terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Edvaldo Santana: "Baixamos o preço da conta na hora errada"


O ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica diz que o governo contrariou as leis de mercado – e que corremos até risco de apagão durante a Copa

LEANDRO LOYOLA
07/02/2014 21h16 - Atualizado em 07/02/2014 21h18
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MAQUIAGEM Edvaldo Santana. “O governo não fala em poupar energia porque parece que é racionamento” (Foto: Celso Junior/ÉPOCA)

A quarentena faz bem ao professor Edvaldo Alves de Santana. Livre de amarras após deixar seu posto de diretor na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e “sem cerimônia para dar notícia ruim”, Edvaldo pode falar o que pensa sobre o setor elétrico – após 39 anos de trabalho (13 na agência, oito deles como diretor). Ao deixar a Aneel no final do ano passado, Edvaldo fez várias críticas em uma mensagem. Ele afirma que o governo – com a ajuda da Aneel – errou na medida provisória que reduziu as contas de luz e gerou uma conta de R$ 22 bilhões a pagar pelo contribuinte brasileiro.

ÉPOCA – Por que temos tantos apagões?
Edvaldo Santana –
A explicação não é tão direta. As empresas reclamam muito que, nos últimos dez anos, o foco tem sido a redução da tarifa. Então a Aneel aperta muito nos custos. Pode ser que essa redução de receita tenha sido excessiva, a ponto de as empresas instalarem equipamentos que não seriam os mais adequados.

ÉPOCA – Ao sair da Aneel, no final do ano, o senhor enviou uma mensagem dizendo que o governo errou na medida provisória que reduziu o valor da conta de luz. Por quê?
Edvaldo –
Tudo isso tem de ser feito conforme regra de mercado, para não tirar os incentivos (às empresas). A conta foi errada. Pagaram-se R$ 12 bilhões em indenizações às usinas. Elas reclamam mais R$ 10 bilhões. Quem ajudou o governo, a própria Aneel, infelizmente se envolveu com isso, fez a conta errada. Não conhecia todo o sistema a ponto de orientar a conta da maneira mais correta.

ÉPOCA – O senhor disse que, nesse caso, a Aneel se envolveu em um “vale-tudo, a ponto de esconder notas técnicas”. Que notas eram essas?
Edvaldo –
Dois diretores da Aneel participaram (das negociações no governo), mas não como Aneel. Eles iam lá individualmente. O Nélson Hubner (então diretor-geral da Aneel) e o próprio Romeu Rufino, o diretor-geral atual. Eu também, se fosse chamado, participaria. Talvez eu, como não tenho a menor cerimônia para dar notícia ruim, fosse descartado. Como não era a Aneel que participava oficialmente, as notas técnicas feitas não foram aprovadas pela diretoria. Mas seguiram para o ministério e para a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) como se fossem. Se fosse para a diretoria aprovar, não seriam aprovadas sem audiência pública. É ali, em audiência pública, com transparência, que se resolve todo esse problema.

ÉPOCA – O governo fez pressão pela redução da tarifa?
Edvaldo –
O governo tinha uma boa ideia na mão e não soube usar os instrumentos ideais para pô-la em prática. Aí acabou fazendo uma coisa dificílima de consertar. Não sei se a hora era aquela. Como posso reduzir o preço de um produto que pode faltar? Foi como dizer ao consumidor: “Pode consumir que o custo da energia está baixo”. E o custo da energia está elevado. A gente tem de dizer a verdade para o consumidor. Foi um equívoco muito grande da Aneel.
"A chuva não cai, e o risco de racionamento é bem maior hoje
do que em outubro passado"
 
ÉPOCA – Foi feito rápido demais?
Edvaldo –
Não. Levou mais de um ano. Se tivessem aproveitado todo esse tempo para ouvir as pessoas que deveriam ser ouvidas, teria sido muito melhor. As pessoas que estavam mais envolvidas, pelo que sei, não têm o conhecimento total. Alguns não sabem nem o que significa passar o risco regulatório para o consumidor. Não têm a menor noção.

ÉPOCA – Quem eram essas pessoas?
Edvaldo –
O (Maurício) Tolmasquim (presidente da EPE), os diretores da EPE, o (Márcio) Zimmermann (secretário executivo do Ministério de Minas e Energia), o Nélson Hubner, o Romeu (Rufino)... Desses que eu listei aí, não tem um só deles que tenha um conhecimento profundo de operação do sistema. Nenhum deles. Não tem como você colocar só cinco, seis pessoas numa sala, e essas pessoas terem o conhecimento total para fazer uma mudança de tal profundidade como essa.

ÉPOCA – Corremos risco de enfrentar um novo racionamento?
Edvaldo –
O governo tem dito que o risco de racionamento é zero. Na realidade, o risco nunca é zero. Eu diria que, hoje, o risco está bem maior do que em outubro passado. Os reservatórios que interessam, do Sudeste e do Nordeste, começam a encher a partir de novembro. O tempo está passando, e a chuva não está caindo. Com isso, há o risco maior de haver racionamento. (Esse risco, no entanto) é bem menor que em 2001/2002, porque hoje há muitas térmicas. Desde que se queira pagar pelo custo da térmica, o risco de racionamento é muito menor.


ÉPOCA – Há risco de termos apagões durante a Copa do Mundo, já que o consumo crescerá?
Edvaldo –
A Copa do Mundo não afetará de maneira significativa o consumo de energia elétrica. Se fosse assim, todos os anos a Coelba, da Bahia, e a Celpe, de Pernambuco, teriam de fazer reforço para receber 1 milhão de pessoas durante quatro dias do Carnaval. Quando o governo começou com essas obras da Copa, vários Estados e empresas aproveitaram e colocaram como se fossem obras da Copa obras que, na verdade, não eram da Copa. A Copel (companhia de energia do Paraná) queria colocar como obra da Copa um cabo submarino adicional para a Ilha do Mel. Se tiver corte de carga durante a Copa, pode ter certeza: não foi por causa da Copa, foi porque há problemas maiores. 

ÉPOCA – Mas e se a seca continuar?
Edvaldo –
Aí vem outro problema que eu acho uma brutalidade enorme com o consumidor. Até a semana passada, havia 13.000 megawatts de termelétricas acionados (energia comprada quando falta energia das hidrelétricas). Se (o governo) pedisse para cada um de nós desligar uma lâmpada, não precisaria acionar essas térmicas. Essa térmica faz com que o consumidor tenha de pagar uma conta mais cara. É assim porque o governo não quer falar em conservar energia, porque fica parecendo racionamento. Na realidade, é explicar ao consumidor que, se todos fizermos muito pouco, não precisamos pagar tanto.

ÉPOCA – Em geral, o governo atribui os apagões a fatores aleatórios ou climáticos, como um raio ou uma queimada. Somos azarados ou essas explicações são inverossímeis?
Edvaldo –
O caso do raio, em outubro de 2009, naquela subestação de Itaberá é um bom exemplo. De todos esses apagões, foi o maior deles. Uma, duas horas após o acidente, as autoridades vieram à televisão, para dizer que tinha sido um raio. O relatório de fiscalização da Aneel, que aplicou uma multa de mais de R$ 30 milhões em Furnas, não fala em raio. Como as autoridades começaram a falar em raio, Furnas investiu uma fortuna em equipamentos para reforçar os para-raios. Para mim, gastou dinheiro à toa, porque foi problema de manutenção nas instalações. O presidente do Conselho de Administração da Eletrobras é o secretário executivo do ministério (de Minas e Energia, Márcio Zimmermann). Ele também é o presidente do Conselho de Administração do ONS. O presidente do Conselho de Administração do ONS não pode ser a própria pessoa que controla 70% do sistema de transmissão. Se ele e o diretor-geral do ONS falam que foi raio, e tentam justificar o raio, dali em diante toda a cadeia para apuração da realidade fica comprometida. Furnas procurou desqualificar o relatório da Aneel, em lugar de usar o relatório para fazer as melhorias cabíveis. O caso da queimada (no Piauí, em agosto do ano passado): é impossível uma queimada numa linha de transmissão que transporta 1.000 megawatts provocar a derrubada do sistema em 10.000 megawatts.


ÉPOCA – Temos mais problemas de gestão ou de infraestrutura no sistema elétrico?
Edvaldo –
Temos problemas de infraestrutura, com obras atrasadas por problema ambiental. Hoje, a capacidade de transmissão é mais que o dobro da carga, portanto o problema de infraestrutura não é o que provoca grandes ocorrências. O total de carregamento do sistema de transmissão em situação normal é de apenas 30% do que poderia passar num dia. O sistema funciona com folga de 70%. Na Europa, esse índice de carregamento é quase 60%. A rigor, há mais transmissão do que precisaria – desde que o controle e a coordenação fossem mais adequados.

ÉPOCA – O senhor falou que, perto de o senhor sair, houve um retrocesso. Que retrocesso é esse?
Edvaldo –
É o Tesouro voltar a pagar a conta (da energia). Tirou-se o incentivo, via mercado, para os geradores fazerem o que deveriam fazer para ganhar dinheiro. Essa intervenção (da medida provisória que reduziu a conta de luz) tira todo o incentivo para a empresa buscar a eficiência. Já foi assim até 1998 e não deu certo. Gerou uma conta de US$ 27 bilhões que o Tesouro teve de pagar. Agora, voltou a ser como era na época mais triste do setor elétrico.

Trabalha no exterior? Veja quais os direitos dos expatriados


Especialista do escritório Mascaro Nascimento detalha como a lei protege os profissionais que são enviados pela empresa para o exterior

Editado por Talita Abrantes, de
Sean Gallup/Getty Images
Homem puxando mala no saguão de aeroporto
Resposta de Débora Bobra Arakaki Masson, advogada do escritório Mascaro Nascimento Advocacia Trabalhista
Cada vez mais o Brasil tem exportado mão de obra qualificada devido ao grande estreitamento entre as nações e devido ao perfil do profissional brasileiro, cuja flexibilidade e alta capacidade de adaptação são competências destacáveis entre os executivos globais.

De acordo com as leis e regulamentos vigentes (Lei n. 7.064/82, Decreto n. 89.339/84 e a Resolução Normativa do Conselho de Imigração n. 104 de 2013), os direitos básicos do empregado transferido são: salário-base sujeito aos reajustes e aumentos compulsórios previstos na legislação brasileira, aplicação da legislação brasileira sobre Previdência Social, FGTS e PIS/PASEP.

A Lei n. 7.064/82 também menciona que após dois anos de permanência no exterior, será facultado ao empregado gozar anualmente férias no Brasil, ficando por conta da empresa empregadora o custo da viagem. Esse custeio se estende ao cônjuge e aos demais dependentes do empregado com ele residentes.

As normas mencionadas balizam as situações de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviço no exterior. Porém, poderão ser livremente pactuados entre as partes, variando de acordo com cada empresa, com base no “instrumento interno de política de expatriação”: moradia, escola para o filho, carro, seguro de saúde e de vida, plano de aposentadoria, entre outros direitos extras dos que já estão assegurados pela lei brasileira. 

Esse é também o caso das políticas de repatriação como: custo de mudanças, hotéis por alguns meses para a família enquanto compra/loca imóvel e alimentação. 

Envie suas dúvidas de leis trabalhistas para o e-mail : alciprete63@hotmail.com

Empreendedorismo por oportunidade cresce no Nordeste


Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor revela avanços nos quesitos escolaridade e geração de postos de trabalho por parte dos empreendedores nordestinos

Cleonildo Mello, da
Getty Images
Empreendedores
Empreendedores: para cada pessoa que abre um negócio por necessidade, 1,7 opta pelo empreendedorismo por encará-lo como uma oportunidade

Natal - O número de pessoas que identificam uma chance de negócio e decidem empreender, mesmo tendo alternativas de emprego e renda, registrou alta no Nordeste. Quase 63% dos empreendedores iniciais da região são por oportunidade. Isso significa que para cada pessoa que abre um negócio por necessidade, 1,7 opta pelo empreendedorismo por encará-lo como uma oportunidade. No Brasil, a taxa de emprendedorismo por oportunidade subiu para 71%. Os dados constam na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada nesta segunda-feira pelo Sebrae.

Na avaliação do superintendente do Sebrae no Rio Grande do Norte, José Ferreira de Melo Neto, esse avanço do empreendedorismo na região se deve a fatores como a força do mercado brasileiro e o ambiente legal favorável, que facilita e incentiva a formalização. Somente no Rio Grande do Norte, são 51 mil autônomos enquadrados como Microempreendedores Individuais (MEI). O diretor também atribui o aumento do percentual de empreendedorismo por oportunidade, que em 2012 era de 60,4%, à melhoria da escolaridade.

O estudo, que é relativo ao ano de 2013, faz outra revelação positiva para o Nordeste. Cerca de 42% daqueles que começaram um negócio possuem o segundo grau completo. Esse é o maior índice registrado em todas as regiões do país, chegando a ser sete pontos percentuais acima da média nacional, que é de 35,1%. A GEM 2013, no entanto, também aponta dados não tão positivos relacionados à região, onde 66% dos empreendedores iniciais faturam menos de três salários mínimos. A região também concentra a maior proporção de mulheres que empreendem por necessidade: 42,9%.

Em termos de gênero, os homens nordestinos ainda são maioria no quesito abertura de negócio. Diferente do restante do país, a quantidade de pessoas do sexo masculino (50,9%) é levemente superior a do feminino (49,1%). Analisando o Brasil como um todo, 52,2% de todos aqueles que empreendem são mulheres e 47,8%, homens.

Vem do Nordeste também o maior número de empreendedores iniciais com funcionários contratados. Enquanto na região Sul, por exemplo, as empresas com um funcionário contratado somam 13,4%, em solo nordestino esse percentual é praticamente o dobro: 26,7%. Já em relação ao número de empresas que não têm empregado, o Nordeste é a região com o menor índice: 50,5%.

A GEM é uma iniciativa da London Business School e Babson College e é realizado em 68 países. No Brasil, a pesquisa é patrocinada pelo Sebrae e realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foram entrevistadas 10 mil pessoas de 18 a 64 anos, de todas as regiões, e 85 especialistas em empreendedorismo. Entre os ouvidos pela GEM estão desde pessoas que estão se preparando para iniciar um empreendimento até os que já estão estabelecidos no mercado. A pesquisa não revela dados por estado, apenas por regiões brasileiras.

Por dentro da máscara dos Black Blocs


ÉPOCA passou o fim de semana de Finados num campo de treinamento dos Black Blocs, em São Paulo. O que viu lá ajuda a saber quem eles são, o que pensam, o que querem, como se organizam e quem os financia

LEONEL ROCHA

Um sítio a 50 quilômetros de São Paulo abriga um centro de treinamentos para a minoria que adotou o quebra-quebra como forma de manifestação política e ficou conhecida como Black Bloc. Dois homens na faixa dos 40 anos vigiavam o portão, fechado com corrente e cadeado. Se não fosse por eles, um observador menos atento poderia acreditar que o local, carente de manutenção, está abandonado. Não tem animais, horta nem pomar. Não tem trator nem enxadas. É usado somente nos finais de semana, como espaço para reuniões e ensino de técnicas de resistência à polícia. Apenas uma das três casas erguidas há 50 anos está em condições de uso. As outras duas não têm água nem luz. Servem de depósito. No primeiro final de semana de novembro, quando se comemorou o Dia de Finados, pouco mais de 30 pessoas se reuniram nesse sítio para organizar uma nova onda de protestos contra tudo e contra todos – a presidente Dilma Rousseff, políticos em geral, bancos, empresas de transporte, telefonia e comunicação.

Fui admitido no encontro como repórter de ÉPOCA. O que vi ajuda a compreender quem são, o que querem e o que pensam os Black Blocs. Mais: desmente a concepção vigente entre órgãos de segurança federais e estaduais. É voz corrente que eles não têm organização e aparecem nas manifestações como que por geração espontânea. Ao contrário, eles têm método, objetivos, um programa de atuação e acesso a financiamento de entidades estrangeiras.
 
TREINAMENTO Leonardo Morelli, da ONG Defensoria Social, e três dos participantes do encontro. Ele influencia os Black Blocs com suas causas (Foto: Leonel Rocha/ÉPOCA)

Foram necessárias três semanas de negociação até que os ativistas me abrissem seus portões e me permitissem testemunhar seus treinamentos, debates e decisões. Antes, apresentaram exigências e cobraram garantias. Para ter acesso ao encontro, tive de me comprometer a não revelar a localização do sítio, só identificar na reportagem os ativistas que se dispusessem a declarar seus nomes e profissões e a tratar a todos com respeito. Em nenhum momento soube o endereço do sítio. Marcamos um encontro no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde os Black Blocs se reúnem em dias de manifestação na capital paulista. De lá, segui com dois guias até o sítio numa Kombi. Uma parte do caminho foi feita em estrada de terra.

As primeiras horas foram para superar desconfianças. No começo, fui chamado de “senhor”. Rompi parte das resistências com a ajuda de um antigo sindicalista. Ex-funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), o jornalista Leonardo Morelli coordena a ONG Defensoria Social, um braço visível e oficial que os apoia. Morelli me recebeu no sítio porque acredita que os “blockers” precisam de visibilidade e reconhecimento dos meios de comunicação. Só por meio deles, diz ele, podem superar a rejeição de quase toda a sociedade, que condena o quebra-quebra característico das aparições dos Black Blocs. O termo, segundo eles, designa uma forma de atuação, não um grupo ou movimento organizado.

Aos 53 anos, Morelli é o mais velho do grupo. Participou de pastorais católicas de direitos humanos. Integrou o grupo que originou a Comissão Pastoral Operária. Militou com petistas como Luiz Gushiken (1950-2013), ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh. Seu nome aparece em quatro relatórios dos órgãos oficiais de espionagem. Datado de 1987, um documento do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) relaciona Morelli entre punks e anarco-sindicalistas. Segundo o texto, Morelli propunha “furar os pneus e quebrar os vidros dos ônibus” para parar São Paulo e provocar uma greve geral dos trabalhadores. “Eu já era Black Bloc nos anos 1980, antes de existir o movimento com esse nome”, diz.

Ele foi demitido da RFFSA por participar de uma greve nos anos 1980. No fim da década, foi anistiado e aposentado. Agora, tenta influenciar os Black Blocs com novas causas. Ergue bandeiras ambientais, denuncia os lixões e a contaminação de áreas da periferia. Defende a desmilitarização das polícias, a liberação de biografias não autorizadas, o controle social das pesquisas científicas, combate o Marco Civil da Internet e cobra as renúncias dos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Os ativistas reunidos no interior paulista compartilham o credo anarquista de Morelli, mesmo com pouca informação sobre o tema. O mais jovem do grupo, com 17 anos, é um típico punk da periferia paulista, de cabelo moicano. Tenta concluir o ensino médio. Num dos últimos conflitos, foi fotografado quebrando a pontapés uma vidraça de uma agência bancária. Distribuída por agências de notícia estrangeiras, a imagem rodou o mundo.

Pouco mais velho que ele, um rapaz de óculos diz ter lido textos anarquistas na internet e não compreender como todos de sua idade não aderiram ao movimento. Morador da periferia paulistana, conta que cresceu assistindo a amigos e vizinhos apanharem da polícia. Nunca votou e afirma que jamais escolheria os candidatos preferidos por seus pais na eleição presidencial de 2010 – Dilma Rousseff e José Serra. Na noite de 26 de outubro, testemunhou o espancamento do comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Reynaldo Rossi. Relata que Rossi fora “marcado” pelos “blockers”. A ordem era bater nele sem acertar a cabeça, para evitar o risco de morte. “Vi muito amigo ser espancado pela polícia lá no meu bairro. É assim que vamos responder daqui para a frente”, diz o Black Bloc com pinta de nerd.
 
O sítio black bloc 1. Sem sinal de animais ou lavoura, dois dos três casebres  usados pelos ativistas são encobertos pela vegetação 2. Fachada da única casa habitável. Lá, tudo precisa de reparos  3. A mesa comprida chega até a cozinha.  É usada para reun (Foto: Leonel Rocha/ÉPOCA)

O grupo comprou a Kombi que me conduziu e um Jeep Willys com dinheiro que recebeu de entidades nacionais e estrangeiras. Segundo Morelli, desde o início deste ano, já ingressaram nos cofres da Defensoria Social E 100 mil. Ele afirma que o dinheiro foi repassado pelo Instituto St Quasar, uma ONG ligada a causas ambientais. Morelli também cita entre seus doadores organizações como as suíças La Maison des Associations Socio-Politiques, sediada em Genebra, e Les Idées, entidade ligada ao deputado verde Jean Rossiaud. Procurados por ÉPOCA, ambos negaram ter enviado dinheiro. Morelli diz que a Defensoria Social também foi abastecida pelo Fundo Nacional de Solidariedade, da CNBB. A CNBB também negou os repasses. Morelli ainda relacionou entre seus contatos os padres católicos Combonianos e a Central Operária Boliviana.

O dinheiro financia os treinamentos dos militantes, como o ocorrido no fim de semana de Finados e outro realizado em julho na cidade de Cáceres, em Mato Grosso. Nessas ocasiões, os ativistas são informados de que a precondição para ser Black Bloc é ter disposição para enfrentar a polícia. Em Cáceres, aprenderam a se proteger das balas de borracha com escudos feitos com tapumes. Foram orientados a formar paredes com os escudos para se defender em bloco, como as tropas de choque fazem hoje – e, no passado, fizeram as falanges gregas e legiões romanas. Em Cáceres, havia rapazes que prestaram serviço militar.
 
DANI, A PANTERA Daniela Ferraz,  de 31 anos, mãe  e ex-presidiária.  Ela  agora quebra bancos. “Quando corruptos roubam milhões, nada acontece” (Foto: Letícia Moreira/ÉPOCA)

Ex-recrutas do Exército, eles ensinaram aos colegas Black Blocs o que aprenderam na caserna. Em Cáceres e no interior paulista, os ativistas tiveram aulas com o ex-militante do MST Paulo Matos. Aos 36 anos, ele acumula 21 anos de militância. Participou de cinco invasões, foi preso, processado e ajudou a organizar o assentamento mato-grossense Antônio Conselheiro, o maior do país. Deixou o MST quando passou a acreditar que alguns de seus companheiros eram corruptos. Conta que, ameaçado por eles, fugiu para a Bolívia, onde começou a estudar medicina. Diz que trabalhou como enfermeiro e aprendeu a fazer pequenas cirurgias. Carrega um kit com bisturi, agulha de sutura, pinça, tesoura e luvas para socorrer quem se fere no combate das ruas. “Somos gladiadores sociais”, afirma Paulo Matos.

Nos debates, o clima é de indignação, revolta e impaciência com as promessas dos governantes. No sítio paulista, foram exibidos vídeos de protesto para os ativistas. Fez sucesso Setembro negro: Estado, violência e reação, produzido pela carioca 202 Filmes. Os ativistas também assistiram a um vídeo gravado durante o treinamento de Cáceres. Produzido pela desconhecida Aliança Latino-Americana de Ação Direta, ele pode ser acessado pelo site da ONG Usina Brasil e ensina a manusear pistolas. Não vi armas de fogo ou de qualquer outro tipo no sítio do interior paulista onde os Black Blocs se reuniram no Dia de Finados. Havia lá apenas facões e um pequeno machado. O máximo a que assisti foi uma discussão sobre se deveriam ou não fazer atentados contra prédios públicos, inclusive com o uso de dinamite. Essa hipótese foi aventada por uma minoria exaltada, que cogitava incendiar carros durante as manifestações.

O encontro de Black Blocs no sítio paulista foi marcado pela improvisação. Na única casa habitável, o telhado exige reforma, e as paredes clamam por pintura. Um gerador a gasolina forneceu energia apenas por algumas horas. A mesa comprida da sala serviu mais para discussão do que para refeição. Os Black Blocs não se reuniram para comer. Ao fazê-lo, não se preocuparam com etiqueta. Saborearam churrasco de carne de segunda e embutidos. Arroz e macarrão foram preparados num fogão de quatro bocas. Para o café da manhã ou para a noite, reservaram biscoitos, café e leite. Banho, só com água de poço, fria. Para beber, levaram garrafas de água mineral. O dinheiro para as compras foi racionado – sempre é. 

Dispunham de uma geladeira e um micro-ondas. Acesso a celular ou internet, só por milagre. Os maços de cigarro foram compartilhados. Tarefas como faxina ou cozinha foram divididas por habilidades ou disposição, na base do voluntarismo. Como havia poucas camas, muitos dormiram no chão. Só vi duas mulheres. Ambas dormiram no sítio. Uma fogueira na área externa espantou o frio.

Manifestante é pacífico.
O que nós fazemos é protesto"
Leonardo Morelli, da ONG Defensoria Social
 
Os Black Blocs disseram que o desconforto não era maior que em suas próprias casas. Muitos vieram de fora de São Paulo. Havia gente do Rio de Janeiro, do Paraná, de Mato Grosso, de Minas Gerais, de Pernambuco e do Amazonas. Costumam adotar apelidos como Marmota, Irmão ou Jow, para não ser identificados pelas autoridades. Piercings e tatuagens são quase regra. Os que têm telefone celular mudam o número com frequência. Dois militantes foram incumbidos de vigiar a área durante o dia. Se alguém se aventurar a pular a cerca, pode ser surpreendido por armadilhas feitas com pontas de madeira. Só entrou no sítio quem integra o grupo e eu, que fui convidado. Os ativistas de Pernambuco e do Rio não permitiram que eu assistisse a uma das reuniões. Por isso, dormi em São Paulo e voltei no dia seguinte.

Nos cartazes pendurados na casa habitável, só havia espaço para teses anarquistas e ambientalistas. Anticapitalistas, os Black Blocs defendem uma genérica “solidariedade humana”. A formação intelectual da maioria é quase primitiva. Definem-se como anarquistas porque são, genericamente, contra a repressão do Estado, para eles encarnada pela polícia. A nata do anarquismo é muito citada, mas pouco lida. Nos debates, ouvi os nomes dos revolucionários Mikhail Bakunin (teórico anarquista) e Pierre-Joseph Proudhon (político francês que comparava a propriedade a um roubo), do escritor russo Liev Tolstói, do ucraniano Nestor Makhno (anarquista durante a Revolução Russa) e de François Claudius Koenigstein (conhecido como Ravachol, teórico do terrorismo). Como anarquistas, dizem não ter líderes. As teses e ações do grupo são decididas por consenso ou adesão. Dizem que são ativistas. “Manifestante é pacífico. O que fazemos é protesto”, afirma Leonardo Morelli.

Ninguém é considerado traidor se não entrar no quebra-quebra, mas o vandalismo é visto como ato de coragem. Equipamentos como orelhões são quebrados, segundo eles, porque a telefonia é dominada por estrangeiros. Também merecem condenação empreiteiras e multinacionais. Revoltados com a privatização do campo de Libra, incluíram a Petrobras no rol de suas potenciais vítimas. Dizem que queimam as lixeiras públicas nos protestos porque consideram corruptas as concessionárias do serviço. Alguns rejeitam programas sociais, como Bolsa Família, Mais Médicos e ProUni, pois, segundo eles, mascaram as péssimas condições da população e amortecem a revolta.
 
MENSAGEM A O ex-MST Paulo Matos. Ele  protocolou no Planalto carta a Gilberto Carvalho com as exigências  dos Black Blocs (Foto: Celso Jr./ÉPOCA)

O discurso seduz gente como Daniela Ferraz, paulistana criada no complexo de favelas do Capão Redondo. Aos 31 anos, mãe de um filho que mora com o pai, ela cometeu dois assaltos e cumpriu cinco anos de prisão. “Tinha filho para criar e uma irmã criança para ajudar a criar. Não tive alternativa, e o desespero me levou a assaltar. Mas nunca me envolvi com homicídios”, diz. “Quando os corruptos poderosos roubam milhões, nada acontece. Quando o pobre assalta para comprar comida e fraldas para o filho, vai preso.” Ainda cumprindo pena em liberdade, Daniela armou-se de paus e pedras para atacar agências bancárias. Agora, é conhecida como Dani, a Pantera dos Black Blocs.

No fim de semana de Finados, os 30 Black Blocs tomaram decisões importantes. Acertaram protestar contra todos os candidatos que disputarem a próxima eleição. Nenhum deles terá seu apoio. Interlocutor do governo federal com os movimentos sociais, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reclamou da falta de interlocução. Os ativistas decidiram, então, resolver o problema enviando uma carta a Gilberto Carvalho. 

O documento lista, entre outras reivindicações, a desmilitarização das polícias, anistia aos Black Blocs presos, infraestrutura para assentamentos rurais e suspensão da privatização do campo de Libra. O texto foi levado de avião para o Planalto pelo ex-MST Paulo Matos. Ele invadira a Assembleia Legislativa do Rio em junho e quebrou janelas em São Paulo no 7 de setembro. Matos protocolou o texto no Palácio do Planalto na última terça-feira. Na mochila, levava também a máscara de Black Bloc. O grupo decidiu fazer uma nova onda de protestos nos próximos dias, caso não seja atendido. Deixou endereço e telefone, para a eventualidade de Carvalho se decidir a negociar com eles. Procurado por ÉPOCA, Carvalho confirmou ter recebido o documento.

Os Black Blocs me receberam em seu refúgio. Concederam entrevistas, mas não permitiram filmagens nem o uso de câmeras profissionais. Morelli e Matos aceitaram que eu os fotografasse no sítio com o celular. Escolheram um cenário neutro, de forma a evitar a identificação do local. A meu pedido, fizeram outras imagens após o encontro do fim de semana, para ilustrar esta reportagem. Quem foi ao encontro de Finados ganhou um par de CDs. Eles contêm programas para sabotar redes de computadores de órgãos públicos e empresas privadas. Desenvolvidos por programadores vinculados à célula carioca do grupo hacker Anonymous, esses programas já circulam na internet.

Os Black Blocs brasileiros seguem uma onda mundial. São uma manifestação tardia de um fenômeno que tem origem na Alemanha dos anos 1980 e, gradualmente, começou a aparecer nas manifestações de ruas pelo mundo. Primeiro, nos protestos antiglobalização dos anos 1990. Depois, como parte das mobilizações que se seguiram à crise econômica de 2008. Agora, quebram vitrines e enfrentam a polícia no Brasil. O cientista político canadense e ativista Francis Dupuis-Déri, da Universidade de Québec, afirma que os Black Blocs são mais uma tática que um movimento político, mais uma demonstração de rua que uma ideologia. Envolveram-se em protestos no Canadá, na Grécia, na Espanha e no Egito.

 “Estão se convertendo num fenômeno global, como a crise econômica”, diz Dupuis-Déri, autor de Who’s afraid of the Black Blocs? Anarchy in action around the world (Quem tem medo dos Black Blocs? Anarquia em ação através do mundo), livro que sairá nos Estados Unidos pela editora Between the Lines. Em toda parte, os Black Blocs são acusados de promover quebra-quebras e espantar das ruas os demais manifestantes. Como uma das missões dos Estados democráticos é combater a violência e preservar a ordem, os Black Blocs frequentemente acabam na cadeia pelos crimes que cometem durante as depredações. Em dez anos, 10 mil foram presos, a maioria em protestos antiglobalização. A cadeia pune a violência e pode coibi-la, mas não ajuda a compreender o que eles querem, quem são, o que pensam, como se organizam – e, principalmente, quem os financia. “Qualquer um no Brasil que deseje entender o que querem os Black Blocs deveria tentar escutá-los”, diz Dupuis-Déri. É o que ÉPOCA faz nesta reportagem.

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ConAgra, Cargill e CHS adiam novamente joint venture


Em documento submetido à Securities and Exchange Commission (SEC), a ConAgra disse que o adiamento se deve ao processo de aprovação regulatória e outros fatores

Germano Lüders/EXAME
Fábrica da Cargill em Minas Gerais
Fábrica da Cargill: para obter aprovação regulatória, a ConAgra Foods, a Cargill e a CHS precisam vender quatro moinhos

Nova York - A ConAgra Foods, a Cargill e a CHS adiaram novamente a criação da joint venture que irá combinar os moinhos das três companhias na América do Norte.

Em documento submetido à Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA) na segunda-feira, 10, a ConAgra disse que o adiamento se deve ao processo de aprovação regulatória e outros fatores.

Inicialmente, a nova empresa, que se chamará Ardent Mills, seria criada no final de 2013.
Em novembro, a data foi postergada para o primeiro trimestre de 2014 e agora, para o segundo trimestre. 

O negócio vai unir a ConAgra Mills e a Horizon Milling, uma joint venture formada em 2002 entre a Cargill e a CHS, e resultará no maior player do setor.

Para obter aprovação regulatória, as três companhias precisam vender quatro moinhos, o que deve ocorrer antes ou ao mesmo tempo da criação da joint venture. 

Fonte: Dow Jones Newswires.

Oportunidade motiva brasileiros, aponta pesquisa da FGV/EAESP



No ano de 2002, apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por acreditar na demanda de mercado; para as demais, o empreendedorismo era uma necessidade principalmente por não terem emprego. Assim, o índice de empreendedorismo por oportunidade alcançado em 2013 subiu para 71% – o maior em 12 anos.
Sete de cada dez brasileiros que abrem uma empresa tomam a iniciativa por identificar uma oportunidade para ganhar dinheiro como donos do próprio negócio. Esta é uma das conclusões da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – realizada no Brasil em parceria com o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios (GVCenn) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV/EAESP) e o Sebrae.

No ano de 2002, apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por acreditar na demanda de mercado; para as demais, o empreendedorismo era uma necessidade principalmente por não terem emprego. Assim, o índice de empreendedorismo por oportunidade alcançado em 2013 subiu para 71% – o maior em 12 anos.

Ainda de acordo com o levantamento, metade dos negócios com até três anos e meio de atividade tem como donos jovens entre 18 e 34 anos, enquanto nas empresas há mais tempo no mercado apenas 25% dos proprietários são dessa faixa etária.  As mulheres também são maioria entre os novos empreendedores, chegando a 52%.

O melhor entre os BRICS



O Brasil teve o melhor desempenho no ranking de empreendedorismo por oportunidade entre os países dos BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul): quase 85% dos brasileiros consideram abrir uma empresa como boa opção de carreira, acima do percentual da Rússia (66%), Índia (61%), China (70%) e África do Sul (74%).

Nos Estados Unidos, o índice dos que desejam abrir o próprio negócio chega a 78% e, no Reino Unido, a 84%.

A pesquisa foi realizada em 68 países, a partir de entrevistas com 10 mil pessoas de 18 a 64 anos, de todas as regiões, além de 85 especialistas em empreendedorismo. 


Soros prova (de novo) por que é o melhor gestor do mundo


Fundo do bilionário, Quantum Endowment, registrou o maior ganho dentre todos os hedge funds em 2013

Akos Stiller/Bloomberg
George Soros, fundador do Soros Fund Management, posa para uma foto durante uma entrevista em Budapeste, na Hungria
Soros também fez fortuna com a derrocada da libra esterlina em 1992, ao apostar contra a moeda britânica cerca de 10 bilhões de dólares

São Paulo – Mais um recorde para o incansável George Soros. O fundo de hedge do bilionário, Quantum Endowment, registrou o maior ganho dentre todos os hedge funds em 2013, segundo levantamento da LCH Investments.

O Quantum apresentou um retorno de 5,5 bilhões de dólares, o segundo maior ganho de toda sua história. 
A alta do ano passado só não superou o desempenho visto em 2009, quando Soros e seu time alcançaram um retorno de 29%.


Pé no freio


Em 2011, depois de quase 40 anos de carreira, Soros decidiu pisar no freio e anunciar sua aposentadoria – antes, distribuiu um bilhão de dólares aos investidores do fundo.

Em uma carta, dois de seus cinco filhos afirmavam que o Quantum passaria a aplicar apenas com recursos familiares e não mais com o de terceiros. O motivo da decisão, de acordo com a nota, eram as novas propostas de regulamentação do mercado de fundos de hedge.

Soros também fez fortuna com a derrocada da libra esterlina em 1992, ao apostar contra a moeda britânica cerca de 10 bilhões de dólares.


Veja abaixo os cinco maiores fundos de hedge do mundo, segundo levantamento da LCH Investments.


Fundo Gestor Valor administrado (em US$ bilhões Ganhos líquidos desde o início do fundo (em US$ bilhões)
Quantum Endowment George Soros 28,6 39,6
Bridgewater Pure Alpha Ray Dalio 79 39,2
Paulson & Co. John Paulson 20,3 25,4
Baupost Seth Klarman 26,4 21,5
Appaloosa David Tepper 19,3 21,2