quarta-feira, 8 de outubro de 2014

OS CAMINHOS DA EXCELÊNCIA

O índice de internacionalização das universidades brasileiras ainda é um dos mais baixos dos países em desenvolvimento.


Nos últimos anos, o número de intercambistas que chegam ao Brasil para estudar e/ou trabalhar teve um leve aumento, mas continua pouco significativo se comparado à maioria dos países em desenvolvimento.

Não é mais necessário lembrar que a presença de estudantes e professores estrangeiros nas universidades e no mercado nacional é extremamente positiva e contribui para o crescimento e desenvolvimento do país.

Segundo o relatório da Unesco “Brics: construir a educação para o futuro”, divulgado em setembro de 2014, entre os emergentes, Brasil é o que menos recebe estudantes de outros países.

O levantamento mostrou que entre 2011 e 2012, período analisado na pesquisa, 14.432 estudantes estrangeiros estavam matriculados em cursos no país, uma grande desvantagem se comparado aos primeiros da lista: China que abrigou mais de 88,9 mil e Rússia com mais de 173,6 mil estrangeiros estudando em suas escolas.

No entanto, o fato de o Brasil ser visto como um país que está em rápido desenvolvimento e modernização faz com que as expectativas de crescimento do número desses estudantes venham a melhorar.

Em reconhecidas listagens sobre as melhores universidades do mundo, as brasileiras até figuram, mas nunca entre as primeiras. Outras universidades da América Latina também estão em situação semelhante. Este quadro acaba por desestimular o interesse dos alunos estrangeiros em estudarem nesses países e, por sua vez, as universidades latinas continuam mantendo uma presença pequena no cenário internacional.

A revista londrina Times Higher Education (THE) divulgou um perfil, em setembro deste ano, das faculdades que estariam em sua lista das 400 melhores do mundo. Além do baixo número de alunos por professor e do robusto investimento em pesquisas e docência, a internacionalização dessas instituições é um aspecto fundamental para a excelência. Pelo menos 19% dos alunos e 20% dos professores das que estão no topo da listagem são estrangeiros.


A Universidade de São Paulo (USP), maior e mais importante IES pública do país está constantemente entre as melhores nas avaliações mundo afora, mas pouco figura no rol das primeiras melhores porque, justamente, não está entre as mais internacionais.

Nela, estudantes estrangeiros são por volta de 4% dos alunos e a maioria veio de países vizinhos de língua espanhola, como Colômbia, Peru e Argentina. No ranking da THE deste ano, apenas USP, Unicamp e a Universidade dos Andes, na Colômbia, representam a América Latina. Já no que foi feito para 2010-2011, nenhuma latina estava na lista.

Não há uma política brasileira de atração de estrangeiros, e a ausência do ensino em inglês também é um fator que só vem dificultar a situação; afinal, a língua é que permite o intercâmbio entre alunos e docentes. Quando foi lançado o programa Ciência sem Fronteiras do governo federal, por exemplo, as universidades que mais receberam bolsistas brasileiros eram portuguesas. Esta lacuna que está em aberto no sistema universitário brasileiro é causada pela falta de fluência num âmbito nacional.

Somente com uma estrutura de atração e recepção de estrangeiros e pensando um uma conduta que incentive globalmente as universidades brasileiras à internacionalização, o ambiente de ensino brasileiro pode almejar se equiparar e concorrer com as melhores do mundo.


Anna Carolina Düppre

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