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BTG: a razão para o banco não ter seguro é para que tenham mais responsabilidades na tomada de decisões
Aline Bronzati, do Estadão Conteúdo
São Paulo - O presidente do BTG Pactual, André Esteves, preso nesta quinta-feira, 25, pela Polícia Federal em mais uma operação da Lava Jato,
e os demais executivos do banco não possuem seguro que protege o
patrimônio pessoal caso acionados na Justiça (D&O, na sigla em
inglês), segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real
da Agência Estado.
A apólice é bastante demandada por empresas de capital aberto que têm de
seguir regras mais rígidas de governança e, principalmente, por bancos e
seguradoras que estão expostos a uma cadeia de stakeholders que inclui
órgãos reguladores, colaboradores e clientes.
A razão para o BTG
não ter seguro D&O para seus executivos - a proteção é tida como um
benefício na retenção de talentos -, de acordo com fonte do mercado, é
para que tenham mais responsabilidades na tomada de decisões. No
entanto, especialistas lembram que o produto tem uma função muito mais
de prevenção do que de estímulo à má gestão.
"Seria equivalente a não comprar seguro contra a quebra de uma máquina
para o pessoal da manutenção trabalhar", contrapõe um especialista do
setor, acrescentando que grandes instituições financeiras no Brasil e ao
redor do mundo adquirem D&O para proteger seus executivos.
O mercado de seguros oferece, inclusive, um seguro D&O sob medida
para bancos e seguradoras. Embora não possa ser acionado em uma ação
penal nem cubra casos dolosos e fraudes, a apólice protege o executivo
até que provem o contrário.
"Hoje, o judiciário penhora os bens do dia para a noite e o executivo
pode ficar sem recursos para arcar com os custos de defesa. Ao não ter
seguro D&O para seus executivos, o BTG assumiu o risco", explica a
fonte.
Pesa ainda o fato de Esteves acumular a presidência do BTG e do conselho
de administração do banco. Ele ainda é membro do conselho de
administração da BM&FBovespa.
A fortuna de Esteves é estimada em mais de R$ 9 bilhões, segundo a
Forbes. Com 46 anos, o executivo, que veio de uma família carioca de
classe média, é o 13º bilionário do país e comanda um banco de mais de
R$ 300 bilhões em ativos.
A instituição é a sexta maior, segundo o Banco Central, sem considerar o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e já
somando Bradesco e HSBC.
O temor em torno da Lava Jato e da crise política econômica que o Brasil
atravessa colocou o seguro D&O em evidência no país. Até setembro,
essas apólices movimentaram R$ 244,419 milhões, montante quase 35% maior
do que o registrado em igual intervalo do ano passado, de acordo com
dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). As líderes desse
setor são as seguradoras Allianz, Ace, Zurich e AIG.
Procurado, o BTG não se manifestou sobre o assunto. Ontem o banco
informou, em nota, que "está à disposição para prestar os
esclarecimentos necessários e vai colaborar com as investigações
conduzidas pelas autoridades brasileiras".
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