Por José de Castro, Aline Cury Zampieri, Antonio
Perez e Gabriel Bueno | Valor
SÃO
PAULO - A
expectativa de que a presidente Dilma Rousseff confirme nesta semana uma equipe
econômica que agrade ao mercado e promova um ajuste fiscal crível ampara um
ajuste de alta nos ativos domésticos nesta terça-feira, depois das quedas de
ontem. Conforme notícia publicada na edição de hoje do Valor, a nova
equipe econômica vai discutir a possibilidade de fixação de um teto para a
evolução dos gastos correntes.
Os
mercados domésticos têm um desempenho bem melhor que seus pares americanos e
europeus, que perderam fôlego após uma manhã mais positiva. O crescimento mais
forte que o esperado do PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre foi
ofuscado em parte por dados mostrando queda na confiança do consumidor do país.
Câmbio
O dólar
tem firme queda ante o real nesta terça-feira, devolvendo a alta de mais de 1%
registrada ontem. Os investidores embolsam os ganhos recentes e também operam
com a expectativa de que Joaquim Levy seja anunciado como ministro da Fazenda e
apresente ainda nesta semana um conjunto de medidas na área fiscal que consiga
recuperar a credibilidade do governo junto ao mercado financeiro. “O mercado
volta a colocar fichas numa equipe econômica que consiga anunciar algum plano
fiscal pelo menos possível”, diz o profissional de uma corretora, ponderando,
contudo, que, como as expectativas estão melhores, cresce junto o risco de uma
decepção. “Aí vamos ter uma nova rodada de alta do dólar que pode ser ainda
mais forte”, diz.
Às 14h, o
dólar comercial caía 0,34%, a R$ 2,5290. Na mínima, a cotação foi a R$ 2,5185,
em queda de 1,14%.
Juros
A
expectativa de que a indicação oficial da equipe econômica seja acompanhada
pelo anúncio de um conjunto de medidas fiscais leva a uma queda dos juros
futuros longos nesta manhã de terça-feira. Depois de certa cautela ontem, em
meio ao suposto bombardeio de setores do PT à indicação de Joaquim Levy para o
ministério da Fazenda, os investidore s voltam a apostar as fichas em uma
inflexão na política econômica no segundo mandato de Dilma Rousseff com um
corte dos prêmios de risco.
Com
mínima de 11,67%, DI janeiro/2021 era negociado a 11,75% (ante 11,84% ontem,
após ajustes). Segundo mais líquido do pregão, com giro de cerca de 145 mil
contratos, DI janeiro/2017 girava a 12,14% (ante 12,22% ontem, após ajustes).
Houve certa moderação do ritmo de queda das taxas futuras no fim da manhã, após
a divulgação da segunda leitura do PIB americano no terceiro trimestre, que
registrou alta anualizada de 3,9% no terceiro trimestre, acima do esperado
pelos analistas (3,3%) e da prévia inicial (3,5%).
“Uma vez
anunciada a equipe econômica e metas fiscais para recomposição da capacidade de
geração de superávit primário nos próximos anos, há espaço para os juros
futuros longos fecharem ainda mais”, afirma Alexandre Horstmann, gestor da
Queluz Asset, ressaltando que as taxas locais ainda oferecem remuneração muito
atraente em um contexto de juros baixos no resto do mundo.
(José
de Castro, Aline Cury Zampieri, Antonio Perez e Gabriel Bueno | Valor)