima já indicam o problema, e o BNDES, nos últimos anos, expandiu sua carteira de forma assustadora, sempre com o argumento de que isso era necessário para os investimentos.


Desembolsos anuais do BNDES. Fonte: BNDES

O resultado está aí: além de fiascos como o Grupo X de Eike Batista nessa escolha dos “campeões nacionais”, temos uma dívida bruta chegando a 70% do PIB, perda de credibilidade das contas públicas após os malabarismos contábeis que tem o BNDES em seu epicentro, e baixo investimento com crescimento econômico medíocre, apesar de alta inflação. Só um petista mesmo pode comemorar um resultado desses!

Em vez de caminhar pela economia, portanto, vou usar uma analogia familiar. Nunca é o ideal, pois o governo não é pai de ninguém, e lhe falta o básico da relação entre pai e filhos: o amor legítimo por sua prole, a preocupação sincera com seu futuro. O governo, ao contrário, é formado por burocratas e políticos, quase sempre voltados para seus próprios interesses mesquinhos e imediatos.

Ainda assim, vamos assumir que o governo é um papai, e que o BNDES é sua carteira. O argumento dos seus defensores é que, sem o BNDES, os investimentos pesados não vão acontecer. O mercado de capitais não teria condições de atender essa demanda. Mas isso inverte a lógica dos acontecimentos.

Não há mais financiamento privado porque existe o BNDES com suas enormes tetas ofertando subsídios para os “amigos do rei”. Na analogia familiar, é como um pai que vive soltando dinheiro para os filhos, mesmo quando esses não entregam os resultados esperados ou prometidos.

Que filho iria correr atrás de um emprego para pagar suas contas? Quem, em sã consciência, vai buscar financiamento no setor privado sabendo que o BNDES está logo ali, oferecendo taxas que chegam a 3,5% ao ano, ou seja, quase a metade da inflação?

Naturalmente, os empresários preferem “investir” em lobby e se aproximar dos tomadores de decisão do governo e do BNDES. Como os filhos puxa-sacos que elogiam os pais só para ganhar aumento de mesada. E os bancos privados nem ousam competir com o BNDES. O mercado de capitais acaba subdesenvolvido por culpa do BNDES, assim como crianças mimadas acabam imaturas e despreparadas para a vida.

O BNDES não tem sido a locomotiva necessária para os investimentos que fazem nossa economia crescer. Ele tem sido um entrave para que o mercado possa funcionar de forma mais livre e sustentável. Chegou-se ao ponto em que nem faz mais sentido discutir quanto o BNDES deveria reduzir de desembolso nos próximos anos. O banco deveria ser privatizado ou extinto de vez! Do jeito que está, prejudica muito nosso capitalismo e, por tabela, nosso país.