domingo, 23 de fevereiro de 2014

Como um CEO reage ao ser retratado como vilão


Comercial mostra CEO da TransCanada cacarejando sobre como “algumas mentiras” fizeram com que americanos acreditassem em sua ideia de um oleoduto

Rebecca Penty, da
Brett Gundlock/Bloomberg
Gasoduto da TransCanada em Hardisty, Alberta, Canadá

Oleoduto da TransCanada: um bilionário da Califórnia adotou como meta pessoal provocar o fracasso de um projeto de US$ 5,4 bilhões da TransCanada

Calgary - Russ Girling, o CEO da TransCanada, aparece atravessando vertiginosamente um oleoduto sinuoso, com petróleo bruto escorrendo pelo rosto, cacarejando sobre como “algumas mentiras clássicas” fizeram com que o ingênuo público americano acreditasse plenamente em sua ideia de construir o oleoduto Keystone XL.

Ele sai disparado do outro lado para confessar com exuberância outro engano. “Dissemos que o oleoduto Keystone tornaria os EUA mais independentes em relação ao petróleo”, diz ele. “Quer saber quem se tornará mais independente?”. Ele aponta para uma frota de superpetroleiros chineses saindo da costa americana.

É claro, esse não é o verdadeiro Russ Girling. É um ator que o interpreta em um anúncio criado pelo NextGen Climate Action, um grupo ambiental contra o oleoduto Keystone XL. O comercial foi financiado por Tom Steyer, o bilionário da Califórnia que adotou como meta pessoal provocar o fracasso do projeto de US$ 5,4 bilhões.

Qual a reação de Girling quando viu o anúncio pela primeira vez? “Não tive uma reação negativa, mas talvez devesse ter tido”, disse ele em uma entrevista. “Mas mandei uma mensagem à minha esposa e aos meus filhos e disse, ‘Talvez vocês vejam isso, então provavelmente vocês devam dar uma olhada’. Você não pode deixar que isso lhe incomode pessoalmente”.

Outros não foram tão lacônicos. O jornal Financial Post do Canadá considerou o comercial uma ofensa nacional e declarou que era “um golpe baixo ao Canadá” e uma prova de que “os ativistas americanos antipetróleo enlouqueceram” e precisam da “supervisão de um adulto”.


‘Pessoa comum’


“Os grupos ambientalistas construíram uma mitologia sobre as pessoas que produzem petróleo no nosso mundo”, disse Ruth Ramsden-Wood, a ex-CEO da United Way of Calgary que pediu a Girling que fosse um dos presidentes da campanha de arrecadação de fundos da empresa em 2012. “Russ é uma pessoa normal e comum. Ele é muito humilde e não gosta de chamar a atenção. Acho que ele tem um jeito que faz com que as pessoas o escutem”.

Quando assumiu a chefia da TransCanada em 2010, vindo do lado das finanças, ele supôs o que a maioria dos canadenses supunha: que os EUA, há muito o principal parceiro de energia do Canadá, desejavam o oleoduto Keystone XL, os 4.000 ou mais empregos que sua construção geraria e o petróleo pesado de areias petrolíferas que alimentaria as refinarias na Costa do Golfo dos EUA, que tinham empreendido atualizações multibilionárias para aceitá-lo.

Todos os terninhos da presidente(a) Dilma em fotos


Quem acompanha a presidente sabe o que tem em seu guarda-roupa: terninhos e “tailleurs”. E não são poucos. Mas seu estilo passou por uma verdadeira transformação

Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff anda pela rampa do Palácio do Planalto durante sua cerimônia de posse da presidência, em janeiro de 2011

São Paulo – Considerada um pouco desleixada e nada afeita aos detalhes quando se tratava de moda, Dilma Rousseff já foi alvo de críticas pela sua maneira de se vestir antes de alcançar o mais alto posto de poder do país.

Depois que chegou lá, no Planalto, a presidente ainda foi contestada pelo PSDB por usar a cor de seu partido, o PT, em um pronunciamento. Para a oposição, o terninho vermelho representava uma campanha antecipada para a reeleição.

Para lá de uma avaliação positiva ou negativa de seu governo, o fato é que hoje, no quarto ano de seu mandato, a presidente já não é alvo de línguas maldosas quando se trata de estilo.

No início de 2009, quando ainda era ministra da Casa Civil do governo Lula, Dilma fez uma plástica facial e abandonou os óculos de grau que a acompanhavam desde que era militante. 

A atitude, claro, já visava ao lançamento de sua candidatura no ano seguinte.

Em 2010, já candidata, a petista chegou a tentar uma parceria com o famoso estilista Alexandre Herchcovitch, que não vingou. Nos bastidores, o boato é que Dilma teria detestado as imposições do estilista de mudanças radicais em seu guarda-roupa.

No entanto, a presidente surpreendeu a todos ao aparecer em sua cerimônia de posse com um modelito criado pela gaúcha Luisa Stadtlander, até então pouco conhecida no mundo da moda.

Luisa se tornou sua estilista oficial e, junto com o cabeleireiro das celebridades, Celso Kamura, foi responsável pela “repaginada” definitiva no visual da presidente que se mantém até hoje.

Apesar da mudança, Dilma não se entregou completamente às “regras” implícitas no mundo fashion. Ela não tem nenhuma vergonha, por exemplo, de usar roupas que não são de grifes famosas. Além disso, repete com certa frequência os seus terninhos e “tailleurs” (conjunto que troca a calça pela saia) em eventos oficiais.

Acompanhe, a seguir, uma viagem em fotos pelo closet da presidente, das mais atuais às mais antigas:
REUTERS/Nacho Doce
Alexandre Padilha e Dilma Rousseff durante comemoração do aniversário de 34 anos do PT, em São Paulo, no dia 10 de fevereiro de 2014
No 34º aniversário do PT, Dilma estava de vermelho quando chamou a oposição de "cara de pau". Em seu discurso, com olho em outubro, disse que o ciclo do partido ainda não acabou
 
Shannon Stapleton/Reuters
Presidente Dilma Rousseff discursa na 67ª Assembleia-Geral da Organização das Nações da Unidas na sede da ONU em Nova York
Apesar da preferência pelos tecidos lisos, às vezes as estampas aparecem em ocasiões especiais, como no discurso de abertura da 67ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, no ano passado
 
Reprodução/Forbes
Dilma Rousseff na capa da revista Forbes, em 2012
Em 2012, Dilma também "avermelhou" a capa da Forbes, quando foi eleita a 3ª mulher mais poderosa do mundo. No ano seguinte, subiu uma posição, ficando atrás apenas de Angela Merkel
 
 
Antonio Cruz/Abr
A presidenta Dilma Rousseff
Com que roupa ela vai? Na dúvida, a presidente conta com alguns "vermelhinhos coringas", que parecem ser seus preferidos

Wilson Dias/ABr
Dilma Rousseff na exposição Olhar que Ouve, do cantor e compositor Carlinhos Brown, no Palácio do Planalto, com caxirolas nas mãos
Não importa se o evento é para lançar a "Caxirola" da Copa (que depois foi, literalmente, lançada no campo pelos torcedores durante um jogo teste)...

Chip Somodevilla/Getty Images
Dilma e Obama
... ou se é para conversar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, depois de saber que o país andou bisbilhotando sua vida por meio de órgãos oficiais 
 
REUTERS/Ueslei Marcelino
A presidente Dilma Rousseff discursa durante a abertura da Copa das Confederações
Mudar de cor nem sempre traz sorte. Com protestos pipocando em todo o país, esse foi o dia em que a presidente foi vaiada pelo estádio lotado durante a abertura da Copa das Confederações
 
Reprodução/Youtube/Planalto
Dilma Rousseff em pronunciamento oficial sobre a redução da tarifa de energia elétrica, em janeiro de 2013
Em relação ao "terninho da discórdia", que irritou o PSDB, o cabeleireiro da presidente saiu em sua defesa. Para Kamura, claramente a cor era "rosa chiclete ping-pong" e não "vermelho-PT"
 
Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma Rousseff no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
Por mais que possa não admitir, Dilma também é uma fã do azul, cor que identifica o adversário PSDB. Seria este, na visão de Kamura, um "azul-tucano"?
 
Roberto Stuckert Filho/PR
Presidente Dilma Rousseff e Lula com cocares durante uma cerimônia
Neste momento de descontração azulado, ela e o ex-presidente Lula usam cocares durante a inauguração da ponte Rio Negro, em Manaus
 
Roberto Stuckert Filho/PR
Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia por ocasião da abertura oficial da colheita da safra brasileira de grãos 2013/2014 e início do plantio da 2ª safra
A renda também é uma grande amiga da presidente. A delicadeza do tecido não foi dispensada durante a cerimônia rural de início da colheita da safra brasileira de grãos
 
Ueslei Marcelino/Reuters
A presidente Dilma Rousseff lê papel em evento de anúncio de medidas para expandir o Programa Brasil Carinhoso, que visa combater a pobreza, em Brasília
Sem dúvida, a renda agrada à presidente nas mais diversas situações
 
Wilson Dias/ABr
Dilma e Temer
Já a cor branca, nem sempre é sinônimo de paz. Dá pra sentir a tensão na conversa com o vice MIchel Temer, num dos (vários) momentos em que a aliança com o PMDB demonstrou abalos
 
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Dilma Rousseff e Joaquim Barbosa em sua cerimônia de posse na presidência do STF
Já o "pretinho básico" foi usado pela presidente em ocasiões importantes, como a posse do ministro Joaquim Barbosa na presidência do STF...
 
REUTERS/Pilar Olivares
Papa Francisco e e Dilma Rousseff caminham após desembarque no Galeão
... e no desembarque do Papa Francisco no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude 
 
Grigory Dukor/Reuters
Presidente russo Vladimir Putin e Dilma Rousseff
Algumas peças de roupa a mais foram necessárias para encontrar o presidente Vladimir Putin, na Rússia
 
Misha Japaridze/Reuters
Presidente brasileira, Dilma Rousseff, no Túmulo do Soldado Desconhecido em Moscou, na Rússia
Mas é de se perguntar se a presidente aprecia todos esses acessórios para escapar do frio do país
Divulgação/Presidência
Dilma chega à Índia para reunião com líderes dos Brics
Adereços de culturas locais são bem-vindos para mostrar respeito com o outro. O colar de flores foi usado em sua chagada à Índia para a reunião com líderes dos Brics, em 2013
 
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Dilma fará viagens
Dilma é adepta dos saltos, mas não deixa os pés muito acima do chão. A presidente parece se preocupar, acima de tudo, com o conforto na hora de escolher os pares
 
Manu Dias/Bahia/Reuters
Presidente Dilma Rousseff dá o pontapé inicial da Arena Fonte Nova ao lado do governador da Bahia Jaques Wagner (PT), em Salvador
Por falar em sapatos, a mandatária não faz cerimônia para tirá-los e dar o pontapé inicial em inaugurações de estádios. Será que ela acertou esse chute na Arena Fonte Nova, em Salvador?
 
REUTERS/Edison Vara
Dilma Rousseff inaugura o estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
Com a Copa batendo à porta, Dilma já treinou bastante e treinará ainda mais chutes inaugurais até junho. Na foto, ela ajeita a bola no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
 
Agência Brasil
Presidentes Dilma e Cristina Kirchner
Em momento relativamente raro no que se refere à moda, Dilma ousou na estampa ao posar ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner
 
Ichiro Guerra/Presidência da República
Dilma e Shakira

Com um azulzinho discreto, recebeu um violão de presente da cantora colombinana Shakira

Divulgação/TV Globo
28/02 Dilma Rousseff vai a programa de Ana Maria Braga
No programa matinal da apresentadora Ana Maria Braga, Dilma apareceu de cinza. Não era lá uma cor muito viva, mas talvez fosse condizente com o prato que preparou na cozinha global: um básico omelete
 
Fabio Rodrigues/Agência Brasil
Lula ergue o braço junto com Dilma
Já na cerimônia de posse, Dilma surpreendeu ao aparecer toda de branco (ou pérola?). Usou um tailler de renda elegante e acessórios discretos, como a pulseira de "olho grego" para afastar mau-olhado
 
Roberto Stuckert Filho/Divulgação
A presidente eleita, Dilma Rousseff
Durante toda a campanha, porém, o vermelho foi a estrela de seu guarda-roupa
 
Divulgação/Contigo
A presidente Dilma Rousseff ao lado do cabeleireiro Celso Kamura
Aqui ela aparece ao lado do cabeleireiro Celso Kamura, um dos responsáveis pela "transformação" de Dilma, ministra da Casa Civil, para uma nova Dilma, candidata à presidência do país
 
WIKIMEDIA COMMONS/EXAME.com
Erenice e Dilma acenam
Com os cabelos naturais depois de se curar de um câncer diagnosticado em 2009, a ainda pré-candidata se despede da doença nesta foto. Mais tarde, quem acabou se despedindo do governo foi Erenice Guerra (à esquerda)
 
ANA ARAUJO/VEJA
Dilma Rousseff na época em que era ministra da Casa Civil de Lula, em 02/09/2009
Já sem os óculos, depois da plástica, a ministra usou peruca por um tempo por causa do câncer no sistema linfático

 
RICARDO STUCKERT/PRESIDENCIA DA REPUBLICA/Divulgacao
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff durante a produção do primeiro óleo da camada pré-sal do Campo de Jubarte, a bordo do navio-plataforma FPSO JK (P-34), em setembro de 2008
Em 2008, Lula suja o macacão laranja de sua então ministra da Casa Civil com óleo do pré-sal. Esta era a Dilma antes da repaginada, que incluiu cirurgia plástica, com vistas às eleições de 2010
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Doação de empresas garante 2/3 de receitas de partidos


Quatro dos 11 ministros do STF já votaram pela proibição de doações de empresas a candidatos e partidos, no ano passado

Daniel Bramatti, do
Adriano Machado/Bloomberg
Dinheiro: homem segura notas de real


Brasília - A eventual proibição do financiamento empresarial ao mundo político, cuja votação deve ser concluída ainda neste ano pelo Supremo Tribunal Federal, afetará não apenas as campanhas eleitorais, mas a própria manutenção das máquinas partidárias. PT, PMDB e PSDB, as três maiores legendas do País, receberam pelo menos R$ 1 bilhão de empresas entre os anos de 2009 e 2012, o que equivale a quase 2/3 de suas receitas, em média.

Quatro dos 11 ministros do STF já votaram pela proibição de doações de empresas a candidatos e partidos, no ano passado - o julgamento foi suspenso por um pedido de vista. Com mais dois votos na mesma linha, o Judiciário, na prática, forçará a realização de uma reforma política que provavelmente multiplicará a destinação de recursos públicos às legendas, para compensar a perda de seus principais financiadores.

O principal afetado pela eventual proibição será seu maior defensor: o PT é quem mais recebe recursos privados e deveu a essa fonte 71% de suas receitas nos quatro anos analisados pelo Estadão Dados. As doações de pessoas físicas equivalem a apenas 1% do total. O restante vem do Fundo Partidário, formado por recursos públicos, e de contribuições de filiados - principalmente de detentores de mandatos e cargos de confiança.

O levantamento sobre as doações empresariais leva em conta apenas o que entrou nas contas do diretórios nacionais dos partidos. Como a maioria das movimentações dos diretórios estaduais não está publicada na internet, não foi possível mapeá-las. Também não foram levadas em conta as contribuições eleitorais feitas diretamente para candidatos ou comitês, sem passar pelos partidos. Ou seja, na prática, o peso do financiamento empresarial na política é ainda maior.

Nas listas de doadores há prevalência de construtoras e bancos, mas não foi possível contabilizar as movimentações de cada setor ou empresa. Isso porque os partidos e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não publicam suas prestações de conta em planilhas eletrônicas, mas no formato PDF - o equivalente a uma fotocópia digitalizada, cujos dados não podem ser trabalhados.

O volume de dinheiro de empresas em circulação na política alcança picos quando há eleições. Considerados também os recursos que vão para candidatos e comitês, as doações empresariais chegaram a R$ 2,3 bilhões em 2010 e R$ 1,8 bilhão em 2012, segundo estudo da Transparência Brasil, entidade cuja principal bandeira é o combate à corrupção.
Mas não é apenas nos anos eleitorais que os tesoureiros das legendas "passam o chapéu" diante de empresários. Em 2009 e 2011, o PSDB recebeu R$ 3,1 e R$ 2,3 milhões, respectivamente, em valores atualizados pela inflação. Com o governista PT, a generosidade foi ainda maior: R$ 10,8 e R$ 50 milhões, nos mesmos anos. A prestação de contas de 2013 ainda não foi entregue ao tribunal.

Receita


Depois das empresas, o Fundo Partidário é hoje a segunda maior fonte de receita das legendas. Sua importância cresceu nos últimos anos, já que o Fundo foi "turbinado" pelo Congresso em 2011, com uma injeção extra de R$ 100 milhões que ajudou a pagar as dívidas de campanha do ano anterior.

O Fundo foi regulamentado em 1995 e previa que seu valor fosse de R$ 0,35 por eleitor. Atualizado pela inflação, isso equivaleria hoje a um total de R$ 165 milhões. Mas, graças a manobras de líderes partidários no Congresso, a destinação de recursos orçamentários para o financiamento dos partidos alcança, desde 2011, cerca de R$ 300 milhões por ano. Apesar de o volume de recursos públicos ser alto, representa, em média, apenas 30% do que entra nos cofres do PT, do PMDB e do PSDB.

Entre as fontes menos representativas estão as doações de pessoas físicas. Elas equivalem a menos de 2% do total arrecadado pelos três maiores partidos - mesmo com o volume atípico de R$ 15 milhões obtido pelos tucanos em 2010, mais do que a soma recebida por PT e PMDB em quatro anos.

Cães e gatos já podem tirar passaporte


 

A partir de agora, cães e gatos têm direito a passaporte para viajar pelo Brasil e para outros países. A iniciativa foi tomada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por causa do aumento no número de passageiros que viajam com seus pets.

A expedição do documento é opcional, gratuita, será feita em português, inglês e espanhol e terá validade para todo território nacional e países que o reconheçam como equivalente ao certificado sanitário de origem.

No passaporte do pet deverão constar informações sobre o animal, dados de vacinação e exame clínico realizado por veterinário. Nome completo e endereço do proprietário também são necessários. A foto do pet não será obrigatória, porém o dono poderá fornecer um retrato em tamanho 5x7.

Documentos necessários - Para obter o documento, o dono deve apresentar atestado de saúde e carteira de vacinação do animal. A solicitação do passaporte deverá ser feita em uma das unidades do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), localizadas em aeroportos, portos, postos de fronteira e alfândegas.

A emissão do documento só é realizada após o implante de um microchip – dispositivo de identificação eletrônica - sob a pele do animal, método já utilizado na União Europeia. Informações do dispositivo - código, data de aplicação e localização do microchip – constarão no passaporte.

Cuidados de véspera - Antes do embarque, o dono precisará solicitar que um veterinário registre no passaporte informações sobre a saúde do animal, como dados de vacinação, tratamentos, exames e análises exigidos pelo país de destino - todos os exames e comprovantes deverão ser expedidos em um prazo de até dez dias antes da viagem. Em seguida, o passageiro terá que validar as novas informações em uma unidade do Vigiagro.

VENEZUELA



Folha de S. Paulo - Pequena diplomacia / Editorial
Na terça-feira, a estudante brasileira Emiliane Coimbra, 21, foi detida em Puerto Ayacucho, Venezuela. Passou a noite num quartel, foi indiciada e não pode deixar o município até ser julgada. Seu crime: portar um cartaz com os dizeres "Abaixo Maduro; abaixo a escassez e abaixo a violência".

A crer no comunicado oficial do Mercosul, divulgado no domingo passado, ela e milhares de outros manifestantes naquele país realizam "ações criminais" e "querem disseminar a intolerância e o ódio".

O texto não faz mais que ecoar palavras usadas pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, contra seus opositores. Apesar disso, o governo brasileiro o subscreveu, como se fosse um abaixo-assinado, e não um documento diplomático.

Há grande contraste com declarações de outros organismos regionais, como a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Formada por 33 países, a entidade não demoniza os protestos e defende os direitos humanos, a "institucionalidade democrática, o respeito à lei e à informação fidedigna e veraz".

Logo se vê que o governo Dilma Rousseff não está interessado em se destacar como facilitador do diálogo no país vizinho, e menos ainda como freio à escalada autoritária de Maduro. Contenta-se com o apoio incondicional ao aliado.

Seria o caso de lembrar à diplomacia brasileira que vigora, no Mercosul, uma cláusula estabelecendo a plena vigência das instituições democráticas como condição para integração entre as partes.

Na Venezuela, contudo, Leopoldo López, um líder da oposição, é acusado de golpismo por fomentar atos contra Maduro; a sede de seu partido, Voluntad Popular, foi invadida pela polícia, e grupos paramilitares perseguem manifestantes e jornalistas nas ruas.

Tais abusos se desenrolam em meio a um blecaute informativo imposto pelo governo, que proibiu a transmissão de protestos e até expulsou o canal de TV CNN.

Anteontem, o International Crisis Group, que assessora entidades como ONU e União Europeia, exortou o Brasil a "ser mais ativo em insistir numa solução política".

Além da afinidade ideológica do PT com o chavismo, há um motivo pragmático para a cumplicidade do Planalto. A Venezuela tornou-se importante parceiro comercial do Brasil --o saldo com o vizinho caribenho em 2013, US$ 3,7 bilhões, foi maior do que o alcançado com a Argentina, US$ 3,2 bilhões.

Interesses dessa natureza, entretanto, não escondem as crescentes arbitrariedades de Nicolás Maduro. Ao manter alinhamento automático com a Venezuela, a diplomacia brasileira se apequena.

Metade da produção da Petrobrás na Bacia de Campos é de água

Para cada barril de petróleo extraído na principal produtora do país, sai um barril de água

23 de fevereiro de 2014 | 2h 07

Sabrina Valle - O Estado de S.Paulo
 
RIO - A Petrobrás enfrenta uma perda de produtividade cada vez maior na Bacia de Campos, que responde por quase 80% da produção de petróleo do País. Na média, a estatal tem tirado um barril de água para cada barril de petróleo extraído. A queda na produtividade tem sido tão grande que anula os resultados excepcionais do pré-sal, fazendo a produção total da empresa estagnar e até cair.

A quantidade de água nas plataformas já passa de 1,5 milhão de barris por dia, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O motivo seria o pouco investimento em novos poços, declínio natural e má gestão dos reservatórios, segundo fontes e geólogos.

"Algo muito sério está acontecendo na Bacia de Campos", disse o geólogo Pedro Zalán, da consultoria Zag. Ele atribui a queda primordialmente à falta de investimentos em novos poços e de injeção de água, com a Petrobrás desviando suas sondas e esforços para a área do pré-sal. O declínio natural de campos antigos (maduros) e a má gestão de reservatórios viriam a seguir, nesta ordem, disse.

Já o geólogo e consultor John Forman diz que o excesso de água também é efeito da corrida da companhia pela autossuficiência. "Forçar a produção tem consequências", disse. Forman explica que o ritmo de produção mais intenso que o adequado faz a água naturalmente contida dentro do reservatório subir mais rapidamente, reduzindo o potencial total de extração de óleo. "Possivelmente seria produzido mais óleo hoje se não tivessem acelerado a produção lá atrás", disse.

O analista do HSBC Luiz Carvalho chamou a atenção para o fenômeno em seu último relatório. A Petrobrás chegou a informar em agosto que a produção de água foi maior do que a de óleo, a primeira vez que isso aconteceu. "Para nós é uma clara preocupação", disse. "Seguindo uma tendência dos últimos seis meses, o excesso de produção de água como um subproduto se tornou um sério problema na Bacia de Campos."


Atraso. 

O atraso no cronograma de entrada em funcionamento de plataformas também contribui para a redução da produção em Campos. Em qualquer lugar, os campos têm um declínio natural. Para manter a produção estável, é necessário acionar novos poços de forma a compensar a queda nos antigos. Para elevar a produção, é preciso ir além da simples compensação. "A Petrobrás está produzindo quase 400 mil barris por dia no pré-sal e, mesmo assim, a produção total está estagnada. Tem até ligeiro declínio. Isso preocupa", disse Zalán. 

A Petrobrás trabalha com uma taxa de declínio de 12% ao ano, segundo o HSBC. Mas o banco calcula que o declínio tenha ficado em 19% em 2011 e 2012, melhorando para 16% em 2013. "Nos últimos oito anos, a produção de água aumentou de 610 mil barris/dia para 1,592 milhão. Já a produção de petróleo passou de 1,174 milhão barris/dia para 1,592 milhão barris/dia", disse Carvalho.

Não fosse o pré-sal, onde quase mensalmente são anunciados recordes de extração e praticamente não há produção de água, os números da Petrobrás seriam bem piores. 


"Declínio padrão". 


Por intermédio de nota, a Petrobrás informou que declínio natural da produção dos seus campos na Bacia de Campos está abaixo de 10% nos últimos dois anos, Para a empresa, esse porcentual de declínio é inferior ao padrão mundial de referência. 

A nota da Petrobrás afirma ainda que as características dos reservatórios de Campos exigem a injeção de elevados volumes de água para aumentar o seu respectivo fator de recuperação. O grande volume de água produzida resulta, portanto, do processo padrão, segundo a empresa.

NOVOS IMIGRANTES OCUPAM CIDADES DO INTERIOR PAULISTA

Movimentação reflete inserção de pequenas e médias cidades no mercado internacional. Perfil inclui trabalhadores especializados e intensa mobilidade.

Os novos grupos de imigrantes que chegam ao Estado de São Paulo começam a se fixar não só na capital, mas preenchem postos de trabalho em vagas criadas pela internacionalização de pequenas e médias cidades do interior. Além disso, eles tomam antigos postos ocupados pelos migrantes internos provenientes do Nordeste, cada vez mais raros por conta do desenvolvimento da região nos últimos anos.

A distribuição destes grupos no Estado compõe parte do Atlas Temático do Observatório das Migrações em São Paulo, lançado em dezembro pelo Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Unicamp. A análise inclui quem nasceu fora do Brasil e vive em São Paulo, sem contabilizar as novas gerações nascidas no País.

O Atlas aborda uma série de movimentos migratórios nacionais e internacionais, além do fenômeno da emigração, do mapeamento da população indígena e dados de economia, politicas públicas, e população e taxas de crescimento no Estado. Na análise sobre os fluxos internacionais, o estudo se divide em duas linhas, uma é a comparação histórica da distribuição de grupos que chegaram na virada do século 18 para o 19 e outra que mostra a ocupação em 2010 pelos grupos mais recentes, que começaram a chegar em meados do século 20 e ganharam novos contornos nas últimas décadas.

Bolivianos, paraguaios, chineses e coreanos estão entre os grupos mais numerosos do novo perfil de imigrante. Há representantes destas nacionalidades no Estado desde as décadas de 1940 e 1950, mas atualmente possuem um novo perfil. Hoje são trabalhadores especializados que não necessariamente criam raízes no País, optando por seguir o fluxo da demanda de um determinado setor.

“Eles estão ora em Americana, ora em São Paulo, ora na Argentina, ora na região metropolitana, ora de novo na Bolívia. Depende de onde o capital internacional está alocando recurso”, conta a coordenadora do estudo, Rosana Baeninger. “Essa mobilidade tem a ver com a dinâmica de nichos econômicos e com o mercado internacional.”

Para além das tradicionais confecções do Brás, podemos encontrar parte dos 22,6 mil imigrantes bolivianos de São Paulo trabalhando no setor têxtil de Americana e no pólo de produção de jeans de Indaiatuba. Os cerca de 4,2 mil paraguaios que vivem no Estado seguem caminho parecido.

“A rede para a construção do nicho econômico é uma rede de capital internacional. O empresário deixa de usar insumo de Americana, por exemplo, para importar da China. A isso soma-se a mão-de-obra que, para ajudar a a manter a lucratividade, precisa não demandar direitos trabalhistas.” diz Baeninger.

O custo é baixo, mas os empregados são qualificados para as funções no setor em que atuam e com experiência de trabalho. “Eles têm uma rede que vai movimentando também esse grupo, ligado a um nicho econômico. Tudo tem uma lógica com a qual vamos conviver nesses espaços, com uma rotatividades enorme de imigrantes. Alguns ficam, formam família aqui e a rede migratória vai se ampliando.”

O alto custo de vida em São Paulo é um dos fatores que impulsiona a interiorização. “A chegada pode ser na metrópole, mas com as redes que vão se tecendo e as mudanças na economia, eles podem ir pro interior e seguir na mesma atividade.”

Os coreanos, por exemplo, foram atraídos pelo negócio de joias e semijoias e se fixaram principalmente na região de Limeira, pólo de distribuição para a capital. Os chineses, que são cerca de 9,3 mil em todo o Estado, se dedicam ao comércio de baixo custo (como as lojas populares que vendem tudo a R$ 1,99) nas cidades de Campinas, Jundiaí e Ribeirão Preto.

O perfil abrange não só pequenos comerciantes, mas também estrangeiros altamente qualificados, como os executivos de grandes empresas que se concentram em São Paulo, Campinas e São José dos Campos. “O século 21 nos anuncia tanto na metrópole, como no interior, fluxos que mesclam alta e baixa qualificação e que não necessariamente ficam por aqui”, detalha Baeninger.


Antigos imigrantes


O movimento dos novos grupos de imigrantes é contrário ao das levas de estrangeiros que chegaram a São Paulo no início do século, incentivadas por meio de acordos entre governos a ocupar o território do Estado e substituir a mão-de-obra escrava durante a expansão cafeeira. Entre as levas mais numerosas, estavam as de italianos, portugueses, japoneses e espanhóis. O Atlas compara a distribuição geográfica destes grupos no final do primeiro período migratório, em 1920, com os dados do Censo de 2010. Os italianos formaram o grupo mais expressivo, com 398.797 imigrantes. Hoje são 15.388.

Ao contrário dos grupos de latinos, que a partir da capital, seguiram para o interior, a imigração mais antiga, que ocupava todo o interior, passou a se concentrar nas proximidades da região metropolitana e próximos às plantas de empresas internacionais das regiões de Piracicaba ou Sorocaba, por exemplo.

Os grupos de novos imigrantes também receberam incentivos, mas já em meados do século 20. Grupos de chineses chegaram ao país nos anos 1940, para trabalhar em colônias agrícolas do oeste do Estado. A empreitada não deu certo e os imigrantes passaram a investir nas hoje tradicionais pastelarias. Nos anos 1950, um acordo entre Brasil e Bolívia favoreceu a vinda de estudantes de medicina. A partir destas primeiras movimentações, formou-se a rede migratória que favorece a mobilidade dos grupos atuais.

Como é baseado nos dados do Censo de 2010, o mapa não registra, por exemplo, a recente movimentação de haitianos a partir de 2012. Com o desenvolvimento do Nordeste e a redução do fluxo migratório da região em direção a São Paulo, a alternativa das grandes empreitaras foi buscar os haitianos no Acre para trabalhar na construção civil de Campinas, Jundiaí e Limeira. Eles também são encontrados na indústria de calçados de Franca. A estimativa é que cerca de cem imigrantes do Haiti tenham se deslocado para cada uma destas cidades.


(Último Segundo – 21/02/2014)