terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Otaviano Canuto questiona: o que está "amarrando" o Brasil?

Em artigo para o Project Syndicate, o Brasil está bem posicionado para escapar da sua armadilha do crescimento, só cabe aos líderes aproveitarem a oportunidade ao máximo




SÃO PAULO - É comum ouvir que a economia brasileira está presa, desde a crise da dívida de 1980, numa situação em que não consegue reviver a sua transformação estrutural e crescimento da renda per capita, que havia caracterizado a nação nas três décadas anteriores. Contudo, é nesse cenário que o conselheiro sênior do Banco Mundial, Otaviano Canuto, avalia que o Brasil pode mudar o seu destino, caso faça a combinação certa de políticas econômicas.

Em artigo para o Project Syndicate, Canuto destaca a sua explicação para o "fracasso" do Brasil em alcançar o status de alta renda, junto com outras nações de renda média, que transferiram os trabalhadores não qualificados das ocupações de trabalho intensivo para as mais modernas indústrias de manufatura e serviços.

O economista destaca que, embora estes novos postos não exijam melhoras significativas de habilidades, empregaram níveis mais altos de tecnologia importada de países ricos e adaptadas às condições locais. Com a urbanização, aumentou-se a produtividade total dos fatores, levando a um crescimento do PIB muito além do esperado pela expansão do trabalho, capital e outros fatores físicos de produção, elevando assim a renda do trabalhador.

Porém, avalia Canuto, o próximo estágio é mais complicado, o que pode ser sinalizado pelo fato de que apenas 13 das 101 economias que alcançaram o status de renda média em 1960, alcançaram o status de alta renda até 2008. 

E os países de renda média que procuram alcançar a próxima fase de desenvolvimento já não podem simplesmente importar ou imitar tecnologias ou capacidades existentes, devem construir a própria. Isso requer uma estrutura institucional robusta, como um sistema de educação bastante forte, mercados financeiros bem desenvolvidos e uma infraestrutura avançada, incentivando a inovação e suportando cadeias de abastecimento complexas. Assim, aponta, de acordo com esta lógica, a incapacidade do Brasil para continuar a sua ascensão está enraizada na sua capacidade de mudar seu ambiente institucional. 


Estratégia para resolver problemas


Porém, avalia, enquanto essa avaliação é útil, ela negligencia aspectos críticos da história brasileira, uma vez que a ascensão de três décadas do País ao status de renda média criaram "armadilhas de crescimento". Neste cenário, uma estratégia orientada para resolver estes problemas é tão importante para continuar o desenvolvimento do Brasil.

E, segundo o economista, "a boa notícia é de que os líderes brasileiros parecem entender isso cada vez mais" e que o País já tomou medidas para resolver a primeira armadilha di crescimento: o legado de instabilidade macroeconômica nos anos de 1970 e 1980. Mesmo demorando mais de duas décadas para resolver o problema de forma eficaz, os "ganhos de estabilização" contribuíram para um surto de crescimento em meados dos anos 2000, destaca.

Canuto destaca que o potencial de crescimento do Brasil foi comprometido uma vez que boa parte da população permaneceu na pobreza, com educação inadequada e más condições de saúde, enquanto outros foram alçados à condição de integrantes de uma classe com renda mais alta. O economista destaca que o Brasil vem fazendo progressos nesta área uma vez que, apesar das taxas de crescimento mais baixas, a renda dos 20% mais pobres cresceram 6% na década de 2000, devido às políticas sociais de baixo custo. "Desde que o governo prossiga com a estratégia de redução da pobreza abrangente - incluindo a melhoria do acesso aos cuidados de saúde, serviços financeiros, e educação - a produtividade geral do Brasil deve melhorar nos próximos anos", avalia.

Mesmo assim, aponta, o Brasil possui um longo caminho a percorrer. Para começar, aumentando os investimentos em infraestrutura, além de diminuir os custos de fazer negócios no Brasil, que aumenta o desperdício de recursos humanos e materiais. 

Finalmente, aponta Canuto, o Brasil deve lançar uma revisão ampla dos gastos públicos a fim de melhorar a prestação de serviços. "Os gastos públicos além do que é necessário para financiar as funções básicas do governo compreendem uma parte importante do PIB do Brasil", avalia, ressaltando que os cortes de gastos que que não afetassem os investimentos em infraestrutura permitiriam ao governo para aumentar o investimento nas áreas que mais precisam ou reduzir a carga tributária sobre o setor privado.
"O Brasil está bem posicionado para escapar da armadilha da renda média. Cabe aos seus líderes aproveitar essa oportunidade ao máximo", aponta Canuto.


Fonte: www.portalsoma.com.br


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Camiseta vendida nos EUA usa apelo sexual vinculado à Copa no Brasil

  • Em uma das peças, um coração foi estilizado para parecer com as nádegas com um biquini fio dental
Flávia Pierry
Evandro Éboli


Uma das camisas vendidas em São Francisco com apelo sexual vinculado à Copa Foto: Flávia Pierry / O Globo


Uma das camisas vendidas em São Francisco com apelo sexual vinculado à Copa Flávia Pierry / O Globo
SÃO FRANCISCO, EUA - Camisetas alusivas à Copa do Mundo no Brasil com apelo sexual estão sendo vendidas em lojas da Adidas nos Estados Unidos. Na cidade de San Francisco, na Califórnia, uma loja de produtos da marca no Shopping Westfield, exibia a coleção de camisetas que faz referência às mulheres brasileiras.

Em uma das camisetas, um coração foi estilizado para parecer com as nádegas com um biquíni fio dental. Outra mostra uma mulher voluptuosa de biquíni com o Pão de Açúcar ao fundo. Em cima da imagem o seguinte texto: "Looking to score", um jogo de palavras sobre fazer gols e pegar garotas, com a expressão usada em inglês em referência ao sexo.

As camisetas são vendidas por US$ 25 no modelo masculino e US$ 22 no feminino. Um vendedor da loja afirmou que as camisetas da coleção têm bastante saída, em especial as que mostram a logomarca oficial da Fifa. Questionado se a mensagem nas camisetas incitava o turismo sexual, o vendedor disse que não tinha notado que a estampa tinha conteúdo desse tipo. Ele contou que as duas camisetas fazem parte da coleção que estaria sendo vendida em todas as lojas da Adidas.

A notícia causou indignação no presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), Flávio Dino, que reagiu com veemência à revelação de que a Adidas fabrica e comercializa camisetas vinculando a Copa do Mundo no Brasil a apelos sexuais.

- Não aceitaremos que a Copa seja usada para práticas ilegais, como o chamado turismo sexual. Exigimos que a Adidas ponha fim à comercialização desses produtos - disse Flávio Dino, que continuou. - Lembramos que no Brasil há leis duras para reprimir abusos sexuais e as polícias irão atuar nesses casos no território nacional. O povo brasileiro é acolhedor e temos certeza de que aqueles que nos visitarão irão respeitar o Brasil - afirmou o presidente da Embratur em nota.

O presidente da Embratur informou também que vai trabalhar para que as camisas vendidas nos Estados Unidos sejam recolhidas do comércio.

Por sua vez, a secretária de Enfrentamento à Violência da Secretaria de Políticas Para Mulheres, Aparecida Gonçalves, criticou o comércio de camisetas com apelo sexual e afirmou que não retrata o Brasil de hoje.

- Achei uma campanha (da Adidas) complicada. Para não dizer outra coisa. O legado que o Brasil tem para as mulheres não é esse. Estamos num país em que, efetivamente, as mulheres estão tendo mais acesso e lutando por igualdade. Não vamos aceitar esse tipo de propaganda da Adidas nos Estados Unidos. É inadmissível. Avançamos quando elegemos uma presidente da República mulher, temos partidos políticos que discutem paridade entre homem e mulher no Parlamento; mulheres que estão no mercado de trabalho ocupando espaço nas empresas, que são grandes empresárias, grandes executivas - disse Aparecida Gonçalves.

A secretária afirmou que o ministério discutirá que medidas deve adotar nesse episódio. - Amanhã (terça) possivelmente teremos uma conversa com a Ouvidoria da secretaria para que possamos pensar alternativas, como falar com o Itamaraty e com o Ministério do Turismo.

Dilma estranha contestação da UE a incentivos para indústria brasileira

 

 

24/2/2014 12:50
Por Redação, com agências internacionais - de Bruxelas

Dilma discursou para uma plateia de empresários europeus, nesta segunda-feira
Dilma discursou para uma plateia de empresários europeus, nesta segunda-feira

A presidente Dilma Rousseff disse, nesta segunda-feira, que o governo brasileiro estranhou a contestação da União Europeia (UE) junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a Zona Franca de Manaus e o programa Inovar-Auto.

– Nós estranhamos a contestação pela Europa na OMC, mesmo sabendo que é simplesmente consulta prévia, de programas que são essenciais para o desenvolvimento sustentável da economia brasileira. Eu me refiro a dois programas: Inovar-Auto e ao programa de desenvolvimento sustentável da zona franca de Manaus – disse Dilma durante a 7ª Cúpula Brasil-UE, em Bruxelas.

Dilma argumentou que o programa Inovar-Auto busca o desenvolvimento de inovação tecnológica e tem a participação de empresas dominantemente europeias. Sobre a Zona Franca de Manaus, Dilma assinalou sua “surpresa” pela UE contestar uma “produção ambientalmente limpa na Amazônia, que gera emprego e renda, que é instrumento fundamental para a gente conservar a floresta em pé”, dada a preocupação e comprometimento da Europa com questões ambientais.

Ela ressaltou ainda que a Zona Franca de Manaus “não é uma zona de exportação, é uma zona de produção para o Brasil”. Dilma disse, ainda, que o Brasil deseja que as relações comerciais e de investimentos com a UE sejam as mais amigáveis possíveis e reafirmou seu empenho para que se feche o acordo de associação entre o Mercosul – bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Bolívia, que está em processo de adesão – e a UE.

Segundo Dilma, a expectativa é de que a partir da reunião técnica a ser realizada em 21 de março possa ser fixada a data para a troca de ofertas.

– Quero dizer que o Mercosul está fazendo um grande esforço para consolidar a oferta – afirmou.
A presidenta aproveitou para voltar a defender a força dos fundamentos econômicos do Brasil, que o governo vê a disciplina fiscal como condição básica, que a inflação está sob controle e que o sistema financeiro do país é sólido. Isso, somado a grandes reservas internacionais, permitem que o país enfrente as turbulências internacionais.

– O Brasil reúne, a meu ver, condições de contribuir, ainda mais, para o fortalecimento da economia mundial nos próximos anos. Essa confiança decorre, sobretudo, do compromisso de meu governo com um tripé: a prioridade dada às políticas de inclusão social e distribuição de renda e emprego; o compromisso com fundamentos macroeconômicos sólidos e a busca sistemática pelo aumento da produtividade e, portanto, da competitividade do país. O Brasil vem experimentando uma profunda transformação social nos últimos anos. Estamos nos tornando, por meio de um processo acelerado de ascensão social, uma nação dominantemente de classe média – afirmou.


Pacto sem efeito


O Brasil, que integra o grupo dos 20 países mais desenvolvidos no mundo, é um dos signatários da proposta de impulsionar a atividade econômica em 2% nos próximos cinco anos, mas o planejamento tem tantos buracos que não é de se admirar que tenha sido a primeira meta oficial que todos os membros se sentiram satisfeitos em concordar.

Cada país tem até novembro para elaborar seus próprios planos supostamente “concretos”, mas não há nada para forçar sua implementação a não ser a persuasão moral de outros membros. O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que vai observar o progresso dos planos, mas não tem poderes para obrigar nada ou punir.

O objetivo também é algo em movimento, uma vez que tem como base superar uma estimativa de crescimento que por si só é apenas uma conjectura.

– Nem temos certeza de onde nos encontramos agora em relação ao crescimento. Como conseguiremos julgar se essas metas estão sendo cumpridas? – questionou Michael Blythe, economista-chefe do Commonwealth Bank of Australia.

De fato, os alemães estavam relutantes em assinar qualquer meta dura no G20, mas aceitaram o objetivo de crescimento porque ele não é obrigatório. Outros também destacaram que ele é uma aspiração, não uma promessa fixa.

– Os resultados desse processo não podem ser garantidos pelos políticos – disse o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, após o acordo ter sido assinado no domingo.

E os mercados financeiros não deram muita atenção ao acordo, focando em vez disso nesta segunda-feira nas mesmas preocupações que tinham na sexta-feira – o impacto da redução pelo banco central dos Estados Unidos de seu estímulo e incertezas sobre a performance econômica da China.

“Quatro anos de mais do mesmo é perigoso”


O ex-presidente considera esgotado o projeto político do PT e acredita que seja necessária a entrada de ar fresco: “Chegou o momento da mudança e de gente com uma nova visão”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. / Bosco Martín

Pai do Plano Real, que acabou com o dragão da inflação e que completa agora 20 anos, e arquiteto, junto com o seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, do período de maior prosperidade e democracia da história do Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Rio de Janeiro, 1931) repassa, em conversa com o EL PAÍS, a encruzilhada brasileira neste ano de Copa do Mundo e eleições, enquanto o idílio dos mercados com o gigante sul-americano parecer ter definitivamente acabado.

De uma elegância pessoal e intelectual pouco frequente entre os políticos, o líder histórico do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) considera esgotado, apesar de reconhecer seus méritos, o projeto político do Partido dos Trabalhadores (PT), acredita que seja necessária a entrada de ar fresco nos palácios do poder – “chegou o momento da mudança, e é necessária gente com uma visão diferente” – e expressa sua preocupação de que o Brasil perca espaço no cenário internacional e na América Latina em particular.

Pergunta. Há algum tempo parece que acabou o idílio dos mercados com o Brasil, que a confiança se perdeu. O que está acontecendo?
Resposta. Exageraram sobre os sucessos, como agora estão exagerando com as dificuldades. Nem antes voávamos tão alto, nem agora estamos tão mal. Perdeu-se o ímpeto das condições externas favoráveis e das reformas anteriormente feitas, que na verdade não aprofundamos. Não percebemos que vivíamos uma janela de oportunidade, não um estado permanente. O Governo Lula teve um erro estratégico e outro de gestão. O primeiro foi a crença de que haveria um declínio do Ocidente, o que, salvo o caso da China, é discutível. Acho ótimo que as relações Sul-Sul tenham sido fortalecidas, mas não em detrimento das relações com o mundo ocidental. Além disso, houve também uma espécie de grande ilusão, como se a pedra filosofal tivesse sido descoberta, com o crédito e o consumo como chaves do crescimento. E isso é metade verdade, a outra metade é que falta investimento. Foram paralisadas as reformas e existiu também um temor metafísico das privatizações, o que paralisou o investimento em infraestruturas enquanto havia abundância de capitais.
No Brasil não há nada de socialismo
P. Pelo que o senhor diz, parece que o país está sequestrado pelos preconceitos ideológicos do PT.
R. Sim, acredito que haja algo assim. Não tanto no sentido do socialismo, mas no sentido da ingerência estatal. Aqui não há nada de socialismo. O que há é a visão de que a alavanca governamental pode tudo. Criaram realmente um casamento entre as empresas e os bancos públicos. Eu sempre digo que o que importa é que existam regras de mercado, não de negócios. Negócios não são algo que o governo tenha que fazer.

P. O que além do mais costuma gerar corrupção...
R. A corrupção foi mais grave antes, durante o Governo anterior. A novidade é que a corrupção agora é grupal, e antes era individual, e isso causa uma espécie de absolvição: se é para o partido, então não é pecado. Porém, o mais grave é o descrédito crescente da classe política. O Congresso dá a impressão para o povo de que não discute nada relevante, e que os temas são tratados pelo Executivo. A agenda política nacional é um pouco semelhante à do tempo do regime militar, quando o Governo anunciava projetos de impacto para a sociedade, e o Congresso era mantido à margem.
A novidade é que a corrupção agora é grupal e isso causa uma espécie de absolvição: se é para o partido, então não é pecado
P. Alguns analistas afirmam que o PT confunde partido e Estado.
R. Pois é. A diferença entre o PSBD e o PT não é a política econômica, é a política. A ideia de se a sociedade civil deve ter um papel maior ou menor. Estamos voltando a uma situação que tem raízes profundas no Brasil e no mundo ibérico. No México, quando o PRI assumiu, tinha uma frase que resumia isso, aquela de que “fora do orçamento não há salvação”. Aqui estamos nos aproximando disso. Todos querem ter um pedaço do orçamento, que não é de esquerda nem de direita. É corporativismo e clientelismo.

P. No entanto, parece haver quem queira outra coisa.
R. Sim, as manifestações populares vão nessa direção. Não têm consciência plena de seus objetivos, mas expressam um mal-estar. Não tenho certeza de que o Governo ganhará as eleições. Tem chances de ganhar, tem poder, tem recursos e tudo isso, mas há um sentimento de mal-estar que não é exatamente um sentimento antigoverno ou anti-PT. É um sentimento mais generalizado. Há tanta propaganda de que o Brasil é uma maravilha, do Brasil oficial…, mas existe o Brasil real, que tem problemas. Não é tão mau como antes, melhorou, mas as pessoas querem mais. Querem uma coisa que antes não queriam com tanta ênfase: qualidade e justiça. Não sou pessimista, mas, como pano de fundo, há uma crise mundial da democracia representativa. É uma situação delicada, que exige uma liderança com mais visão.
há um sentimento de mal-estar que não é exatamente um sentimento antigoverno ou anti-PT
P. Recentemente, a diretora do IBOPE nos dizia que há um desejo de mudança na opinião pública, mas que a oposição não conseguia representar esse sentimento.

R. Em um determinado momento, as ideias políticas precisam ter alguém que as expresse. Agora não é possível expressá-las, porque a televisão só informa sobre o Governo. Além disso, há outro fenômeno que ainda não sabemos avaliar, que são as redes sociais, que criam correntes de opinião, com as quais os partidos ainda não sabem lidar.

P. Também existe a sensação de que falta um projeto nacional.
R. É um pouco isso que ocorre. Falta alguém que formule o projeto, de maneira acessível, para a população. É preciso usar uma linguagem mais verdadeira. Aqui as pessoas estão acostumadas a um discurso que não é sincero. A crise não nos afeta, a culpa é do estrangeiro etc. Não. Temos problemas, podemos vencê-los, mas temos problemas. Tomara que algum candidato, espero que do meu partido, tenha a coragem de dizer as coisas com sensatez, de uma maneira que convença as pessoas de que há um caminho. E não é fácil, porque perdemos um bom momento para continuar ajustando o Brasil.

P. O senhor acredita que o Brasil entrará em recessão neste ano?
R. O crescimento será pequeno. Acredito que chegará o momento em que, quem quer que seja o ganhador das eleições, deverá ser feito um ajuste. Provavelmente em 2015. E, seja quem for o governante, passará por momentos difíceis, porque o ajuste sempre é duro. Não sou pessimista sobre o Brasil, porque as bases da economia são boas... Mas isso não significa que o Governo não tenha que tomar medidas. Em termos comparativos, o México está melhor agora porque está vinculado aos Estados Unidos, e os mexicanos estão fazendo algumas reformas. Demoraram muito para fazê-las, mas agora estão fazendo. Há energia e espírito para fazê-las. A Colômbia também.

P. Inclusive o Peru.
R. Sim, os países do Pacífico. O Brasil perdeu importância na América Latina. O que está acontecendo agora na Venezuela. Qual é a palavra do Governo do Brasil?
P. Houve uma declaração do Mercosul…

R. Foi uma vergonha. O Brasil não tem essa posição, não pode ter essa posição. Perde relevância assim. O Governo, desde a época do Lula, tem sido muito temeroso com o que acontece no arco bolivariano, sem se dar conta de que o outro arco, o do Pacífico, está avançando e nós estamos isolados. Acredito que chegou o momento de mudar quem manda hoje. Não digo que eles não possam voltar, nem acredito que tudo o que foi feito estava errado. Não estava. Mas chegou a hora. Quatro anos de mais do mesmo é perigoso. Ainda que nos próximos quatro anos o Governo entenda que precisa fazer coisas, fará contra o seu sentimento mais profundo, e isso não funciona bem.

P. Por que a oposição ainda não consegue se mostrar como algo distinto, como uma verdadeira alternativa?
R. Acho que faltou a convicção de que o que diziam era correto. Houve uma espécie de rebaixamento ideológico. As pessoas acreditaram muito na palavra do PT. É preciso ser mais frontal. Agora há possibilidades porque eles estão agindo mal. Agora há mal-estar, é o momento no qual todos podem escutar outra voz. Tomara que ela exista e que seja ouvida. Hoje, pela primeira vez, vamos para eleições em que setores importantes do Governo passaram para a oposição: Marina Silva e Eduardo Campos. Os dois foram ministros do Lula. Isso significa que provavelmente a diferença de votos tão forte que Dilma obteve no Nordeste e no Norte do país não irá se repetir. Primeiro porque Campos é do Nordeste, de Pernambuco, e tem força ali. Segundo porque a oposição ganhou na Bahia, em Alagoas, em Sergipe, no Piauí, no Pará e no Amazonas. Isso provavelmente diminui a votação de Dilma por lá, e de São Paulo para o Sul nós sempre ganhamos. Aécio Neves tem a vantagem de ter Minas Gerais, que é um Estado forte. A briga estará em São Paulo e, até certo ponto, no Rio de Janeiro. Há melhores oportunidades. Se serão concretizadas ou não depende não só da economia, mas da Copa do Mundo, do sentimento das pessoas, do desempenho dos candidatos. Porque em países como o Brasil, em que os partidos contam pouco, o que conta são as pessoas.

P. Que reformas são prioritárias?
R. A primeira reforma é a política. É difícil imaginar que seja possível um país funcionar com 30 partidos no Congresso e 39 ministérios, é uma receita para a paralisia do sistema. Esse sistema precisa mudar, mas não há força no interior dos partidos que se mova nessa direção. Quando fizemos a Constituição, nunca imaginamos que existiriam 30 partidos, que não são partidos, mas grupos de interesse que buscam participar do saque ao Estado.

P. Já faz 15 anos que se fala de reforma política...
R. A presidenta Dilma tentou fazê-la durante as manifestações de junho, porém não houve uma articulação, houve somente um ímpeto presidencial positivo. Acho que agora é tarde, porque já estamos em campanha eleitoral. É preciso fazê-la antes ou depois. E exige grandeza.

P. Como romper esse isolamento do Brasil na América Latina de que o senhor falou antes?
R. Deve ser rompido com ações, não com palavras, e acho que chegou o momento de uma mudança de Governo. É preciso gente com uma visão distinta. Seria positivo para o Brasil que a oposição ganhasse, não necessariamente o meu partido, mas a oposição. O Mercosul foi positivo, permitiu que ao menos Brasil e Argentina superassem sua relação de tensão, o comércio foi intensificado entre os dois países, mas se estancou. E agora é realmente uma camisa de força, porque a economia brasileira cresceu muito, superando o Mercosul. Teríamos que mudar, mas envolve outra visão estratégica. Que vai acontecer nos próximos 20 anos? Acredito que haverá uma consolidação da relação entre China e EUA, e Europa, e o tabuleiro mundial terá mais jogadores. O problema é que o Brasil tem tudo para entrar nesse jogo, mas também tem tudo para perdê-lo se não se consolidar, atuando, tomando posição na América Latina, por exemplo. Por que não dizer uma palavra sobre a Venezuela, nem a favor nem contra, mas de diálogo, de entendimento?

P. Na relação de Brasil com Cuba, o que pesa mais? A busca de benefícios ou as razões ideológicas?
R. Existem as duas coisas. O que mais me preocupa é por que as coisas não são feitas com mais clareza, por que os acordos são tão secretos. Por si só, que o Brasil esteja se posicionando no Caribe não é ruim. Nunca tive posição anticubana, nunca apoiei o embargo norte-americano. Mas o modo como as coisas são feitas dá a impressão de que há algo mais ideológico do que pragmático.

P. Foi perdida a oportunidade de se entender com Obama?
R. Acredito que sim, mas sou crítico com muitas coisas, por exemplo, com a questão da espionagem, que é inaceitável. Acho que Dilma teve razão quando não foi aos EUA naquele momento, mas eu teria adiado a viagem, e não cancelado. E, em seguida, tomou a decisão sobre os aviões de combate. Na minha época, a Força Aérea era favorável aos aviões suecos, mas por que fazer isso imediatamente depois? Não são gestos construtivos, e isso não quer dizer que o Brasil tenha que se alinhar com os EUA, mas não precisa ter uma atitude antiamericana, porque não corresponde ao mundo atual.

P. O que deve mudar no PSDB para que o Brasil se case novamente com o partido?
R. Acreditar que tem algo de melhor qualidade para oferecer ao povo. Os brasileiros querem padrão global, melhor saúde, melhor educação, melhor segurança, melhor transporte… É preciso demonstrar que é melhor modernizar em benefício do povo do que não fazer nada e fazer demagogia. O candidato deve inspirar confiança. O que falta a Dilma é essa confiança de que ela é capaz de levar o país adiante. Agora por parte dos setores altos e médios, amanhã do povo.

Fundo Gávea já tem R$ 2 bi para comprar Fleury, diz jornal


A fatia do laboratório em posse do grupo de médicos é avaliada em R$ 1,5 bilhõ, mas compra pode ser feita por até o dobro, diz Valor Econômico


Germano Lüders/EXAME
Laboratório do Fleury
Laboratório do Fleury: fundo Gávea já angariou R$ 2 bilhões para comprar a rede

São Paulo - O consórcio formado pelo fundo Gávea, o laboratório Hermes Padini e a Apax já tem 2 bilhões de reais para comprar a rede de laboratórios Fleury, diz jornal Valor Econômico.

A fatia de 41,2% da empresa que está sendo vendida pelo grupo de médicos fundadores do Fleury é estimada em 1,5 bilhão de reais, mas o consórcio está levantando mais dinheiro porque a compra pode ser fechada por mais que o dobro desse valor.

Além do Gávea, os fundos Carlyle, KKR e o Patria, em parceria com a Blacksone, estão interessados na compra. O Bradesco Saúde já possui 16,4% da companhia, mas as chances de adquirir todo o resto são pequenas.

Os médicos fundadores decidiram vender sua participação depois de uma série de resultados ruins apresentadas pelo laboratório. que não está dando a rentabilidade esperada por eles.

Zuckerberg afirma que deixará novas aquisições por um tempo

Sem dúvida, Zuckerberg foi hoje a estrela do congresso mundial de celulares realizado em Barcelona

David Paul Morris/Bloomberg
Mark Zuckerberg , do Facebook
Mark Zuckerberg: o executivo está convencido que, pelas mãos do Facebook, o Whatsapp crescerá até fazer com que o negócio seja rentável

Barcelona - O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, defendeu nesta segunda-feira a compra do Whatsapp, um serviço que considera valer "muito mais" que os US$ 19 bilhões pagos, mas assegurou que a companhia deixará as aquisições por um tempo.

"Após gastar US$ 19 bilhões acho que terminamos por um tempo", disse perante um abarrotado auditório no Mobile World Congress (MWC), onde lhe prestigiaram inclusive o príncipe Felipe, herdeiro da Coroa espanhola, e sua esposa, a princesa Letizia.

Sem dúvida, Zuckerberg foi hoje a estrela do congresso mundial de celulares realizado em Barcelona.
Ali o executivo-chefe do Facebook afirmou que a compra do Whatsapp faz sentido porque as duas empresas compartilham o objetivo de conectar o mundo, mas também por seu valor estratégico.

"Vale muito mais" que o dinheiro pago, comentou.
Zuckerberg está convencido que, pelas mãos do Facebook, o Whatsapp crescerá até fazer com que o negócio seja rentável. 

"Posso estar errado? Não acredito (...) Será um negócio enorme ", assegurou.

O executivo insistiu que a aquisição não se traduzirá em nenhuma mudança para os usuários do Whatsapp e reiterou que seus dados e conversas continuarão não sendo armazenados em servidores e que nenhuma publicidade será introduzida. 

Comercial da CoverGirl ressalta poder feminino


O trabalho foi criado pela agência Grey, de Nova York. A força do anúncio está na credibilidade das figuras que endossam o discurso da marca

Reprodução/YouTube/COVERGIRL
Comercial da CoverGirl ressalta poder feminino
Comercial da CoverGirl ressalta poder feminino: no Youtube, em pouco tempo, o vídeo conta com mais de 100 mil visualizações e 3 mil curtidas

São Paulo - Quem disse que belas mulheres não têm atitude e força interior? A marca de maquiagem CoverGirl criou a campanha # GirlsCan, que ressalta o poder feminino com uma mensagem forte e algumas das personalidades femininas mais influentes da atualidade.

O trabalho foi criado pela agência Grey, de Nova York. A força do anúncio está na credibilidade das figuras que endossam o discurso da marca.

"Ouvi dizer que as meninas não podiam fazer rap. Eu posso", diz Queen Latifah. "As meninas não podiam possuir seus próprios negócios? Eu possuo o meu próprio negócio".

O comercial conta também com estrelas como Ellen DeGeneres, Katy Perry e a cantora de soul Janelle Monáe. O filme estreou durante a cerimônia de encerramento dos Jogos de Inverno de Sochi, na NBC. Já no Youtube, em pouco tempo, o vídeo conta com mais de 100 mil visualizações e 3 mil curtidas.

A hashtag #GirlsCan também parece ter pegado rapidamente no Twitter, principalmente por ter sido compartilhada pelas celebridades que fazem parte do anúncio, além de outros famosos que “compraram” a ideia, como a experiente jornalista Chris McKendry, da ESPN, que escreveu: "Foi-me dito há 25 anos que as meninas não podiam fazer esportes na TV. Oh, # girlscan".

Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=KmmGClZb8Mg