Ueslei Marcelino/ Reuters
Empresário José Carlos Bumlai durante o embarque hoje, em Brasília
São Paulo – Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a 21º fase da Operação Lava Jato que prendeu o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com os investigadores envolvidos no caso, a nova fase foi
batizada de "Passe Livre" por conta de um suposto livre acesso de Bumlai
ao Palácio do Planalto.
O pecuarista entrou no grupo de investigados depois que Eduardo Musa,
ex-gerente da Petrobras, e do lobista ligado ao PMDB Fernando Baiano,
relataram, em delação premiada, um suposto repasse de recursos para uma
nora do ex-presidente Lula e recebimento de propina por lobby na
Petrobras.
As investigações desta etapa, no entanto, estão concentradas na
contratação sem licitação do navio-sonda Vitória 10.000 do Grupo Schahin
para a Petrobras.
De acordo com a PF, há indícios de que Bumlai teria usado de influência
para fraudar o procedimento licitatório como forma de pagamento de
empréstimos ao Grupo.
Em outubro de 2004, Bumlai contraiu um empréstimo no valor de R$ 12
milhões que nunca foi quitado. Em dezembro de 2005, depois de novos
pedidos de recurso, o valor já somava 18 milhões de reais.
O pecuarista diz que o pagamento do novo empréstimo, foi quitado pela
venda de embriões bovinos às fazendas do Grupo Schahin, mas o MPF
acredita que o valor que teria sido repassado ao Partido dos
Trabalhadores (PT)
e a funcionários da Petrobras para obtenção de vantagem na contratação
do navio-sonda. O caminho exato do dinheiro ao partido ainda está sendo
investigado.
"Segundo as apurações, complexas medidas de engenharia financeira foram
utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real
destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e a diretores
da estatal", afirma a PF em nota. "Existem indicativos claros do uso de
falsos documentos para a falsa quitação".
De acordo com o procurador do MPF Diogo Castor de Mattos, além do
montante envolvendo a Petrobras, há outros empréstimos de dezenas de
milhões de reais que envolvem pessoas próximas a Bumlai. Inclusive,
empresas suas sem comprovação de atividade ou com pedidos de falência em
curso teriam recebido mais de 500 milhões de reais em empréstimos do BNDES.
A operação mobilizou 140 policiais federais para cumprir os 25 mandatos
de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Lins, Piracicaba, no
estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Dourados e Brasília.
Bumlai tinha depoimento marcado para hoje na CPI do BNDES.
Na semana passada, a 20ª fase, batizada de Corrosão, prendeu o ex-gerente executivo da Petrobras, Roberto Gonçalves, e Nelson Martins Ribeiro, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção que supostamente teriam recebido propina em contratos das refinarias Abreu e Lima e Pasadena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário