sexta-feira, 11 de abril de 2014

Crise do IBGE assusta os que querem o órgão independente

  Míriam Leitão 


Normalmente, eu faço o balanço da semana no comentário da CBN Brasil de sexta-feira, mas desta vez, os ouvintes pediram que eu comentasse a crise no IBGE. Foram vários e-mails e, por isso, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg pediu que eu me concentrasse nesse ponto. Alguns ouvintes disseram que temem que aconteça aqui o que houve na Argentina.

A crise começou quando foi suspensa a pesquisa da Pnad Contínua. Na quinta-feira foram divulgados dados sobre o mercado de trabalho. Eles mostraram que a taxa média de desemprego no Brasil ficou em 7,1% em 2013. Os números por regiões, no entanto, mostram distorções: no Sul, por exemplo, está em 4,2%; no Nordeste, em 9,5%. O mercado de trabalho melhorou muito nos últimos anos, mas o desemprego de jovens continua alto. No Nordeste, é de quase 20%.

Esses números, vale lembrar, são mais altos que os da PME, porque calcula a taxa em todo o Brasil, não só em seis regiões. Portanto, não são comparáveis. Essa é uma pesquisa cuja implantação vem sendo feita cuidadosamente há anos, porque se trata de passar a ter dados de 211 domicílios em 3.500 municípios sobre vários indicadores. Mas a ex-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, hoje chefe da tropa de choque do governo no Senado, reclamou da margem de erro nos dados de renda, e a pesquisa foi suspensa. Segundo funcionários do órgão, sem consulta ao corpo técnico. Marcia Quintslr, diretora da pesquisa, pediu demissão do cargo e outros coordenadores ameaçaram segui-la. 

O IBGE tem um histórico de resistência a qualquer interferência em questões técnicas. A presidente é também funcionária do Instituto e explicou que não houve interferência. O IBGE, que resistiu à interferência no governo Sarney, resistiu aos cortes absurdos do orçamento no governo Collor, mantém sempre sua independência quando há alguma tentativa de intervenção.

O instituto é valioso demais para o Brasil e sobre sua independência não pode pairar qualquer dúvida. A torcida é para que tudo se esclareça e a senadora fique longe do instituto de estatísticas que tem 80 anos de bons serviços prestados ao Brasil.


Lentidão do governo faz Brasil perder 112 estudos de novos remédios


                             Lentidão do governo faz Brasil perder 112 estudos de novos remédios


por Agência Estado

 
 
A demora na aprovação de pesquisas clínicas por órgãos federais fez o Brasil deixar de participar de 112 estudos de novos medicamentos, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (9). O anúncio foi feito durante evento de lançamento da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, associação que reúne médicos, pacientes e indústria farmacêutica, criada para discutir os processos de pesquisa no Brasil e pressionar o governo para aprimorar a legislação e os procedimentos relacionados ao tema. 

De acordo com a entidade, o prazo médio para a aprovação de um estudo de uma nova droga é de cerca de um ano no Brasil, contra 60 dias, em média, em países como Estados Unidos, Austrália ou nações europeias. Para que uma pesquisa aconteça aqui, ela deve ser aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

“Pelo tamanho da população e da economia, o Brasil costuma ser convidado para fazer parte dos grandes estudos, mas como a pesquisa tem que ser realizada ao mesmo tempo nos vários países participantes, nós acabamos perdendo o prazo e a nossa participação é cancelada”, diz Vitor Harada, membro do comitê gestor da Aliança. Segundo Sérgio Nishioka, coordenador de pesquisa clínica do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, uma das razões para a demora da aprovação é o baixo número de técnicos nos órgãos responsáveis. “Na Anvisa, são seis ou sete técnicos para avaliar todos os pedidos. 

Na Conep, são 26 membros, mas todos são voluntários”, conta. A Anvisa afirmou que “reconhece o papel estratégico das pesquisas clínicas como forma de trazer recursos e conhecimento ao País” e ressaltou que, em recente audiência realizada no Senado, se comprometeu a apresentar proposta que possa melhorar os prazos atuais de aprovação. 

por Agência Estado


Wikileaks: Casa Branca consultou Dilma antes de autorizar aquisição de refinaria por Petrobrás

 

 

 

 

GENEBRA - O governo dos Estados Unidos buscou garantias da parte de Dilma Rousseff em 2006 quando ela ainda era presidente do Conselho da Petrobrás antes de dar o sinal verde para que a empresa brasileira comprasse uma refinaria em Pasadena. Telegramas confidenciais da diplomacia americana obtidas pelo grupo Wikileaks revelam reuniões e missões enviadas ao Brasil pela Casa Branca diante da possibilidade de que a estatal brasileira comprasse a refinaria americana. Outro consultado foi o ex-diretor internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, epicentro da crise.

Um dos telegramas de 12 de junho de 2006 é explícito em relação ao assunto já em seu título: “A Aquisição da Petrobrás da Pasadena Refining Systems”. O documento foi enviado pela embaixada americana em Brasília ao Departamento de Estado norte-americano e relata os encontros de ministros e delegações de Washington com autoridades nacionais, entre elas Dilma Rousseff.

Uma das preocupações se referia à atuação da Petrobrás concorrendo contra interesses americanos na América Latina e tirando proveito justamente do fato de que governos da região começavam em 2006 a nacionalizar investimentos americanos. O temor era de que esses governos, uma vez recuperado os ativos de empresas americanas, repassariam os investimentos para a Petrobrás.
Em junho de 2006, uma missão encabeçada pelo secretário de Comércio do governo de George W. Bush viajou ao Brasil para debater essa situação. O governo americano queria garantias por parte da Petrobrás de que a empresa não iria ocupar o lugar deixado pelas empresas dos EUA depois que presidente Rafael Correa do Equador nacionalizou operações de petroleiras americanas no país.


O caso era considerado como chave para entender a posição da Petrobrás na região e a concorrência com os americanos. “A missão recebeu garantias de forma repetidas, de maneira mais proeminente durante a visita do Secretário de Comércio Gutierrez no dia 7 de junho com a chefe da Casa Civil do presidente Lula, Dilma Rousseff – que também atua como presidente do Conselho da Petrobrás – de que a Petrobrás não tem interesse em assumir os ativos da Occidental Petroleum’s Ecuador”, indica o telegrama.
“Diante dessas garantias, feitas em nível ministerial, o posto acredita que o caso Occidental não deve ser um obstáculo para a proposta da Petrobrás para adquirir 50% da Pasadena Refining Systems (PRS)”, indicou o governo americano. “O posto não acredita que a aquisição da Petrobrás da PRS signifique um risco à segurança nacional”, indicou a embaixada americana, depois de citar o encontro com Dilma.


Cerveró 

- O governo americano também aponta para reuniões com o ex-diretor internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró. Ele foi o responsável pelo parecer técnico que baseou a decisão do Conselho de Administração da Petrobrás de comprar a refinaria, alvo de investigações.

O encontro ocorreu no dia 26 de maio de 2006 no Rio de Janeiro. Washington queria saber de Cerveró se a Petrobrás estava interessada nos ativos nacionalizados pelo Equador. “Seria um má política para a Petrobrás minar sua relação com a Occidental assumindo seus ativos no Equador”, indicou Cerveró.

A aquisição da refinaria nos EUA continuaria na agenda entre os dois países. Em 11 de setembro de 2006, o embaixador americano no Brasil se encontraria com o então presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli. “Gabrielli disse ao embaixador que, como parte de um esforço para aumentar suas exportações e ativos globais, a empresa planejava forte investimentos nos EUA”, disse o telegrama daquele dia. Segundo Gabrielli, a refinaria em Pasadena faria parte desse projeto e outra na Califórnia estaria sendo estudada pelo brasileiro. A meta era a de incrementar a produção mundial de barris por parte da empresa de 2,4 milhões por dia para 4,5 milhões em 2011.

Num telegrama de 30 de junho de 2008, diplomatas americanos relatam o encontro entre o então embaixador dos EUA no Brasli, Sobel, e o diretor internacional da Petrobrás, Jorge Luiz Zelada. O brasileiro apontava na ocasião como a empresa estava investindo US$ 5 bilhões nos EUA. “Zelada afirmou que a Petrobrás está tentando adquirir os outros 50% da refinaria Pasadena em Houston para a aliviar a pressão no que se refere à refinaria no Brasil”, indicou o documento.

RS: Dilma anuncia barragem de R$ 400 mi como "presente"

Ao participar da formatura de 1 mil estudantes de cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), a presidente Dilma Rousseff anunciou nesta sexta-feira, em Porto Alegre, a contratação das obras para a construção da barragem de São Sepé, estimada em R$ 400 milhões.

"Na vida, ou se tem boas parcerias, ou a gente não consegue as coisas. E ele (Tarso) é um grande parceiro", disse Dilma, que estendeu os elogios a Fortunati Foto: Marcelo Becker / Terra
"Na vida, ou se tem boas parcerias, ou a gente não consegue as coisas. E ele (Tarso) é um grande parceiro", disse Dilma, que estendeu os elogios a Fortunati
Foto: Marcelo Becker / Terra

"Eu nunca venho ao RS sem um presente. O governador Tarso Genro já está até me olhando (risos). Quero anunciar aqui a contratação da barragem de São Sepé, importantíssima para melhorar o abastecimento de água tanto para a população quanto para a agricultura e pecuária", disse Dilma.

No discurso, Dilma afirmou ainda que não se governa sem parcerias entre as diferentes esferas do País. Em seu discurso, Dilma valorizou a boa relação da sua gestão com o governador Tarso Genro (PT) e com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT).

"Na vida, ou se tem boas parcerias, ou a gente não consegue as coisas. E ele (Tarso) é um grande parceiro", disse Dilma, que estendeu os elogios a Fortunati.

Em seu discurso, Dilma valorizou a boa relação da sua gestão com o governador Tarso Genro (PT) e com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT). Foto: Marcelo Becker / Terra
Em seu discurso, Dilma valorizou a boa relação da sua gestão com o governador Tarso Genro (PT) e com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT).
Foto: Marcelo Becker / Terra

Durante a cerimônia, Dilma justificou o fato de fazer questão de participar de formaturas do Pronatec. "Essa é a 14a formatura que eu participo nos últimos meses. Eu compareço sempre que possível porque a minha presença valoriza o esforço de vocês", disse a presidente aos estudantes.
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Uma disputa e tanto


Claudius
por Silvio Caccia Bava

Em setembro de 2011, a OAB ajuizou junto ao Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – a ADI 4.650 – contra o financiamento de campanha eleitoral feito por empresas. Contou com a CNBB, o PSTU, o Instituto de Pesquisa em Direito Eleitoral da Uerj e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) como amici curiaeda ação, isto é, copatrocinadores. O argumento central é que o financiamento empresarial de campanhas eleitorais fere a democracia, que é uma relação entre cidadãos, e que essa distorção acaba submetendo a democracia aos interesses do poder econômico.

Uma breve retrospectiva sobre a questão pode ajudar a compreender a importância dessa iniciativa. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1965, proibia as doações de empresas privadas a campanhas eleitorais, o que se manteve até o impeachment do presidente Collor, em 1992. Foi no governo Fernando Henrique Cardoso que o Congresso Nacional aprovou as Leis n. 9.096/1995 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) e n. 9.504/1997 (Lei das Eleições), que permitem doações financeiras por pessoas jurídicas a campanhas eleitorais e a partidos políticos. Tal modificação nas regras do financiamento eleitoral deu um enorme poder às grandes empresas, que passaram a ser determinantes para a eleição de candidatos. Essa é mais uma das características do período, no qual o neoliberalismo impôs a hegemonia do “mercado” no comando da sociedade. Em 2010 foram grandes empresas que bancaram 95% do custo das campanhas eleitorais. Apenas 4,9% das doações vieram de pessoas físicas, ao passo que em 2004 essa fatia era de 27%. 

O custo das eleições teve também um aumento estratosférico. Nas eleições de 2002, os gastos totais de campanhas eleitorais somaram R$ 800 milhões. Em 2010, eles chegaram a R$ 4,9 bilhões, segundo o juiz eleitoral Márlon Jacinto Reis, um dos criadores do MCCE. Para eleger um deputado federal, gastou-se em 2010, em média, R$ 1,1 milhão; um senador, R$ 4,5 milhões; um governador, R$ 23,1 milhões. O encarecimento das campanhas é um funil: quanto mais caras, menos chances para os que têm menos recursos.

Os resultados são evidentes: 62% dos deputados federais eleitos – 320 parlamentares – receberam doações de apenas 5% das empresas que financiaram campanhas eleitorais naquele ano. E assim se formam as bancadas dos interesses privados. Esses gastos também são considerados um bom investimento, uma vez que, para cada real investido nas campanhas eleitorais, as empresas obtêm R$ 8,50 em contratos públicos, segundo pesquisa do Instituto Kellogg Brasil. Entre as principais empresas doadoras em 2010 estão: Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez, Siderúrgica Gerdau, Banco Alvorada (Bradesco), BMG, Itaú/Unibanco, Santander, JBS/Friboi, Ambev, Votorantim Comércio de Energia. Os investimentos são altos. Segundo a Transparência Brasil, o custo total das eleições de 2010 e 2012 chega a R$ 10,8 bilhões. Apenas para comparar, nas últimas eleições ocorridas na França, no ano passado, somado todo o dinheiro empregado nas campanhas eleitorais presidenciais e legislativas, foram gastos US$ 30 milhões.

Em 5 de novembro de 2013, o grupo de trabalho criado na Câmara dos Deputados para discutir a reforma política aprovou o texto da Proposta de Emenda à Constituição que estabelece mudanças no sistema eleitoral e de representação dos partidos. Quanto ao financiamento de campanhas, a proposta mantém a legislação atual e determina que cada partido político poderá escolher se quer receber dinheiro privado, público ou ambos.

Em 20 de novembro de 2013, o Senado aprovou uma minirreforma eleitoral que, no entanto, também mantém o financiamento por empresas de campanhas eleitorais. As mudanças são tópicas e, segundo avaliações, favorecem os grandes partidos e reduzem o poder de fiscalização da Justiça Eleitoral, entre outras coisas.

No julgamento pelo STF da ADI 4.650, iniciado em 11 de dezembro de 2013, quatro dos onze ministros dessa instituição votaram a favor da proibição do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas. São eles: Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Joaquim Barbosa. O ministro Teori Zavascki pediu vista da ADI, e o julgamento foi suspenso sem data para ser retomado. Faltam dois votos para que se obtenha a maioria, e a expectativa é de que, dos sete ministros que faltam votar, ao menos dois concordem com a tese da proibição. Para concluir a votação, Teori Zavascki precisa devolver o processo ao pleno do STF. Se a decisão de impedir o financiamento de campanhas eleitorais por empresas ocorrer antes do dia 10 de junho, ela vale para a eleição deste ano.

Na corrida contra o tempo, para tentar impedir uma possível decisão do STF proibindo o financiamento privado de campanhas eleitorais, a Câmara dos Deputados se prepara para votar logo sua proposta de reforma eleitoral. Aí, como se sabe, a “bancada das empresas” tem maioria.

Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil

Bovespa e dólar avançam; fala de Tombini e inflação merecem atenção

Por Aline Cury Zampieri, José de Castro, Lucinda Pinto e Gabriel Bueno | Valor
 
 
SÃO PAULO  -  Bolsa, dólar e juros sobem no último pregão da semana. No mercado de juros, ainda há ajustes que refletem a preocupação com o rumo da política monetária. O mercado absorve tanto o tom da ata do Copom e das declarações do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini como os riscos elevados no cenário de inflação. 

Na Bovespa, o dia é volátil, mas com tendência positiva no começo da tarde. O índice, para surpresa de muitos operadores e embalado por fluxo financeiro, volta a subir, após três pregões de queda. 
O dólar tem ajuste técnico e volta a perder força ante o real nesta sexta-feira, mas sobe. 
Nos mercados internacionais, o dia também é de volatilidade, a exemplo da Bovespa, mas o tom é majoritariamente negativo. 


Câmbio


O dólar volta a perder força ante o real nesta sexta-feira, saindo das máximas do dia e passando a operar perto da estabilidade. Segundo profissionais, entradas pontuais de recursos e o não rompimento de uma resistência técnica no mercado futuro acabaram estimulando um apetite mais vendedor, que conseguiu devolver a cotação para próximo do fechamento de ontem.

Ao redor de 13h50, o dólar comercial subia 0,31%, para R$ 2,2110, após ter alcançado R$ 2,2200 na máxima do dia. No mercado futuro, o contrato de maio registrava valorização de 0,06%, para R$ 2,2195.
“O mercado hoje está mais técnico, operando em pontos específicos”, diz o profissional da área de câmbio de uma asset. Segundo ele, o quadro geral ainda não mudou: o dólar pode continuar caindo com fluxos para portfólio, mas nada que sinalize uma melhora de médio e longo prazo na percepção com o Brasil.

As constantes injeções de liquidez pelo Banco Central (BC) e a percepção de que a autoridade monetária não trabalhará contra novas quedas do dólar também ajudam a reduzir o apetite comprador. O BC novamente vendeu hoje todos os quatro mil contratos de swap cambial tradicional, em operação que funcionou como uma “injeção” de US$ 198,2 milhões no mercado futuro.

Além da venda líquida de papéis, o BC fez a rolagem de mais 10 mil contratos de swap cambial tradicional ofe rtados em leilão, postergando o vencimento do equivalente a US$ 494,0 milhões nesses contratos. Com a operação de hoje, o BC elevou a US$ 2,9638 bilhões o montante rolado referente aos swaps com vencimento em maio, de um total de US$ 8,733 bilhões.

Citando uma mudança no “mix” de política, melhora “moderada” na perspectiva do lado fiscal e uma recuperação dos termos de troca, o banco americano revisou para baixo a estimativa para o dólar no fim do ano. A expectativa de que o governo induza uma estabilidade do real devido à inflação pressionada e à aproximação do fim do ciclo de aperto mon etário também justifica a melhora no prognóstico para a moeda brasileira.

O banco americano vê agora o dólar encerrando o ano a R$ 2,40, ante previsão anterior de R$ 2,50, segundo relatório enviado a clientes. O J.P. Morgan estima uma melhora em torno de 5% nos termos de troca, com a valorização das commodities agrícolas compensando o declínio nos preços do minério de ferro. O banco considera ainda que os modelos para a taxa real efetiva de câmbio estão “consistentes” com o dólar a R$ 2,32.

Para o J.P. Morgan, o fato de o BC continuar fazendo rolagens de swap a despeito do nível mais baixo do dólar é um indicativo de que a taxa de câmbio é o instrumento que provavelmente servirá para amortecer pressões de preços. “O BC tem colaborado com a ideia de que um real mais forte é bem-vindo, conforme continua ofertando US$ 200 milhões em swaps cambiais por dia e rolando papéis com vencimento no próximo mês”, afirmam os estrategistas, acrescentando que, no atual ritmo, o BC deve rolar a maior parte dos US$ 8,7 bilhões em swaps com vencimento em maio.

Em entrevista ao “The Wall Street Journal”, Tombini disse que a depreciação do real no ano passado atrapalhou a estratégia de reduzir a inflação, apesar do aperto monetário já em curso na ocasião. O presidente do BC afirmou ainda que parte do movimento de alta da Selic desde o ano passado esteve relacionado à tentativa de conter os efeitos secundários da depreciação cambial e reconheceu que os movimentos da taxa de câmbio influenciam, sim, a trajetória da inflação.

A leitura do mercado, reforçada pela ata do Copom de ontem, é que o BC não fará grandes esforços para impedir uma valorização adicional do real, o que traria um alívio à inflação. Essa ideia ganhou força depois que o BC anunciou que faria leilões de rolagem de swap cambial tradicional mesmo com o dólar oscilando em torno de R$ 2,20.

“O BC nunca vai admitir isso, mas as ações dele dizem que, sim, o câmbio é uma arma contra a inflação que não será descartada”, afirma o profissional da asset.

O mercado observa ainda eventuais fluxos oriundos do pagamento da primeira parcela de remuneração mínima a acionistas da Vale, no valor de US$ 2,1 bilhões. Esse montante será convertido em reais pela Ptax desta sexta-feira. O pagamento será feito em 30 de abril.


Juros


O mercado de juros deu sequência ao movimento de inclinação da curva a termo, refletindo ainda a preocupação com o rumo da política monetária e seus efeitos sobre a inflação. Ontem, o tom da ata do Copom e também das declarações do presidente do BC reforçou a visão de que o ciclo de aperto monetário pode ser encerrado em breve. Diante de riscos elevados no cenário de inflação, a reação típica dos agentes é de ampliar o prêmio de risco nos contratos mais longos. 

Depois da divulgação de uma ata com sinais sobre a intenção da autoridade monetária parar de subir os juros, Tombini falou ao The Wall Street Journal que uma pausa no ciclo de aperto monetário “é uma possibilidade”. “Vamos ver, temos quase dois meses até a próxima reunião, que será no fim de maio.” Ele afirmou que o principal fator para a decisão será a evolução das perspectivas de inflação.

Existe o receio de que a inflação não autorize essa pausa. Afinal, após o IPCA de março, que subiu 0,92%, a probabilidade de a inflação superar o teto da meta ficou ainda mais próxima. “Como o BC vai parar de subir a Selic em maio, justamente quando o IPCA acumulado em 12 meses deve ficar acima de 6,5%?”, observa um operador.

Além disso, agentes veem no risco de um racionamento de energia elétrica uma razão de cautela para a política monetária.  Essa é uma variável que será acompanhada de perto pelos agentes nas próximas semanas. Para profissionais, se o abastecimento de energia realmente alcançar níveis mais críticos, então o ciclo de aperto monetário poderá ter de ser mantido, ainda que em doses de 0,25 ponto, dizem operadores.

Esse conjunto de fatores explica o movimento observado entre ontem e hoje, de elevação do prêmio de risco na curva de juros. Enquanto os juros mais curtos cedem, os longos avançam. E a diferença entre o DI janeiro/2015 e o janeiro/2017 alcança 1,29 ponto nesta manhã. Isso, a despeito da intensa queda dos juros dos títulos do Tesouro americano, que reagem à aposta de que não haverá aperto monetário nos Estados Unidos tão cedo. Nesta manhã, apesar do resultado positivo da confiança do consumidor americano, o rendimento da T-note segue em nível baixo, em 2,628%, depois de toar a mínima de 2,607% no início do dia.

Em tempo: O presidente do BC participa hoje da reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais dos países do G20, no  FMI, em Washington. Mas a informação é de que o encontro será fechado, sem a possibilidade de participação da imprensa.

Na BM&F, o DI janeiro/2017 operava a 12,38%, de 12,31% ontem. O DI janeiro/2015 marcava 11,07%, de 11,05% ontem.


Bolsa


O Ibovespa tem uma tarde positiva, depois de uma manhã no vermelho. A correção do índice, por enquanto, durou apenas três dias. Depois de bater mínima de 1,19% pela manhã, virou pouco antes do meio-dia e subia 0,33% ao redor de 13h50, para 51.296 pontos. Segundo o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, volta o fluxo comprador à Bovespa e o índice passa por ajuste depois de ter caído por três pregões seguidos. Petrobras PN avançava 1,28% e Vale PNA declinava 1,15%.
Galdi observa ainda que o Ibovespa melhorou com as bolsas dos Estados Unidos, que não chegam a subir, mas diminuíram bem as quedas depois da divulgação do índice de confiança do consumidor de Michigan, que subiu a 82,6 pontos na prévia de abril. 

Pela manhã, a perda foi puxada por discussões acerca do crescimento chinês, após declaração do primeiro ministro chinês, Li Keqiang, de que a expansão do PIB do país pode ficar abaixo da meta de 7,5%. A declaração veio após os decepcionantes dados referentes ao comércio externo de março. 
Por aqui, a ação da Sabesp lidera as perdas do Ibovespa e cedia 4,7%, depois de a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) desistir de publicar a revisão tarifária da empresa.

As incertezas do calendário de 2014 estão deixando o ano cada vez mais difícil de prever quando o assunto é investimento em ações no Brasil. Bancos estrangeiros têm adotado posições opostas nas preferências para aplicações, em meio a um quadro cada vez mais volátil e com indicadores dissonantes. É o caso de Citibank e Credit Suisse. Ontem, as duas casas divulgaram relatórios sobre as ações brasileiras, com posições distintas. O Citi recomenda posição underweight (abaixo da média do mercado) e o Credit overweight (acima da média do mercado).

Para os analistas Stephen Graham e Fernando Siqueira, do Citi Research, os investidores devem manter uma postura defensiva e de exposição abaixo da média, a não ser que encontrem maneiras de se proteger contra os riscos que a bolsa pode oferecer entre o final de 2014 e o começo de 2015. Entre eles estão eleições e necessidade de ajuste fiscal. 


Mercados Internacionais


Os mercados internacionais têm mais volatilidade nesta sexta-feira, com Wall Street passando por um novo dia de perdas. Na Europa, as principais bolsas fecharam em queda, o que também ocorreu na Ásia mais cedo. Em um dia com poucos dados importantes, o movimento negativo de ontem se mantém, ainda que Nova York tenha mostrado certa reação no meio do pregão.

Assim, nas praças americanas, o Dow Jones declinava 0,42%. O Nasdaq cedia 0,30% e o S&P 500 perdia 0,28%.

(Aline Cury Zampieri, José de Castro, Lucinda Pinto e Gabriel Bueno | Valor)

Nível do Sistema Cantareira registra pior marca em mais de 80 anos





SÃO PAULO  -  O nível do Sistema Cantareira, o principal reservatório de abastecimento de água da região metropol itana de São Paulo, voltou a baixar hoje, caindo de 12,4% para 12,2%, a pior marca dos últimos 84 anos. Há um ano, o volume estava em 63,1%. Segundo as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia, deve chover na Região Sudeste neste fim de semana, mas de forma isolada.

O governador do Estado, Geraldo Alckmin, não descarta a possibilidade de ser necessária a implantação do rodízio como forma de minimizar o impacto dessa escassez de água.

Para a presidente da Sabesp, Dilma Pena, com a utilização da reserva técnica (a água que fica em profundidade abaixo do atual nível de bombeamento) e a complementação por meio de outros sistemas como o do Alto Tietê e de Guarapiranga, não há risco de desabastecimento. A captação da reserva técnica, também chamada de “ volume morto”, deve começar em maio.

Na tentativa ainda de equacionar a crise no Sistema Cantareira, o governo paulista ampliou, na semana passada, o leque de consumidores estimulados a reduzir o gasto de água em troca de um bônus de 30% na tarifa no caso de uma queda de 20% no consumo. Na região do Cantareira, a medida já resultou em uma economia de 2 metros cúbicos por segundo. 
(Agência Brasil)