Germano Lüders
Porto de Santos, em São Paulo: volume de cargas nos terminais brasileiros é quase o triplo do registrado há 20 anos
Uma pequena revolução vem acontecendo nos portos brasileiros desde 2013,
quando foi sancionado o novo marco legal do setor. A chamada Lei dos
Portos estabeleceu critérios de exploração e arrendamento de instalações
em terminais públicos e criou facilidades para a construção de
estruturas privadas. Até agosto, 39 novas obras foram autorizadas e
outros 66 projetos estavam em análise, segundo números da Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) compilados pela Associação
de Terminais Portuários Privados (ATP). O investimento é de cerca de 23
bilhões de reais.
O objetivo do governo é aumentar a competitividade, estimulando a
modernização e a concorrência entre os portos. “Como a construção de um
empreendimento demora de cinco a sete anos, em breve perceberemos um
reforço na movimentação e na armazenagem de cargas”, diz Murillo
Barbosa, presidente da ATP.
Até 2018, a perspectiva é atrair 37,4 bilhões de reais — parte na
construção de mais de 60 terminais privados, parte no arrendamento de 50
terminais públicos. Há ainda uma terceira parcela na renovação de 24
arrendamentos já existentes, como prevê a segunda fase do Programa de
Investimento em Logística (PIL), lançada em junho. Os recursos chegam
para suprir uma necessidade de infraestrutura. A movimentação de cargas
pelos portos do país é quase o triplo do registrado há 20 anos. Em 2014,
passaram pelos terminais 969 milhões de toneladas de produtos. Só no
primeiro semestre de 2015, foram 479 milhões de toneladas — quase 3%
mais que o mesmo período do ano passado.
Se bem-sucedidos, os aportes previstos podem provocar um enorme impacto.
“Os investimentos nos portos vão ajudar a melhorar a competitividade do
país, pois reforçarão nossa infraestrutura”, diz Rodolfo Olivo,
professor da Faculdade FIA de Administração e Negócios. O Porto Pontal,
que será erguido no litoral do Paraná, é um dos novos terminais
autorizados depois da lei.
Com um investimento de cerca de 1,5 bilhão de reais, deverá ser um dos
maiores e mais modernos do país. Portos como esse prometem maior
eficiência logística, pois serão instalados fora de grandes áreas
urbanas, onde estão os terminais mais antigos. “Isso vai estabelecer um
novo patamar de eficiência, o que acabará aperfeiçoando todo o setor”,
diz Ricardo Bueno Salcedo, diretor do Porto Pontal
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