Governo gaúcho adia pagamento da dívida com a União
e deve sentir as consequências no caixa
Por Laura D'Angelo
laura.cauduro@amanha.com.br
Só no mês
que vem. José Ivo Sartori, governador do Estado do Rio Grande do Sul, anunciou
nesta sexta-feira (24) que irá atrasar o pagamento da dívida da União referente
ao mês de abril. O pagamento no valor de R$ 280 milhões deverá ser realizado
somente entre os dias 10 e 11 de maio. A medida, classificada como “extrema”
pelo governador, foi tomada para garantir o pagamento atualizado dos salários
do funcionalismo.
O
peemedebista Sartori fez questão de descartar qualquer possibilidade de
“calote” e garantiu que esta será a única vez que o governo recorrerá a essa
saída. "Não estamos suspendendo o pagamento, nem cancelando, nem
declarando moratória", afirmou. Segundo Gioveni Feltes, secretário da
Fazenda, o Piratini fará o pagamento quando ingressarem nos cofres do Estado os
recursos do ICMS. A decisão foi tomada diante da negativa do Ministro da
Fazenda Joaquim Levy, na última quinta-feira (23), em liberar os recursos
devidos pelo governo federal ao Estado referentes ao Fundo de Apoio às
Exportações, atrasado desde janeiro, e à compensação pela desoneração fiscal de
exportações (Lei Kandir).
Caso não
regularize o pagamento da dívida com a União, o Rio Grande do Sul pode sofrer a
retenção da parcela equivalente do Fundo de Participação dos Estados (FPE),
feito de 10 em 10 dias. No entanto, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
minimizou as consequências do atraso. “Por enquanto não aconteceu nada. Eu
tenho certeza que o governador do Rio Grande do Sul está fazendo todos os
esforços para equacionar a situação financeira. É uma situação muito difícil,
que já vem de muito tempo", disse.
Na
opinião do especialista em finanças públicas Darcy Francisco Carvalho dos
Santos, a repercussão mais grave, inicialmente, deverá ser mesmo no caixa do
Estado. Apesar de Sartori garantir o contrário, Santos não vê saída para o
governo estadual manter em dia a folha dos servidores nos próximos meses a não
ser adiar o pagamento novamente. “Quando chegar ao final de maio, a receita vai
estar igual e a despesa maior. Inevitavelmente, ele vai ter que fazer a mesma
coisa no mês que vem”, afirma o economista, lembrando que o governador não pode
reduzir a folha salarial nem as pensões dos inativos, além de já ter decretado
ações para controle de despesas de custeio.
O receio
de Santos é que, caso a situação financeira do Rio Grande do Sul se agrave
ainda mais, o governo deixe de pagar a sua parcela da dívida com a União. Nesta
situação, os demais estados devedores poderiam seguir o mesmo caminho gaúcho.
“Seria uma perda de receita de mais de R$ 40 bilhões, o que acabaria com todo o
programa de ajuste fiscal do [Joaquim] Levy”, reforça.
A medida
do governo do Rio Grande do Sul traz à tona a forte - e velha - discussão sobre
o indexador da dívida dos estados com a União. No final do ano passado, foi aprovada
uma lei determinando que o indexador da dívida teria como referência a taxa
Selic ou IPCA – o que for menor –, além de mais 4% ao ano. Com isso, estados
como Rio Grande do Sul e São Paulo teriam parte das suas dívidas abatidas a
longo prazo – mas abririam “espaço fiscal” para contrair novos financiamentos
imediatamente. Na época, o governador Tarso Genro chegou a estimar uma economia
de R$ 15 bilhões para o Rio Grande do Sul. Mas a mudança ainda não foi
executada pela União, que não quer abrir mão desta fonte de recursos em 2015
para não comprometer o ajuste fiscal.
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Só no mês que vem
Governo gaúcho adia pagamento da dívida com a União e deve sentir as consequências no caixa
Por Laura D'Angelo
laura.cauduro@amanha.com.br
Só no mês que vem. José Ivo Sartori, governador do Estado do Rio
Grande do Sul, anunciou nesta sexta-feira (24) que irá atrasar o
pagamento da dívida da União referente ao mês de abril. O pagamento no
valor de R$ 280 milhões deverá ser realizado somente entre os dias 10 e
11 de maio. A medida, classificada como “extrema” pelo governador, foi
tomada para garantir o pagamento atualizado dos salários do
funcionalismo.
O peemedebista Sartori fez questão de descartar qualquer
possibilidade de “calote” e garantiu que esta será a única vez que o
governo recorrerá a essa saída. "Não estamos suspendendo o pagamento,
nem cancelando, nem declarando moratória", afirmou. Segundo Gioveni
Feltes, secretário da Fazenda, o Piratini fará o pagamento quando
ingressarem nos cofres do Estado os recursos do ICMS. A decisão foi
tomada diante da negativa do Ministro da Fazenda Joaquim Levy, na última
quinta-feira (23), em liberar os recursos devidos pelo governo federal
ao Estado referentes ao Fundo de Apoio às Exportações, atrasado desde
janeiro, e à compensação pela desoneração fiscal de exportações (Lei
Kandir).
Caso não regularize o pagamento da dívida com a União, o Rio Grande
do Sul pode sofrer a retenção da parcela equivalente do Fundo de
Participação dos Estados (FPE), feito de 10 em 10 dias. No entanto, o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, minimizou as consequências do atraso.
“Por enquanto não aconteceu nada. Eu tenho certeza que o governador do
Rio Grande do Sul está fazendo todos os esforços para equacionar a
situação financeira. É uma situação muito difícil, que já vem de muito
tempo", disse.
Na opinião do especialista em finanças públicas Darcy Francisco
Carvalho dos Santos, a repercussão mais grave, inicialmente, deverá ser
mesmo no caixa do Estado. Apesar de Sartori garantir o contrário, Santos
não vê saída para o governo estadual manter em dia a folha dos
servidores nos próximos meses a não ser adiar o pagamento novamente.
“Quando chegar ao final de maio, a receita vai estar igual e a despesa
maior. Inevitavelmente, ele vai ter que fazer a mesma coisa no mês que
vem”, afirma o economista, lembrando que o governador não pode reduzir a
folha salarial nem as pensões dos inativos, além de já ter decretado
ações para controle de despesas de custeio.
O receio de Santos é que, caso a situação financeira do Rio Grande do
Sul se agrave ainda mais, o governo deixe de pagar a sua parcela da
dívida com a União. Nesta situação, os demais estados devedores poderiam
seguir o mesmo caminho gaúcho. “Seria uma perda de receita de mais de
R$ 40 bilhões, o que acabaria com todo o programa de ajuste fiscal do
[Joaquim] Levy”, reforça.
A medida do governo do Rio Grande do Sul traz à tona a forte - e
velha - discussão sobre o indexador da dívida dos estados com a União.
No final do ano passado, foi aprovada uma lei determinando que o
indexador da dívida teria como referência a taxa Selic ou IPCA – o que
for menor –, além de mais 4% ao ano. Com isso, estados como Rio Grande
do Sul e São Paulo teriam parte das suas dívidas abatidas a longo prazo –
mas abririam “espaço fiscal” para contrair novos financiamentos
imediatamente. Na época, o governador Tarso Genro chegou a estimar uma
economia de R$ 15 bilhões para o Rio Grande do Sul. Mas a mudança ainda
não foi executada pela União, que não quer abrir mão desta fonte de
recursos em 2015 para não comprometer o ajuste fiscal.
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Governo gaúcho adia pagamento da dívida com a União e deve sentir as consequências no caixa
Por Laura D'Angelo
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Só no mês que vem. José Ivo Sartori, governador do Estado do Rio
Grande do Sul, anunciou nesta sexta-feira (24) que irá atrasar o
pagamento da dívida da União referente ao mês de abril. O pagamento no
valor de R$ 280 milhões deverá ser realizado somente entre os dias 10 e
11 de maio. A medida, classificada como “extrema” pelo governador, foi
tomada para garantir o pagamento atualizado dos salários do
funcionalismo.
O peemedebista Sartori fez questão de descartar qualquer
possibilidade de “calote” e garantiu que esta será a única vez que o
governo recorrerá a essa saída. "Não estamos suspendendo o pagamento,
nem cancelando, nem declarando moratória", afirmou. Segundo Gioveni
Feltes, secretário da Fazenda, o Piratini fará o pagamento quando
ingressarem nos cofres do Estado os recursos do ICMS. A decisão foi
tomada diante da negativa do Ministro da Fazenda Joaquim Levy, na última
quinta-feira (23), em liberar os recursos devidos pelo governo federal
ao Estado referentes ao Fundo de Apoio às Exportações, atrasado desde
janeiro, e à compensação pela desoneração fiscal de exportações (Lei
Kandir).
Caso não regularize o pagamento da dívida com a União, o Rio Grande
do Sul pode sofrer a retenção da parcela equivalente do Fundo de
Participação dos Estados (FPE), feito de 10 em 10 dias. No entanto, o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, minimizou as consequências do atraso.
“Por enquanto não aconteceu nada. Eu tenho certeza que o governador do
Rio Grande do Sul está fazendo todos os esforços para equacionar a
situação financeira. É uma situação muito difícil, que já vem de muito
tempo", disse.
Na opinião do especialista em finanças públicas Darcy Francisco
Carvalho dos Santos, a repercussão mais grave, inicialmente, deverá ser
mesmo no caixa do Estado. Apesar de Sartori garantir o contrário, Santos
não vê saída para o governo estadual manter em dia a folha dos
servidores nos próximos meses a não ser adiar o pagamento novamente.
“Quando chegar ao final de maio, a receita vai estar igual e a despesa
maior. Inevitavelmente, ele vai ter que fazer a mesma coisa no mês que
vem”, afirma o economista, lembrando que o governador não pode reduzir a
folha salarial nem as pensões dos inativos, além de já ter decretado
ações para controle de despesas de custeio.
O receio de Santos é que, caso a situação financeira do Rio Grande do
Sul se agrave ainda mais, o governo deixe de pagar a sua parcela da
dívida com a União. Nesta situação, os demais estados devedores poderiam
seguir o mesmo caminho gaúcho. “Seria uma perda de receita de mais de
R$ 40 bilhões, o que acabaria com todo o programa de ajuste fiscal do
[Joaquim] Levy”, reforça.
A medida do governo do Rio Grande do Sul traz à tona a forte - e
velha - discussão sobre o indexador da dívida dos estados com a União.
No final do ano passado, foi aprovada uma lei determinando que o
indexador da dívida teria como referência a taxa Selic ou IPCA – o que
for menor –, além de mais 4% ao ano. Com isso, estados como Rio Grande
do Sul e São Paulo teriam parte das suas dívidas abatidas a longo prazo –
mas abririam “espaço fiscal” para contrair novos financiamentos
imediatamente. Na época, o governador Tarso Genro chegou a estimar uma
economia de R$ 15 bilhões para o Rio Grande do Sul. Mas a mudança ainda
não foi executada pela União, que não quer abrir mão desta fonte de
recursos em 2015 para não comprometer o ajuste fiscal.
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