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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Protesto de caminhoneiros em Goiás: eles pedem renúncia da presidente Dilma Rousseff
Renée Pereira, do Estadão Conteúdo
São Paulo - Por trás da manifestação de caminhoneiros que
começou nesta segunda-feira, 9, em 15 Estados brasileiros está um
catarinense de 44 anos, nascido na cidade de Palmitos, e que passou os
últimos 16 anos em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Ivar Luiz Schmidt é o líder do Comando Nacional do Transporte (CNT), que
desafiou as principais centrais sindicais da categoria e conseguiu
paralisar parte das estradas nacionais.
Por meio das mídias sociais, ele criou uma rede de comunicação de Norte a
Sul do Brasil. Inicialmente foram montados três grupos no aplicativo
WhatsApp com 300 pessoas, sendo que cada uma delas criou as próprias
ramificações. Schmidt participa de apenas 64 desses grupos para não se
sobrecarregar.
Além do aplicativo, o Facebook tem sido alimentado simultaneamente aos
eventos. Ontem vários vídeos e depoimentos foram postados no decorrer do
dia com as conquistas do grupo.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o líder do CNT diz que, a
princípio, não há interesse em negociar com o governo federal e que o
principal objetivo é derrubar a presidente Dilma Rousseff.
"Entregamos uma pauta para o governo em 4 de março e, em oito meses, o
que foi atendido é irrelevante. Por causa disso, e do clima em que se
encontra o país, com inflação elevada e aumentos consecutivos dos
combustíveis e da energia elétrica, achamos por bem pedir a renúncia da
presidente.
Não acreditamos mais que ela seja capaz de conduzir o país
para fora do abismo no qual se encontra", disse.
Entre as reivindicações feitas pelos caminhoneiros no início do ano,
estão a manutenção do preço do diesel e a prorrogação por 12 meses do
pagamento das dívidas para compra de veículos.
No acordo firmado com os sindicalistas, o governo aceitou a prorrogação,
mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não
teria dado o aval, afirmou um sindicalista.
Sem partido
Schmidt, que nega qualquer filiação partidária, afirma que as
paralisações devem aumentar nos próximos dias. Ele diz que não é do
interesse do grupo provocar escassez ou elevação dos preços de produtos
no país, mas sim pressionar o governo e fazer com que o povo acorde -
mas, em gravações que circulam pelo WhatsApp, caminhoneiros afirmam que vão "tacar fogo nos caminhões se não cumprirem a paralisação".
"Queremos que o povo vá para a rua e nos apoie, protestem e não fiquem
só nas redes sociais reclamando do governo. Se isso não ocorrer, ficará
provado que o povo está gostando desse governo", avalia. Sobre os
movimentos Brasil Livre e Vem pra Rua, ele destaca que a única coisa em
comum é a pauta.
O líder do CNT se diz um "empresário falido", sufocado pela enorme carga
tributária que recai sobre as empresas. Hoje, ele afirma que é autônomo
e só tem um caminhão.
Na internet, no seu perfil no Linkedin, ele declara que é sócio da Roda
Brasil Transportes. Segundo Schmidt, as adesões ao movimento não incluem
apenas autônomos, mas também grandes empresários do setor.
Mas ele não conta com o apoio das centrais sindicais, como a União
Nacional dos Caminhoneiros, Associação Brasileira dos Caminhoneiros e
União Brasil Caminhoneiro - essa última teve grande participação nas
paralisações do início do ano, ao lado do próprio Schmidt. "Eu imagino
que eles estejam sendo muito pressionados pelo governo", destacou o novo
líder dos caminhoneiros.
Entre alguns sindicalistas, o movimento de Schmidt é chamado de "anômimo" e que faz barulho pelas redes sociais.
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