O índice de internacionalização das universidades brasileiras ainda é um dos mais baixos dos países em desenvolvimento.
Nos últimos anos, o número de intercambistas que chegam ao Brasil
para estudar e/ou trabalhar teve um leve aumento, mas continua pouco
significativo se comparado à maioria dos países em desenvolvimento.
Não é mais necessário lembrar que a presença de estudantes e
professores estrangeiros nas universidades e no mercado nacional é
extremamente positiva e contribui para o crescimento e desenvolvimento
do país.
Segundo o relatório da Unesco “Brics: construir a educação para o
futuro”, divulgado em setembro de 2014, entre os emergentes, Brasil é o
que menos recebe estudantes de outros países.
O levantamento mostrou que entre 2011 e 2012, período analisado na
pesquisa, 14.432 estudantes estrangeiros estavam matriculados em cursos
no país, uma grande desvantagem se comparado aos primeiros da lista:
China que abrigou mais de 88,9 mil e Rússia com mais de 173,6 mil
estrangeiros estudando em suas escolas.
No entanto, o fato de o Brasil ser visto como um país que está em
rápido desenvolvimento e modernização faz com que as expectativas de
crescimento do número desses estudantes venham a melhorar.
Em reconhecidas listagens sobre as melhores universidades do mundo,
as brasileiras até figuram, mas nunca entre as primeiras. Outras
universidades da América Latina também estão em situação semelhante.
Este quadro acaba por desestimular o interesse dos alunos estrangeiros
em estudarem nesses países e, por sua vez, as universidades latinas
continuam mantendo uma presença pequena no cenário internacional.
A revista londrina Times Higher Education (THE) divulgou um perfil,
em setembro deste ano, das faculdades que estariam em sua lista das 400
melhores do mundo. Além do baixo número de alunos por professor e do
robusto investimento em pesquisas e docência, a internacionalização
dessas instituições é um aspecto fundamental para a excelência. Pelo
menos 19% dos alunos e 20% dos professores das que estão no topo da
listagem são estrangeiros.
A Universidade de São Paulo (USP), maior e mais importante IES
pública do país está constantemente entre as melhores nas avaliações
mundo afora, mas pouco figura no rol das primeiras melhores porque,
justamente, não está entre as mais internacionais.
Nela, estudantes estrangeiros são por volta de 4% dos alunos e a
maioria veio de países vizinhos de língua espanhola, como Colômbia, Peru
e Argentina. No ranking da THE deste ano, apenas USP, Unicamp e a
Universidade dos Andes, na Colômbia, representam a América Latina. Já no
que foi feito para 2010-2011, nenhuma latina estava na lista.
Não há uma política brasileira de atração de estrangeiros, e a
ausência do ensino em inglês também é um fator que só vem dificultar a
situação; afinal, a língua é que permite o intercâmbio entre alunos e
docentes. Quando foi lançado o programa Ciência sem Fronteiras do
governo federal, por exemplo, as universidades que mais receberam
bolsistas brasileiros eram portuguesas. Esta lacuna que está em aberto
no sistema universitário brasileiro é causada pela falta de fluência num
âmbito nacional.
Somente com uma estrutura de atração e recepção de estrangeiros e
pensando um uma conduta que incentive globalmente as universidades
brasileiras à internacionalização, o ambiente de ensino brasileiro pode
almejar se equiparar e concorrer com as melhores do mundo.
Anna Carolina Düppre