terça-feira, 3 de novembro de 2015

Moro condena executivo da Mendes Júnior a 19 anos de prisão


Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Sérgio Moro: na decisão em que recebeu a denúncia contra os investigados, juiz disse que há suspeitas de que Vaccari tinha conhecimento da origem ilícita dos repasses
Sérgio Moro, juiz federal: Rogério Cunha Pereira, ex-diretor de Óleo e Gás da empresa, foi condenado pelos mesmos crimes a 17 anos e quatro meses de reclusão
 
Julia Affonso, do Estadão Conteúdo
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo
Mateus Coutinho, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, condenou a 19 anos e 4 meses de prisão o executivo Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empreiteira Mendes Junior, por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Outros dois dirigentes da cúpula da empreiteira também foram condenados.

Rogério Cunha Pereira, ex-diretor de Óleo e Gás da empresa, foi condenado pelos mesmos crimes a 17 anos e quatro meses de reclusão.
A Alberto Elísio Vilaça Gomes, antecessor de Rogério Cunha Pereira no cargo de diretor de Óleo e Gás da Mendes Júnior, foi imposta pena de 10 anos de prisão.

"A prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$ 31.472.238,00 à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, um valor muito expressivo. Um único crime de corrupção envolveu pagamento de cerca de R$ 9 milhões em propinas", sentenciou Sérgio Moro.

Foram absolvidos os executivos ligados à Mendes Junior, Ângelo Alves Mendes - ex-diretor-vice-presidente - e José Humberto Cruvinel Resende.

"Entendo que há uma dúvida razoável se agiram com dolo, especificamente se tinham consciência de que os contratos em questão foram utilizados para repasse da propina", afirmou Moro.

O doleiro Alberto Youssef foi condenado a 20 anos e quatro meses de reclusão, mas como fez delação premiada na Procuradoria-Geral da República, a pena a ele imposta foi suspensa por Moro.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa pegou 10 anos de reclusão. Ele também fez acordo de delação.

Segundo denúncia do Ministério Público Federal, a Mendes Júnior fez parte do 'clube vip' de empreiteiras que, em cartel, 'teriam sistematicamente frustrado as licitações' da Petrobras para a contratação de grandes obras a partir do ano de 2006, entre elas na Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.

Moro fixou em R$ 31.472.238,00 o valor mínimo necessário para indenização dos danos decorrentes dos crimes, a serem pagos à Petrobras, 'o que corresponde ao montante pago em propina à Diretoria de Abastecimento e que, incluído como custo das obras no contrato, foi suportado pela Petrobras'.

O criminalista Marcelo Leonardo, que defende a cúpula da empreiteira Mendes Júnior, disse que ainda não teve acesso à sentença, mas adiantou que 'haverá recurso para o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4)'.

Marcelo Leonardo destacou que os argumentos do recurso serão os mesmos apresentados nas alegações finais do processo criminal perante a 13.ª Vara Criminal Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato.

Segundo o criminalista, os executivos da Mendes Júnior foram extorquidos pelo doleiro Alberto Youssef que teria exigido R$ 8 milhões da empresa.

O empresário Sérgio Cunha Mendes afirmou à Justiça que os pagamentos foram parcelados por meio de contratos frios firmados com as empresas de fachada GFD Investimentos e Empreiteira Rigidez, controladas pelo doleiro.

"Era um valor que ele (Youssef) colocou, R$ 8 milhões e alguma coisa, e foi pago relativo aos aditivos a serem aprovados, da Replan e do TABR", declarou o empresário, quando interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro.

Bancos de emergentes estão sob pressão, mas danos serão contidos, prevê Fitch



A Fitch avalia que a desaceleração econômica, o vencimento de empréstimos, a desvalorização cambial e saídas de capital pressionam os perfis de crédito de bancos de países emergentes. Segundo relatório da agência de classificação de risco, contudo, é improvável que haja uma ampla crise nos mercados emergentes, seja geral ou apenas no setor bancário.

Para a Fitch, o alcance da deterioração do crédito - e de consequentes rebaixamentos de notas de crédito - deverá ser contido pela significativa capacidade dos bancos de absorver perdas, pelo crescimento econômico positivo na maioria dos emergentes e pela ajuda externa disponível.

Essas opiniões foram apresentadas por chefes de unidades da Fitch que cobrem a região da Ásia e do Pacífico, a América Latina e países emergentes europeus, durante reuniões recentes com mais de 30 grandes investidores em mercados emergentes, informou a agência.

O foco das reuniões foi a perspectiva dos bancos na China, Brasil (onde pesam a recessão, o escândalo da Petrobras e o enfraquecimento do real) e Turquia, acrescentou a Fitch.

Com crise e real barato, país terá mais aquisições em 2016




GeorgeRudy/Thinkstock
Executivos aperta as mãos (diplomacia, negociação, acordo)
Negociação: pelo aumento de transações em fase inicial no trimestre, Intralinks prevê mais acordos em 2016
 
 
 
São Paulo - Por conta da desvalorização do real e das dificuldades econômicas, o próximo ano deve começar com muitas fusões e aquisições no Brasil e também na América Latina.

De acordo com levantamento da companhia de tecnologia Intralinks, as transações em estágio inicial no subcontinente cresceram 48,6% no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2014.

Em outros locais, o avanço do número de operações foi bem menor. Tanto na Ásia Pacífico quanto na América do Norte o aumento foi de 3%, na mesma comparação. Já na região EMEA (que abrange Europa, Oriente Médio e África) o acréscimo foi de 11%.
"Especificamente no Brasil, com a recessão e a variação cambial, as empresas estão com valores menores e, portanto, mais atraentes para os investidores internacionais", explicou Cláudio Yamashita, Diretor Geral da organização no Brasil.

Segundo ele, o efeito da recuperação do mercado de fusões e aquisições no país e na região "será observado em sua totalidade em 2016, quando elas continuarão crescendo".
 

Por setor


Segundo a Intralinks, na América Latina, as fusões e aquisições costumam ser mais frequentes no segmento de metais e mineração, que tem sofrido com o aumento dos preços das commodities nos últimos 18 meses.

No terceiro trimestre deste ano, porém, aumentaram os negócios em fase inicial para o setor de consumo.
 

O cálculo


Desde 2008, a Intralinks divulga o Deal Flow Perdictor (previsor de fluxo de negociações, em tradução livre).

Por meio da coleta dados do mercado, ela monitora transações que estão chegando à fase de duo dilligence – na qual uma companhia investiga informações sobre possíveis parceiras, antes de fazer uma proposta para comprar ou se fundir a elas.

A partir daí, é possível prever os negócios que terão anúncio público dentro dos próximos seis meses, com índice de precisão de 95%.

Ritmo de fusões deve se intensificar na reta final de 2015




Agência Brasil
Nota de real
Real: "as coisas estão começando a se materializar", disse o chefe da área de fusões e aquisições no Brasil do Bank of America Merrill Lynch
 
Aluísio Alves, da REUTERS


São Paulo - O mercado de compra e venda de participação societária no Brasil deve ganhar força no final de 2015, à medida que a expectativa de um cenário de prolongada fraqueza econômica do país esvazia as esperanças de empresas financeiramente enfraquecidas rolarem dívidas ou obter recursos via mercado de capitais.

A condição relativamente mais estável do câmbio, após meses de forte declínio do real frente ao dólar, e a expectativa de aumento da alíquota do Imposto de Renda sobre ganhos de capital em bens como ações também estão acelerando conversas já mais avançadas, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

"As coisas estão começando a se materializar", disse o chefe da área de fusões e aquisições no Brasil do Bank of America Merrill Lynch, Marcus Silberman. "Temos expectativa de fechar três a quatro transações ainda neste ano."
Um dos setores que deve se destacar no anúncio de transações nos próximos dois meses é o das empreiteiras, boa parte delas direta ou indiretamente fragilizada pela crise no setor de óleo e gás, em parte como resultado da operação Lava Jato, que investiga um esquema multibilionário de corrupção na Petrobras.

Na semana passada, dois anúncios envolveram companhias do setor. Num deles, a Odebrecht Transport, do grupo Odebrecht, vendeu seus 50 por cento da empresa de pagamento eletrônico de pedágio ConectCar ao Itaú Unibanco por 170 milhões de reais.

No outro, a CCR investiu 323 milhões de reais para assumir o terreno que sediará o terceiro aeroporto na região metropolitana de São Paulo, que era das suas sócias Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.

Para os especialistas, com maior dificuldade de rolar dívidas, diante de uma quadro de juros bancários mais altos e mercado de capitais praticamente fechado no Brasil, as opções para evitar um colapso têm diminuído rapidamente.

"Como a economia não melhorou, empresas em dificuldades viram que não tinham muitas opções a não ser vender ativos ou buscar um sócio estratégico", disse a sócia-fundadora do escritório de advocacia Souza Cescon, Maria Cristina Cescon.

"Estamos trabalhando em operações que devem acontecer ainda em 2015." Esse quadro, que afeta também empresas desde as do setor sucroalcooleiro até alguns segmentos ligados a consumo, de certa forma está contribuindo para destravar o mercado de fusões, que vem em marcha lenta desde o ano passado.

Em 2015 até o fim de setembro, houve 24,5 bilhões de dólares em transações de fusões e aquisições no país, menor nível em uma década, segundo dados da Thomson Reuters. O valor despencou 44 por cento em relação ao mesmo período um ano antes.

Os próprios bancos, credores de muitas dessas companhias e que têm visto a inadimplência da carteira de grandes empresas se deteriorar trimestre após trimestre, estão intensificando os trabalhos para ajudar a encontrar compradores.

O Banco do Brasil, por exemplo, fortaleceu sua assessoria de reestruturação de empresas para atender clientes enfraquecidos, inclusive deslocando funcionários de outras áreas do banco de investimento para lidar com o assunto.

Atualmente, essa força-tarefa do Banco do Brasil está atendendo 18 grupos, 12 da área de infraestrutura e 6 de açúcar e álcool.

"É o esforço máximo para tentar tirar as empresas da recuperação judicial", disse a fonte familiarizada com o banco.

E assim como nos casos acompanhados pelo BB, os acordos estão sendo costurados para que parte dos recursos levantados com a venda de ativos fique nas mãos do próprio credor.

"Nesses casos, parte do dinheiro tem destinação específica, para pagar o credor", disse Maria Cristina Cescon.


CÂMBIO


A oscilação cambial dentro de uma faixa mais estreita do que há alguns meses está facilitando as conversas, segundo os especialistas.

"Embora o cenário econômico ainda seja ruim, fica um pouco melhor agora para vendedores e compradores fazerem contas", disse Luiz Cantidiano, sócio do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados. "Facilita especialmente para fundos de private equity que estão bem capitalizados."

Por fim, o receio de enfrentar impostos mais altos sobre ganhos de capital está acelerando as conversas entre potenciais compradores e vendedores.

O motivo é a Medida Provisória 692/15, que eleva a tributação dos ganhos de capital para pessoas físicas. A alíquota atual de 15 por cento do Imposto de Renda será substituída por quatro outras (15%, 20%, 25% e 30%).

O texto foi enviado ao Congresso Nacional em setembro e aguarda votação.
A MP é uma das iniciativas do governo para aumentar a arrecadação e cobrir um déficit fiscal.

Hypermarcas subiu preços de fraldas em 35% - mas acha pouco




Divulgação Hypermarcas
Alguns dos produtos da Hypermarcas
Hypermarcas: o presidente da empresa justificou o aumento agressivo de preço com a variação cambial
 
 
 
São Paulo - Em meio a reestruturação de seu portfólio e venda de divisões de consumo, a Hypermarcas está ajustando preços e custos para tentar manter a rentabilidade. A divisão de fraldas é um exemplo, cujo preço disparou entre 35% e 40% este ano.

O presidente da empresa, Cláudio Bergamo, justificou o aumento agressivo de preço dizendo que a companhia estava “correndo contra o dólar” e que espera ver resultados dessa política no ano que vem, afirmou em conferência com analistas.

Agora, a companhia quer reduzir os custos de produção da divisão de descartáveis, “ajustando e buscando melhores práticas”, afirmou o presidente, como reduzir a infraestrutura de fabricação.
Ainda assim, o lucro líquido caiu 36,5% no terceiro trimestre, chegando a 75,4 milhões de reais. O Ebitda ajustado no período cedeu 2,9%, para 277,9 milhões de reais. A margem do semestre diminuiu 3,4 pontos percentuais, alcançando 60,7%.

A companhia não divulga números específicos da divisão de descartáveis, que engloba marcas como Cremer Disney, Sapeka, Pompom e Bigfral. “A divisão de fraldas será gerida como se fosse um negócio independente”, afirmou Bergamo. A empresa está negociando a venda das marcas de fraldas para a Kimberly-Clark. 

Ontem, a Hypermarcas anunciou a venda de sua divisão de cosméticos por 3,8 bilhões de reais. A aquisição, feita pela francesa Coty, inclui marcas como Bozzano, Monange, Paixão, Biocolor, Risqué, Cenoura & Bronze e correspondia a 20% do faturamento.

Com a venda, a empresa espera zerar sua dívida líquida, que chegou a 3,86 bilhões de reais, e irá focar no segmento de fármacos, líder com 14% do mercado e medicamentos como Benegripe, Engov, Rinossro e Estomazil.

Hypermarcas dispara 19% na bolsa com venda bilionária








Divulgação/Hypermarcas
Hypermarcas
A marca Risqué foi uma das negociadas na venda


São Paulo - As ações ordinárias da Hypermarcas registravam ganhos de 19% no pregão desta terça-feira.

Ontem, a companhia anunciou que vendeu por 3,8 bilhões de reais da sua operação de cosméticos para a empresa francesa Coty. Entre as marcas vendidas estão Bozzano, Monange, Paixão, Biocolor, Risqué, Cenoura & Bronze e outras do mesmo segmento.

Com a venda, o foco da empresa será o setor farmacêutico. “Setor em que já somos o campeão nacional, 1º do ranking com quase 14% de participação do mercado”, afirmou Claudio Bergamo, CEO da Hypermarcas.
Segundo o executivo, o valor levantado com a transação será destinado principalmente para redução do endividamento líquido da empresa e para melhoria na estrutura de capital e geração de valor para os acionistas.

O fechamento da aquisição está sujeita à aprovação por órgãos de defesa da concorrência e o pagamento da transação deve acontecer até o segundo trimestre do próximo ano.

No ano, as ações da companhia acumulam ganhos de 24%.


Alpargatas vende Rainha e Topper por R$ 48,7 milhões




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comercial-Topper
Topper: operação não inclui ativos industriais vinculados às marcas
 
Da REUTERS


São Paulo - A Alpargatas anunciou nesta terça-feira acordo de venda das marcas de calçados esportivos Rainha e Topper no Brasil a um grupo de investidores liderados pelo empresário Carlos Wizard por 48,7 milhões de reais.

A operação não inclui ativos industriais vinculados às marcas.

O acordo também envolve a venda da marca Rainha no mundo e 20 por cento da Topper na Argentina e no mundo, com exceção de Estados Unidos e China, onde a marca será licenciada por 15 anos aos compradores.
As ações da Alpargatas subiam 2,8 por cento às 13h14. Os papéis não fazem parte do Ibovespa, que subia 3 por cento no mesmo horário.

O pagamento pela compra no Brasil será feito em duas parcelas, com a primeira na data de fechamento da operação e a segunda 90 dias depois.

A Alpargatas também ainda que a venda da fatia na Argentina inclui os ativos industriais. Neste caso, o valor acertado com os investidores equivale a 6,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Topper no país neste ano, ajudado pela dívida líquida.

Wizard vendeu no final de 2013 seu grupo de escola de idiomas Multi pelo equivalente na época a 1,7 bilhão de reais. Em agosto de 2014, o empresário comprou a rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde.

O mercado de compra e venda de participação societária no Brasil deve ganhar força no final de 2015, incentivado pela relativa estabilização do câmbio após meses de forte declínio do real frente ao dólar além da expectativa de aumento da alíquota do Imposto de Renda sobre ganhos de capital em bens como ações.