terça-feira, 24 de novembro de 2015

A fórmula da Havaianas para deixar o mundo aos seus pés

 



Luiza Belloni, do HuffPost Brasil

São Paulo- Se perguntar para um estrangeiro qual marca é a cara do brasileiro, ele provavelmente vai responder: “Havaianas”. Se esta pergunta for feita aqui no Brasil, é provável que a resposta será a mesma.

Pouquíssimas marcas no mundo conseguiram se reinventar e conquistar status internacional sem precisar mudar a essência de seu produto por décadas como fez a Havaianas.

Afinal, não é pra qualquer um tornar uma commodity (produto feito em larga escala, com foco na redução dos custos de produção) em um objeto de desejo de todas as classes sociais em mais de cem países.
Poucas pessoas sabem, mas esta virada só foi possível por causa de uma crise de vendas na qual a empresa se afundou 30 anos após sua criação. Foi a partir daí que a então Alpargatas São Paulo (dona da Havaianas) mudaria a história das sandálias de borracha mais usadas no mundo.

As sandálias Havaianas foram criadas em 1962, inspiradas na tradicional sandália de dedo japonesa Zori, com tiras de tecido e sola de palha de arroz. Em vez das solas de palha, entrou a borracha, mas sem deixar suas raízes: o grão de arroz inspirou a textura da palmilha. Já o nome foi pensado no Havaí – projetado por Hollywood como o lugar dos sonhos dos anos 60.

Com o histórico brasileiro na extração da borracha, os gerentes da Alpargatas decidiram que a sandália teria de ser deste material, feita com uma fórmula especial que não deforma, nem solta tiras e não tem cheiro, como dizia o velho slogan da marca.

Mais de 53 anos depois, nem suas principais concorrentes, como a Ipanema, da Grendene, conseguiram imitar e trabalham com materiais como o plástico.

Assim, as tradicionais sandálias de borracha, com palmilha branca e tiras e solas coloridas, foram lançadas e milhões de pares foram vendidos em três décadas.

O sucesso, no entanto, chegou ao seu limite. Sem grandes investimentos em marketing e no fortalecimento da marca, os chinelos foram associados às classes mais baixas e suas vendas despencaram – nem mesmo a fórmula exclusiva de seu material salvou a Havaianas de uma difícil crise de lucratividade no início dos anos 90.

“Até 1994, tínhamos um produto único: era uma sandália de borracha de palmilha branca com tiras azul claro, amarelas ou preta, mas basicamente era uma commodity. Com a estagnação da marca, a gente resolveu mudar”, conta Rui Porto, um dos diretores envolvidos em um dos projetos mais importantes da marca: a transformação do “chinelo de pobre” para a marca que “todo mundo usa”.

Para mudar a percepção dos consumidores, conta Rui, foi preciso deixar de produzir apenas um produto e começar a criar um valor agregado à marca. “Lançamos a Havaianas Top, monocromáticas, mais confortáveis e com o nome gravado na tira. Ela continua até hoje, mas chamadas de ‘Tradicional’. Foi uma revolução.”

As Havaianas Top foram o início de uma revolução que nem a Alpargatas poderia prever. Aos poucos, a Havaianas deixou de ser a marca “com atestado de pobre”, como disse Rui, para virar um acessório de moda.

Para isso, a Alpargatas não poupou investimentos: novas estampas com cores, tiras e formatos diferentes. Hoje, há mais de 400 modelos em um produto que, basicamente, continua o mesmo.

Para tanto sucesso em um único produto, a maior mudança foi na construção da marca. "De patinho feio da Alpargatas, na época, ela virou a grande estrela.”

Sem dúvida, a Havaianas é a menina dos olhos da companhia fundada em São Paulo, em 1907. Hoje a marca corresponde a 48% dos lucros da Alpargatas, que também é dona das marcas Mizuno, Timberland, Dupé, Osklen e do empreendimento Meggashop, outlet da Alpargatas.

No segundo trimestre deste ano, a receita líquida da Alpargatas foi de R$ 996,9 milhões, aumento de 14% em relação ao segundo trimestre de 2014.

Nesta segunda-feira, a Alpargatas foi comprada por R$ 2,67 bilhões pela J&F Investimentos, uma holding de investimentos dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que controla a JBS. Ela pertencia ao grupo Camargo Corrêa, envolvido na Operação Lava Jato. A transação ainda depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Agregando valor, conquistando cada brasileiro


De chinelo de pobre, a sandália de dedo não tem mais nada. Além de aderir às estampas da moda e seguir tendências do mundo inteiro, a marca fez parcerias com grandes estilistas e investiu fortemente nos veículos de comunicação de massa e nos segmentados.

“Antes éramos focados apenas em meios massivos, como televisão e rádio. Começamos a fazer anúncios em revistas de moda e de celebridades. Patrocinamos eventos de moda como o São Paulo Fashion Week e emprestamos sandálias em desfiles”, conta Rui, que tem mais de 30 anos de casa e hoje é consultor de mídia e braço direito do presidente da Alpargatas, Márcio Utsch.

A ideia, porém, nunca foi deixar de atingir as classes mais baixas, nem mesmo focar em faixas etárias específicas. A ordem era agregar.

“Acho que foi um caso único no mundo. Marcas mudam, a gente não exatamente mudou. A gente agregou, como uma família. Antes era algo único e hoje é uma multidão.”

Para isto, o jeito foi encontrar a “justa medida”, segundo o consultor de mídia. Os comerciais são detalhadamente pensados para não delimitar qualquer público, por exemplo.

“Como nosso país é imenso, a gente tenta fazer um anúncio que todos vão compreender. Não usamos valores de uma determinada classe social, por outro lado, não afastamos este público”, explica Rui. 

“Nossos comerciais têm que ser bem humorados, com uma certa irreverência, certa sexualidade brasileira. Tentamos usar personalidades que sejam bem conhecidas.”

Entre estas personalidades que protagonizaram comerciais da marca, Malu Mader é um exemplo da transição da marca. Associada ao ideal de elegância, a atriz protagonizou uma peça publicitária em que calçava a Havaianas dentro de casa.

Os preços também começaram a variar. Com peças assinadas por estilistas e customizadas até com cristais de Swarovski, hoje há pares de Havaianas que chegam a custar R$ 400. Por outro lado, as tradicionais não saíram de linha e são opções acessíveis (a partir de R$ 13,90).

“Para cada mídia, seja revista, jornal, TV ou rádio, temos uma abordagem diferente. Embora o esqueleto sirva para todos, conforme a mídia, a gente adapta para seu público.”

A internacionalização da marca


A Havaianas começou a ganhar o mundo na virada do milênio, entre 1999 e 2000. Antes, a marca já era exportada para países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, mas como um produto para uso funcional – propósito totalmente oposto à nova estratégia da marca, que buscava apropriar sofisticação às sandálias.

Antes de procurar distribuidores mundo a fora, no entanto, a marca esperou virar febre no Brasil. A ideia era deixar que os próprios brasileiros começassem a exportar as sandálias, para dar de presente a amigos e parentes que moravam no exterior.

“Queríamos mostrar que era uma moda que vinha do Brasil. Para isso, soubemos gerenciar a marca antes de ir pra fora.”

De acordo com Rui, as sandálias já eram um sucesso em 1997, mas só por volta de 2000 começaram a exportar. Primeiro, elas desembarcaram em Portugal, na Austrália e no Japão, pela origem das sandálias.

Depois, elas chegaram aos Estados Unidos e em outros países da Europa e da América do Sul, como Argentina e Uruguai.

Havaianas


“Não estávamos exportando um produto com ‘certificado de pobreza’ como ela era, mas exportando uma marca com valor agregado. Esta foi uma missão que soubemos fazer direitinho.”

O plano de expansão para fora foi tão "direitinho" que a Havaianas é hoje uma das marcas brasileiras mais conhecidas pelos norte-americanos e europeus.

As "flip-flops" logo ganharam os pés dos estrangeiros e mais espaço nas lojas e boutiques de países como Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido. Em 2003, um par de Havaianas chegou a custar em Londres, na Inglaterra, o equivalente a R$ 500.

Atualmente, a Havaianas está presente em 117 países e tem centros de operação em 11 deles: Estados Unidos, Portugal, Espanha, França, Itália, Reino Unido, Áustria, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Alemanha.

As sandálias ocuparam um espaço que até então estava vazio no mercado mundial. Para isso, Rui diz que dois pilares foram fundamentais: ter feito sucesso no próprio país e entender os mercados locais.

Além das sandálias: a descentralização da marca


Após décadas fabricando somente um produto, a Havaianas começou, timidamente, a marcar presença em outras frentes. Primeiro, foram lançadas toalhas, chaveiros e capas de celular e outros acessórios.

A maior aposta, no entanto, estava reservada às alpargatas, as “Havaianas cobertas”. “Fizemos um teste piloto na Europa, um mercado que necessitava de uma ‘Havaianas de inverno’ e foi um sucesso.”

Depois de ganhar o mercado europeu, a marca trouxe para o Brasil, que fez grande sucesso neste ano. 
Para apresentá-las aos brasileiros, a Alpargatas não poupou sua fórmula de sucesso: com muita irreverência, as alpargatas foram apresentadas numa campanha em que brinca com a inversão de gênero dos casais Cléo Pires e Rômulo Neto e José Loreto e Débora Nascimento:

Agora, a empresa expandiu para tênis e roupas, que são vendidas em apenas três lojas no Brasil. Os próximos passos são distribuir para as franquias no país, que somam mais de 390, e exportar as primeiras peças para a Europa, onde tem nove lojas próprias.

Em setembro deste ano, a marca anunciou outra novidade: um contrato de licenciamento de marca com a Safilo Group, empresa italiana que atua no mercado mundial de óculos premium. O acordo permitirá a criação e distribuição mundial de uma coleção de óculos da marca Havaianas.

“Óculos tem tudo a ver com a marca, um produto ligado ao verão e ao calor. A marca é bastante conhecida e queríamos expandir para outras categorias”, conta Rui.

Questionado sobre o receio de desvirtuar a marca, Rui esclarece que cada produto lançado passa antes por muitos processos. “A gente faz tudo com muito cuidado. Fazemos testes, pensamos na qualidade. Acho que só afetaria a marca-mãe se o produto fosse mal feito. A gente está livre desse risco.”

Da crise, a oportunidade


Até da crise econômica brasileira a marca conseguiu se salvar. Após um primeiro trimestre ruim, com queda de 8,7% na receita líquida em relação ao mesmo período de 2014, a Havaianas conseguiu voltar a ter lucro graças à…. Desvalorização do câmbio.

Um ano antes da crise dar seus primeiros passos, por volta de 2014, a Alpargatas informava a inauguração da nova fábrica em Montes Claros, Minas Gerais, que ampliou a capacidade produtiva da sandália em 40%, para mais de 102 milhões de pares por ano.

Além de Montes Claros, a marca tem fábrica em Campina Grande, na Paraíba. Mas o aumento da produção em tempos difíceis de vendas acabou sendo oportunidade para explorar ainda mais outros mercados.

“A crise atinge todo mundo, o ano não está uma maravilha. Mas o que nos salvou foi a exportação”, esclarece Rui. “Com a alta do dólar, a exportação foi beneficiada e já no segundo trimestre sentimos um boom nas vendas.”

Segundo Rui, a grande variedade de preços foi outra carta na manga da empresa. “Você tem desde modelos tradicionais que podem ser vendidos por R$ 10 até modelos de R$ 400, toda customizada. Este mix ajuda muito.”

Além disso, aos olhos da marca, a crise é uma oportunidade de consolidar ainda mais a marca. “Os consumidores não querem ousar e preferem recorrer aos produtos que já conhecem. Em crise, se corre para onde tem mais confiança”.

Hoje, a marca Havaianas detém 85% do mercado de sandálias de borracha. Já entre sandálias no geral, ela tem uma fatia de cerca de 50%.

Diante da crise, os planos não foram afetados, garante o consultor.

“A crise não mudou os planos. Inauguramos uma fábrica em Montes Claros e o investimento já foi feito. Temos capacidade de aumentar participação no Brasil e no mundo. Então, não tem como ter crise.”


Você não sente a dor do outro


Talvez até imagine, comova-se, solidarize-se. Mas certas experiências são individuais e somente quem as tem consegue compreendê-las totalmente


REUTERS/Christian Hartmann


Certo dia, estava indo à rodoviária pegar um ônibus de Jerusalém a Tel Aviv. Era cedo pela manhã e, para quem não conhece, há um mercado público bem agradável não muito longe. Eu passei pelo mercado e, olhando aquelas gostosuras, fiquei tentado a parar. Olhei o horário dos ônibus e resolvi que se pegasse um lanche rápido na rodoviária mesmo conseguiria entrar no próximo. Então desisti do mercado, apertei o passo e segui em frente.

No caminho, ouço um barulho alto, parecia uma batida, mas não soube identificar muito bem. Chegando à rodoviária, ouço no rádio que um carro bomba tinha acabado de explodir – exatamente no local onde momentos antes eu estava parado, pensando se ficaria ali para comer.

O sentimento é desconcertante. Na hora, fui até o telefone público e liguei para os meus pais no Brasil para dizer que está tudo bem. Só com eles na linha sem entender muito o que eu estava dizendo me dei conta de que eles não sabiam onde eu estava e ainda não tinha dado tempo para a notícia chegar aos jornais internacionais, se é que chegaria.

Mais tarde, vendo as notícias na TV, fiquei sabendo que o terrorista se explodiu sozinho e não levou mais ninguém. Menos mal. Confesso que, por alguns dias, aquilo mexeu comigo, a imagem na TV de um carro explodindo, no exato lugar em que eu tinha parado alguns minutos antes.

Anos mais tarde, vi na TV que uma pizzaria que eu frequentava também explodiu. Um dos atendentes morreu, e fiquei pensando depois se eu o tinha conhecido.

Quando vemos uma notícia sobre algo que mal conhecemos, é extremamente difícil, senão impossível entender exatamente o que aquilo significa. Eu saí ileso, não tive um arranhão, mas o objetivo do “terror” é exatamente esse, e posso dizer que me lembro do sentimento de aterrorizado após o fato.

Seja na Internet, em livros, palestras ou o que quer que seja, costumamos ver palavras como superação e resiliência jogadas de um lado ao outro, geralmente bem fora de seu contexto. Tudo pode ser explicado, tudo pode ser relativizado. Alguém sempre vai dizer que tem alguém pior que você em algum lugar do mundo. Que tudo pode ser superado de acordo com a sua mentalidade.

Eu sempre tive um problema com isso. A verdade é que nossa experiência na terra sempre vai ser limitada. Você pode saber o que é ter uma bicicleta roubada, eu posso saber o que é levar um susto desses, alguém pode saber o que é ter uma doença grave. Por mais que se possam fazer relatos, a experiência subjetiva é de cada um. Quem sou eu para dizer que alguém que chora por que teve uma bicicleta roubada é menos digno do que alguém que lida com outro problema? Ninguém tem o monopólio sobre a condição humana. Provavelmente, eu nunca vou saber o que é ser um refugiado de guerra, nem nunca vou saber o que é perder tudo que tenho por uma queda de barragem.

E é por isso que fico horrorizado quando vejo julgamentos e justificativas, tanto na mídia quanto nos famosos “textões" de Facebook. Quando alguém minimiza um problema como é “apenas uma demissão”, “apenas um problema qualquer”, ou quando dão opinião realizando um julgamento sobre o que mal entendem, e talvez nunca vão entender.

Sim, sou a favor de colocar as coisas em perspectiva. Mas há tempo para tudo. É preciso, de vez em quando, se dar uma folga e dizer: sou só humano. É preciso, também, dar uma folga a todos os outros. Somos todos humanos, falhos e cada um com seus problemas. Se não podemos entender a diversidade das experiências humanas, talvez o melhor seja apenas aprender a respeitar, dar o tempo de cada um, e estender uma mão no momento de se levantar.

Por que o amigo de Lula foi preso na Lava Jato



Ueslei Marcelino/ Reuters
Empresário Bumlai embarca em avião em Brasília - 24/11/2015
Empresário José Carlos Bumlai durante o embarque hoje, em Brasília
São Paulo – Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a 21º fase da Operação Lava Jato que prendeu o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

De acordo com os investigadores envolvidos no caso, a nova fase foi batizada de "Passe Livre" por conta de um suposto livre acesso de Bumlai ao Palácio do Planalto.

O pecuarista entrou no grupo de investigados depois que Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, e do lobista ligado ao PMDB Fernando Baiano, relataram, em delação premiada, um suposto repasse de recursos para uma nora do ex-presidente Lula e recebimento de propina por lobby na Petrobras.
As investigações desta etapa, no entanto, estão concentradas na contratação sem licitação do navio-sonda Vitória 10.000 do Grupo Schahin para a Petrobras.

De acordo com a PF, há indícios de que Bumlai teria usado de influência para fraudar o procedimento licitatório como forma de pagamento de empréstimos ao Grupo. 

Em outubro de 2004, Bumlai contraiu um empréstimo no valor de R$ 12 milhões que nunca foi quitado. Em dezembro de 2005, depois de novos pedidos de recurso, o valor já somava 18 milhões de reais.

O pecuarista diz que o pagamento do novo empréstimo, foi quitado pela venda de embriões bovinos às fazendas do Grupo Schahin, mas o MPF acredita que o valor que teria sido repassado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e a funcionários  da Petrobras para obtenção de vantagem na contratação do navio-sonda. O caminho exato do dinheiro ao partido ainda está sendo investigado.

"Segundo as apurações, complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e a diretores da estatal", afirma a PF em nota. "Existem indicativos claros do uso de falsos documentos para a falsa quitação".

De acordo com o procurador do MPF Diogo Castor de Mattos, além do montante envolvendo a Petrobras, há outros empréstimos de dezenas de milhões de reais que envolvem pessoas próximas a Bumlai. Inclusive, empresas suas sem comprovação de atividade ou com pedidos de falência em curso teriam recebido mais de 500 milhões de reais em empréstimos do BNDES.

A operação mobilizou 140 policiais federais para cumprir os 25 mandatos de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Lins, Piracicaba, no estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Dourados e Brasília. Bumlai tinha depoimento marcado para hoje na CPI do BNDES.

Na semana passada, a 20ª fase, batizada de Corrosão, prendeu o ex-gerente executivo da Petrobras, Roberto Gonçalves, e Nelson Martins Ribeiro, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção que supostamente teriam recebido propina em contratos das refinarias Abreu e Lima e Pasadena.

Reduzir investimentos está fora de cogitação na Sanepar



Os resultados vêm ajudando a estatal a obter financiamento para sustentar o plano de investir R$ 2,7 bilhões até 2017


Por Ricardo Lacerda
Reduzir investimentos está fora de cogitação na Sanepar

Em tempos de ajuste fiscal, são poucas as empresas do setor público que conseguem manter o ritmo de investimentos e crescimento. A Sanepar (foto), porém, aparece como uma ilustre exceção. Só em 2014, a estatal paranaense agregou 185 mil novas ligações de água e esgoto à sua rede de abastecimento, que hoje atende mais de 10,7 milhões de pessoas e se estende até a cidade catarinense de Porto União. Ao mesmo tempo, o reajuste tarifário ajudou a vitaminar a receita líquida da companhia, que encerrou 2014 em R$ 2,6 bilhões – pouco mais de 10% acima do registrado no ano anterior. De quebra, a Sanepar conquistou, mais uma vez, o título de maior empresa de Serviços Públicos do sul do país, à frente da gaúcha Corsan (veja detalhes nas tabelas abaixo).

O bom desempenho se explica pelo respaldo obtido no mercado. “A credibilidade da companhia permitiu o acesso a linhas de financiamentos que viabilizaram a execução do plano de investimentos e a obtenção de capital de giro”, diz Gustavo Fernandes Guimarães, diretor financeiro da Sanepar. E o plano é continuar nessa linha. A empresa tem a meta de investir cerca de R$ 2,7 bilhões ao longo do triênio 2015-2017. Os recursos serão aplicados em diversas frentes, como abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e geração de energia e biogás.

Até o momento, a conjuntura econômica nacional não abala os projetos da Sanepar. Mas a companhia se mostra precavida. “Considerando os resultados do primeiro semestre, verifica-se que será um ano mais desafiador”, afirma Guimarães. Em 2014, a Sanepar já teve de lidar com o aumento de alguns custos vitais para a operação, como energia elétrica e mão de obra dedicada a serviços de manutenção do sistema. E os desafios certamente serão maiores em 2015.

Maiores por Receita Líquida









Setor
Classif. Geral
Grupo/Empresa
UF
 Rec. Líq.* 
 Var. (%) 
1
20
Sanepar - Cia. Saneamento do Paraná
PR
                 2.617,04
              10,42
2
38
Corsan
RS
                 2.015,17
              11,20
3
138
Sulgás - Cia.Gás do RS
RS
                    863,18
              15,48
4
55
Casan - Cia. Cat. Águas e San.
SC
                    744,70
              12,84
5
139
SCGÁS - Companhia de Gás de Santa Catarina
SC
                    709,86
                5,98
*Em R$ milhões










Mais Rentáveis










Setor
Classif. Geral
Grupo/Empresa
UF
 Rent. Rec. Líq. (%) 
 Lucro Líq.* 
1
142
Rodonorte
PR
                      32,37
            223,31
2
348
Conc. Ecovia Caminho do Mar S/A
PR
                      27,25
              67,80
3
383
Ecosul - Rodovias do Sul
RS
                      26,62
              55,63
4
250
Viapar - Rod. Integr. Paraná
PR
                      19,61
              51,72
5
193
Rodovia das Cataratas S/A
PR
                      16,45
              42,88
*Em R$ milhões





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Os resultados vêm ajudando a estatal a obter financiamento para sustentar o plano de investir R$ 2,7 bilhões até 2017

Por Ricardo Lacerda

Reduzir investimentos está fora de cogitação na Sanepar
Em tempos de ajuste fiscal, são poucas as empresas do setor público que conseguem manter o ritmo de investimentos e crescimento. A Sanepar (foto), porém, aparece como uma ilustre exceção. Só em 2014, a estatal paranaense agregou 185 mil novas ligações de água e esgoto à sua rede de abastecimento, que hoje atende mais de 10,7 milhões de pessoas e se estende até a cidade catarinense de Porto União. Ao mesmo tempo, o reajuste tarifário ajudou a vitaminar a receita líquida da companhia, que encerrou 2014 em R$ 2,6 bilhões – pouco mais de 10% acima do registrado no ano anterior. De quebra, a Sanepar conquistou, mais uma vez, o título de maior empresa de Serviços Públicos do sul do país, à frente da gaúcha Corsan (veja detalhes nas tabelas abaixo).
O bom desempenho se explica pelo respaldo obtido no mercado. “A credibilidade da companhia permitiu o acesso a linhas de financiamentos que viabilizaram a execução do plano de investimentos e a obtenção de capital de giro”, diz Gustavo Fernandes Guimarães, diretor financeiro da Sanepar. E o plano é continuar nessa linha. A empresa tem a meta de investir cerca de R$ 2,7 bilhões ao longo do triênio 2015-2017. Os recursos serão aplicados em diversas frentes, como abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e geração de energia e biogás.
Até o momento, a conjuntura econômica nacional não abala os projetos da Sanepar. Mas a companhia se mostra precavida. “Considerando os resultados do primeiro semestre, verifica-se que será um ano mais desafiador”, afirma Guimarães. Em 2014, a Sanepar já teve de lidar com o aumento de alguns custos vitais para a operação, como energia elétrica e mão de obra dedicada a serviços de manutenção do sistema. E os desafios certamente serão maiores em 2015.


Maiores por Receita Líquida
Setor Classif. Geral Grupo/Empresa UF  Rec. Líq.*   Var. (%) 
1 20 Sanepar - Cia. Saneamento do Paraná PR                  2.617,04               10,42
2 38 Corsan RS                  2.015,17               11,20
3 138 Sulgás - Cia.Gás do RS RS                     863,18               15,48
4 55 Casan - Cia. Cat. Águas e San. SC                     744,70               12,84
5 139 SCGÁS - Companhia de Gás de Santa Catarina SC                     709,86                 5,98
*Em R$ milhões
Mais Rentáveis
Setor Classif. Geral Grupo/Empresa UF  Rent. Rec. Líq. (%)   Lucro Líq.* 
1 142 Rodonorte PR                       32,37             223,31
2 348 Conc. Ecovia Caminho do Mar S/A PR                       27,25               67,80
3 383 Ecosul - Rodovias do Sul RS                       26,62               55,63
4 250 Viapar - Rod. Integr. Paraná PR                       19,61               51,72
5 193 Rodovia das Cataratas S/A PR                       16,45               42,88
*Em R$ milhões

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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Brasil precisa de R$ 230 bi para mobilidade



Getty Images
foto-examecom-bancobrasil.jpg
Vista panorâmica da orla da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro: cidade investe em linhas de metrô e BRT
 
 
 
Nos últimos anos, a frota brasileira de automóveis aumentou em um ritmo bem superior ao da expansão demográfica. Enquanto a população cresceu menos de 20% desde 2000, o número de carros mais que dobrou no mesmo período. 

Existem, hoje, quase 50 milhões de automóveis rodando no país, mais 33 milhões de ônibus, caminhões e veículos de outro tipo. Não por acaso, a mobilidade urbana é um tema recorrente nas discussões sobre qualidade de vida nas grandes cidades, um fator determinante para o aumento da produtividade e o desenvolvimento econômico do país. 

Um estudo conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que é necessário investir quase 230 bilhões de reais – ou quase 5% do PIB do país – para eliminar o déficit de infraestrutura relacionada à mobilidade urbana nas 15 maiores regiões metropolitanas brasileiras. 

Naturalmente, as áreas com as maiores demandas são as mais densamente povoadas. Quase 35% do valor apurado pelo BNDES corresponde a investimentos necessários em São Paulo; 18% no Rio de Janeiro; e 11% em Belo Horizonte.

Alguns fatores impulsionam obras dessa natureza. Um exemplo são os eventos esportivos mundiais realizados no Brasil nesta década, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro, no ano que vem. Cálculos do BNDES indicam que cerca de 50 bilhões de reais devem ser aplicados em mobilidade urbana entre 2015 e 2018. 

Em São Paulo, há 31 quilômetros de linhas de metrô e 57 quilômetros de monotrilhos em projeto ou em andamento – o que dobrará a extensão atual da rede. 

No Rio, existem investimentos previstos para linhas de metrô e BRTs, como são chamados os sistemas rápidos de ônibus com faixas prioritárias. Essa solução, adotada de forma pioneira em Curitiba nos anos 1970, é considerada uma das formas mais rápidas e baratas de equacionar o problema da mobilidade em grandes metrópoles. 

Outras cidades brasileiras, como Belém, João Pessoa, Goiânia, Brasília, Recife, Fortaleza e Vitória, também apostam nos modernos BRTs. 

Segundo o projeto BRT Data, que compila informações sobre esse sistema de transporte, há linhas rápidas de ônibus em quase 200 cidades de todo o mundo. Em mais de 150 delas, as linhas foram instaladas depois de 2001. “Em lugares como a Cidade do México, onde existem várias linhas, o serviço de BRT é tão bem avaliado pela população quanto o de metrô”, afirma Luis Antonio Lindau, diretor da organização WRI Brasil Cidades Sustentáveis. 

Não é difícil entender as vantagens do transporte coletivo sobre o individual. Pelas contas de Lindau, uma faixa com 3,6 metros de largura permite o transporte de até 1 200 pessoas por hora em automóveis. Em ônibus, esse número pode chegar a 15 000 pessoas. 

A economia de tempo – e de dinheiro – é evidente. “Uma parte do problema da mobilidade urbana pode ser resolvida sobre rodas, com obras menos complexas do que podemos imaginar”, diz Lindau.