Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil/Divulgação
Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) durante o debate do SBT, em São Paulo
São Paulo - A reta final das eleições se aproxima. Com isso, a carga dos ataques pessoais entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) tem ficado mais pesada, como ficou claro no debate
de ontem, no SBT. Segundo o especialista em marketing político Carlos
Manhanelli, o objetivo das acusações é evidente: acertar o “soco
decisivo”, que vai definir as eleições.
“Eles estão procurando a Miriam Cordeiro dessa campanha”, afirma.
Miriam Cordeiro é uma ex-namorada de Lula que foi usada na campanha de
1989 pelo então candidato à presidência Fernando Collor. Miriam apareceu
no programa eleitoral de Collor na última semana, e deu um depoimento
dizendo que o petista pediu que ela fizesse um aborto. Como todos sabem,
o ataque funcionou e Collor levou a eleição.
No entanto, Manhanelli ressalta que o efeito de cartadas como essa é
imprevisível. Deu certo com Collor, mas deu errado com Marta Suplicy. Na
campanha pela prefeitura de São Paulo em 2008, a petista perdeu para
Gilberto Kassab.
“Quando a Marta insinuou que Kassab era homossexual, isso se virou
contra ela. Ataques como esse têm que ser feitos com muito cuidado”,
afirma.
A fase de desconstrução do adversário é a última de uma campanha
eleitoral. O consultor político Gilberto Musto explica que toda campanha
passa por três estágios: no primeiro, os candidatos são apresentados ao
eleitor; no segundo, eles mostram suas propostas de governo.
No terceiro estágio, que em geral coincide com o segundo turno, é hora de tentar manchar a imagem do adversário.
Esses ataques não são privilégio das campanhas eleitorais brasileiras,
afirma Musto. “Uma pesquisa feita nos EUA mostrou que lá 66% do tempo de
campanha é usado em acusações, principalmente na fase final”, diz.
Segundo o consultor, o eleitor disputado por esse fogo cruzado é aquele
chamado de flutuante. “Os candidatos estão disputando o eleitor que se
decidiu há pouco tempo e que ainda pode mudar de ideia”, explica.
Outro alvo dos candidatos neste momento são os indecisos e aqueles que
por algum motivo deixaram de votar no primeiro turno, lembra Manhanelli.
O especialista afirma, porém, que essa não é a melhor forma de
conquistar o eleitorado. “As pesquisas mostram que essa tática não está
tendo efeito. Acho que eles deveriam tentar um debate mais ideológico”,
avalia.
Já Musto acredita que a pancadaria é inevitável. “Não tem como fugir
disso. Se um dos candidatos resolver dar uma de bonzinho, será
engolido”, afirma.
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