quinta-feira, 27 de março de 2014

China: o maior desafio não é a desaceleração




A longa marcha do desenvolvimento chinês continuará a avançar – agora, também em direção ao interior do país.     Há, no entanto, uma muralha entre o que é possível e o que deve acontecer de fato no comércio do Brasil com a China neste ano

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Milton Pomar*
 


As perspectivas para o Brasil são as melhores possíveis no que diz respeito às demandas chinesas em 2014 –  demandas  que  tendem  a  continuar  aumentando,  principalmente  nos  setores de alimentos e matérias-primas.   E não só porque o mercado consumidor chinês está se fortalecendo com o ingresso de milhões de pessoas.    Há também o aumento do poder aquisitivo e a urbanização acelerada, que obrigam a construção de moradias, escolas, hospitais, ferrovias, telecomunicações, estruturas de água e energia etc. Ainda que em menor  velocidade,  a  longa  marcha  do  desenvolvimento chinês continuará a avançar – agora, também em direção ao interior do país.    Há, no entanto, uma muralha entre o que é possível e o que deve acontecer de fato no comércio  do  Brasil  com  a  China neste ano   . Do lado brasileiro, a muralha é feita de um misto de acomodação,  preconceito  e  despreparo.    Do   lado   chinês,  é  feita  de  comportamentos  muitas  vezes prejudiciais à efetivação dos negócios – em parte, pelo fato de a China ser um comprador ambicionado pelo mundo inteiro.

O  despreparo da maioria das empresas brasileiras para o comércio internacional é sabido e reconhecido. Com a China, ele se evidencia ainda mais. Além de profissionalismo, é preciso estudar o país – algo que a maioria dos governos, entidades e empresas brasileiras não faz. É justamente do desconhecimento que vem o ceticismo e o preconceito em relação a tudo que se diz sobre o mercado chinês. Exemplo disso é o ataque que se faz à exportação de commodities para a China no lugar de produtos de maior valor agregado. Ataca-se o sucesso dos setores do agro e da mineração em vez de se questionar as dificuldades competitivas da indústria brasileira. Ninguém fala que os empresários brasileiros importam máquinas e matérias-primas da China. Ninguém diz que os chineses não vendem aqui – somos nós que vamos lá comprar deles. Desse falso debate surgem argumentos que não se sustentam. Até porque os produtos agrícolas e pecuários, ainda que vendidos in natura, resultam hoje de processos produtivos que incorporam muito capital, tecnologia e insumos industriais. Aliás, o que teria ocorrido com as indústrias que fornecem para o agro sem as exportações superavitárias de grãos e carnes para a China? E o que seria da nossa balança comercial se não fossem os valores crescentes das exportações de minérios para os chineses?


A demanda chinesa continuará aumentando nos setores de construção civil, alimentos, bebidas, energias renováveis e  meio ambiente (aliás, a situação ambiental piorou muito com a chegada de 17 milhões de carros novos por ano às ruas; a poluição aérea já é insuportável em grandes cidades, como Shanghai e Beijing; e a poluição hídrica torna mais insustentável a escassez natural). Isso sem contar uma infinidade de produtos para nichos de mercado, que na China contabilizam milhões de consumidores cada um. À medida que os chineses forem se adequando a práticas mundiais (por exemplo, o uso de capacete pelos 500 milhões de ciclistas e 100 milhões de motociclistas), novas demandas serão colocadas para o mundo. A indústria chinesa não dá conta de abastecer sozinha o seu imenso mercado. A dificuldade maior para vender ao mercado chinês é a quantidade de concorrentes. É preciso um grau muito elevado de competitividade, o que leva a margens menores e à necessidade de quebra de paradigmas. Poucas empresas brasileiras se dispõem a isso. Recentemente, conheci uma tradicional fábrica do sul do Brasil cujo dono se recusou a alterar a composição do seu produto principal para adequá-lo ao paladar chinês. Aí fica difícil.


*Editor da revista Negócios com o Brasil e colunista do blog Conexão Ásia.

Tempo gasto em problema de consumo deve ser indenizado

Tempo gasto em problema de consumo deve ser indenizado

Geralmente tratado como mero aborrecimento pelos tribunais, o tempo gasto para se resolver um problema de consumo é indenizável. Isso é o que vêm garantindo acórdãos recentes, que representam uma mudança de rumo na jurisprudência sobre o assunto. De casos que envolvem demora em fila de banco a devolução de parcelas pagas em cursos, desembargadores já aceitam a tese do chamado “desvio produtivo” para justificar a reparação moral do consumidor. Em síntese, os julgados responsabilizam o fornecedor pelo tempo gasto para se resolver os problemas que eles mesmos causaram.

“O desvio produtivo caracteriza-se quando o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma atividade necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável”, explica o advogado capixaba Marcos Dessaune (foto), autor da tese Desvio Produtivo do Consumidor: o prejuízo do tempo desperdiçado, que começou a ser elaborada em 2007 e foi publicada em 2011 pela editora Revista dos Tribunais.

Com base neste fundamento, a 27ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou, no último mês de janeiro, uma rede de lojas a indenizar em R$ 5 mil um consumidor por conta de um defeito em um aparelho celular de R$ 246,90, que apresentou defeito dois dias após a compra. A loja pretendia cobrar R$ 60 pelo reparo. O consumidor recorreu à Justiça e, em 1ª instância, o tempo gasto foi considerado simples aborrecimento cotidiano. No TJ-RJ, o entendimento mudou, a favor do consumidor.
A tese tem sido recorrente no colegiado da corte fluminense. Em outros três casos em que foi relator, o desembargador Fernando Antonio de Almeida aplicou o entendimento para condenar as empresas a indenizar os consumidores em casos de demora de reembolso de mensalidade, tempo gasto em fila de banco e cobrança de cartão falsificado.
“A perda de tempo da vida do consumidor em razão do mau atendimento de um fornecedor não é mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo em sua vida, que é obrigado a perder tempo de trabalho, tempo com sua família, tempo de lazer, em razão de problemas gerados pelas empresas”, apontam os acórdãos do TJ-RJ.


Horas irrecuperáveis

 
Se o tempo não é um bem jurídico tangível e expressamente previsto na Constituição, as decisões demonstram que ele pode ser englobado na figura do dano moral. Dessaune explica, entretanto, que a reparação pelo “desvio produtivo” não deve ser confundida com o “dano punitivo”, utilizado para, além da indenização, punir a empresa e coibir novos casos. “O tempo é finito, inacumulável e irrecuperável”, diz.

O advogado explica que, ao contrário da dor e sofrimento abrangidos pela reparação moral, o tempo é mensurável. Isso pode ser feito, por exemplo, com o registro de ligações aos serviços de atendimento ao consumidor. Além da demonstração por parte do consumidor, isso também pode ser estimado com a inversão do ônus da prova em seu favor, o que já é previsto pelo Código de Defesa do Consumidor.

Dessaune também afasta o argumento mais conservador de que a aplicação de sua tese abriria precedente para uma enxurrada de ações que sobrecarregariam o tribunais. "Se os fornecedores não cumprem a lei espontaneamente, só resta aos consumidores lesados fazerem valer seus direitos por intermédio dos Procons e do Poder Judiciário". E o efeito, acrescenta ele, poderá ser até o oposto: condenações morais mais elevadas previnem que novos casos se repitam e a tendência é a diminuição das demandas.

No Tribunal de Justiça de São Paulo, a 5ª Câmara de Direito Privado condenou um fabricante de eletrodomésticos pela demora de seis meses no reparo de uma máquina de lavar. “Sabe-se por evidente presunção hominis que o consumidor quando acusa o vício do produto, lhe é imposta uma verdadeira via crucis para tentar exigir do fornecedor a devolução do valor pago ou ao menos o conserto do defeito”, registra o desembargador Fabio Podestá, no acórdão.

Em análise de um recurso de uma companhia de TV paga condenada pela cobrança indevida após cancelamento de assinatura, a 3ª Turma Recursal Cível de Porto Alegre levou em consideração o tempo gasto pelo usuário como agravante da situação. “Quanto a ocorrência do dano moral, acrescento que, diante da não resolução do problema no trintídio, o que forçou o consumidor a ingressar em juízo, acarretando o agravamento da condição de vulnerabilidade técnica, jurídica e econômica”, escreveu o relator Fabio Vieira Heerdt.

A teoria não se aplica somente ao tempo gasto para se resolver um problema de consumo na Justiça. A simples demora na prestação de um serviço também pode ser enquadrada, segundo acórdão da 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, que negou provimento ao recurso de um banco condenado pela demora de atendimento em agência: “O autor sofreu também o prejuízo do tempo desperdiçado, em razão da demora em ser atendido, o qual poderia ter sido utilizado de maneira mais benéfica e proveitosa”.

Não é só nos tribunais que a tese vem sendo aplicada. Na prova do 53º concurso para promotor do Ministério Público de Minas Gerais, o candidato devia demonstrar conhecer a base conceitual do “desvio produtivo”. Citando o próprio Dessaune, o gabarito previa a seguinte resposta: “Tratamento com desleixo ao consumidor com perda de tempo útil. A questão poderia ser solvida a tempo e modo satisfatório pelo fornecedor. Base principal: cláusula de tutela da pessoa humana, mas desafia regulamentação própria.”

Por enquanto, o entendimento está no âmbito dos tribunais de Justiça. No Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, ainda prevalece a aplicação do simples contratempo, como no julgamento do Recurso Especial 431.303/SP: “Demora, todavia, inferior a oito horas, portanto não significativa, que ocorreu em aeroporto dotado de boa infraestrutura, a afastar a caracterização de dano moral, porque, em verdade, não pode ser ele banalizado, o que se dá quando confundido com mero percalço, dissabor ou contratempo a que estão sujeitas as pessoas em sua vida comum”.


Clique nos números dos processos para ler as decisões:

quarta-feira, 26 de março de 2014

A guerra das periguetes no mercado de cervejas

 

 

Bebida apreendida, contratos milionários, descontos agressivos. Nenhum mercado de cerveja cresce tanto quanto o do Nordeste — e, na guerra para conquistá-lo, vale até vender latinhas por 50 centavo

Vicente Vilardaga, de
Fernando Vivas / EXAME
Fábrica da Petrópolis na Bahia
Fábrica da Petrópolis na Bahia: até agora, a vitoriosa na guerra

São Paulo - Houve um pandemônio em alguns supermercados de Salvador durante o Carnaval. Vídeos gravados pelos próprios clientes mostram consumidores afoitos carregando caixas e correndo em direção à saída. Alguns reservavam carrinhos para enchê-los com as compras.

Outros jogavam produtos para os amigos e iam comprar mais. Não faltou comida em Salvador. Nem água. O corre-corre era para comprar cerveja — mais especificamente, “periguetes”, o apelido dado pelos consumidores baianos às latinhas de 269 mililitros, as menores do mercado e bastante populares no Nordeste do país.

A Ambev fez uma das mais agressivas promoções de sua história durante o Carnaval e vendeu cerveja com descontos brutais para os distribuidores da cidade — com isso, algumas lojas e supermercados venderam as latinhas por até 50 centavos, menos da metade do preço usual.

Muitos dos que se estapearam nos supermercados eram comerciantes ambulantes, que revenderam as periguetes perto dos blocos de Carnaval pelo dobro do que pagaram. Com isso, a Ambev conseguiu o que queria: brecar, pelo menos em parte, o avanço dos concorrentes no mercado de cerveja que mais cresce no país, o Nordeste.

Na verdade, não foi a Ambev que declarou guerra — a tática da latinha barata foi uma reação. Pela primeira vez, a Ambev não pôde vender cerveja nas ruas próximas ao circuito Barra-Ondina-Campo Grande, por onde circulam os principais blocos do Carnaval de Salvador.

A Brasil Kirin, dona da marca Schin, e a Petrópolis, dona da Itaipava, pagaram para a prefeitura 10 milhões de reais, cada uma, para garantir a exclusividade de vendas nesses locais. “Resolvemos, então, devolver ao consumidor o dinheiro do patrocínio que deixamos de fazer dando desconto no preço da cerveja”, diz Ricardo Amorim, gerente de comunicação da Ambev. É a guerra das periguetes.

A disputa do Carnaval é um exemplo localizado da competição extrema das cervejarias pelo mercado de Salvador, em particular, e do Nordeste, de forma geral. A Ambev inaugurou recentemente sua oitava fábrica na região — fica em Itapissuma, no interior de Pernambuco, onde a Petrópolis começará a engarrafar suas cervejas em maio.

A primeira fábrica da Petrópolis no Nordeste foi inaugurada em novembro, em Alagoinhas, na Bahia. Nessa mesma cidade, a Brasil Kirin investiu 400 milhões de reais nos últimos dois anos para ampliar a capacidade de produção de sua unidade instalada há dez anos. A Heineken, dona da marca Kaiser, fez um movimento parecido em Feira de Santana, na Bahia. Em dezembro, a produção regional das cervejarias no Nordeste chegou a 340 milhões de litros, um recorde mensal.

As empresas têm investido como nunca para ganhar espaço na região em que o consumo de cerveja mais cresce no país. Nos últimos três anos, o aumento da produção no Nordeste foi de 10%, enquanto a média nacional ficou em 5%, segundo a CervBrasil, associação do setor (não há dados públicos sobre as vendas, mas a estimativa de especialistas é que o crescimento tenha sido similar).

O consumo por habitante continua abaixo da média do país, o que tem provocado a disputa entre as cervejarias para conquistar novos clientes — ou fazer os atuais beber mais. Durante o Carnaval, a prefeitura de Salvador chegou a apreender cerca de 150.000 periguetes de Brahma e Skol que estavam sendo vendidas por ambulantes em locais exclusivos da Brasil Kirin e da Petrópolis (depois da festa, as cervejas foram devolvidas aos ambulantes).

“Não concordamos com a tática da Ambev, porque ela gerou uma invasão na área de bloqueio”, diz Douglas Costa, diretor de mercado da Petrópolis. A empresa foi a única que informou seus resultados no Carnaval: vendeu 9 milhões de latinhas em uma semana. O número equivale à média mensal de vendas em Salvador, mas ficou 10% abaixo da previsão inicial — e seus executivos culpam a guerra de preços da Ambev.

Ambev diz ter plano logístico detalhado para a Copa


Para vice-presidente de Logística e Suprimentos da Ambev, apesar da experiência da empresa em eventos grandes, a Copa traz necessidade de preparos diferentes

Suzana Inhesta, do
Fabio Nutti/Exame
Funcionário descarrega caixas de cerveja em armazém da Ambev
Funcionário descarrega caixas de cerveja em armazém da Ambev: ainda neste mês, a Ambev comprou mais 314 caminhões Volkswagen da MAN Latin America

São Paulo - O vice-presidente de Logística e Suprimentos da Ambev, Vinícius Barbosa, afirmou que a companhia preparou um plano logístico detalhado para atender à demanda no período de realização de Copa do Mundo de Futebol em junho e julho.

Segundo ele, apesar da experiência da companhia em eventos grandes, como o carnaval, a Copa do Mundo traz a necessidade de alguns preparos diferentes.

"A Copa das Confederações já foi um teste. No período de realização da Copa do Mundo de Futebol terá muitos feriados (nacionais, regionais, no dia dos jogos) e temos que estar com a equipe contratada e incentivada a trabalhar. Todo atendimento de estádio também é complicado, a Fifa impõe regras e temos que estar prontos para atendê-las", declarou ao Broadcast, após a cerimônia de entrega de seu primeiro caminhão movido 100% a gás natural, projeto em parceria com a MAN Latin America e a Coopercarga.

O caminhão, que reduz em 20% a emissão de CO2, tem autonomia de cerca de 200 quilômetros, pode levar até 10 pallets de 1.250 quilos e tem ruído cinco decibéis menor do que o movido a diesel, vai ser operado pela Coopercarga em fase de testes no Rio de Janeiro por seis meses.

"Inclusive vamos utilizá-lo para fazer entregas no estádio do Maracanã, na final. E quem sabe nas Olimpíadas ter 100% da frota do Rio com esses veículos GNV", adiantou Barbosa.

Ainda neste mês, a Ambev, por meio de concorrência, comprou mais 314 caminhões Volkswagen da MAN Latin America.

"Vamos colocá-los em operação ao longo do ano, mas queremos antecipar o máximo para atender a demanda da Copa", declarou. Hoje, a frota total da fabricante de bebidas está entre 6 e 6,5 mil caminhões, sendo de 3,5 a 3,6 mil caminhões na frota dedicada.

Questionado se o rebaixamento do rating de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's atrapalharia os planos em logística da companhia, o executivo disse que a empresa, no geral, continua com seus investimentos e segue otimista com a demanda forte por bebidas nesse ano.

Repórter estrangeiro vem conhecer o Rio – e é assaltado


Episódio foi mencionado em matéria do jornal inglês The Independent. Objetivo da viagem, paga pelo governo brasileiro, era promover imagem positiva do país


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Orla de Copacabana, no Rio de Janeiro
Orla de Copacabana, no Rio: a caminhada rápida entre restaurante e hotel de madrugada "provou-se uma má ideia - e talvez ingênua" por parte do grupo de repórteres estrangeiros no Brasil 

São Paulo – O jornalista inglês Ian Herbert veio ao Brasil para conhecer três cidades sede da Copa do Mundo 2014 e, naturalmente, escrever sobre elas no jornal em que trabalha, The Independent. A ironia é que a viagem, custeada pelo governo brasileiro para melhorar a imagem do país, acabou envolvendo uma desagradável tentativa de assalto na madrugada do Rio de Janeiro.

“A caminhada deste correspondente na praia de Copacabana com outras quatro pessoas às duas horas da manhã provou-se uma má ideia - e talvez ingênua - quando meia dúzia de jovens se materializou exigindo relógios e dinheiro e empunhando armas”, escreveu ele na reportagem, publicada no último domingo.

Apesar do susto, o repórter afirma que o grupo foi embora sem levar “nada”. Em entrevista ao UOL, que descobriu o caso, o jornalista disse que os profissionais gritaram para chamar atenção e que a chegada de um casal acabou dispersando os ladrões.

A viagem, que durou toda a semana passada, foi oferecida pelo governo brasileiro. Chamadas de "press trips", esses convites são usados rotineiramente pelo poder público e por empresas para apresentar a pessoas da imprensa novos produtos e lugares (e estimular que abordem o assunto em textos jornalísticos, se acharem interessante).

Outros cinco profissionais também vieram ao país. Mas um deles, do jornal The Guardian, não fez referência ao episódio em matéria publicada no último sábado.

A Embratur, órgão que promove o turismo nacional no Brasil e exterior, foi quem bancou a viagem, que incluiu ainda as cidades de Fortaleza e Manaus. O valor gasto não foi divulgado até o momento.

Apesar da tentativa de promoção, o titulo da matéria do The Independent – “É caos no Brasil, mas não entre em pânico” indica que a iniciativa acabou tendo efeito contrário.

Uma leitura atenta, porém, mostra que o jornalista Ian Herbert, apesar de mencionar todos os problemas envolvendo a organização do evento, teve olhos mais benevolentes e contextualizadores que a média do que é publicado lá fora.

“Nada disso significa que a Copa não funcionará”, salienta ele em determinado trecho, completado por uma fala do secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes.

“Se as pessoas não tiverem uma visão mais generosa (em relação aos países em desenvolvimento), então esses eventos se tornarão festas de homens ricos", afirmou o segundo homem na hierarquia do Ministério do Esporte.

O Independent cita também que várias obras não teriam começado sem o Mundial, e que hoje é possível “enviar e-mail com um vídeo de um celular enquanto se navega no rio Amazonas, se você preferir não olhar para os jacarés Cayman”.

“O torneio que está para começar pode ter imperfeições, mas vai viver por muito tempo na memória”, encerra a reportagem do jornalista. E tudo isso apesar do assalto.

Corte de rating ameaça grau de investimento de 16 empresas


Companhias podem perder sua condição de grau de investimento atribuído pela Standard & Poor's se agência reduzir seus ratings de crédito

Mario Tama/Getty Images/AFP
Agência Standard %26 Poor's (S&P)
Standard & Poor's: agência anunciou ações imediatas de redução dos ratings de Petrobras, Eletrobras e Samarco já na segunda

São Paulo - Até 16 empresas não financeiras do Brasil, incluindo grandes grupos, podem perder sua condição de grau de investimento atribuído pela Standard & Poor's se a agência de classificação de risco reduzir seus ratings de crédito, após ter rebaixado a nota soberana do Brasil para "BBB-" no começo desta semana.

Na segunda-feira, quando rebaixou a nota do Brasil em moeda estrangeira na escala global citando preocupações com a política fiscal e o baixo crescimento econômico, a S&P anunciou ações imediatas de redução dos ratings de Petrobras, Eletrobras e Samarco. Todas elas ainda permaneceram, após o corte, dentro da escala de grau de investimento.

A S&P prosseguiu com os ajustes e reduziu na terça-feira os ratings atribuídos a 13 instituições financeiras no Brasil, também como consequência do rebaixamento da nota do país, segundo comunicado da agência de risco à imprensa nesta quarta-feira.

Os cinco bancos brasileiros que não tiveram suas notas alteradas sequer foram mencionados no relatório mais recente da S&P sobre o setor financeiro. Assim, Banco ABC, BTG Pactual, Banrisul, Safra e Votorantim continuam com a nota mínima dentro da faixa considerada grau de investimento.

Segundo levantamento da Reuters, na lista de empresas brasileiras não financeiras com rating atribuído pela S&P aparecem 16 companhias com nota "BBB-", que separa o grau de investimento do grau especulativo. Quanto mais baixa a nota, maior o risco de inadimplência e, como resultado disso, maior o custo do capital para as empresas.

Nesse universo, três companhias aparecem em observação negativa: Oi, Telemar Norte Leste e CSN. Ou seja, elas já tinham viés de rebaixamento do rating independentemente da nota soberana.

Com perspectiva estável e também classificadas como "BBB-" estão nomes como Braskem, BRF, Gerdau, Klabin e Localiza.

Além de ter se pronunciado e agido sobre os ratings de instituições financeiras e de Petrobras, Eletrobras e Samarco, a S&P informou que o "downgrade" do Brasil não afeta imediatamente a qualidade de crédito de emissões de dívida por governos estaduais e municipais.

Mas a S&P ainda não se manifestou sobre o restante do universo brasileiro de sua cobertura. Procurada, a agência de risco não comentou, até a publicação desta reportagem, sobre eventuais novos cortes de rating de empresas brasileiras não financeiras.

Uma fonte próxima à S&P disse que "não vê como automático" o corte de notas de outras companhias em função da revisão do rating soberano do Brasil, mencionando que cada empresa é vista dentro do seu setor. Há ainda fatores a serem considerados como grau de diversificação geográfica, nível de exportações e o quão relacionadas estão as empresas com o governo federal.

Porém, o movimento de redução não seria surpreendente, uma vez que após revisões de ratings soberanos é relativamente comum que as notas de empresas do país alvo do corte sejam revistas pela agência de classificação na sequência.

Esta aeronave poderia encontrar o avião da Malaysia Airlines


O StratoBus ainda está sendo projetado, ele irá voar a 20 quilômetros de altitude e será usado para missões de vigilância em terra e oceanos

Thales
Imagem conceitual do StratoBus
O StratoBus irá voar a 20 quilômetros de altitude e irá fazer missões de observação

São Paulo – Este é o StratoBus, uma mistura de drone com satélite de observação. Ele está sendo desenvolvido por empresas francesas e deve ser a próxima tecnologia de vigilância (seja militar ou de outro tipo).

O StratoBus deve voar a uma altitude de 20 quilômetros. Isso significa ficar nas primeiras camadas da estratosfera, já acima do campo de tráfego de aviões e jatos.

O corpo da aeronave será feito usando fibra de carbono, o que fará com que seu peso seja reduzido em comparação ao uso de outros materiais. De acordo com o projeto, ela terá de 70 a 100 metros de comprimento e um diâmetro entre 20 e 30 metros e será capaz de levar cargas de até 200 quilos.

O desenvolvedor principal do projeto é a empresa Thales Alenia Space. De acordo com eles, na altitude planejada, o StartoBus será capaz de realizar vigilância de fronteiras, observações em continentes e oceanos (como a busca por navios piratas). Por estar mais próximo da Terra do que satélites, ele será de capaz de captar imagens com melhor resolução e mais zoom. Uma tecnologia deste tipo poderia ser usada em buscas de acidentes de avião, como o Boeing 777 da Malaysia Airlines.

Ele será capaz de realizar missões de longa duração de voo, chegando a até um ano na estratosfera. Devido à proximidade, será possível utilizar o StratoBus para sistemas de comunicação, se necessário.

Além da construção em fibra de carbono, a aeronave será revestida com uma camada de painéis solares. Eles poderão rotar pelo drone-satélite para melhorar a captação da energia solar.

O desenvolvimento, além da Thales, conta com outras empresas: Airbus Defence and Space, Zodiac Marine e CEA-Liten. De acordo com projeções, o primeiro protótipo estará pronto dentro de cinco anos.

Veja um vídeo apresentando o StratoBus:

 https://www.youtube.com/watch?v=1sGqQek3pqQ