terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Aerovale recebe aval oficial e disputa voos de jatos na Copa saiba mais

Rogério Penido mostra maquete do Aerovale para o ministro Moreira Franco_Foto: Flavio Pereira
Rogério Penido mostra maquete do Aerovale para o ministro Moreira Franco_Foto: Flavio Pereira
Meta de grupo é concluir a construção da pista de 1.560 metros e viabilizar pouso de primeiro avião em Caçapava em maio

Xandu Alves
São José dos Campos

O empresário Rogério Penido, presidente do Aerovale, em Caçapava, maior empreendimento privado atualmente em construção na região, quer disputar o mercado de jatos executivos que virão ao Brasil neste ano por causa da Copa do Mundo.

Para tanto, ele projeta terminar a construção da pista de 1.550 metros que está sendo feita no empreendimento. A meta é decolar o primeiro avião em 30 de maio.

Segundo Penido, estimativas do mercado dão conta que o país sede da Copa costuma receber entre 2.500 e 3.000 jatos executivos em razão dos jogos.

"Queremos parte desses voos pousando e decolando no Aerovale. A estrutura está sendo feita para isso", disse ele ontem, quando recebeu do governo federal a autorização para explorar comercialmente a pista.

A portaria de outorga para exploração do Aerovale, como aeroporto público, foi assinada ontem, em Caçapava, pelo ministro-chefe da SAC (Secretaria de Aviação Civil), da Presidência da República, Wellington Moreira Franco.

Com o documento, Penido pode explorar apenas a aviação executiva, com aviões e helicópteros. A outorga não permite, porém, o recebimento de voos comerciais regulares.

O empresário aposta que, no futuro, essa opção poderá ser autorizada pelo governo. "É um segundo passo. E o governo federal caminha para isso", afirmou.


Obras.

 
Com investimentos que chegam a R$ 250 milhões, o Aerovale está em fase final de terraplanagem. Além da pistam, o empreendimento terá dois condomínios para empresas, um na área aeroespacial, com 117 lotes, e outro nos setores industrial e comercial, com 188 lotes.

A primeira operação, contudo, deve ser mesmo a do aeródromo. "A expectativa é atender a operação de aviação executiva para a Copa do Mundo, entre cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais", disse Penido.

"O Aerovale será uma alternativa para os aeroportos da capital, que estão todos estrangulados. Pousando aqui, o empresário, jornalista ou executivo do time poderá pegar um helicóptero para a capital."

Para tanto, o empresário fundou a Helivale, que irá operar, a partir de março, até 10 voos diários de helicóptero entre São José e São Paulo. Penido comprou duas aeronaves para a operação.

Na avaliação do empresário, ao chegar ao pico de negócios, o Aerovale irá gerar um volume de R$ 10 bilhões. "Vai dobrar Caçapava", disse Penido, citando a estimativa de gerar 50 mil empregos.


Meta é gerar 50 mil empregos

A expectativa do empresário Rogério Penido é que o Aerovale, megaprojeto que está sendo construído em Caçapava, gere até 50 mil empregos, entre diretos e indiretos.

O volume de postos de trabalho será alcançado, segundo Penido, quando o empreendimento estiver no auge das operações, com todos os 305 lotes aeroespaciais, industriais e comerciais vendidos e toda a infraestrutura pronta.

O empreendimento terá uma pista de 1.550 metros e hotéis, centro de convenção e lojas de conveniência.
As obras começaram em setembro de 2012 após 10 anos de projetos e etapas do licenciamento ambiental. Para Penido, o empreendimento estará completamente "maduro" nos primeiros 10 anos.

"A expectativa é que o Aerovale dobre a arrecadação de Caçapava em impostos."

SAIBA MAIS

Projeto
Condomínio empresarial, comercial e de serviços que conta com uma pista para aeronaves, de 1.550 metros, além de lotes para empresas do setor aeronáutico

Localização
Estrada da Germana, km 4, na Chácara da Germana, em Caçapava, numa gleba de 2,265 milhões de metros quadrados

Lotes
Estão sendo vendidos 117 lotes aeronáuticos, entre 2.250 m² e 13.500 m², e 188 lotes industriais e comerciais, entre 722 m² e 15.000 m²


Orgulho caipira


Bolinho típico das festas juninas do Vale do Paraíba, em São Paulo, é saboreado o ano inteiro na cidade de Jacareí

Por Janice Kiss
receitas_bolinho_caipira (Foto: Fernanda Bernardino/Ed. Globo)

É secular a tradição do bolinho caipira no Vale do Paraíba, região que abrange cidades paulistas e fluminenses. Na maioria delas, esse é o principal quitute oferecido nas festas juninas, deixando para trás o bolo de fubá, o pé de moleque, a canjica e a batata-doce. Mas, em Jacareí, a 70 quilômetros de São Paulo, o salgado recheado e frito, feito com farinha de milho, é uma verdadeira instituição - e pode ser encontrado o ano inteiro no mercado municipal. A consideração do povo de Jacareí pelo bolinho é tal que, neste mês, ele será reconhecido oficialmente como patrimônio cultural da cidade.

Os primeiros registros da comercialização do petisco datam de 1925, quando era preparado por Nicota Gehrke, dona de uma banca no mercado e que vendia o produto também nas festas religiosas da cidade. Há quase 50 anos, essa tradição vem sendo mantida por José Maria de Souza, o Zequinha do Mercadão. Num box montado 80 anos atrás por sua família, ele serve salgadinhos variados - mas o campeão de vendas é mesmo o bolinho caipira. "Por baixo, saem umas 120 unidades por dia, pelo preço de 40 centavos cada. Mas, quando faz frio, a quantidade duplica", garante Zequinha. Ao longo do tempo, a receita original de seu salgado mais famoso sofreu uma adaptação, passando a usar um tempero pronto com glutamato monossódico. "Os mais tradicionais condenam, mas o paladar das pessoas muda, e a gente tem de agradar o freguês", defende-se.

Diferentes versões do bolinho também são motivo de discórdia no Vale do Paraíba. Em Jacareí, ele é comprido, feito com farinha de milho branca e recheio de linguiça de porco. Na vizinha São José dos Campos, o costume é prepará-lo com farinha amarela e carne moída e moldá-lo no formato arredondado. As duas cidades asseguram ter a receita mais genuína. Porém, o jornalista João Rural, nascido João Evangelista de Faria, um estudioso da gastronomia do vale, acha difícil provar quem tem razão. "Como nada foi documentado, ficam as histórias contadas pelos antigos", comenta João, que prepara um livro sobre a culinária local.

Baseado nesses relatos, o jornalista concluiu que o preparo apareceu na época da escravatura, sendo consumido após o trabalho braçal nas fazendas da região. Já o historiador Alberto Capucci, diretor do Patrimônio Cultural de Jacareí, acredita que a primeira versão do bolinho - feita de beiju e recheada com peixes como lambari e pequira - apareceu com os índios puris, que viviam nas margens do Rio Paraíba do Sul.

receitas_bolinho_caipira_barraca (Foto: Fernanda Bernardino/Ed. Globo)

Uma terceira teoria é apresentada por Eduardo e Jussara Gehrke, netos de dona Nicota, a pioneira do mercado municipal. Eles sustentam que o bolinho teria surgido entre os séculos XVII e XVIII por obra dos tropeiros que atravessavam a região em direção a Minas Gerais à procura de ouro. Entre as tralhas carregadas no lombo das mulas, figurava a farinha de milho. O recheio do bolinho variaria conforme as paradas: feito de peixe, se apeavam próximo aos rios, ou de porco, quando encontravam criações pelos caminhos.

Essas duas preparações ao "estilo tropeiro" - com massa envolvendo peixe e linguiça suína - poderão ser apreciadas num evento especial em Jacareí neste mês. Entre os dias 11 e 13, o bolinho caipira ganha uma festa só sua na cidade, para marcar seu reconhecimento como patrimônio cultural.

receitas_bolinho_caipira (Foto: Fernanda Bernardino/Ed. Globo)
 
BOLINHO CAIPIRA
100 unidades | Tempo de preparo: Cerca de uma hora | Dificuldade: baixa
 
INGREDIENTES
 
Massa
>>> 1 kg de farinha de milho branca
>>> 1 copo (tipo americano) de óleo
>>> 4 dentes de alho
>>> 1 maço de cheiro-verde
>>> 2 sachês (10 gramas) de tempero pronto com glutamato monossódico
>>> 3 litros de água
>>> sal a gosto
 
Recheio
 
>>> 300 g de linguiça de porco (ou a mesma quantidade de carne moída)
>>> 1 cebola ralada
>>> 1 sachê (5 gramas) de tempero pronto com glutamato monossódico
>>> cheiro-verde a gosto

COMO FAZER
 
Refogue em óleo quente o alho e o cheiro-verde juntamente com o tempero pronto. Coloque um litro de água e espere ferver. Em separado, esfarele os flocos da farinha em uma bacia e adicione a água com os temperos. Mexa com força, usando uma colher de pau. Acrescente aos poucos dois litros de água fria, até a massa se desprender das mãos e ficar no ponto de enrolar. Faça um furo no bolinho, recheie com a carne crua e temperada de sua preferência e molde-o num formato alongado. Frite em óleo bem quente. Nas festas juninas, o quitute é acompanhado de um copo de quentão. Na banca do Zequinha do Mercadão, o costume é comê-lo com café fresquinho.
 

A guerra do parmesão


Queijo fabricado no Brasil e outros alimentos pretensamente pirateados causariam perda de 60 bilhões de euros

Por Patrícia Araújo, de Roma
criacao_queijo_parmesao_close (Foto: Divulgação)


Uma nova frente de combate à pirataria foi instalada na Itália. Em 25 de setembro, a Câmara dos Deputados do país aprovou, por esmagadora maioria, a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito contra a Falsificação. Mas, enquanto em outros lugares do mundo os alvos a ser exterminados são falsos produtos tecnológicos, brinquedos e vestuário, na Itália é o setor agroalimentar o principal foco da ação antipirataria. Entre os grandes inimigos nacionais está um velho conhecido brasileiro: o queijo parmesão.

“O setor agroalimentar é o mais fraco e exposto ao fenômeno do italian sounding. Um dos principais objetivos da comissão será analisar o fluxo comercial desses falsos produtos e articular normas e sanções adequadas”, afirma a deputada Colomba Mongiello, ligada ao Partido Democrático (PD) e autora do projeto de criação da nova comissão. Ela se refere ao fenômeno em que produtos alimentícios possuem nome, indicação e etiqueta que remetem à origem italiana, mas na verdade são 100% estrangeiros.

Para a Coldiretti (Confederação Nacional dos Empreendedores Agrícolas, em português), o italian sounding é responsável pelo fechamento ou não abertura de 300 mil postos de trabalho e por um prejuízo anual de 60 bilhões de euros à Itália. O faturamento de todas as exportações italianas do setor agroalimentar em 2012 foi de cerca de 31 bilhões de euros. De acordo com a instituição, as vendas para o exterior poderiam triplicar sem o falso “made in Italy”.

No ranking de produtos italianos mais copiados no mundo, os dois primeiros postos são ocupados pelas denominações de queijo “parmigiano reggiano” e “grana padano”, uma vez que o parmesão está difundido em todos os continentes.

“Sabemos que hoje, na América, 98% do queijo em geral é um falso italiano, com destaque para o parmesão. Pretendo, em breve, me ocupar da situação do Brasil, porque é um mercado muito grande, em expansão, um país emergente que é muito interessante para nós”, diz Rolando Manfredini, responsável pelo setor de qualidade e segurança alimentar da Coldiretti.

criacao_queijo_parmesao (Foto: Divulgação)
Certificação

Um dos símbolos da gastronomia nacional, o queijo considerado pelos italianos como parmesão – e cujo nome original é parmigiano reggiano – é um tipo duro e curado produzido exclusivamente no norte da Itália. Atualmente, apenas 3.500 criadores de gado e 380 laticínios possuem certificação para fornecer o leite e produzir o queijo, respectivamente. Pouco mais de 30% das 125.000 toneladas produzidas ao ano são exportadas.

Diretor do Consórcio do Queijo Parmigiano Reggiano, Riccardo Deserti conta que, hoje, uma das principais lutas da instituição é contra o italian sounding. “Já obtivemos uma sentença da Corte de Justiça Europeia dizendo que as traduções, seja espanhola ou portuguesa, são nomes protegidos e de exclusiva referência ao parmesão original. Por isso, na União Europeia, quem quiser vender queijo que não é o parmigiano reggiano, está proibido de chamá-lo de parmesan ou parmesão. Fora da comunidade, porém, não temos essa tutela. Estamos checando a possibilidade de inseri-la em nível internacional.”
 
O  que é Italian sounding
>>>O fenômeno é responsável pelo fechamento ou não abertura de 300 mil postos de trabalho e por prejuízo anual de 60 bilhões de euros à Itália
 >>>Em 2012, o faturamento de todas as exportações italianas do setor agroalimentar foi de 31 bilhões de euros
  >>>Cerca de 40% do consumo brasileiro de macarrão, molhos, mortadela, parmesão, provolone e gorgonzola está ligado ao italian sounding
  >>>Cifra do fenômeno no Brasil foi de 1,46 bilhão de euros em 2009, sendo que 355 milhões de euros foram só de parmesão

criacao_queijo_parmesao_comercio_italia (Foto: Divulgação)
Exportações para o Brasil

A Itália é hoje o quinto maior fornecedor de queijos para o Brasil, atrás da Argentina (responsável por 77% das importações), Uruguai, Países Baixos e França. Segundo levantamento feito pela ICE (Agência para Promoção Internacional das Empresas Italianas, em português), de janeiro a junho de 2013, a Itália exportou para o Brasil 2,27 milhões de euros em queijos. Desse total, 65% foram de parmigiano reggiano e gran padano. Mas, de acordo com a instituição, o percentual poderia ser muito maior. Outra análise da ICE, esta referente ao ano de 2009, mostrou que quase todo o volume de parmesão consumido no Brasil é resultado de italian sounding, num montante de 355 milhões de euros gerados só naquele ano.

Para Roberto Lovato, responsável pelo setor agroalimentar da agência, por ser um negócio milionário, países como o Brasil tentam transformar o conceito de parmesão de “denominação de origem” para “tipo”. “Existe nos Estados Unidos um movimento estruturado que tenta tornar genéricas todas as denominações de produtos típicos europeus. Evidentemente, existe interesse de não haver essas tutelas, de que não venham definidas a origem e a autenticidade de um produto. É uma motivação típica de quem produz imitações.”

As críticas são rebatidas por Maria Cristina Mousquim, consultora da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq). Segundo ela, o parmesão brasileiro é um produto consolidado, comercializado há 16 anos com esse nome. “O Brasil, como também os países parceiros, faz parte do Codex Alimentarius, que estabelece as leis dos alimentos visando uniformizar os produtos. O órgão tem representantes dos governos de quase todos os países, visando à segurança do consumidor, à qualidade e à uniformização de produção.”

Maria Cristina afirma ainda que, de acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), não existe hoje pedido oficial de patente da Itália para nenhum queijo nacional. Diretor executivo da indústria paranaense de laticínios Frimesa – eleita produtora do melhor parmesão do Brasil em 2013 pela Epamig –, Elias José Zydek diz acreditar que a polêmica seja descabida, pois o queijo é um produto “universal”. “O que ocorre com o parmesão equivale ao trato que se deu ao mussarela. O mussarela é um queijo conhecido mundialmente que também teve suas origens na Itália, mas é hoje mussarela no mundo inteiro.”

Atualmente, o parmesão é o quinto queijo mais apreciado pelos brasileiros, com 62% da população afirmando que o consome, segundo pesquisa da Abiq.

Café/Abic: consumo no Brasil cai ligeiramente em 2013


Entidade afirma também que indústria diminuiu o número de empresas

Por Estadão Conteúdo
cafe_agricultura_saude_coracao (Foto: Acervo/Ed. Globo)

O consumo interno de café no Brasil apresentou uma leve retração de 1,23% em 2013, totalizando 20,08 milhões de sacas de 60 quilos, em comparação com 20,33 milhões de sacas em 2012. Os dados fazem parte de relatório dos Indicadores do Consumo de Café no Brasil - 2013, divulgado nesta segunda-feira (17/2) pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

A Abic atribui esta ligeira retração ao fato de que a mesa do café da manhã ganhou inúmeras novas opções de bebidas prontas para o consumo, como sucos, achocolatados, bebidas à base de soja, etc. Embora ainda sejam pouco consumidas, essas bebidas têm apresentado crescimento bastante elevado e concorrem com o café, explica a Abic, em nota.

O consumo per capita foi estimado pela Abic em 4,87 quilos café torrado por habitante/ano, em comparação com 4,98 quilos por habitante/ano em 2012.

O consumo doméstico de café atinge cerca de 95% dos lares, mas mantém-se estável, enquanto outros produtos ou novas categorias crescem acima de 20% ao ano, como é o caso do suco pronto (25%) e as bebidas à base de soja (29%), segundo pesquisas complementares da Kantar Worldpanel. "Essas categorias de maior valor agregado desafiam a indústria de café para a inovação e para a retomada de índices de crescimento maiores, o que pode ocorrer com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados", sugere a Abic.

Os preços do café nas prateleiras do varejo diminuíram ao longo de 2013. O valor médio do quilo caiu de R$ 14,82 em janeiro 2013 para R$ 12,55 em dezembro passado, com queda de 15%, para os cafés tipo 'tradicionais', segundo pesquisas feitas no varejo paulistano. O café em pó representou 87,4% das vendas, em valor. Os novos produtos, como cápsulas, café com leite e cappuccinos, representaram cerca de 3,5%, em valor, mas cresceram até 33%, em virtude da forte demanda.

O café continua sendo um produto barato para os consumidores, considerando principalmente o seu custo por xícara após a preparação, diz a Abic. Nas prateleiras, o aumento do produto variou de R$ 10,15/kg, nos cafés tipo 'tradicionais', em janeiro de 2008, para R$ 12,65/kg em janeiro passado, um acréscimo de somente 24,6% em 6 anos. O aumento, de acordo com a Abic, refletiu a alta do grão no início de 2013, mas depois recuou.

O grande consumo ainda se concentra nas classes C e D que, segundo a AC Nielsen, vem procurando produtos com melhor qualidade, mesmo com preço superior, o que representa uma mudança de padrão de compra importante. Cafés gourmet e certificados parecem ser a nova tendência dos consumidores para os anos futuros, em um movimento natural de valorização da qualidade e da certificação.

Cerca de 81% dos gastos na categoria café são feitos em supermercados, para abastecer principalmente o lar. Fora do lar, o principal canal de vendas são as padarias, que respondem por 64% dos gastos da categoria. As cafeterias, apesar do seu crescimento vertiginoso, ainda respondem por 50% dos gastos da categoria café. Isto significa que consumidores degustam o produto em padarias e em cafeterias, no mesmo dia.


Indústria menor 


A Abic considera que diminuiu o número de indústrias de café no País em 2013. Segundo a associação, contribuiu para esta redução a constatação da queda do número de empresas de pequeno porte. No fim de 2012, a entidade contabilizava 1.490 indústrias no País, de todos os portes, que atuaram no mercado nos últimos quatro anos, e no fim de 2013 esse número foi de 1.428 torrefadoras. A Abic estima que o volume de vendas do setor de torrado e moído em 2013 tenha sido de R$ 7,3 bilhões.

A redução no volume do consumo interno tem levado a Abic a reforçar a sua tese de que é preciso estimular o consumo de café, investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos. O comportamento dos consumidores tem sido o de ampliar a experimentação e valorizar os produtos com melhor qualidade, certificados e sustentáveis. "Esta opção pelo café precisa ser estimulada utilizando-se recursos da publicidade para orientar, educar e difundir conhecimentos sobre café e suas qualidades", informa a associação.

"Opção pelo café precisa ser estimulada utilizando-se de recusos da publicidade", diz Abic
O consumo de café fora do lar, no entanto, continua crescendo, representando 36% do consumo total, com um número cada vez maior de cafeterias, restaurantes, padarias e pontos de dose, quase todos eles oferecendo cafés de qualidade boa a ótima. Da mesma forma, o consumo dos cafés porcionados, seja em sachês ou em cápsulas, bem como a forma tradicional de café torrado em grão para uso em máquinas automáticas e profissionais, alcança níveis de crescimento acima de 20% ao ano, embora ainda seja a menor parte do mercado. As cápsulas estão presentes em 0,6% dos lares, segundo pesquisa da AC Nielsen, em 2012/13.

O número de máquinas de café 'espresso' domésticas ultrapassam 850 mil unidades, conforme levantado pela Kantar Worldpanel, no fim de 2012. Os novo tipos de equipamentos para preparação de cafés filtrados, em sachês, por exemplo, ultrapassam 300 mil unidades.

No caso dos cafés em cápsulas, a evolução deste segmento foi muito acentuada no ano 2013. Surgiram novas empresas importadoras de cápsulas e de máquinas, bem como, outras que já montaram suas instalações industriais e produzem localmente. "Cerca de 10 novas empresas já atuam neste mercado, o que vai tornar a concorrência bastante intensa num segmento de alta tecnologia e alto valor agregado", observa a Abic. Enquanto as vendas dos cafés tradicionais em pó ampliaram 4,7% em 2013, os cafés em cápsulas ganharam 36,5% em vendas.

Outra inovação importante são as lojas virtuais, servindo como canal de distribuição para cafés de alta qualidade, de origens brasileiras e estrangeiras bem como, máquinas e acessórios ou equipamentos para preparo de cafés filtrados e 'espressos'. Por esta razão, diz a Abic, o volume de importação de café industrializado em 2013 alcançou US$ 32,8 milhões em comparação com US$ 15,7 milhões em exportações de café torrado/moído. 

Abic: "A indústria precisa estar atenta aos efeitos da seca na qualidade da safra"
AutorConforme a Abic, oferecer produtos de maior valor agregado é uma forma importante de escapar de crises no setor. "A indústria precisa estar atenta aos efeitos da seca na qualidade da safra que será colhida no ano", ressalta a associação. Em 2014, a ABIC estima a retomada do crescimento do consumo interno de café, ao nível de 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os gourmet.A expectativa da indústria para 2014 é a de contornar eventuais dificuldades com o suprimento de matéria-prima, em virtude das notícias de possível redução da safra de café, prejudicada pela seca deste início de ano. Os custos aumentarão e as empresas eventualmente deverão reavaliar suas operações.

Conforme a Abic, oferecer produtos de maior valor agregado é uma forma importante de escapar de crises no setor. "A indústria precisa estar atenta aos efeitos da seca na qualidade da safra que será colhida no ano", ressalta a associação. Em 2014, a ABIC estima a retomada do crescimento do consumo interno de café, ao nível de 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os gourmet.

Mantega: Estudos que colocam o Brasil como vulnerável são um equívoco


Por Daniel Rittner, Edna Simão, André Borges e Ribamar Oliveira | Valor

BRASÍLIA  -  O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira que o Brasil é um dos países "mais bem preparados" para o momento de "pós-crise" na economia mundial.

Indiretamente, ele rebateu o diagnóstico do Federal Reserve (Fed) que apontou a economia brasileira como a segunda mais vulnerável - somente atrás da Turquia - entre os países emergentes. "Isso é um equívoco e depende dos parâmetros usados", disse o ministro.

Durante apresentação sobre a macroeconomia, em balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), Mantega fez um rápido diagnóstico sobre a situação mundial. "Percebemos uma recuperação gradual da economia americana, mais gradual ainda da economia europeia e a China apresenta sinais contraditórios - pode manter uma taxa de crescimento em torno de 7,5% ou desacelerar um pouco, com consequências para os países emergentes", afirmou.

Mantega lembrou que os estímulos do Fed estão sendo retirados e caracterizou o atual momento como de "adaptação" da economia global. "O que nós temos hoje é uma adaptação, uma transição de uma economia de crise para uma economia pós-crise. Em um primeiro momento, isso causa turbulência e volatilidade que atrapalha os mercados", disse.

O ministro já vê, no entanto, uma reversão dessa turbulência. "Nas últimas semanas, já temos uma tranquilização dos mercados". Mantega classificou o Brasil como "uma das economias mais bem preparadas para essa transição" e citou vários indicadores econômicos - como a estabilização da taxa de câmbio - para endossar o diagnóstico.

"O Brasil está bem posicionado para um novo ciclo de expansão da economia mundial", afirmou. “Não podemos dizer que o Brasil está mais frágil do ponto de vista do câmbio. O câmbio se move mais rápido aqui, as operações são feitas mais no mercado futuro. Como temos um mercado mais líquido, é mais fácil fazer essas transações e nossa moeda se move mais rapidamente”, disse.

Mantega, sem mencionar explicitamente o relatório do Fed divulgado na semana passada, protestou contra "estudos que colocam o Brasil como vulnerável". Segundo ele, as reservas internacionais do Brasil são elevadas, com US$ 376 bilhões. Também apontou que a dívida externa de curto prazo é baixa e representa 7% da dívida total.

Isso mostra que, se houvesse problemas de liquidez no mercado, o governo teria condições de arcar com os pagamentos, disse Mantega. O ministro destacou ainda que o fluxo de investimentos estrangeiros "continua forte" e que o déficit em transações correntes é um dos menores se comparado com outras economias emergentes. "Não estamos vulneráveis no déficit de transações correntes", disse o ministro, citando "tendência" de queda no indicador.


Censura


A senadora  Gleisi  Hoffmann  (PT-PR)  apresentou requerimento à Comissão de Assuntos Econômicos do 
Senado (CAE), na manhã de hoje, pedindo aprovação de um voto de censura ao Fed. A mesa da comissão estava aguardando quórum para colocar o requerimento em votação.

A iniciativa da ex-ministra da Casa Civil é uma reação da base parlamentar governista ao relatório.
Publicado na semana passada, o estudo do Fed tem falhas básicas e constrói conclusões sérias a partir do que economistas chamam de "regressão espúria", na visão de um técnico do governo. 

Tonon Bioenergia tem prejuízo de R$ 52,4 milhões no 3º trimestre

Por Fabiana Batista | Valor
 
SÃO PAULO  -  A Tonon Bioenergia, grupo com três usinas de cana-de-açúcar no Centro-Sul do país, informou que teve prejuízo líquido de R$ 52,494 milhões no trimestre encerrado em dezembro de 2013, referente ao terceiro trimestre da safra 2013/14. No mesmo intervalo do ciclo anterior, a companhia, que tem como acionista o fundo de private equity FIP Terra Viva, gerido pela DGF Investimentos, havia tido lucro líquido de R$ 1,904 milhão.

Operacionalmente, a empresa apresentou desempenho positivo. O impacto negativo no trimestre veio do prejuízo financeiro de R$ 107 milhões, bem acima da perda financeira de R$ 23,7 milhões de igual trimestre de 2012/13.

O lucro operacional (Ebit) da companhia no trimestre cresceu 116%, a R$ 37,078 milhões na comparação com igual trimestre de 2012/13.

A receita da Tonon Bioenergia também avançou. No trimestre foi de R$ 209,3 milhões, 24% acima da registrada no terceiro trimestre da temporada 2013/14. No acumulado da safra, alcançou R$ 569 milhões, 8,8% de aumento na comparação com o período de abril a dezembro de 2012.

Nos nove meses da temporada 2013/14, a empresa apresentou um prejuízo líquido de R$ 196,2 milhões, ante uma perda de R$ 36,4 milhões de mesmo intervalo da temporada 2012/13.

No acumulado dos nove meses do ciclo, o resultado operacional foi positivo em R$ 33,2 milhões, abaixo, no entanto, dos R$ 46,2 milhões de mesmo intervalo de 2012/13.


(Fabiana Batista | Valor)

Vinho oficial da Copa triplica exportações de pequena empresa gaúcha


Por Patrícia Basilio - iG São Paulo |


Vinícola Lidio Carraro passou por um rigoroso processo seletivo antes de ser escolhida pela Fifa. Garrafa do Mundial custará R$ 39,80 no mercado brasileiro

Do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, a vinícola de pequeno porte Lidio Carraro ganhou o mundo em 2012, ano em que venceu um concurso para vender os vinhos oficiais da Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil.

De origem familiar, a companhia nasceu em 2004. Apesar de nova, conta com a experiência e tradição da família no ramo de uvas e vinhos. Entre os sócios, há um produtor e um enólogo (profissional que estuda a produção de vinhos).

A experiência com o produto e o renome no mercado, contudo, não foram suficientes para garantir o patrocínio da Fifa, entidade que organiza o Mundial, segundo Patrícia Carraro, diretora de relações internacionais da vinícola.
Divulgação
Patrícia Carraro: "Se o Brasil for hexacampeão, nosso produto certamente ficará marcado para a história."

“Fomos sondados pela Fifa em uma feira internacional de futebol. Decidimos participar do processo, enviando amostras de vinhos para a Suíça e comprovando a capacidade de fornecimento da empresa”, conta Patrícia.

Para vender vinhos oficiais da Copa do Mundo, foi necessário participar de um rigoroso processo seletivo que durou um ano, no qual competiram grandes nomes do mercado brasileiro e internacional.

Com a produção aprovada em 2012, os vinhos Faces começaram a ser vendidos no ano passado, durante a Copa das Confederações. As primeiras vendas foram para as unidades do Duty Free em aeroportos — como estratégia para disseminar a marca entre turistas e estrangeiros.

“Triplicamos as exportações de vinhos após o lançamento da bebida oficial da Copa. Exportamos garrafas para a Dinamarca, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Japão e Finlândia”, enumera Patrícia.

Com o lançamento da linha Faces, a empresa também registrou crescimento de 185% em faturamento em relação a 2012 — a diretora não revela o resultado líquido da companhia.

“A escolha do vinho brasileiro para representar a Copa foi definitiva para convencer a Fifa da qualidade das bebidas do País. Abrimos as portas para a expansão de outros produtos brasileiros pelo mundo“, considera.


Vinícola uniu qualidade e baixo custo


De acordo com Patrícia, o Faces é produzido a partir da união das três uvas brancas mais cultivadas em solo gaúcho (versão vinho branco) e a combinação de 11 uvas do rótulo tinto (versão vinho tinto seco). “A mistura deu origem a vinhos jovens e equilibrados, que refletem a cor, os aromas e os sabores do Brasil”, descreve a executiva.

conveniados por R$ 39,80 a unidade. Elas também serão servidas em eventos oficiais da Fifa. Os demais vinhos da vinícola custam entre R$ 50 e R$ 240. 
 
Para Patrícia, produzir o vinho oficial da Copa e vendê-lo abaixo de R$ 40 foi o grande desafio do projeto, a despeito da concorrência com marcas renomadas no mercado. 

"É muito difícil produzir um vinho de qualidade e de baixo custo. Se o Brasil for hexacampeão, nosso produto certamente ficará marcado para a história”, comemora.