Brendan McDermid/Reuters
Sede da Fitch Ratings: a agência já cortou o rating de 12 economias emergentes
Marc Jones, da REUTERS
Londres - Os mercados emergentes deverão enfrentar outra onda de
rebaixamento de ratings para o próximo ano, com o Brasil sob risco de
ter um corte para grau especulativo e a região da África e Oriente Médio
recebendo potencialmente uma "perspectiva negativa", disse o principal
analista de ratings soberanos da agência de classificação de risco Fitch, James McCormack, em entrevista.
Os preços deprimidos das commodities combinados com o crescimento global
medíocre e a aproximação da primeira elevação dos juros nos Estados
Unidos em quase uma década estão se mostrando uma ameaça para os ratings
dos países em desenvolvimento, disse McCormack à Reuters.
A agência já cortou o rating de 12 economias emergentes exportadoras de
commodities neste ano, e 14 países, incluindo grandes nomes como Brasil,
Rússia, África do Sul e Nigéria estão atualmente sob alertas de
rebaixamento --ou perspectivas negativas na linguagem da agência de
rating. O próximo ano parece que terá uma história similar.
Em outubro a Fitch cortou a nota de crédito do Brasil para "BBB-",
último degrau que garante o grau de investimento, e agora todas as
atenções estão voltadas para ver se ela segue a S&P e corta a nota
do Brasil para grau especulativo.
"Creio que é um padrão em que vamos continuar vendo no próximo ano", disse McCormack.
Em setembro, a Standard & Poor's retirou o selo de bom pagador do
Brasil ao cortar o rating do país para "BB+" ante "BBB-", e sinalizou
que pode colocar o país ainda mais para dentro do território
especulativo, ao manter a perspectiva "negativa" para a nota de crédito
brasileira.
Tal movimento pode retirar mais de 20 bilhões de dólares de valor dos títulos brasileiros, prevê o JPMorgan.
"O Brasil parece ser o mais vulnerável (a perder o grau de
investimento)", disse McCormack, citando a falta de consolidação fiscal
do país como a maior causa de preocupações.
"Vamos olhar para isso novamente no começo de 2016. Quando as coisas
estão se deteriorando, precisamos acompanhar com maior frequência. Faz
apenas poucos meses (desde o último rebaixamento em outubro), mas até o
momento nós não vimos de fato nenhuma melhora."
As expectativas de que o dólar continuará a subir quando a taxa de juros
dos EUA começar a ser elevada também são importantes para os ratings de
mercados emergentes.
"Historicamente não há relação entre o rating médio dos mercados
emergentes e a taxa de juros do Fed, mas há uma relação bem próxima
entre o dólar e o rating médio dos mercados emergentes", completou
McCormack.
Nenhum comentário:
Postar um comentário