Para as grandes redes, não é mais tempo de arriscar. Qualquer ferida no resultado em tempos como esses pode se tornar uma grande inflamação nas contas da empresa. Por isso, quem pode está encerrando a temporada de riscos ou apostas
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Olá amigos. De
uma conversa com alguns varejistas sobre o atual cenário de gestão que
vivemos, saiu o tema desse artigo. É incrível como o cenário do varejo
mudou drasticamente nos últimos meses.
De um primeiro trimestre onde se ensaiava
de maneira passiva uma saída para a crise, aguardando uma nova
informação ou notícia que indicasse uma retomada para um melhor
entendimento de como seria o ano como um todo, e a partir das notícias e
indicadores que foram saindo e tomando o rumo contrário, indicando cada
vez mais um cenário de retração do consumo, o varejo como um todo,
ainda de alguma forma, buscou criar alguma atitude positiva que pudesse
contagiar não somente seus consumidores, mas também suas equipes de
colaboradores.
Frases como “Nossa empresa decidiu não
participar da crise” ou “não conhecemos essa palavra”, criando um tom de
força e atitude, foram trabalhadas por marcas e por líderes e
personalidades do nosso mercado. Na boa intenção dessa iniciativa, para
enfrentar a crise, tínhamos que ser proativos.
Mas à medida que os meses estão passando, e
infelizmente não trazendo nada que indique uma retomada no curto prazo,
as empresas estão buscando entender não como crescer, mas sim, como se
manter salutares até o final de 2016.
Sim, boa parte das empresas já jogou a
toalha e dá como certa a estagnação do mercado em 2016. Economistas
apontam que a retomada do consumo só se inicie em 2017, e tem gente já
batendo forte que levaremos uma década até que se recupere o poder de
consumo da população de dois, três anos atrás.
Diante de um cenário como esse, estamos
lendo constantemente notícias sobre grandes redes fechando lojas por
todo o Brasil. De outro modo, todas estão revendo drasticamente seus
planos de expansão. Mas o que isso significa de fato?
Recentemente foi anunciado que uma grande
rede, por exemplo, estaria cortando custos, fechando mais de 50 lojas.
Só não esquecem que a mesma rede conta hoje com mais de 1000 lojas.
Todas as redes estão pensando não somente nas unidades que poderiam
abrir, mas também nas que hoje se encontram abertas. A palavra de ordem é
rentabilidade.
Nas últimas semanas, parece que o varejo
todo está caminhando para o mesmo lado. A ordem é enxugar as gorduras,
reduzir as estruturas de modo a só manter os pontos lucrativos.
Durante os últimos anos, assistimos a uma
expansão desenfreada de algumas redes, cadenciadas principalmente pela
expansão duramente criticada de shoppings no Brasil. É óbvio que havia
campo para crescimento, mas da noite para o dia surgiram empreendimentos
colossais bem distintos da realidade de consumo que pudesse ser
absorvida pelo mercado. O retrato disso foram shoppings que ainda estão
longe de se discutir sua maturidade, uma vez que ainda nem ao menos
“pegaram” força de mercado. Corredores vazios, poucas lojas abertas (e
muitos tapumes enfeitando corredores), e as que se encontram abertas,
com dificuldades de operação.
Nesse cenário, as redes antes chamadas de
âncoras, ganharam privilégios, como condomínios e alugueis com valores
risíveis ou até mesmo gratuitos, na experiência de que uma vez
instalados no shopping, auxiliariam na atratividade do empreendimento.
Com o novo cenário da economia, já escutei
de profissionais do mercado histórias de pontos que tiveram que ser
fechados, mesmo com valores operacionais baixos. Mesmo nessas condições,
ainda existem lojas que estão fechando – como diz o jargão empresarial,
no vermelho.
Para as grandes redes, não é mais tempo de
arriscar. Qualquer ferida no resultado em tempos como esses pode se
tornar uma grande inflamação nas contas da empresa. Por isso, quem pode
está encerrando a temporada de riscos ou apostas. Lojas que não
apresentam resultados ou que possuem custos muito altos para os dias de
hoje, estão sendo fechadas, tal como deveria acontecer.
É difícil se pensarmos em pessoas e
empregos. Mas se alguns são sacrificados, muitos têm seus empregos
salvos, pelo menos por enquanto.
Usando a metáfora do título deste artigo,
para que uma planta cresça forte, às vezes é necessário cortar os galhos
mais fracos para que a planta cresça com mais força. Eu acredito que
esse é o momento que os grandes estão vivendo. Não se trata de corte. É
poda.
Talvez fique a lição sobre o crescimento
fomentado e pouco planejado que tivemos. Todos quiseram aproveitar as
oportunidades, e alguns realmente aceitaram loucuras na ânsia de
expandir facilmente seus horizontes. Agora é hora de replanejar.
Para os médios e pequenos, no cenário de
crise, há de fato pouco a se podar sem que de fato se corte algo vital
ao negócio. Se hoje já há pouca gordura, ainda há espaço de crescimento
para pequenos que consigam se posicionar de maneira diferenciada junto à
concorrência ou a seu mercado.
Eu acredito que em algum momento lá na
frente, ainda difícil de ser apontado, todos da cadeia de varejo,
pequenos, médios, grandes e principalmente os shoppings não só terão
aprendido novas lições, assim como quem sobreviver sairá com sua
organização e gestão fortalecidos, e capaz de rapidamente crescer
novamente.
Os negócios vão voltar a florescer, porém, antes da próxima primavera, ainda veremos um inverno pela frente.
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/fechar-cortar-ou-podar/91450/?utm_source=MailingList&utm_medium=email&utm_campaign=News+-+24%2F11%2F2015
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